sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Um acerto com a saudade...

 Estamos longe... Estamos todos tão longe...


Estamos todos longe uns dos outros, e se calhar, não é só consequência desta pandemia.

Claro que, desde Março de 2020, fiquei/ “ficamos” forçados a estar longe de quem gostamos e com quem não vivemos, mas tenho pensado muito no tempo e no que sinto face a este. E cada vez mais me apercebo que sou atropelada por este. E isso tem-me consumido e entristecido. Dou por mim a pensar nas inúmeras coisas que tenho para fazer e na frustração de não dar vazão às mesmas. Isso engloba trabalho, maioritariamente trabalho, e tarefas funcionais de casa; mas depois penso: e as minhas pessoas? Para as minhas pessoas, aquelas que amo e só posso falar por telefone ,sobra tão pouco tempo. E fico num vazio e numa saudade imensa. Saudade, de ter de facto tempo para elas. Aquele tempo tranquilo e genuinamente dedicado. Saudades, muitas saudades de todos. Saudades de não só não os poder realmente ver, como saudades de ter tempo para usufruir de vocês e da vida além do trabalho. Mas já era assim antes da pandemia...

Talvez a pandemia nos obrigue a pensar mais vezes nisto, no que é estar distante, no que é estar só, e no sentir só. Talvez a pandemia possa ser  o caminho para, um dia, sabermos valorizar o que de facto importa; para mim, tudo o que envolve amor e, claro, as minhas pessoas.

Drª Margarida Espanca - Lisboa

O Canto da Psicologia

 


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Winnicott e o Brincar: Confinamento – Com o fim na mente

 


Esta semana comemora-se o 50º aniversário da morte de Donald Winnicott, que faleceu a 25 de Janeiro de 1971. No mesmo ano foi publicada uma das suas mais importantes obras: “O Brincar e a Realidade”. Numa época em que a circunstância da nossa realidade “não está para brincadeiras” não será mais importante do que nunca a nossa capacidade para brincar? Mas comecemos por saber quem é Winnicott.

            Donald Woods Winnicott nasceu a 7 de Abril de 1896 em Plymouth, Devon, Inglaterra e foi um pediatra e psicanalista de crianças e adultos. As suas contribuições para a compreensão do desenvolvimento da criança são conhecidas internacionalmente desde os anos 60, quando foi publicado o seu livro “A criança e o seu mundo”. Colocou um grande ênfase no contexto em que o bebé cresce: o impacto do ambiente na vida interna e nos estados emocionais do bebé, a importância da relação precoce mãe-bebé. Revolucionou o modo de se olhar para o bebé e para o desenvolvimento humano e o seu contributo para a psicanálise é enorme, mas gostaria aqui hoje de me debruçar essencialmente sobre um dos temas que desenvolveu, o Brincar.


            Muito se tem falado sobre o brincar, a importância do brincar para o desenvolvimento infantil mas creio nunca ser demais pensarmos sobre o que é isto de brincar, na criança mas também no adulto. Na verdade, e para ser mais precisa, Winnicott não falava do brincar mas do “brincando” (playing, em Inglês), que em português não soa tão bem mas reflecte a ideia de continuidade. Citando o próprio, “o brincar (playing) é uma experiência, sempre uma experiência criativa, e é uma experiência no continuum espaço-tempo, uma forma básica de vida” (Winnicott, 1971d, p. 50).

            A capacidade para brincar existe desde sempre. O bebé brinca quando faz bábábábá continuamente, brinca-se ao está aqui - já não está, desde muito cedo. Para a criança, o brincar é fulcral pois é assim que experimenta o mundo, porque para as crianças, agir, pensar e fantasiar, não sendo a mesma coisa, são inseparáveis. Winnicott mostrou como o brincar, na verdade, surge da capacidade de experimentar a ilusão: o “faz de conta” ou até “às escondidas”, onde a capacidade criativa de jogar com aquilo que não é, ou não está, se torna possível. Do mesmo modo podemos pensar se a brincadeira exige, ou não, reciprocidade. Sim, exige, no sentido em que é o prazer de brincar com o outro que vai dar lugar ao prazer de brincar sozinho. Sim, porque eu só consigo brincar sozinho porque sei que existe um outro com quem poderei brincar. É como se precisássemos de aprender a brincar com outro para podermos brincar depois sozinhos. E esta “aprendizagem” através do brincar dá lugar ao sentir, ao sonhar e reflectir, tão importantes para a vida.

            Penso nestas ideias e nestes conceitos e como eles parecem assentar que nem uma luva naquilo que estamos a viver com esta pandemia! Penso como se torna de facto importante “brincarmos” hoje em dia e nesta circunstância. Como é a nossa capacidade criativa, a nossa capacidade de sonhar, a nossa capacidade para estar só, que nos permite viver estes tempos com (mais ou menos) tranquilidade.

            E foi assim que me surgiu este título Confinamento – com o fim na mente, um jogo de palavras, uma forma de poder brincar com aquilo que se está a passar. Esperemos que este confinamento chegue ao fim depressa (creio estar na mente de cada um de nós!), para podermos voltar a conviver, a partilhar frente a frente. Confinar não significa forçosamente isolar, isolarmo-nos, ainda que nos possamos sentir sozinhos, sem a tal possibilidade de partilhar do modo que sabemos e gostamos, porque existindo a possibilidade de sonhar, criar, brincar, torna-se possível saber que não vai ser sempre assim.





quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Mantenham-se activos e seguros...

 



Novo confinamento, mas a pandemia alastra a cada dia que passa e precisamos mais do que nunca de nos cuidarmos. Os dados que vão sendo revelados pela OMS, mostram que a epidemia se agrava em doentes que sofrem de obesidade, assim como aumenta a taxa de mortalidade, cerca de 3,4x mais do que em doentes normoponderais. Acrescentar ainda, que os países com maiores taxas de obesidade apresentam maiores números em termos de mortalidade. Neste contexto, é fundamental que mesmo em casa, se mantenham hábitos diários de exercício físico. Procurar fazer 30 minutos diários de exercício, pode ser fundamental para ajudar o sistema imunitário a manter-se forte e resistente.

 Mantenham-se activos e seguros.

Bons treinos

Hugo Silva

Instagram: hugo_silva_coach

-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre



quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

E agora 2021! Chegou o tempo da reconstrução, da empatia?

 


Se pudesse desejar algo para todos, para este novo ano 2021, que ainda está incipiente, seria que com esta Pandemia, pudesse surgir uma nova forma de estar em comunidade, de encarar e perspetivar a vida. Não se trata de uma visão inocente, embora em cada desejo exista, sempre, algo de ingénuo, mas seria bom que retirássemos, desta experiência, desafiante, uma aprendizagem, acima de tudo, sobre empatia. 

A empatia é a condição necessária para  amar o outro, desde cedo os pais procuram “adivinhar” o que se passa com os seus bebés, através das suas expressões faciais e das suas posturas, procuram dar-lhe conforto e amor, numa dança sincrónica que se vai estabelecendo.

Depois, já em adultos, nem sempre procuramos compreender o lado dos outros, começamos a querer, apenas, forçar um caminho, uma certeza, uma verdade, um só percurso, o meu. Assim, poucas vezes, cooperamos ou procuramos negociar com respeito e preocupação. Mesmo que o ego fique sobressaltado, inflamado e, temporariamente, queira levar a sua avante, em tom de birra. É necessário perceber que todo o comportamento humano tem na sua base, uma enorme necessidade de reconhecimento e de amor. Quando julgamos mais e criticamos ferozmente, acontece porque há um medo, enorme, de não sermos amados e celebrados. Assim sendo, em vez de criticarmos pois somos, também seres críticos, embora a crítica devesse ser equilibrada, construtiva e não uma arma de arremesso, devemos amar mais, compreender, perdoar, para podermos avançar e crescer. 

Deste modo, se existe aprendizagem que podemos retirar com está crise, é a de que precisamos, imensamente, da cooperação e interajuda de todos para ultrapassarmos os mais diversos obstáculos. Que não existem pessoas mais importantes, nem menos importantes, que todo o contributo é válido e as comparações completamente desnecessárias, em todos os contextos. Durante muito tempo, sobressaio a individualidade, a competição, o poder exclusivo, em detrimento do bem comum, neste momento o bem individual está dependente, do exterior e dos comportamentos comunitários e empáticos, para que possamos estar em segurança e, assim, continuarmos a avançar com as nossas vidas.

Se decidirmos negar e não cumprir com as recomendações, vamos aumentar os casos de Covid 19, pelo que a saúde fica devastada, com excesso de casos e não vai ser possível cuidar dos outros doentes que necessitam, entra-se num ciclo vicioso sem fim, com a economia a afundar. Todos temos direito às nossas opiniões ou divergir, porém sempre que decidirmos ignorar as recomendações apenas, vamos dificultar a vida de todos os cidadãos, independentemente de estarmos de acordo ou em desacordo. A questão é que o meu comportamento vai, efetivamente, prejudicar o outro, ou os outros, diretamente, aqui entra a empatia, a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro e procurarmos resolver, não com base nos nossas convicções pessoais mas, sim, tendo em conta o que é protetor para toda a comunidade, quer a nível da saúde, quer a nível económico.

Ainda assim, tenho fé, que perante esta fase negra da crise sanitária e económica, vamos poder, a seu tempo, sarar as feridas e evoluir. A empatia e a regulação emocional vão ser cada vez mais interiorizadas desde uma tenra idade. A transformação está aí a acontecer e 2021, irá ser um ano, de caminho para essa evolução. Caminho este lento, com passos pequenos, mas sólidos.

Vamos a isto 2021, que toda a experiência se torne numa boa aprendizagem sobre Empatia.

 

Dra. Mafalda Leite Borges - Alcochete

Canto da Psicologia



terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Inatividade Física? Não, obrigada...

 



Um dos maiores problemas nestes tempos de pandemia, prende-se com a saúde frágil das pessoas mais velhas. O declínio da força vai-se acentuando a partir dos 50 anos, aumentando de forma mais rápida a partir dos 60 anos. Com o isolamento e o medo de contágio, pessoas mais velhas tendem a deixar de fazer exercício com regularidade. Ora, a inatividade física e a perda de força representam até duas vezes mais probabilidade de morrer de forma prematura. Assim, é fundamental referir que, apesar de todos os cuidados que deveremos ter:

- aumentos de força conseguem-se mesmo com treinos curtos de força;

- a resposta ao treino é similar quer seja em pessoas mais novas quer seja em pessoas mais velhas;

- não existe uma idade ideal para começar a treinar, o acompanhamento é essencial, assim como a intensidade do treino;

- maiores níveis de força, representam maior densidade óssea, mais equilíbrio, menor percentagem de problemas metabólicos e aumento da longevidade;

 

Devemos procurar que as pessoas mais velhas, promovam em segurança um estilo de vida ativo e saudável.

 

Bons treinos

Hugo Silva

Instagram: hugo_silva_coach

-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre