"Era uma vez, num tempo distante..." é o começo, em jeito de palavras mágicas, para o portão de acesso ao imaginário infantil. Esse tempo distante, onde vivem reis e rainhas, que vêm transportados de uma forma ímpar na sabedoria dos avós e que são recontandos, através das histórias, num misto entre o conhecimento popular e as personagens que os habitam internamente. Esse tempo distante, onde avós e netos se cruzam num espaço de encontro pela magia: os avós, que se transportam através das suas próprias narrativas, e, os netos, que se deixam enfeitiçar por um saber do tamanho do universo!
É o tempo onde o território do imaginário se engrandece, velado pelos olhos esbugalhos dos mais novos, que reflectem em espelho o encantamento que os mais velhos conservem sobre a vida - A sabedoria com que sentem o pulsar do mundo, fora e dentro de si, que é transportada pela palavra nas histórias mágicas que só os avós sabem narrar.
Não porque as histórias não possam ser contadas por outros e que com esses outros não possam ser igualmente mágicas (pais, irmãos, educadores): mas porque há qualquer coisa de único e singular na expressão das rugas, nas mãos encarquilhadas, que dá aos mais pequenos a convicção inabalável de que tudo aquilo só poderá ser verdade e que, nesse tempo antigo, também estes avós de agora foram reis e rainhas da história familiar a que cada criança pertence.
Por tudo isto, só podemos concluir que os avós são das coisas mais belas do mundo - do mundo interno de cada criança e dos adultos que em si conservam essa beleza.
Feliz dia dos Avós!
Por Dr.ª Joana Alves Ferreira