Estou
apaixonada!
A
Paixão... Assim começam todas as relações (ou deviam).
É tudo tão fugaz, mas tão mágico...
Essa sensação transforma os nossos medos e
inseguranças em capacidades que desconhecíamos ter.
Sentimos alegria ao acordar, o banho sabe melhor, cada
gosta de água percorre o nosso corpo e devolve-nos energia.
A roupa fica-nos bem ao vermos o nosso sorriso no
espelho!
Vamos a sorrir pela rua, as pessoas olham e nada nos
contém, sorrimos ainda mais!
O trabalho corre melhor do que nunca...
E
depois da Paixão...
Quando o enamoramento passa, como fazemos? O que fica?
Acabou?
“Sinto diferente”… “Quero sentir borboletas…”
Num relacionamento, após a fase da paixão, devemos ver
a magia da vida em cada dia… A magia da partilha e a magia do cuidado com
alguém…
Não nos devemos deixar levar pelas expectativas de um
conto de fadas, onde a história é unicamente sobre a procura do amor e o resto
da vida se resolve por si só.
E
quando deixamos de sentir felicidade na relação?
Todos sabemos que construir uma relação demora tempo e
é preenchida por momentos que nem sempre são mágicos! Uma relação, exige
negociação e, acima de tudo, cedência e harmonia. Ser capaz de ceder, com o
intuito de oferecer, de dar, de crescer a dois, é sem dúvida, a principal chave
da harmonia.
Todas as relações dão trabalho… Todas trazem como
companhia sensações que nos inquietam, tais como preocupações, incertezas,
mágoas, medos, desistências, entre outras consequências. Amar implica trabalho
no sentido do investimento ativo e assertivo a que obriga. Pressupõe capacidade
e vontade de sair de si próprio e olhar para o outro com capacidade de ver, a
verdadeira essência do termo.
Implica frontalidade, capacidade negocial,
honestidade, lealdade e sobretudo… Diálogo! É no diálogo que a relação se
constrói, cresce e fortalece.
Na relação, estão em jogo várias personalidades: o eu
próprio, o eu na relação e o nós! Uma relação não pode ser sinónimo de fusão de
personalidades. Cada um é único na sua individualidade e os dois traçam um
caminho paralelo, mas jamais fundidos.
O casal
necessita reconhecer os seus padrões de interação disfuncionais e favorecer uma
partilha mais genuína e aceitante do que são as necessidades, desejos e
angústias de cada um, no sentido de promover mudanças que beneficiem a relação.
Mas e quando não resulta mesmo?
Quando nos sentimos triste e apagados, sempre?
Talvez tenhamos de repensar a relação...
Muitas vezes confundimos zona de conforto com
felicidade. Tendemos a manter-nos em situações que acreditamos serem
confortáveis.
Fazemo-lo inconscientemente, porque nos parece seguro.
Mesmo quando começa a provocar-nos sofrimento e sensações de vazio.
Porque tendemos em manter algo que não nos realiza?
Porque temos medo!!!
Dar o salto para o desconhecido é tão assustador...
Por esse motivo, muitas vezes ficamos presos a
relações que já morreram, que já não conseguem ir buscar oxigénio para
continuar a respirar e... Morremos nós!!!
Esquecendo-nos que somos nós a pessoa que terá a
capacidade de mudar, de ir atrás de algo que nos possa fazer novamente “rir à
gargalhada”!
Qual
será o segredo das relações felizes e duradouras?
Será que existe um segredo?
Não existem segredos, mas existem alguns pontos
essenciais aos relacionamentos saudáveis, nomeadamente:
• Intimidade
Quando falo de intimidade, falo do grau de
comprometimento com o outro, da entrega à relação e da vontade de descobrir o
outro.
Muitos dos casais que acompanho, chegam até mim com a
ilusão de que se conhecem perfeitamente. Contudo, basta fazer-lhes duas ou três
questões mais íntimas para perceberem que afinal são “estranhos”...
Ao existir um elevado conhecimento mútuo, as relações
são mais funcionais e felizes. É importante assumir uma postura de curiosidade,
que lhes permita manterem-se a par dos sonhos de cada um. Saber como agradar, o
que oferecer e o que pode magoar o outro, apenas é possível se existir um
elevado grau de intimidade entre ambos.
• Cuidado para com o outro
Numa relação é essencial o sentimento de se poder
contar com o outro. De que o outro estará sempre lá, em todos os momentos.
Contudo, estar “lá” não é sinónimo de dizer sim a tudo
o que o outro pede. Não é ceder a todos os pedidos. É estar atento e sobretudo,
disponível.
• Orgulho no outro
Quando um casal se apaixona, os elogios predominam a
relação. Existe um encantamento constante na descoberta do outro. Quando nos
apaixonamos focamo-nos no que a pessoa tem de melhor. Não existe espaço para
perceber a “imperfeição” do outro.
Nos relacionamentos saudáveis, os casais conhecem bem
as imperfeições de cada um, mas focam-se nas qualidades e demostram a admiração
que nutrem pelo outro.
• Tolerância
Quando se assume uma relação, quando se decide “viver
felizes para sempre”, toma-se a decisão de aceitar um determinado conjunto de
imperfeições no outro. Todos nós somos imperfeitos e a consciência disso
permite-nos conseguir viver com essas imperfeições. Nas relações funcionais os casais
também discutem. Os conflitos acontecem. Mas existe algo fundamental: a
Tolerância!
Uma relação exige um trabalho de equipa e o seu
sucesso ou fracasso é um reflexo desse trabalho a dois.
Quando assumimos uma relação colocamos um pouco do
nosso coração nas mãos do outro. Na intimidade existe sempre vulnerabilidade.
Criamos a expectativa de que a pessoa nunca nos vais desiludir. Contudo, mais
cedo ou mais tarde, aquela pessoa vai falhar e magoar-nos. Não porque nos
queira mal. Mas porque é humana. E os humanos são imperfeitos!
Os casais que procuram apoiar o outro, que se
preocupam, que cuidam, acarinham e focam a atenção nas qualidades do outro,
conseguem ultrapassar mais facilmente as mágoas. É a tolerância que lhes
permite continuar de mãos dadas. Muitas vezes os momentos de conflito unem-nos
ainda mais pois sentem que querem ficar juntos.
Mas quando a relação não está segura, quando o
respeito não é mútuo, quando a tolerância não existe e os momentos a dois são
predominantemente de conflito e desunião, sentimos que a pessoa que amamos não
está presente quando precisamos. Neste caso, cada falha é encarada como um
obstáculo inultrapassável. Cada decepção é um passo no caminho para a
separação!
Será que os Amores felizes e para sempre só acontecem
a uma minoria?
Qual será o segredo das relações felizes e duradouras?
Será que
existe um segredo?
O segredo é
viver com paixão cada dia! Colocar o melhor de si em cada momento, aceitar a
sua imperfeição e tolerar a imperfeição que aceitou no outro!
Não existem
relações perfeitas, mas existem relações felizes! Os amores felizes não
acontecem aos que têm sorte, acontecem aos que investem, arriscam, cuidam,
elogiam, partilham, conversam, sonham e toleram...
O Amor existe! E o Amor pode durar para sempre!
“Basta um segundo para se ter uma paixão por alguém, e
basta um dia para gostar de alguém… Mas é necessária toda uma vida para amar
alguém.”
Dr.ª Débora Água-Doce
O Canto da Psicologia