terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Entre as minhas e as dietas de toda a gente...








Um dos grandes mistérios à volta das dietas prende-se com o insucesso em manter a mesma durante muito tempo.
Não existe uma resposta óbvia mas, existem explicações possíveis.

As excepções
Muitas pessoas justificam as excepções como o grande problema para não conseguir obter resultados. A excepção é sobrevalorizada! Vamos imaginar que tem uma rotina típica e que faz 5 refeições por dia (pequeno-almoço, meio da manhã, almoço, lanche e jantar) e que todos as semanas tem um jantar farto ao sábado à noite com os amigos e que ao domingo ao almoço com a família. Significa que fez 2 refeições erradas num total semanal de 42 refeições. Fazendo as contas quer dizer que falhou em 5% das refeições.
Ainda acha que o problema é desses 5% ou dos 95% restantes que acha que está a fazer impecavelmente?

A dieta
Um dos maiores problemas é a crença de que lendo bastante na Internet sobre dietas e nutrição que consegue levar a cabo uma dieta. Muitas vezes corre mal ou a determinado ponto vai sempre correr mal. Porquê?
Vamos imaginar que a comunidade científica afirmava que a “dieta da maruca” era a perfeita para perder massa gorda. Eu diria sempre que podia resultar ou não. Porquê?
Nunca nos devemos esquecer que uma dieta é individual e que, se tentamos fazer uma dieta que é genérica para todos, então significa que não é adaptada para si: horários, quantidades, distribuição de macronutrientes, análises clínicas, entre outros, são diferentes de pessoa para pessoa, como uma impressão digital.

Suplementos milagrosos
A minha tensão arterial mantém-se calma quando me dizem que tomam suplementos para perda de peso porque sei que eles não matam e regra geral não fazem mal à saúde. Mas não se iluda: não existem suplementos com eficácia significativa na perda de massa gorda que justifiquem pagar mais por eles do que pela consulta.

A minha consulta é que é
Esqueça, eu não vou dizer isso. A minha consulta simplesmente tem ferramentas que permite individualizar o plano e tratar dos desvios detectados, depois de analisar as ferramentas e interpretar o que elas nos dizem.  A partir daí é seguir o plano e pensar na regra dos 95%. Vá estamos no pós-saldos 90%...

Peço desculpa não há dieta dos 3 saltos ou, do pé coxinho ou mesmo do Strostsky.

É mesmo a dieta do eu e é feita ao momento!

Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966



terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Antes de a tua vida morrer...







Antes de a tua vida morrer

Antes, muito antes de a tua vida morrer, ajoelhavamo-nos no frescor da tijoleira do quintal e dizíamos um ao outro tudo o que queríamos ser sem saber o que era isso de amanhã. Amanhãs não são coisas de menino. Tu pegavas numa carica amolgada, imaginavas universos dentro dela e juntos partiam pelo meio-fio do passeio em aventuras. Só tu e a carica. Afastavas-te e eras tão mais feliz que eu. Eu, que tinha tanto brinquedo por onde escolher, mas deixava cada castelo por construir.

Bem antes de a tua vida morrer, vi-te com um caderno afivelado à cintura, sem aflições pelo que aí vinha e, a teu lado, galopei vales como se montanhas fossem, porque a pequenez do nosso mundo ainda nos parecia a imensidão do tudo e tínhamos o nosso Kilimanjaro por diante até lhe vencermos o cume em triunfo. Foi numa tarde torrada a prometer verão e nós, debaixo dela, sentimo-nos os senhores de todas as estações.

Antes de a tua vida morrer, tinhas arrebatamentos, aqueles arroubos, e desenhavas heróis, vilões e leviatãs que amarrotavas em insatisfações para eu desamarrotar e guardar na terceira gaveta do armário de contraplacado branco com debrum castanho que me vigiava as noites de asma. Ainda lá estão. Ainda lá estás. 

Um pouco antes de a tua vida morrer, movias-te a lilás num carro feio como o pesadelo de alguém, mas rias de quem zombava e seguias caminho.

Muito pouco antes de a tua vida morrer, despertaste-me de um torpor ao gritares o meu nome do outro lado de um largo algesino e levaste-me para casa na mesma viagem que depois não terminaste. Lembro que rimos e tudo era fácil.

Horas antes de a tua vida morrer, houve um abraço entre nós. 

Quando soube que a tua vida morreu, era Fevereiro e tudo negrejou.

A tua vida morreu a viver. Às vezes, quando andas em mim, sinto que vivo a minha vida a morrer.


Filipe Alexandre Dias
Jornalista



quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Sorria!! Está a ser filmado...





E começamos o texto desta semana com um desafio! Pense na última vez que deu uma gargalhada, alta, sonante e sentida! Lembra-se? E ao pensar nesse momento, sentiu vontade de sorrir de novo? Este é o efeito mágico do riso! E já pensou que mágico seria se assim pudesse ser todos os dias?

Comemorou-se ontem, 18 de Janeiro, o Dia Mundial do Riso e não podíamos deixar de evocar esse acontecimento que tanto faz parte de uma das nossas missões aqui pelo Canto da Psicologia.
Antes de mais, gostaríamos de lhe lembrar algumas das inúmeras vantagens de dar uma boa risada! E, como por cá não nos baseamos somente nos factos da Psicologia, seguem aquelas relacionadas com as áreas mais transversais:
  • Redução do stress e dos efeitos negativos deste para o nosso organismo, ao nível físico e psíquico;
  • Queima de calorias;
  • Melhoria da qualidade do sono;
  • Fortalecimento abdominal;
  • Combate ao aparecimento de rugas;
  • Melhoria da circulação sanguínea, da respiração e da digestão;
  • Fortalecimento do sistema imunológico e consequente prevenção de doenças;
  • Estímulo da criatividade;
  • Criação de laços com outras pessoas.
Agora que vos falámos nas vantagens de poder dar uma boa gargalhada, também não nos esquecemos que nem sempre é fácil, que nem sempre as vicissitudes da vida, do dia-a-dia, da carga de passado e ansiedade de futuro que trazemos sobre as costas, nos permitem poder desfrutar de momentos de descontração, em que, por vezes, apenas o evocar de memórias nos fazem sorrir. A sabedoria popular está repleta de frases que incutem a ideia de que não há nada de negativo que não possa ser derrubado por uma boa gargalhada, como “rir é o melhor remédio” ou “se alguém está tão cansado que não possa dar-te um sorriso, deixa-lhe o teu”.

Aqui no Canto da Psicologia, gostamos de acreditar que o melhor sorriso é aquele que surge depois de entendidas e estruturadas todas as lágrimas! Um processo psicoterapêutico é um caminho árduo, difícil, sinuoso, mas muito congratulante e proveitoso. Quem nos chega, raramente traz sorrisos como motivos para abrir a porta desta aventura da descoberta. Quem termina, certamente leva na bagagem novos motivos para sorrir, com veracidade, com integridade e, acima de tudo, com a noção de que tudo o que constitui o caminho faz parte dessas mesmas gargalhadas. Nos nossos divãs, teremos para si tempo para enxugar lágrimas, expressar revoltas, partilhar sorrisos, interpretar mágoas, renovar emoções, entender comportamentos e, acima de tudo, recriar o seu Eu, capaz de enfrentar cada dia com o mais genuíno sorriso!

Provavelmente, rir não é o melhor remédio, mas rir é, sem dúvida, o melhor sucesso!

Drª Cláudia Ribeiro 
O Canto da Psicologia


quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Sopa comida a garfo....








Contam que primeiro o Ti Vicente viu a escarlatina levar-lhe as duas meninas. Depois a sua senhora caiu no catre para se entregar ao desgosto que também a levou. Chegado a um destino de vazio e nada, o Ti Vicente deixou a razão pelo caminho. Ou talvez não… A normalidade não passa de uma subjetividade envergonhada. Antes de a sua alma enegrecer, os antigos asseguram que ele fora homem de finezas. Sabia do mundo, de contas e até letras, lá onde as mãos quase todas eram de enxada num lugar o Ribatejo já tinha cara de Beira, mas mal sabia ler.

Para o Ti Vicente, o mundo passou a ser uma piada. Como só os loucos são livres, declarou guerra às convenções e fez-se ao contra. Montava bestas virado para a cauda; perambulava de noite e repousava de dia; caminhava sobre muretes, cercas, telhados e galhos, avesso a tudo o que fosse caminho de gente. Dormia em palheiros. Passava jornadas sem falar e outras a palrar sozinho. Tinha o maior desvelo com a bicharada e um desprezo olímpico a quase todas as pessoas. Se lhe dessem uma guitarra, tocava até sangrar, sem comer ou beber. Fumava cigarros de barba de milho. Sabia tudo de todos e trazia no bolso da calça vestida do avesso todas as vergonhas e segredos dos cínicos da freguesia. Ninguém o confrontava por ser andrajoso e indiferente à miséria. Quem se atrevesse, ouvia o sexagenário tresloucado cuspir-lhe uma verdade azeda.


Sempre que o rapazio ao qual Ti Vicente se dava lhe pedia uma lição de História, o velho avivava o olhar verde, cofiava a barba nauseabunda e rala para contar em lusitano detalhe o cativeiro de Fernando, o Infante Santo, como se o tivesse visitado na masmorra de Fez naquele cristão suplício. Depois houve aquela vez em que roubou uma bicicleta e bradou que agora só a apanhavam na Alemanha ao deslizar em fúria caminho abaixo. Deram com ele dois quilómetros adiante a cavar numa fazenda. Com o lado errado da pá, como está bom de ver.
Comia com os pratos ao contrário e quando o convenceram a investir sobre uma sopa na tigela, pegou um garfo bojudo e sorveu-a mesmo assim. Num almoço deu com o fundo de um prato em casa de gente piedosa. Viu uma flor desenhada na louça e, mortificado, disse que era veneno para sair num rufo de inferneira.
Afagava a Castanha, a mula do Jaquim Pereira, e nessas alturas chorava sobre a palha a falar para dentro.

Quando Tejo subiu, as cheias tragaram casas e muitos ficaram com pertences submersos. O Ti Vicente mergulhou e mergulhou em desafio às aguas. Resgatou quanto pôde. Depois bordejou pelo rio até desaparecer no horizonte. O medo há muito ficara para trás.
Tentaram tratá-lo, mas ele respondeu que se era para aquilo, não o tivessem chamado. Fugiu.

Fechou os olhos numa sala branca e luzidia de uma afilhada que lhe amparou a doença, já física, e voltou para sempre à escuridão amiga.
Desceu à terra sem que lhe fizessem a última e funérea vontade: ir de barriga para baixo, de costas viradas.
O mundo não lhe merecia mais. 



Filipe Alexandre Dias
Jornalista




quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

..." e o sonho comanda a vida..."







E quem é Feliz faz Feliz os outros

Quando foi que as crianças deixaram de sonhar e os adultos de acreditar?

Neste novo ano de 2017, de Recomeços, é inevitável imaginarmos como será este ano, ainda incipiente: igual ao último? Que caminhos novos vamos percorrer? Estamos preparados para sermos felizes?

 Quando pensamos que os adultos de hoje são produto da criança que foram, o melhor presente que os pais podem dar aos seus filhos é a capacidade de Sonhar! Sonhar é a esperança, sonhar liberta maus sentimentos, faz com que venha à tona o nosso melhor e quando sonhamos juntos, então, a vida ganha outra cor, tudo fica leve e o que criamos, por mais simples que seja, ganha novos contornos.

A vida é bênção! Basta, simplesmente, olhar e contemplar a natureza para ter essa certeza dentro de nós, como é bonito tudo à nossa volta! As flores, as folhas das árvores que caiem, os passarinhos que cantam autênticos cânticos de paz e ternura, as nuvens no céu que parecem algodão doce. Se alguma duvida houvesse, dissiparia, com a simples observação sobre o que nos rodeia, esta prática poderá ser, essencialmente espiritual, também somos seres espirituais, uma vez que filosofamos sobre a nossa existência.

 O amor advém da fé, da fé na vida, do bom sentimento que nos completa e que nos faz seguir e construir mais. O amor é fé, na vida, fé no outro, fé em nós, está interligado, são indissociáveis, fé e amor! Não existe amor sem acreditar! Acreditar no melhor da vida e que dias melhores virão, apesar de alguns percalços que possam surgir.

Um dia perguntei a uma criança sábia na minha consulta; O que desejas? Ela retorquiu desejo continuar a desejar! De facto é o melhor presente que um ser humano pode ter, uma vez que quando acreditamos e desejamos, estamos sempre protegidos, isto porque, temos fé que as coisas boas nos podem acontecer e mesmo, perante as situações adversas, nós podemos nos agarrar aos nossos desejos, à nossa capacidade de sonhar. Já dizia o Fernando Pessoa “matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso”, nada nos caracteriza mais do que os nossos sonhos, do que a nossa capacidade de criar, imaginar coisas boas a acontecer.

Muitas crianças hoje não sonham. Onde estão os sonhos das crianças? É urgente plantar nas crianças a capacidade simbólica de sonhar mas, para isso, é necessário que os adultos nunca deixem de acreditar, de ter paz e esperança. É necessário adultos com paz interior, o que nós psicólogos chamamos de “constância objectal interna”, o sentimento de estar seguro de ser bem amado e que mesmo em dias de tempestade, há uma confiança, que apazigua a ansiedade de que tudo se vai solucionar da melhor maneira (o que chamamos, também, de vinculação segura).

Assim desejo que em 2017 existam muitos sonhos, que a esperança encha o coração e guie todas as decisões. Pois quem é feliz faz felizes os outros! Não esqueça, quanto mais cuidar de si, mais cuidará dos outros que ama.




Drª Mafalda Borges
O Canto da Psicologia





terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O chá, para lá dos sentidos...







Com o pós-férias chega o reinício das dietas. Fique a conhecer os chás mais famosos.

Chá de Borututu
Indicações: Obtido através de uma planta africana, é reconhecido pelas suas propriedades diuréticas e no tratamento de problemas gástricos, hepáticos, intestinais, vesícula e aparelho urinário. Também normaliza o colesterol e a pressão arterial.
Contra-indicações: Não deve ser consumido em situações de gravidez e lactação.

Chá de Carqueja
Indicações: Possui ação diurética e é comummente utilizado para problemas gástricos e hepáticos. Possui na sua composição crómio, um nutriente importante no controlo da glicémia (açúcar no sangue), auxiliando no controlo do apetite.
Contra-indicações: Não deve ser consumido em casos de hipoglicémia, terapêutica anti-hipertensora, hipotensão, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, e na gravidez/lactação.

Chá de Cavalinha
Indicações:Pela sua ação diurética, ajuda a diminuir a retenção de líquidos e é fonte de sílica, um nutriente importante para a síntese de colagénio e firmeza da pele. Apresenta também propriedades cicatrizantes, anti-hemorrágicas e digestivas.
Contra-indicações: Não deve ser consumido em casos de terapêutica anti-hipertensora, hipotensão, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, e na gravidez/lactação.

Chá Verde
Indicações: Possui uma potente ação antioxidante, anti-inflamatória e diurética. A sua principal vantagem diz respeito à sua elevada concentração em polifenóis, antioxidantes eficazes na prevenção de doenças cardiovasculares, bem como na modulação da termogénese e oxidação das gorduras (regulação do peso corporal).
Contra-indicações: Não deve ser consumido em casos de hipertensão e por indivíduos com sensibilidade à cafeína.

Chá de Hibisco
Indicações: É rico em vitaminas A, C e do complexo B. Possui ação diurética, regula o funcionamento intestinal e facilita a digestão. Devido às elevadas concentrações de flavonoides, apresenta açãoantioxidante, prevenindo doenças cardiovasculares, envelhecimento precoce e outras doenças crónicas e inflamatórias.
Contra-indicações: Não deve ser consumido em casos de terapêutica anti-hipertensora, hipotensão, insuficiência cardíaca e insuficiência renal.

Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966




quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Psicoterapias e intervenções psicofarmacológicas...





Qual é exactamente a magnitude do efeito das psicoterapias? e das intervenções psicofarmacológicas?  e qual será a duração mínima destas intervenções? 

Na pratica privada, principalmente nas primeiras sessões de psicoterapia, é muito comum ouvir preocupações recorrentes acerca da eficácia da Terapia, da frequência da Terapia, e da duração da Terapia.
Em momentos de angústia aguda e de um sofrimento que se arrasta, por vezes durante décadas, não é de espantar que se procure uma solução rápida e eficaz. 
Nesse sentido, os técnicos a contactar são sobretudo médicos da especialidade de psiquiatria e psicólogos clínicos.
É certo que vão surgindo pelas vias públicas artigos que argumentam a eficácia dos processos terapêuticos, e aqui, n'Canto da Psicologia, existe o cuidado de transmitir ao público em geral essa mesma argumentação, com textos redigidos por psicólogos clínicos com experiência comprovada. 

Mas ainda assim, qual é exactamente a magnitude do efeito das psicoterapias? E das intervenções psicofarmacologicas? E qual será a duração mínima destas intervenções?
Hoje a nossa proposta é revelar os números que sustentam a argumentação teórica.

Na investigação em psicologia e em medicina, para além dos estudos individuais que podem ser efectuados com amostras específicas, uma metodologia muito utilizada são as chamadas 'meta-analises'; uma meta-análise é um método que procura sintetizar ou sumariar as descobertas de diversos estudos independentes.

Aqui, os resultados obtidos nos diferentes estudos são convertidos numa métrica comum, designada por 'magnitude do efeito' (effect size), que é expressa em desvios-padrão.
Esta métrica diz respeito à diferença entre os resultados dos indivíduos que se submeteram a tratamento e aqueles que não se submeteram (grupo de controlo).
Um resultado, relativo à magnitude do efeito (effect size), de 1.0 significa que a pessoa estará um desvio-padrão, mais 'saudável'.
Assim, no que diz respeito às meta-análises, um efeito de 0.8 é considerado um efeito grande, um efeito de 0.5 é considerado um efeito moderado, é um efeito de 0.2 é considerado um efeito pequeno.

De acordo com a primeira grande meta-análise sobre a eficácia da psicoterapia, que incluiu 475 investigações, no ano de 1980 (Smith, Glenn & Willer), observou-se uma magnitude de efeito de 0.85. Este resultado sugere que quem fez psicoterapia esta perto de uma diferença de um desvio-padrão em comparação com indivíduos que não o fizeram. Trata-se portanto de uma magnitude de efeito grande.

Lipsey & Wilson (1993) estudaram 18 meta-análises, observando um efeito de 0.8.
Abbass, Hancock, Henderson & Kisley (2006), sumariaram 23 meta-análises, compilando um total de 1431 processos terapêuticos de orientação psicanalítica. Observaram um efeito de magnitude de 0.59 em pacientes depressivos após 40 horas deTerapia, sugerindo um efeito moderado. No entanto, os mesmos autores verificaram uma magnitude de efeito de 0.98 após mais de 9 meses de Terapia com os mesmos pacientes.

De um modo geral a magnitude de efeito dos quadros sintomatológicos foi de 0.97 em Terapia inferior a 40 horas, e de 1.51 em terapias superiores a 9 meses.
Segundo a mesma meta-análise, pacientes com sintomas somáticos, tiveram um efeito de 0.81 após 40 horas de tratamento e de 2.21 após 9 meses; as perturbações da ansiedade tiveram um efeito de 1.08 após 40 horas de tratamento e de 1.35 após 9 meses.

Segundo Leichsenring, Rebung & Leibing, em 2004, e após análise de 17 estudos sobre a eficácia da psicoterapia psicanalitica, verificaram que apenas após 21 sessões, observa-se uma magnitude de efeito de 1.17.
Em artigo publicado na American Journal of Psychiatry, de Leichserning & Leibing, no ano de 2003, verificou-se um efeito de 1.46 após 37 semanas de Terapia.
Bateman & Fonagy em 2008, estudaram os efeitos a longo-prazo da Terapia psicanalitica, tendo avaliado pacientes após 5 anos do término das suas terapias em comparação com um grupo de controlo que não se submeteu a psicoterapia. Verificou-se que 87% dos indivíduos que não fizeram Terapia, mantinham os critérios de Diagnóstico para Perturbação da Personalidade. Relativamente ao grupo que passou pelo processo psicoterapeutico, verificou-se que apenas 13% preenchiam os critérios de diagnóstico.

Apesar das abordagens psicofarmacologicas serem amplamente utilizadas, e apesar de serem conhecidas pelos seus rápidos efeitos, a investigação não demonstra resultados animadores. Segundo artigo publicado na New England Journal of Medicine, pela FDA, a magnitude de efeito da fluoxitina (prozac) é de 0.26, o efeito da sertalina é de 0.26, do citalopram 0.24, do escitopram 0.31 e da duloxetina 0.30.

Parece-nos importante que perca um pouco do seu tempo e reflicta sobre estes resultados !

Dr. Fábio Mateus
O Canto da Psicologia



terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Ombros para que te quero...






A saúde do seu Ombro


Nos dias que correm, é cada vez mais frequente depararmos no ginásio com pessoas que sofrem de omalgia(dor no ombro). Mas para melhor entendermos o porquê desses sintomas e o que pode estar na origem dos mesmos, importa perceber um pouco da anatomia e fisiologia do ombro.

O ombro é uma articulação complexa que liga a cintura escapular ao membro superior. É formado por quatro articulações, glenoumeral, acromioclavicular, esternoclavicular e escápulo-toráxica, e por um complexo de músculos. Os setes músculos da cintura escapular asseguram a ligação entre a cintura escapular e o úmero: Deltóide, Subescapular, Coraco-Braquial, Grande Redondo, Supraespinhoso, Infraespinho e Pequeno Redondo.
Muitas vezes a causa de omalgia está associada a desequilíbrios musculares entre os músculos rotadores internos do braço (Deltóide Anterior, Grande Dorsal, Grande Peitoral, Grande Redondo e Subescapular) e os rotadores externos do braço (Deltóide Posterior, Infraespinhoso e Pequeno Redondo). Numa primeira análise podemos verificar que os rotadores internos do braço são mais numerosos e mais fortes do que os rotadores externos. Esta diferença agudiza-se, na maior parte das pessoas, devido ao predomínio da prática de ações de empurrar e de lançar em relação às ações de puxar. Isto também se verifica em atletas que realizam gestos desportivos que estão associados à respectiva modalidade que praticam, se adicionarmos a isto a intensa e repetida solicitação dos músculos rotadores internos do braço, é natural que se acentue ainda mais o desequilíbrio entre esses poderosos músculos e os seus antagonistas, que são responsáveis por desacelerar o movimento durante a fase de terminação, através de uma ação excêntrica(Gowan et al., 1987; Pezarat-Correia et al., 2005a; Escamilla & Andrews, 2009)

Importa saber qual o rácio de força ideal entre os músculos rotadores internos do braço e rotadores externos do braço?
Segundo Alderink e Kuck, o rácio de força ideal entre os músculos rotadores internos do braço e rotadores externos é entre 66% e 75%, isto traduz do ponto de vista teórico um equilíbrio muscular adequado.

Shoulder Injury Prevention at CHASE Training Academy

Tendo em conta a grande incidência de lesões no ombro, devido sobretudo a instabilidade articular, aos incorrectos padrões de movimento e desequilíbrios musculares,  considerei essencial propor a abertura de uma aula de Shoulder Injury Prevention (SIP), na CHASE Training Academy, centro de treino onde trabalho atualmente como Coach e Personal Trainer, a possibilidade de poderem realizar um trabalho específico e devidamente orientado no sentido de prevenir essas mesmas lesões, tornando-nos pioneiros na criação de uma aula específica para tal.
Em 2017, terão ao vosso dispor duas aulas semanais de SIP,  que  decorrerão à segunda e quinta-feira.
Esta aula destina-se a qualquer pessoa (sócios/atletas) e visa potenciar o fortalecimento de todo o Complexo do Ombro, recorrendo a exercícios específicos direcionados a ativar de forma correta todos os músculos que de algum modo atuam sobre as várias articulações do ombro e que, além de movimento, lhe proporcionam estabilidade, nomeadamente os músculos rotadores externos do braço, que dificilmente os conseguimos trabalhar de forma isolada e equilibrada durante os WOD's.

A aula SIP, como o próprio nome indica, ser-vos-á útil para evitar as tão incidentes lesões no ombro. Na qualidade de Fisiologista do Exercício, através de uma cuidadosa selecção de exercícios, ajudar-vos-ei a detectar desequilíbrios musculares e potenciais mecanismos de lesão e, proporcionar-vos-ei as ferramentas necessárias para que os possam corrigir, evitando assim o aparecimento de lesões ou o agravamento das já existentes.
Este trabalho é um excelente complemento e é essencial para que todos possam desenvolver uma boa estabilização do Complexo do Ombro e também, construir uma "ponte" com os exercícios que realizam durante os WOD's, que como bem sabemos, são de uma elevada exigência e requerem uma boa base e correcta técnica.
Assim, quero deixar o convite, aos que nunca realizaram esta aula, para que venham experimentar, e aos que já conhecem, relembrar para que continuem este tão importante trabalho.




Sugestões para um ombro saudável:
Manter um bom equilíbrio muscular entre rotadores internos e externos do braço;
Exercícios que promovam estabilidade dinâmica do ombro e coordenação intermuscular.
Fortalecer os músculos da coifa dos rotadores(Supraespinhoso, Infraespinhoso, Pequeno Redondo e Subescapular;
Selecionar exercícios que solicitem os músculos Trapézio Inferior, Trapézio Médio e Grande Dentado e minimizem a intervenção do Trapézio Superior;
Evitar exercícios como as elevações laterais com halteres e remada alta acima dos 90 graus.


Dinis Anastácio
Exercise Physiologist and Personal Trainer
Advanced Health and Exercise Specialist - EQF Level 6
European Register of Exercise Professionals (EREPS)
Contacto: 962 683 291