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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

A escuta… n(d)o silêncio

 


 

“É em silêncio que melhor se ouve o que vem de fora e o que nos vai por dentro; é de silêncio a reflexão sobre o que já se aprendeu; é o silêncio que se interpõe entre as palavras que lhe empresta o valor mais significativo do discurso.”

(João dos Santos)

 

A escuta terapêutica, pode dizer-se, vai para além da escuta das palavras. Quando alguém faz “um pedido de ajuda” transmite normalmente com as suas palavras a urgência de uma compreensão. Não raras as vezes após uma primeira consulta, o paciente se questiona sobre a necessidade dessa mesma compreensão, quase como se um possível alívio sentido num primeiro encontro (terapêutico) o fizesse questionar sobre a veracidade dessa mesma compreensão – será que vou ser verdadeiramente compreendido? como poderá esta pessoa ajudar-me se já lhe disse tudo o que me preocupa?

Voltando ao pedido de ajuda e ao seu significado, será interessante pensar-se sobre o que é dito com as palavras, mas também com o tom, com a sua musicalidade. Um pouco como acontece na díade mãe-bebé, onde a voz da mãe coloca legendas no sentir do bebé, também na relação terapêutica se vai dançando ao som da música. Nesse sentido o lugar do psicoterapeuta é (também) o lugar da escuta e da espera. O silêncio, por vezes ensurdecedor, pode dar lugar e voz à escuta do espaço interno do paciente, permitindo a livre expressão do eu. A relação terapêutica, à medida que se torna um espaço seguro e de confiança, funciona como um terreno fértil, dando condições ao desenvolvimento e crescimento mental.

            Quando alguém nos narra uma história ou fala sobre um acontecimento, geralmente vai articulando o seu discurso com o som, as pausas, a linguagem que melhor descrevem (fazem compreender) o que se quer transmitir. É esta interpretação que ajuda a dar significado ao vivido. Curiosamente, é um pouco aí que reside o entendimento face à questão “será que vou ser verdadeiramente compreendido?”. Digamos que enquanto a voz do paciente não é suficientemente audível para expressar aquilo que apenas é potencialmente expressável, que o psicoterapeuta lhe empresta, com o seu silêncio, a sua voz (João Pedro Dias). São as qualidades do psicoterapeuta - calma, serenidade, vitalidade, constância, genuinidade, segurança, indestrutibilidade - (João Pedro Dias) que refletidas no silêncio permitem ouvir a voz do paciente e dar espaço à verdadeira compreensão, por parte do outro e interna. A escuta no silêncio funciona metaforicamente como um “empréstimo” de voz, como se ao ficar em silêncio, o psicoterapeuta pudesse (com as suas qualidades) complementar a voz do paciente, dando-lhe significado. Sabemos que a palavra e a interpretação são elementos essenciais na psicoterapia, mas também a qualidade do silêncio, na medida em que possibilite o encontro da díade paciente – terapeuta. E é neste sentido que a relação terapêutica é diferente das outras relação, eliminando ruídos e facilitando o acesso ao simbólico da palavra, mas também do silêncio.


Drª Ana Cordeiro - Braga

O Canto da Psicologia 

  

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Reinicio… Fim de férias… Início de aulas… Inocente mês de Setembro

 


Curioso o mês de Setembro, mês nove de um ano, mas de meio ou fim pouco tem. Não?! Se calhar, fim de ciclos…

Bem, para alguns, um mês de início de aulas, contemplando novo ano lectivo, logo, reajuste de horários, nova gestão familiar, o que se assemelha a um Reinício de ano, não?!

«As questões.. tão bom, as eternas questões. Tão bom existir espaço para nos questionarmos, pensarmos além da funcionalidade a que o dia a dia exige.»

Estamos a acabar Setembro, e deparo-me com a ideia de reinício, de reorganizar agendas e tempos.

Reinício, um tempo que maioritariamente adoro, pois mesmo carregado de angústias e medos do recomeço, cheira a mudança e novas oportunidades.

Já pensaram nesta relação?! Na relação criança e adulto? Como tem peso a época de inícios de anos lectivos escolares no mundo dos adultos.. Como repensamos e temos que gerir tudo, mesmo quem não tem filhos nem é professor. Curioso serem os adultos a gerir a vida dos menores e depois, se analisarmos bem…, é, é mesmo uma co-dependência. A constituição de uma sociedade, o mundo das relações. Por mais que nos sintamos e sejamos todos diferentes, existem sempre ligações, e por mais minúsculas que estas sejam, existem, e temos que cuidar dessa existência. Não por mim, mas pela sociedade, por cada um.

Por estas, e o peso de todas estas, estou eu, está esta equipa, com base no cuidar da saúde mental do outro, tendo por base o respeito e a individualidade de qualquer pessoa.

Por isso, olha em torno de ti, olha à tua volta e vê, empatiza e simpatiza, pois o recomeço tem que ter sempre lugar, e nele podes sempre ser uma melhor pessoa.

 

                    Sentir, é o princípio de um acordar,

                    Emotividade, é o que nos torna de uma beleza imensa,

                    Tempo é o que mais nos limita,    

                    Eterno é somente a saudade.

                    Belo, é cada momento vivido com prazer, e empenho.

                    Romance.. esse é o que consegues fazer com a junção do sentimento, emoção e tempo

                    Ouve, olha, observa, ama.

 

Drª Margarida Espanca - Lisboa

O Canto da Psicologia



 


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Um elogio aos profissionais de saúde...

 



O momento em que o mundo paralisou, era março de 2020 quando, o cada vez mais falado corona vírus ou covid-19, estava em alerta máximo pela OMS, que afirmavam ser certo, que estávamos perante uma Pandemia, que o vírus era muito perigoso e altamente contagioso. Ficamos todos perplexos e a humanidade parou, o medo instalou-se de forma inevitável, o desconhecido, a associação à morte, à doença, ao sofrimento. Os telejornais e meios de comunicação, apenas davam notícias sobre o vírus e a Pandemia de forma obsessiva, dados constantes e diários sobre os números de infetados, recuperados, óbitos e em internamento, passou a ser o novo normal, assim como, falar sempre de doença e estar no meio da doença, com mascaras a evitar o contacto humano. Saiamos de casa com medo, a simples ida ao supermercado, era feita com estranheza, ate que os confinamentos se tornaram obrigatórios para todos, menos os profissionais essenciais, de bens essenciais, forças de segurança e claro, profissionais de saúde.

Só mesmo quem trabalha na saúde, sabe a dificuldade que foi vir trabalhar, o medo de poder contagiar os familiares, quem mais amamos, de ser fonte de contágio para os outros, uma vez que estávamos expostos ao público e essa realidade podia acontecer. O ambiente na saúde era intranquilo, aflito, embora o desejo de ação e de, por missão, proporcionar todo o melhor que podíamos, para a comunidade e para os utentes, estava sempre presente como motivação principal, apesar de tudo. A responsabilidade do nosso trabalho, das horas a mais, dos fins de semanas perdidos, de toda a nossa dedicação para, quer no caso de os cuidados hospitalares salvar vidas diretamente, quer no caso dos cuidados de saúde primários salvar vidas, por via da prevenção, testagem, vacinação e controlo da saúde pública, que evita a propagação continua e massiva da doença, através das vigilâncias ativas, análise dos contactos imensos, registro constante e avaliação do doente e de todos os contactos diariamente.

Foram tempos de incertezas, angústias, os números de mortos subiram e os profissionais de saúde, incansáveis à procura de promover mais saúde, proteção, sempre na busca de ajudarem da melhor forma todos, mais do que nunca foram peças essenciais, para permitir que pudéssemos sobreviver a estes tempos difíceis, com ajuda fundamental da vacinação, outra valência da saúde, que resulta de um esforço incalculável dos profissionais e que devemos estar muito gratos.



 A área da saúde esteve a sentir na pele todos estes desafios, os profissionais estiveram, sem dúvida, à altura de uma enorme crise sanitária global como só há 100 anos se assistiu (gripe espanhola), foram incansáveis na sua conduta, na sua luta diária, médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, técnicos de RX, técnicos superiores, técnicos de análises clinicas, fisioterapeutas, terapeutas, psicomotricistas, administrativos, assistentes operacionais, assistentes de higiene, seguranças, gestores rh, todos estiveram unidos, todos foram e são importantes no combate à Pandemia covid-19.  

Os psicólogos clínicos, psicoterapeutas, psicanalistas e psiquiatras, passaram a ser um recurso ainda mais essencial, uma vez que a saúde mental estava a ser posta em causa, aumentaram os pedidos de apoio psicológico, inúmeros movimentos de psicólogos, psicoterapeutas, emergiram no sentido de proporcionar esse acompanhamento fundamental, numa autentica onda de solidariedade e empatia

O impacto psicológico da crise sanitária, está ainda a ser avaliado, inúmeros estudos científicos estão a decorrer, para que se possa analisar de forma minuciosa, longitudinal, todas as consequências psicológicas, desta pandemia, mas como psicólogos sabemos que a seguir à crise, pode surgir a perturbação de stress pós-traumático, que muitos poderão estar a vivenciar, de forma mais ou menos grave, consoante as patologias que preexistiam à pandemia.

Neste sentido, o cuidado psíquico, a vontade de procurar compreender as origens das nossas emoções mais angustiantes, através da sua aceitação, proporcionou a procura do autoconhecimento na psicoterapia, de forma que a higiene mental pudesse estar a par com a higiene sanitária.

Este texto foi escrito no passado e não foi por acaso, dado que constitui um desejo, que a Pandemia seja já parte da história da humanidade e que, acima de tudo, possamos continuar a sair deste período com mais sabedoria, cooperação, gratidão e empatia. 

 

 Mafalda Leite Borges

Canto da Psicologia


quinta-feira, 1 de abril de 2021

A esperança no futuro...

 



O ano começou com esperança, a vacinação para a COVID-19. Esperança num regresso à normalidade, esperança naquele reencontro com família e amigos, naqueles abraços e convivios. Esperança na liberdade de cada um.

Mas este processo é lento e moroso. Continuamos a deparar-nos com uma pandemia mundial que nos levou, mais do que uma vez, ao confinamento, ao teletrabalho, à escola a partir de casa. Mas mais impactante é o afastamento imposto dos nossos, família e amigos. Casais lidam com a gestão dos filhos e do próprio casal. Crianças privadas da brincadeira com os amigos e da rotina da escola. Adolescentes que não podem conviver uns com os outros.

Somos confrontados com preocupações que geram ou aumentam ansiedades e incertezas quanto ao futuro. O que nos trará o futuro?

Ninguém consegue responder com certeza a esta questão, mas há que manter a esperança num futuro melhor. E é mesmo a esperança que nos mantém positivos, que nos impulsiona a continuar, a ultrapassar as dificuldades que nos surgem. É ela que nos move e nos mantém vivos.

De acordo com Snyder, que nos trouxe a Teoria da Esperança, esta é um estado cognitivo positivo assente na expetativa de sucesso perante a determinação em alcançar objetivos e delinear planos para os conseguir.

A esperança é uma emoção positiva que ocorre geralmente quando somos deparados com circunstâncias negativas ou incertas. Como o que vivemos atualmente!

É um fator cognitivo mas tem uma qualidade afetiva única que nos dá motivação para procurar resultados futuros. É um estado que mantemos intencionalmente: decidimos ter esperança, muitas vezes, por medo das consequências reais que podem ocorrer caso não tenhamos esperança. Podemos ter esperança em relação ao que quisermos, em relação ao mundo, ao trabalho, à família e ao amor. Podemos ter esperança numa mudança em nós próprios!

Quem tem esperança, tem também o desejo e a determinação de que os seus objetivos serão alcançados, e tem ainda uma série de estratégias (e a capacidade para as procurar e encontrar) para atingir esses objetivos. A esperança permite-nos olhar os obstáculos com a confiança de quem vai conseguir ultrapassá-los e, por isso, estamos mais dispostos a olhar à volta, a procurar formas, caminhos, ferramentas, para o conseguirmos. Ou seja, a esperança não corresponde apenas à vontade ou desejo de se chegar a determinado lugar, mas também às diferentes formas para lá chegar.

Para além de nos permitir evoluir, a esperança ajuda-nos a sobreviver. O instinto de sobrevivência no ser humano é de uma força quase inesgotável. No entanto, em oposição à esperança existem pessoas que perderam a vontade de viver. Várias pesquisas nesta área mostram que a desesperança está mais associada ao suicídio do que a depressão.

Na área da saúde, estudos demonstram que a esperança tem influência na eliminação ou redução de problemas físicos e psicológicos. As pesquisas de Snyder comprovam que a esperança ajuda a pessoa a reagir positivamente no caso de doenças e lesões. Também toleram melhor a dor. Têm maior capacidade e habilidade adaptativa para resolver problemas.

A esperança é a última a morrer… e se precisar de uma ajuda profissional para voltar a acreditar e a ter esperança no futuro, não hesite em contactar O Canto da Psicologia. Estamos cá para lhe dar Esperança!

 

Dra. Irina Morgado

O Canto da Psicologia


quinta-feira, 11 de março de 2021

Ontem não fiz nada de jeito... ou será que fiz, não fazendo?

 


É bom estarmos ativos e, sem dúvida, que constitui um motivo de orgulho, mas é preciso tempo para parar tanto quanto ser produtivo e orgulharmo-nos disso na mesma medida. Não falo só em dormir, férias, diversão, lazer, que são fundamentais, mas falo principalmente de tempo para não fazer nada. Nada mesmo (e não vale olhar para o telemóvel)!

Quando paramos estamos a permitir que as nossas emoções enviem mensagens ao nosso cérebro sobre o nosso estado e, assim, conceder uma oportunidade para avaliar como me estou a sentir; sobre o que me fez feliz durante o dia ou o que me perturbou. Quais as minhas necessidades e como posso satisfazê-las. O que está bem ou mal na minha vida. O que é preciso manter e o que é preciso mudar.

 E porque é que eu tenho de parar para que isto aconteça?”

 Precisamente porque quando estamos envolvidos nas nossas rotinas estamos, na maioria do tempo, a responder a exigências externas (sejam profissionais, sociais ou de outras pessoas que nos são mais ou menos próximas) e que, por mais que possam fazer parte da nossa vivência em sociedade e nos tragam benefícios diretos ou indiretos, podem desviar-nos (mesmo sem nos apercebermos) das nossas próprias necessidades.

Há uma diferença entre produzir algo em função da satisfação do outro e produzir algo em função da nossa própria satisfação e é preciso parar para a distinguirmos de forma clara.

 Quando é que sei que estou a precisar de parar?”

 Parar deve fazer parte da nossa rotina, tal como o é beber água, alimentarmo-nos, etc. Quando isso não acontece, vou começar a sentir-me cansado, stressado, irritado, entre outros. Ou ainda, o nosso corpo irá obrigar-nos a baixar o ritmo através de uma doença, uma gripe por exemplo.

 Eu não consigo estar muito tempo sem fazer nada!

 Para além do sentimento de culpa associado aos períodos de inércia porque a sociedade assim o exige, tendemos a evitar esse tempo principalmente porque estar a sós connosco pode gerar desconforto.

 Mas se me vou sentir desconfortável porque razão tenho de parar?”

 De facto, quando nos permitimos parar, surge por vezes a sensação de nos sentirmos perdidos, desesperados ou um sentimento de vazio (que serão tão mais intensos quanto maior o tempo que passo sem me permitir este espaço) e isto não é fácil de se enfrentar, mas uma vez este estado ultrapassado vão começando a emergir sentimentos mais positivos, mais energia, maior capacidade para criar, mas agora de uma forma mais concordante com os nossos desejos e valores.

Se, por outro lado, tanto o desconforto persistir no tempo, devemos procurar ajuda especializada que nos ajude a amparar esses sentimentos, a reorganizar e a reconstruir ou procurar um novo sentido.

O processo terapêutico é, entre muitos outros elementos, um espaço onde nos é concedido tempo para nós mesmos porque é o que se passa nele (nesse tempo) que nos permite mudar. 

 

 Filipa Noronha - Lisboa

O Canto da Psicologia


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

As crianças e os adolescentes também estão ansiosos… e é normal!

 



Crianças e adolescentes de volta a casa. Mais uma alteração…

Mais uma alteração entre tantas alterações que trazem novos desafios, tanto para eles como para os pais/cuidadores. Ao longo das últimas semanas, tem vindo a ser possível perceber que este novo isolamento do mundo em pouco (ou nada) se assemelha ao anterior, trazendo associadas muitas emoções dispersas, muitas alterações de comportamento, muita ansiedade e muitas questões, talvez, com poucas respostas. E qual é a diferença de há um ano atrás? Porque é que agora está a ser mais difícil? “Não consigo perceber o porquê de se estar a portar desta forma”. A resposta é simples (e complexa ao mesmo tempo), e está exatamente nas palavras da pergunta, porque passou um ano, porque já não é novidade, já não é divertido estar em casa, já não é divertido não ter nada para fazer, já não é divertido não ser possível ir à rua, já não é divertido ver os amigos e a família só pelo ecrã. Tudo o que há um ano atrás foram novidades agora já não o são, agora têm o peso de tudo o que já passamos e que continuamos a passar, de todas as notícias da comunicação social que parecem não melhorar, de todas as emoções e ansiedades acumuladas. E é normal!

Vemos o desespero dos pais/cuidadores, sem saber o que fazer com os filhos em casa, alguns que ao mesmo tempo têm de trabalhar, sem saber como vão conseguir acompanhá-los da forma que seria a ideal, agora nas aulas online, que mais uma vez todos fomos obrigados a aceitar. E se para os pais/cuidadores é difícil vamos tentar, por um momento, colocar-nos no lugar das crianças e dos adolescentes… as crianças ainda com pouca bagagem que as permita gerir toda a informação que lhe é “atirada” diariamente, os adolescentes a verem ser-lhes “roubadas” todas as experiências típicas desta fase das suas vidas. As crianças sem perceber porque é que numa situação normal quando os pais/cuidadores estavam em casa era o momento para estarem todos juntos e agora não podem falar com eles quando estão mesmo ali ao lado (porque a sala é agora o escritório). Agora, como escrevi há uns meses atrás, voltam-se a fundir os espaços de lazer com os de trabalho/escola.

E, mais uma vez pergunto, o que mudou desde há um ano atrás? A bagagem que todo este ano trouxe, as frustrações, as limitações, as proibições.

Se os pais/cuidadores também estão cansados? Estão! Exaustos? Sim! Ansiosos? Também… Mas são eles os pilares destas crianças e adolescentes, são estes que eles esperam que consigam dar o suporte que precisam. Por isso, temos de ouvir as nossas crianças e adolescentes, temos de valorizar os sentimentos que nos transmitem.

Nem sempre estes sentimentos vêm em forma de palavras (o que poderá tornar tudo isto um desafio ainda maior, é certo), mas sim de comportamentos alterados. É por isso essencial valorizar e validar o cansaço, a ansiedade, a tristeza, a revolta, a irritação, os medos e, ao mesmo tempo, incentivar a que exprimam as suas emoções, porque é normal que as sintam, principalmente neste momento, perante esta situação. Podemos todos sentir ansiedade e eles também. E é normal!

 

Drª Rita Rana - Lisboa

O Canto da Psicologia


quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Mantenham-se activos e seguros...

 



Novo confinamento, mas a pandemia alastra a cada dia que passa e precisamos mais do que nunca de nos cuidarmos. Os dados que vão sendo revelados pela OMS, mostram que a epidemia se agrava em doentes que sofrem de obesidade, assim como aumenta a taxa de mortalidade, cerca de 3,4x mais do que em doentes normoponderais. Acrescentar ainda, que os países com maiores taxas de obesidade apresentam maiores números em termos de mortalidade. Neste contexto, é fundamental que mesmo em casa, se mantenham hábitos diários de exercício físico. Procurar fazer 30 minutos diários de exercício, pode ser fundamental para ajudar o sistema imunitário a manter-se forte e resistente.

 Mantenham-se activos e seguros.

Bons treinos

Hugo Silva

Instagram: hugo_silva_coach

-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre



quinta-feira, 19 de novembro de 2020

"A infodemia pode causar um dano tão grande ou maior que a pandemia”

 



Este é um excerto de uma entrevista à revista Visão dos cientistas David Marçal e Carlos Fiolhais que publicaram um livro recentemente intitulado “Apanhados pelo Vírus”. A ideia deste livro é, segundo os autores, tentar esclarecer a avalanche informativa sobre a Covid-19 e combater a desinformação sobre a pandemia.

Apesar de estar convencida que ninguém é detentor de toda a verdade, são de louvar iniciativas que tentem esclarecer alguns mitos que ameaçam neste momento o bem-estar de todos nós: as máscaras não têm utilidade, este vírus só é perigoso para os mais velhos, este vírus não é mais do que uma gripe, se estiver num espaço ao ar livre não preciso de usar máscara, etc.

Nos últimos tempos têm-se propagado os discursos negacionistas e escasseado as camas nos cuidados intensivos dos hospitais de norte a sul do país. Como psicóloga e portanto agente de saúde pública, sinto que tenho o dever de aproveitar este espaço para apelar à responsabilidade de cada um de vós. Gostava de poder explicar o que empurra as pessoas para as teorias da conspiração, os discursos que desvalorizam a gravidade da pandemia ou até que a negam, mas sei que cada um terá as suas razões e a sua lógica interna singular, não existem generalizações no que diz respeito ao inconsciente e ao funcionamento psíquico. Mas há uma certeza que ouvimos vezes sem conta e que precisamos de interiorizar o quanto antes: só a diminuição de contágios pode evitar o pior.

O que fazer para diminuir os contágios e o que é o pior? O pior, a meu ver, já está a acontecer em vários hospitais. Quando um profissional de saúde tem de escolher quem tem prioridade para aceder aos cuidados intensivos, quem tem mais hipóteses de sobreviver e, portanto, o direito aos cuidados que o poderão salvar, e quem não…é porque chegamos ao pior. Estas decisões deixarão marcas naqueles que as tomam, nos que as executam e naqueles em que são executadas, nas suas famílias e na sociedade no geral.

A questão é não prolongar o pior e para isso todos podemos contribuir com bom senso e, é certo, uma grande dose de sacrifício. Muitos dirão que não existe risco zero, mas ainda assim há muito que podemos fazer para tentar reduzi-lo:

-    As pessoas que vivem connosco estão dentro da nossa "bolha social", são as pessoas com quem convivemos em casa, sem cautelas. Proteja-se para as proteger e peça-lhes que façam o mesmo.

-    Compreenda que a nossa máscara, mais do que nos proteger, serve para proteger quem nos rodeia, assim como as máscaras de quem nos rodeia nos protegem a nós. O mesmo se aplica ao distanciamento social. Use máscara por respeito aos outros e use-a corretamente, este é um pequeno gesto que pode fazer uma grande diferença.

-    Leia e acredite só em informação com validade científica e com a fonte bem identificada. Verifique a veracidade de vídeos, declarações e publicações que se dizem escritas por um médico ou enfermeiro, mas cujas fontes são difusas ou inexistentes.

 

Cuide bem de si e dos que o rodeiam, para que em breve possamos estar novamente juntos.

 

Rafaela Lima

O Canto da Psicologia - Braga


terça-feira, 20 de outubro de 2020

Outubro Rosa - Exercício Físico...

 



O movimento conhecido como Outubro Rosa apareceu nos anos 90 nos EUA, na década de 1990. Este movimento tem como objectivo estimular a participação da população no controlo do cancro da mama, promover a consciencialização sobre a doença, partilhar informações sobre a temática e fazer a prevenção e diagnóstico precoce. Não sendo uma doença exclusiva das mulheres, há uma maior incidência. Tocando no ponto da prevenção, o exercício físico torna-se um ponto essencial no combate e ao aparecimento deste tipo de cancro. Uma revisão  de mais de 70 estudos da National Library of Medicine, concluiu que, mulheres fisicamente activas têm 25% menor risco de desenvolver cancro da mama que mulheres sedentárias. Esta percentagem  ainda se torna mais elevada quando o exercício é acompanhado de sentimentos positivos e prazerosos. Nos casos já detectados, o exercício também se torna um grande aliado, porque estimula hormonas de bem-estar, evitando quadros depressivos e de mal-estar resultantes dos processos de tratamento

Lembre-se, nunca é tarde para começar a fazer exercício. Informe-se junto de um profissional de exercício ou do seu médico.

 

Bons treinos

Hugo Silva

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quinta-feira, 8 de outubro de 2020

A fobia no pós-pandemia...

 



Pandemias, epidemias e catástrofes naturais têm tendência a propagar medos e a alterar comportamentos. Quanto maior for o evento stressante, maior será o seu impacto e as suas consequências. A saúde mental deve ser uma das preocupações centrais desta pandemia. Existem pessoas com predisposição psicológica, que se encontram mais vulneráveis, que podem desenvolver perturbações mentais, mas, na realidade, ninguém está ileso de as desenvolver.

Esta pandemia tem alterado a rotina das pessoas de uma maneira inesperada e que irá gerar consequências mesmo após esta situação estar controlada. O confinamento social, o contágio do vírus, o número de óbitos, podem gerar sequelas psicológicas, como as fobias. Destas, três são as mais frequentes:
 
Fobia de doença: é a fobia do contágio. É o medo de ficar doente e morrer, de contagiar familiares e amigos. Pode gerar sintomas físicos, mas gera principalmente crises de ansiedade e ataques de pânico.

 
Ataques de Pânico: é uma situação súbita de medo intenso associado a sintomas como palpitaçõessuores, tremores, falta de ar, dormência ou sensação de que está prestes a acontecer qualquer coisa má. Nesta pandemia, o medo mais frequente é o medo da morte e da doença, tanto da própria pessoa, como relativo a um familiar.


Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): são crises recorrentes de compulsões que se tornam obsessivas no dia a dia das pessoas. As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes que provocam na pessoa ansiedade ou mal-estar. A pessoa sente a necessidade de ignorar ou suprimir a ansiedade causada por essas obsessões através de pensamentos, rotinas ou atividades repetitivas denominadas de compulsões ou rituais.

Com a pandemia, todos temos comportamentos diários repetitivos, como lavar as mãos, usar frequentemente o álcool desinfetante, desinfetar produtos que trazemos para casa, entre outros. Estes comportamentos quando associados a este evento stressante podem desenvolver uma TOC ou agravar quando já existe.

 

E a Fobia Social? Algumas pessoas com este diagnóstico sentiram os seus sintomas diminuídos aquando da quarentena obrigatória, não estando expostas ao seu maior medo, o medo da interação social, da avaliação do outro, da exposição ao outro. Mas há quem tenha desenvolvido um quadro de solidão e tristeza profunda em consequência do isolamento social e que pode tornar ainda mais dificil um regresso a esta nova realidade, com medos mais intensos e por consequência uma maior ansiedade.

 

Falar sobre os medos alivia a ansiedade e contribui para um bem-estar psicológico, necessário para superar esta pandemia. Estes medos e a consequente ansiedade podem surgir em adultos, mas também nas crianças e nos adolescentes. Não hesite em procurar a ajuda de um Psicoterapeuta de modo a evitar um sofrimento prolongado.

 

Drª Irina Morgado - Setúbal

O Canto da Psicologia

 

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Mãe, posso correr?

 



Esta semana, Carlos Neto, professor da Faculdade de Motricidade Humana adiantou que cerca de 80% das crianças portuguesas ficaram sedentárias com o confinamento. Este cenário, segundo o professor, poderá trazer grandes problemas no desenvolvimento futuro destas crianças. Olhamos para as crianças portuguesas e o cenário não é agradável.

-  Níveis de aptidão física continuam a baixar década após década;

- Falta de concentração, ansiedade, incapacidade para lidar com adversidades e desafios em ambiente escolar são crescentes;

- Falta de criatividade motora;

- Um terço das crianças tem excesso de peso ou é obesa;

- Número de crianças com diabetes tipo 2 está a aumentar;

 

Neste sentido, o que não pode acontecer na escola é que as crianças continuem confinadas dentro da sala de aula ou no recreio. É a altura certa para mudar a escola e adaptá-la aos novos tempos, o ambiente escolar deve propiciar brincadeiras ao ar livre, de forma que a crianças se possam exprimir cognitivamente, garantindo sempre a segurança de todos.

 

Bons treinos

Hugo Silva

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quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Notas soltas de clínica. ...

 



“Dr.ª, não sei como lhe explicar o que sinto, acho que nem sinto, é um vazio que não acaba. Se me pedir para desenhar, desenho um buraco negro”.

Não raras vezes estreámos assim. Aquela tarde abriu profundamente triste. Como se olhasse um quadro de cores escuras de angústia e de uma desorganização desconcertante. Oiço a confusão espácio-temporal. Vejo um corpo sem alma, um mundo interno pobre e povoado de fantasmas. À medida que fala sinto o seu medo de poder estar perante um novo fantasma. A sua vida tem sido uma vastidão de dor. Não há movimento nos gestos, não há coordenação, há rigidez e desconfiança. Faltaram os braços da mãe. É a imagem que me ocorre. A ausência de um ambiente confiável e sustentador. Faltou brincar, explorar, experimentar e integrar.

E perante este terramoto interno de pedaços estilhaçados, escuto e amparo, permito-me compreender a realidade das suas singularidades. No horizonte – retomar o processo de constituição do Ego que ficou suspenso, através de uma Nova Relação. “É esta nova relação expansiva e sanígena que determina a mudança curativa – a construção e consolidação de uma outra e mais satisfatória e mais produtiva relação interpessoal.” (António Coimbra de Matos, 2016).

Vamos ainda no início do caminho. Por vezes longo para quem se sente vazio há uma vida inteira. “Não sinto nada, não sei se há melhoras. O buraco negro continua dentro de mim, mas sinto segurança aqui”. Progressivamente o espaço terapêutico torna-se acolhedor como os braços de uma mãe. Há espaço para narrar a sua história. Há confiança para abrir o seu mundo interno, permitir que surjam imagens e emoções. Na tela parece prevalecer o caos, o medo, a angústia. Percebe-se uma história infantil onde o ambiente familiar não foi facilitador dos processos de maturação. Abrimos caminho à ressignificação da sua história, construindo uma simbolização. “(...) os pensamentos começaram a soltar-se e a encadear-se, num movimento de maior compreensão da realidade externa e interna, através duma abertura, que possibilita a passagem do real para o imaginário e do imaginário para o simbólico.” (Ferreira, 1999).

Avançámos. O espaço terapêutico acolhe o vazio. “Já não vejo o buraco negro todos os dias, às vezes sim, mas muitos dias não”. A nova relação dá lugar a uma tela interior de cores, é possível a transformação e expansão. O buraco negro começa a desvanecer e dá lugar à esperança, à novidade, ao futuro.

O horizonte da psicoterapia - alicerçar na pessoa o seu sentido de singularidade, espontaneidade e autenticidade. Num caminho, sem pressa de chegar, de relação entre a díade – terapeuta e paciente - no qual ambos descem às paisagens do mundo interno e recuperam a possibilidade de renascimento. Renascer numa nova relação, renascer em liberdade.

Continuámos. Começo a ver a alma hasteada no corpo. Há medo de cair, mas há força e crescimento egóico capaz de enfrentar a angústia. A nova relação é internalizada e permite desfolhar novas relações, mais significativas e satisfatórias. O terapeuta – parece estar a ser suficientemente bom.

 

 Drª. Soraia Almeida

Canto da Psicologia -Braga