terça-feira, 31 de maio de 2016

A minha marmita e eu...







Dica da Marmita

Verão ou Inverno questiona-se sempre o que levar na marmita. Regra geral, não variam muito os petiscos. A única condicionante é haver ou não frigorífico no trabalho.

- Oleaginosas: amêndoas, nozes, avelãs, etc.
- Fruta fresca
- Ovo cozido
- Restos de uma refeição (saladas, ovos mexidos etc.)
- Água ou chá ou infusão
- Vegetais crus (cenoura ou tomate cereja por exemplo)
- Sementes: girassol, abóbora
- Lascas de coco
- Fruta seca: alperce, tâmara, ameixa

Em comum têm: não ter qualquer açúcar adicionado e são nutricionalmente densos!


Bom apetite

Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966



sexta-feira, 27 de maio de 2016

Os bichos carpinteiros da era moderna...







Hiperactividade com Défice de Atenção

A PHDA é daquelas categorias diagnosticas que passam por modas perigosas. Nos adultos encontramos modas semelhantes relativamente às perturbações bipolares e à depressão.
Inicialmente a moda era diagnosticar com muita frequência crianças com PHDA. A perigosidade desta prática ligava-se ao diagnóstico descuidado, à medicação desapropriada, às consequências da medicação e, frequentemente, à manutenção e agravamento do problema.
Passou-se para uma moda oposta, a PHDA passa a ser visto sobretudo por pais e psicólogos, mas também por professores e médicos, como algo que não existe, ou que, existindo, não corresponde à prevalência descrita.

O primeiro problema destas modas é considerar-se a PHDA como uma doença.
É preciso recordar que se trata de uma categoria que pertence ao eixo II do DSM (Manual Estatístico e de Diagnóstico), isto é, ao eixo das Perturbações Clínicas. Trata-se do eixo que inclui perturbações como a Enurese, os Terrores Nocturnos ou as Insónias. Perturbações estas, que julgo, nem mesmo um leigo hesitaria em entendê-las como sintomas e não como doenças.
Enquanto a palavra doença, deriva do latim, 'dolentia', referindo-se ao sentimento de dor ou sofrimento, a palavra sintoma refere-se às manifestações dessa dor (cair aos pedaços).

Partindo então do pressuposto de que a PHDA é um sintoma, qual é a doença?
Esta contudo não é uma pergunta de fácil resposta. Veja o leitor o seguinte, a dor de cabeça é um sintoma no entanto pode ser o resultado, a manifestação de inúmeras doenças.
Com a PHDA sucede algo semelhante.
Na verdade, os estudos de co-morbilidade associam a hiperactividade a todo o espectro da psicopatologia. Apesar desta ligação  extensa, existem maiores correlações entre hiperactividade, depressão e ansiedade.

Esta ligação próxima desta tríade não é de espantar. O que não nos espanta neste ligação tem que ver com os avanços dos estudos neurocientificos sobre a hiperactividade. Estes estudos têm sido de grande importância na medida em que demonstram que existem especificidades neuroanatomicas e neuroquimicas no cérebro de crianças hiperactivas. Já estes padrões de que vos falo parecem ter uma relação próxima com os padrões de adultos ansiosos ou deprimidos.

Aqui a questão passa por perceber que a criança hiperactiva, na realidade, está deprimida. Só esta constatação permite entender o porquê da hiperactividade ser medicada com psicoestimulantes.

A questão mais fundamental não se prende com a especificidade do diagnóstico de hiperactividade, mas sim com o significado do sintoma.
É que neste contexto a PHDA não passa de um sintoma cujo significado pretende ser anti-depressivo.
 A dispersão da atenção, a hiperassociação, a agitação, a irrequietude, servem apenas para fugir e dispersar, em vez de fixar e elaborar.



Dr. Fábio Mateus

O Canto da Psicologia



terça-feira, 24 de maio de 2016

O mundo encantado das gorduras...












Existe um pavor imenso e infundado no que toca as gorduras! E estas não tem necessariamente que serem todas, o nosso inimigo número 1!

Afinal de contas até  são fundamentais e importantes, apesar de, nos últimos anos, serem constantemente demonizadas provocando um défice acentuado de consumo nas pessoas, e colocando-as numa  fuga a sete pés de tudo o que possa ter alguma percentagem de gordura . 

Veja neste pequeno desenho animado como isso não faz sentido nenhum:


Coma gordura! De forma saudável coma ovos, oleaginosas, sementes, peixe, abacate, coco, sem sentir que está a pecar  e seja feliz!




Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966



quinta-feira, 19 de maio de 2016

Quando as forças policias pedem ajuda...








Porque as forças de segurança importam!

Admite-se que se ache que o facebook não é sítio para textos demasiado longos e densos. É igualmente legítimo ter preferência por uma psicologia simples e positiva.
Mas, infelizmente, existem temas que não podem ser tratados com esta leveza e que necessitam que não lhes seja destituída a seriedade e o peso que são seus por direito.O que é proposto para hoje é tema delicado e complexo, e envolve as últimas notícias sobre o suicídio nas forças de segurança.

A visão geral sobre o suicídio é extremamente ampla. Dir-se-ia que no espectro de pessoas que têm personalidades menos depressivas o olhar sobre ele é, com frequência, de desdém. Alguns admitem que ninguém tem o direito de ceifar a própria vida, o que frequentemente inspira discussões semelhantes à controvérsia da eutanasia. A tradição judaico-cristã reserva (ou pelo menos reservava) o limbo. Outros, tendem a não empatizar com quem contempla a ideia de suicídio; 'há pessoas que têm problemas piores'.

Os mais depressivos entendem melhor e conseguem empatizar. Em última análise, podem mesmo romantizar a ideia de suicídio.
O que a literatura psicológica tem a dizer sobre tema é igualmente variável: a necessidade de controlo; o peso do sofrimento mental em oposição ao sofrimento físico; os diferentes significados da morte: suicídio como 'chamada de atenção', como medida contrafobica; como masoquismo maligno, como forma de imprimir culpabilidade...

Mas para realmente entender o suicídio é necessário construir uma psicologia-de-uma-pessoa-só.
Será isso que nos permite atribuir significados ao comportamento suicidario. Quais as motivações de quem quer terminar com a própria vida? O que faz com que alguém queira desistir?

Na alçada das últimas notícias sobre o suicídio nas forças de segurança, somos obrigados a reflectir sobre o que é que, na especificidade deste trabalho, justifica esta particularidade estatística.
Com certeza que o grau de perigosidade deste trabalho, o contacto com realidades frequentemente chocantes e os permanentes conflitos trabalho-família são apenas alguns dos factores de risco destas profissões. Mas serão suficientes para explicar esta taxa de suicídio?

Não nos contentaremos com respostas simplistas. No entanto, a infinitude de possibilidades e configurações psicopatologicas que podem conduzir ao suicídio traduz-se numa complexidade que transcende o propósito do nosso texto.Bastará por isso que o leitor entenda duas premissas fundamentais, a saber:

a)  a importância da estrutura da personalidade;

b)  entender que são os núcleos ansiosos e depressivos que mobilizam os vectores do funcionamento mental.

Neste sentido, o casamento entre a fragilidade de uma estrutura psíquica e as vicissitudes de um trabalho de risco, compromete gravemente a segurança de quem 'serve e protege'. É que agora o inimigo é outro... e vem de dentro.

Dr. Fábio Mateus
O Canto da Psicologia



terça-feira, 17 de maio de 2016

A bebida light dos anos 60...









Em jeito de curiosidade e chamando a atenção para a necessidade informativa da composição das bebidas e alimentos que ingerimos, sobretudo tendo em conta a forma como se plantam aos nossos olhos em jeito intrusivo e invasivo no nosso dia a dia conseguindo, através do marketing, fazer-nos acreditar no que é bom para o negócio e negligenciando a saúde pública...

Veja como era "vendida" esta bebida há anos atrás com o rótulo de baixa em calorias promovendo a elegância...  



" O marketing é muito forte e muitas vezes enganador. Veja como nos anos 60 se dizia que este refrigerante fazia bem para a perda de peso"




Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966





quinta-feira, 12 de maio de 2016

As notas musicais das emoções...


 “A música não mente e tem a capacidade de mudar o mundo.Jimi Hendrix



A relação entre o ser humano e a música é intima, intensa e antiga. Mais de que uma arte a música é uma linguagem que mexe com o sentir, com as emoções. Também as expressa. Também as embala e acompanha. Quem nunca sentiu uma canção a brincar com o seu coração? Seja num tom festivo ao compasso da alegria ou num ritmo mais pausado sustendo o choro solitário durante de uma melodia melancólica, a música tem o poder de nos partir ao meio, ou de juntar as diversas partes, fazendo as emoções aflorarem frequentemente de uma maneira mais eloquente do que os gestos ou as palavras.

Esta arte de combinar sons e silêncios vai além da técnica complexa necessária para uma exemplar performance, é contato interno e externo com os mundos, é ponte de comunicação até onde não existe fala, propicia a escuta sensível daquele que ouve e é ouvido através da melodia, aguça os sentidos da alma.
 
Vários investigadores tentaram compreender a essência da relação especial que o ser humano desenvolveu com a música e o porquê desta ter um impacto tão especial no seu sentir.

Merriam e Freire (1992) classificam a música segundo as funções que desempenha nas sociedades. Os autores identificam dez funções sociais básicas da música: (1) função de expressão emocional; (2) de prazer estético; (3) de divertimento; (4) de comunicação; (5) de representação simbólica; (6) de reação física; (7) de estabelecimento de conformidade com as normas sociais; (8) de validação das instituições sociais e dos ritos religiosos; (9) de contribuição para a continuidade e estabilidade da cultura e, (10) função de contribuição para a integração da sociedade. Os autores referem ainda que a música é o mais límpido espelho dos hábitos e costumes da sociedade em que está inserida.

 Para Wazlawick (2006) a música interliga-se intimamente não só com a cultura, fazendo parte desta, mas também com a identidade dos indivíduos, pois está inserida nas variadas atividades (sociais e pessoais) que os homens desempenham, inscrevendo múltiplos significados, referenciais, materiais e simbologias. Este autor refere ainda que quando vivenciamos a música não nos relacionamos apenas com a matéria musical em si, isto é, o tom, a duração, a intensidade, o timbre, o ritmo, e as suas relações, mas com toda uma rede de significados construídos no mundo social, seja nos contextos coletivos mais amplos, seja nos contextos singulares.

Já Sekeff (2007) afirma que falar sobre emoção e música é mergulhar no campo da complexidade humana pois a emoção musical resulta de uma complexa reacção tanto orgânica quanto psíquica. Assim, o objeto sonoro assume e dispara uma série de sensações fisio-psicológicas, as quais, através da percepção, vislumbram outras formas de representação, numa construção simbólica entre sensações, percepções, representações, pensamentos e imagens que se formam a partir dos dados do ambiente ou da memória, imaginadas e combinadas complexamente. O autor vai mais longe e afirma que através da música o ser humano pode satisfazer algumas das suas necessidades de equilíbrio, por meio das expressões, trazendo à consciência emoções profundamente intensas, o que proporciona uma descarga emocional. Este efeito catártico tem o potencial de devolver ao homem o seu estado harmonioso. Talvez por este motivo tantas vezes intuitivamente digamos que a música é terapêutica. Promove o encontro com o nosso mundo interno.

Vários são os estudos que indicam que a música estimula a comunicação entre as pessoas, favorece a catarse, a introspecção, a reflexão, possibilita o surgimento de recordações e promove a expressão de sensações e emoções que muitas vezes não podem ser expressas por meio da fala ou da linguagem verbal. Faz parte de nós e nós fazemos parte dela. Esta dança entre a música e o ser humano, para além de bela, é útil, aquece a alma, apazigua, alivia, enriquece. Então, deixemo-nos levar por ela.




Prefiro a música porque ela ouve o meu silêncio e ainda traduz o que eu sinto sem que eu precise de o explicarFrançois Guizot 

Drª Dina Cardoso
O Canto da Psicologia


terça-feira, 10 de maio de 2016

O reino da Alface....






Verso da salada

Fiz uma salada  de alface
Para que gostasse
Com cebola e tomate
Cor mate e escarlate
Antioxidante é o licopeno
Que é vibrante e não é pequeno
Agiganta-se no calor do estrugido
Do radical livre é protegido
Falta azeite e vinagre
De sidra não é acre


  

Opções que pode tomar:

- Optar por sumos de fruta naturais, batidos ou smoothies em vez dos refrigerantes.
- Levar fruta fresca e frutos oleaginosos para petiscar na praia
- Levar cenoura crua e colocar um espeto para ficar ao estilo sorvete, as crianças adoram.
- Optar por sorvete em vez de gelado, caso seja razão para ingerir algum deste produtos.
- Almoçar na praia? Peixe fresco e as típicas saladas de verão são um “must” que deve ser aproveitado. Muitos turistas suspiram pelos nossos pratos.
- Experimente levar um wrap de alface com tudo de bom lá dentro (fruta, vegetais, abacate, sementes, atum, entre outros)


Boas férias, ou pelo menos comece a pensar nelas, também ajuda!

Júlio de Castro Soares



quinta-feira, 5 de maio de 2016

O que dizem os meus neurónios espelho?






Conhecer os neurónios espelho e a intersubjectividade

Mês Maio era chamado por Ovídio de “o mês do conhecimento”.

Estamos no mês Maio que simboliza o conhecimento, a primavera, o nascimento da esperança da alegria. O mês das gotas, das flores amarelas, dos passarinhos que cantarolam, dos dias cada vez mais compridos. É o mês da mãe, da natureza, da fertilidade, da alegria, do entusiasmo relacional! Depois do Inverno rigoroso, vem agora uma brisa com cheiro a maresia, tão merecida, que nos aquece a alma e nos deixa embevecidos com tanta beleza. É o mês do conhecimento na medida em que a luz, promove a sabedoria e a procura de atingir descobertas sobre si próprio e sobre o outro. Podemos estar apaixonados pela vida, pelas pessoas, pelos nossos sonhos, é tempo de arriscar e de buscar novos horizontes!

Nesta procura sabemos, porém, que o ser humano necessita de sentir que partilha estados emocionais com os outros e que é, verdadeiramente, compreendido no seio das suas relações intimas. Só somos felizes quando partilhamos a nossa felicidade...!

 Estas interações emocionais têm sido bem exploradas, pela neurociência, com a descoberta dos neurónios espelho que são, no fundo, o que nos permite dar significado à nossa vida. É na partilha das emoções, na empatia, que podemos construir pontes de entendimento mútuo que nos enriquecem e nos alegram. Sem os neurónios espelho não era possível sentir a dor ou a alegria do outro, bem como, compreendermos e construirmos a nossa identidade com base no nosso relacionamento com os outros, o que denominamos de interação intersubjectiva. Gallese foi o cientista que verificou a existência de neurónios espelho, no ser humano, e referiu que permitem o desenvolvimento da capacidade de estabelecer comunicações intersubjectivas, sendo que uma das principais características consiste na leitura das intenções do comportamento do outro. Sem estes neurónios a comunicação emocional, íntima e empática seria impossível.
Quando o sujeito observa uma acção praticada por outro, os neurónios responsáveis pelo desencadear daquela acção tornam-se activos, mesmo que não esteja fisicamente a vive-la, o que por outras palavras demonstra, que esta estimulação implícita e inconsciente, permite ao sujeito penetrar no mundo mental do outro, sem ter de explicitamente passar pela mesma vivência. O mesmo se passa na interacção precoce quando o bebé observa o comportamento do cuidador como um espelho onde se vê reflectido, o que permite construir um conhecimento sobre si próprio e consequentemente sobre o outro. Tal fenómeno possibilita a diferenciação do interno e do externo, ou seja do self e do outro.

Neste sentido, os neurónios espelho só são activados em contexto da interacção de uma relação com o si e o outro, sendo que é a acção que possibilita o início das ligações sociais, pelo que esta intimamente ligada a dimensões inter-individuais tais como; sensações, afectos e emoções.

Outros cientistas, nomeadamente o etólogo Hobson, explorou as diferenças entre primatas e humanos e verificou que o ser humano tem a capacidade de partilhar pensamentos e emoções com outros, bem como a necessidade de se associar socialmente a outros e de sentir que é compreendido numa comunicação emocional única. Esta comunicação intersubjectiva possibilita o desenvolvimento do pensamento em si e depois da linguagem e consiste no aspeto humano que mais nos diferencia dos primatas. Os primatas não passam tempo a focar o olhar no outro de forma apaixonada ou a desenvolver interacções “face a face” numa comunicação emocional única e excepcional. A capacidade de estabelecer relações intersubjectivas e de partilhar e relacionar estados afectivos consiste num princípio básico da vida mental humana sem o qual não existe estruturação do pensamento, nem partilha de significado comunicacional.

Deste modo a felicidade, a vida, só ganha dimensão quando a partilhamos com os mais significativos, que este mês esteja repleto de amor e entendimento e que todos possam desfrutar de relacionamentos frutíferos!


Dra. Mafalda Leite Borges
O Canto da Psicologia