sábado, 17 de maio de 2014

Dia Internacional da Família



Porque dia 15/05 foi Dia Internacional da Família 






Porque hoje é o Dia Internacional da Família...

Curiosa a forma como a família típica ou, atípica, nos entra diariamente pelo consultório através de quem nos procura: 
a família do/a paciente; e a família que este/a , de uma maneira ou de outra, tenta construir para si, alicerçada em padrões vividos no seu próprio contexto familiar e que, naturalmente quer reproduzir, ou não, de uma forma inconsciente, na sua relação actual .

“… lembro a relação dos meus pais: carinhosa, cheia de afecto, cúmplice, é isso que quero para mim. “ Ou então, “… não quero nem lembrar como era a minha família. Dias de violência física, vazia de afectos, pavor, pânico. Não quero isso para mim…”. Ou ainda, “… não sei dizer o que define a minha família: eles continuam juntos; mas a mim, parece-me mais que funcionam, tal como uma empresa, em que se marcam reuniões para se discutirem assuntos de forma formal e assusta-me pensar como vou eu, conseguir construir uma, de forma diferente…”

Um dia destes, uns pais atentos, vivendo eles próprios a tristeza da ruptura do seu casamente e consequentemente da sua família , pediam-me que recebesse a sua filha, porque estavam preocupados e temiam as consequências do divórcio no universo infantil da criança. Esta ideia pré-feita de já não haver família, esta ideia de presépio desfeito, apesar de inevitável, assustava-os e queriam saber como a filha estava a lidar com esta situação nova para todos!

A menina, com 8 anos, atenta e participativa no que íamos fazendo e pensando as duas, nomeadamente , no laço de afectos que sentia que se tinha desatado e partido, foi reconstruindo o seu pensar família e, com o tempo que fomos estando, foi sendo capaz de interiorizar de forma firme e segura a ideia de que, os laços de afecto que a uniam aos seus pais e os laços de afecto que uniam os seus pais a si, mantinham-se firmes e inquestionáveis independentemente, desta nova forma de “ser” família.

E um dia, numa altura em que a tristeza, a solidão, os medos e as angústias, já não eram coisas tão assustadoras para a Clara e que percebemos, as duas, que já estava capaz de pensar sozinha e continuar sem a minha ajuda, no momento da despedida ela diz-me:

- Sabes, cheguei aqui sozinha mas, afinal, saio daqui com o papá e a mamã, familiarizando!

Pois é Clara, o que importa mesmo, afinal, é continuar a ter uma família, mesmo que ela seja diferente de todas as outras famílias!

Tenha um excelente Dia Internacional da Família, é o que lhe deseja a Equipa d' O Canto da Psicologia!

Ana de Ornelas
Directora Técnica


Sem comentários:

Enviar um comentário