Num abrir e fechar de olhos, estamos a caminho do fim de
Agosto… ali, ao virar da esquina, começa o Setembro, o regresso ao trabalho, às
aulas mas, este ano, com uma nuance que nos reserva os planos de um quase
presente sem futuro perante um registo contaminado por um vírus.
No ar, ainda paira o desejo de um verão como o de 2019 feito de festas
populares, alegria, convívio, concertos, imagens que proliferaram pelas redes sociais
de gente de férias, no Algarve, Caraíbas, Grécia, Itália, Espanha, um rol de
países “felizes” ou, de gente feliz, com saudade e nostalgia. Este ano, não!
Este ano, 2020, um ano que prometia muita coisa extraordinariamente
boa (segunda as previsões horoscopas) ,
reserva-se a um sem fim de nada, enfeitado por máscaras que retiram sorrisos, olhares e afectos, reduzido a uma imensidão de
incertezas cobertas de medo mas,conseguindo sobreviver…
E de repente, perante este desamparo de coisa segura, de
confiança destrutível, de medo de voar para outros “tempos e marés” a maior
parte de nós, em tempo de férias, queda-se em casa, no País, num registo de confiança (?) e segurança(?). E o que descobrimos? Um País absolutamente
maravilhoso, com cantos e recantos prontos a serem visitados, conquistados,
idolatrados , reconquistado a uma ignorância alimentada pelo excesso de
estímulo “ na galinha da vizinha”… e, espanto dos espantos: que coisas maravilhosas descobrimos de norte a sul de um país à beira
mar plantado, impregnado de história reconhecida em cada monumento, paisagem,
céu, vegetação e um sem fim de coisas absolutamente únicas, resquícios de um
tempo e de um povo. Isso somos nós! E este ano, nas redes sociais, nos influencers
da moda e afins, parece que descobriram o invisível tornado visível de um país que, por acaso, é só o nosso...
Perguntam-se agora por aí, quem nos lê, mas o que tem isto a
ver com o "mundo interno" d' O Canto da
Psicologia? Aparentemente nada mas, afinal, tem tudo…
Repetimos constantemente, no nosso Canto, a importância de
um processo terapêutico em tempo de "paz interior"; a quem nos ouve e lê, sensibilizamos diariamente a
procura de um espaço como este onde só estamos "eu" e alguém que, através de
questões convide ao pensamento, e ensine a exercitar o pensar de maneira a que a estrutura interna se torne firme e sólida; e,
sobretudo, sensibilizamos a procura de algo em que, basicamente e
aparentemente, naquele momento, não é um bem necessário mas, um necessário bem.
No entanto, e de uma maneira compreensível e aceitável , só quando um
vírus vil, infame ( dor, tristeza,
perda, desamparo, abandono,esgotamento, angústia, ansiedade) invade o interno
de cada um de nós deixando-nos confinados a um sentir petrificante isento de rasuras possíveis de
serem abertas tornando imperativo e
urgente a necessidade de procurar ajuda,
é que a procuramos, tal GPS de guia pelas
estradas de um país, permitindo-nos encontrar cantos e recantos de nós,
petrificados e enregelados pelas vivências de anos, desespero de “séculos” e
angústias de tempos perdidos num tempo que é só nosso.
E aí, aí, descobrimos a beleza, a deliciosa essência de
espaços internos nossos, rodeados de afectos, pincelados de emoções coloridas, ávidos de
serem libertados de crenças, juízos de valores e criticas, e que nos permitem a
liberdade de sermos verdadeiramente NÓS. Nesta estrada, podemos ter
lombas que nos icem de maneira desamparada, buracos que nos retiram, temporariamente ,o chão , pedras
que empanquem os passos mas, seremos nós, cientes do potencial que nos define e
permite continuar o caminho admirando, passo a passo aquilo que o mundo me vai
dando e que eu vou permitindo aceitar ou recusar, sem medos e culpas. ISTO É O ENCANTO DA TERAPIA!
Será isto ser feliz? Pois, não sei mas, quando o souber,
partilho!
Sem comentários:
Enviar um comentário