sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Entre marido e mulher... nós metemos a colher!







“Estamos aqui porque pensamos já ter esgotado todas as nossas possibilidades de diálogo. Não conseguimos falar um com o outro sem ser a discutir, aliás, já nem sei o que é falarmos sem discutir; isso está sempre presente... Já tentamos a separação mais do que uma vez, mas também não nos conseguimos separar. Temos uma filha com 6 anos, estamos juntos há 10, desde a adolescência que nos conhecemos e sempre fomos presentes na vida um do outro. Agora chegámos a um ponto que não dá mais ... 
Tanto eu como ela tivemos vidas muito difíceis com os nossos pais... Com muita violência. Não sei se isso poderá ter contribuído. É difícil estarmos de acordo. Sempre que um de nós expressa a sua opinião sobre algo o outro sente como um ataque. Gostaríamos muito de encontrar uma nova forma de comunicar... Era isso que gostaríamos de mudar... Não podemos dar estes exemplos à nossa filha!  

Muitas vezes de uma relação ou casamento feliz e idealizado, sobra a tristeza a raiva a desilusão, os filhos, a casa. O que fazer quando tudo parece desmoronar, e o desgaste se impõe?  

Todos somos portadores de uma herança genealógica que constitui o fundamento da nossa vida psíquica e que é processada inconscientemente; assim, a escolha do nosso parceiro/parceira não foge à regra e é adequada ás nossas necessidades emocionais. O espaço do casal é um lugar, por excelência, onde acabamos por actuar e reproduzir o vivido interior e anterior. Vivências dolorosas, agressivas e violentas, quando não devidamente elaboradas e pensadas poderão ser reproduzidas na família e no casal. Quando o casal diz:  Não sei como chegámos aqui! Mas também não conseguimos parar...!”, é completamente verdadeiro pois o sujeito tem muita dificuldade em reconhecer este lado do seu funcionamento mental que se estende e se prende a conflitos por um lado ancestrais e, por outro, adquiridos no seu desenvolvimento de forma confusional. 

A terapia de casal permite elaborar o não dito, e aceder e perceber a violência, que muitas vezes sai de uma forma desajustada e é “despejada” em cima do outro elemento do casal e, ou, dos filhos; entre agressões verbais e físicas, o casal vai reproduzindo na sua relação muito do que viveu, escutou e aprendeu na sua família de origem. 

A violência nem sempre é actuada. Existem níveis de violência psicológica que é também ela destruidora e paralisante se o sujeito não considerar um tratamento. A violência transmitida depois aos filhos é o espelho e a ramificação que se pode perpetuar por gerações 

Como diz o velho ditado, " entre marido e mulher, não se mete a colher"; nós por aqui metemos e procuramos , com isso, conseguir que por uns instantes o movimento repetitivo e  o padrão repetido do casal que nos procura , possa ser pensado e elaborado a três....



Drª Lúcia Abrantes
Terapeuta de Casal e Familiar
O Canto da Psicologia




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