sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Ser deficiente é ser eficiente...







No passado dia 3 de Dezembro comemorou-se o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. E, mais uma vez, o Canto da Psicologia está atento a este e a todos os outros temas que, de algum modo, mexem com a condição humana e todo o funcionamento psíquico.
O conceito de deficiência tem vindo a ser alterado ao longo dos tempos, a par com as conceções e ideias mentais que a sociedade cria sobre as pessoas com deficiência. Já os chamaram de deficientes, de portadores de deficiência, de pessoas com limitações, de pessoas com deficiência, de pessoas com handicaps…. Hoje em dia fala-se de inclusão, de igualdade, de uniformidade… Mas estará, efetivamente, cada uma das pessoas com deficiência, ou os seus familiares, preparados para a sua, inevitavelmente diferente, condição de vida e vicissitudes dos desafios psicológicos que tem de enfrentar?
Considerarmos “todos diferentes, mas todos iguais” poderá, ou não, ser uma forma de não pensarmos ativamente em formas de contribuir para auxiliarmos cada um dos indivíduos com deficiência a ter acesso, de forma igualitária, a todas as oportunidades colocadas no seu dia-a-dia?

Imaginem alguns cenários: um casal com um filho, amado, desejado, investido, que de um momento para o outro adquire uma deficiência por motivos de doença ou acidente; uma pessoa com uma deficiência que, mesmo não sendo facilmente percetível ou identificável, lhe causa alguns constrangimentos à vida dita normal, embora não seja notada facilmente pelos outros; uma criança que nasce com uma deficiência congénita, que cresce amada e valorizada pela sua família nuclear mas que, na franja das relações sociais onde está inserida, não se consegue adaptar às limitações que tem em aderir a todas as brincadeiras, atividades, programas feitos pelos seus grupos de amigos.

Imaginaram? Serão, tão só e apenas, as alterações à sociedade, as modificações e adaptações de infra-estruturas, as campanhas publicitárias e de solidariedade que irão facilitar a adaptação psicológica e a modelagem da estrutura psíquica que permitirá aos indivíduos destas 3 histórias tão reais serem felizes e sorrirem como tão bem merecem?
Não nascemos, em muitos casos, preparados para ser diferentes, para viver de forma diferente daquela que sonhámos, para criar e inventar-nos diariamente perante a diferença entre o que gostávamos que fosse e o que é na realidade. É necessário viver ativamente e conscientemente as modificações que a vida nos incutiu, para podermos fazer o luto do que sonhámos viver e abraçar com naturalidade e compreensão emocional o que será a vida, de hoje em diante. E não temos de ser os super-homens nem as super-mulheres, os super pais preparados para aceitar tudo com naturalidade, os sujeitos que se escondem e fingem que tudo é igual e nada incomoda, só porque ninguém vai perceber facilmente…isso é viver em falso self e isso é, precisamente, o que nós não queremos para si.


Mais do que estar informado, mais do que estar fisicamente adaptado, mais do que saber que a sociedade toma em conta a diferença, é importante vivê-la na plenitude, trabalhá-la psiquicamente, compreendê-la e interpretá-la na sua história de vida, algo que pode fazer sozinho, mas que será uma viagem de descoberta muito mais intensa e gratificante se a fizer de mão dada com um psicólogo.

Pense nisso!

Drª Cláudia Ribeiro
O Canto da Psicologia



Sem comentários:

Enviar um comentário