“Nunca mais me vou queixar de ter de ir para a escola”.
Actualmente, esta é a frase mais ouvida pelas crianças que acompanhamos em terapia. Se para nós pais, cuidadores e profissionais a vida mudou de um dia
para o outro com a chegada de uma pandemia, para as crianças também mudou.
Como lidam as crianças com este isolamento obrigatório? Com
o afastamento dos amigos e da família? Com esta quebra na rotina?
Ficar em casa, longe da escola, dos amigos e das actividades de que gostam pode trazer tristeza e saudades.
A forma como cada criança reage à situação de pandemia e de isolamento
social pode variar de acordo com a idade da criança, as experiências anteriores, as circunstancias sociais e económicas da família, a postura dos
pais, entre outro factores. É importante ficar atento a possíveis sinais de
stress na criança, que podem manifestar-se das seguintes formas:
- Choro mais frequente, irritabilidade ou raiva,
- Maior necessidade de atenção e de afeto,
- Regressão a comportamentos anteriores, como por exemplo, enurese noturna,
- Preocupação ou tristeza,
- Dificuldades na alimentação e no sono,
- Falta de atenção ou concentração,
- Desinteresse pelas actividades de que gostava,
- Dores de cabeça ou dores no corpo.
Apesar de os pais ou cuidadores se encontrarem em casa, têm
de conciliar a vida familiar com a vida profissional. Também vivem as suas
angústias com a saúde, com o trabalho e com o futuro económico e tentam lidar o
melhor que conseguem com toda a situação. Por isso, muitas das vezes, apesar de
estarem mais presentes, nem sempre conseguem estar alerta para as necessidades
emocionais das crianças.
A realidade é que existe mais tempo
em família, mais tempo para brincar, mais tempo para voltarem a conhecer-se,
mais tempo para conversar sobre variados temas, mais tempo para se aproximarem.
Assim, deixamos algumas sugestões para aproveitar o tempo que tem com as
crianças:
- Manter parte da
rotina diária habitual e as horas das refeições,
- Deixar que as
crianças participem nas tarefas de casa,
- Apoiar no estudo em casa e manter contactos virtuais com professores e colegas;
- Brincar juntos,
- Estabelecer um horário para o uso da tecnologia e privilegiar os jogos didáticos e de interação familiar,
- Partilhar
leituras,
- Fazer sessões
de cinema,
- Criar peças de
teatro,
- Criar um diário
de bordo desta experiência,
- Conversar sobre
a situação atual de modo a minimizar o medo,
- Fazer atividade
física em família,
- Passear ao ar
livre sempre que possível e com as devidas preocupações.
Aproveite este tempo para
fortalecer laços e aprofundar relações. As crianças precisam de atenção e é
importante que se sintam amadas, protegidas e que saibam que têm alguém com
quem conversar sobre os seus medos, o que ajuda a reduzir a ansiedade. E
se necessário não hesite em contactar-nos.
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