Hannah Arendt
É na relação com o outro que descobrimos todas as matizes do
nosso ser. Todos, sem exceção, desenvolvemo-nos em relação e através dela. Um
desenvolvimento humano sadio depende fundamentalmente de uma relação íntima
primária harmoniosa. E a harmonia desta relação está dependente de cuidados
suficientemente satisfatórios e adequados às necessidades emocionais dos seres
humanos no início da vida. O sentimento de ser amado, de ser gostado, de valor
próprio e de competência é desenvolvido desde uma fase de existência muito
precoce. Quando no seio destas relações primárias não existem condições
favoráveis ao desenvolvimento de um amor próprio salutar, incorremos em sérios
riscos de um desenvolvimento deficitário.
Quem
bate à porta da psicoterapia traz, muitas vezes, dentro de si, acumulações de
relações falhadas. Ausência de sentimento de valor próprio, perda de sentido de
vida, insatisfação nas relações, conflitos interpessoais. E de forma mais ou
menos explícita pedem que olhemos todo o seu ser com verdadeiro interesse e
entusiasmo, que identifiquemos as suas qualidades e competências e, sobretudo,
acreditemos genuinamente no seu potencial de desenvolvimento e mudança.
E
será este interesse genuíno por quem nos procura, o fator elementar no favorável
desenvolvimento da relação terapêutica e a possibilidade de retoma do
amadurecimento da pessoa, direcionando-a para a capacidade de integrar todos os
aspetos da sua vida numa unidade sintónica.
A
psicoterapia é um caminho de volta à herança do amadurecimento, onde tudo pode
ser sentido e pensado, e o olhar de quem escuta permite a expansão das
competências que se bloquearam algures no caminho do desenvolvimento.
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