quinta-feira, 13 de maio de 2021

Descobrimentos do ser...

 



“Toda a dor pode ser suportada, se sobre ela, puder ser contada uma história”

 

Hannah Arendt



É na relação com o outro que descobrimos todas as matizes do nosso ser. Todos, sem exceção, desenvolvemo-nos em relação e através dela. Um desenvolvimento humano sadio depende fundamentalmente de uma relação íntima primária harmoniosa. E a harmonia desta relação está dependente de cuidados suficientemente satisfatórios e adequados às necessidades emocionais dos seres humanos no início da vida. O sentimento de ser amado, de ser gostado, de valor próprio e de competência é desenvolvido desde uma fase de existência muito precoce. Quando no seio destas relações primárias não existem condições favoráveis ao desenvolvimento de um amor próprio salutar, incorremos em sérios riscos de um desenvolvimento deficitário. 

Quem bate à porta da psicoterapia traz, muitas vezes, dentro de si, acumulações de relações falhadas. Ausência de sentimento de valor próprio, perda de sentido de vida, insatisfação nas relações, conflitos interpessoais. E de forma mais ou menos explícita pedem que olhemos todo o seu ser com verdadeiro interesse e entusiasmo, que identifiquemos as suas qualidades e competências e, sobretudo, acreditemos genuinamente no seu potencial de desenvolvimento e mudança.  

E será este interesse genuíno por quem nos procura, o fator elementar no favorável desenvolvimento da relação terapêutica e a possibilidade de retoma do amadurecimento da pessoa, direcionando-a para a capacidade de integrar todos os aspetos da sua vida numa unidade sintónica. 

A psicoterapia é um caminho de volta à herança do amadurecimento, onde tudo pode ser sentido e pensado, e o olhar de quem escuta permite a expansão das competências que se bloquearam algures no caminho do desenvolvimento.


Drª Soraia Almeida - Braga

O Canto da Psicologia



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