quinta-feira, 24 de junho de 2021

Sonhos de uma noite de verão...

 



Marcamos a 21 de junho o início do Verão. Que mais?

21 de junho é o dia mais longo do ano, o dia em que o hemisfério norte fica inclinado cerca de 23,5º na direção do Sol. É o solstício do verão, solstitium, que significa qualquer coisa como “paragem do sol”, pelo menos na perspetiva dos habitantes deste hemisfério.

A nossa experiência vivida é de que o Sol circunda a Terra. Foi com espanto e hesitação que os nossos antepassados receberam este dado tão contra-intuitivo de que é a Terra que gira à volta do Sol. Pois se o vemos caminhar no horizonte, o vemos nascer e pôr-se, todos os dias da nossa vida...

É uma ideia, uma convicção, como muitas outras, que se instala sem nos apercebermos e que, subtilmente, tendemos a confirmar e desenvolver. Os observatórios astronómicos proporcionaram-nos novas lentes, também novas perspetivas, um pouco como na psicoterapia. Não propriamente tão diametralmente novo ou diferente como deixarmos de ser o centro do Universo, mas simplesmente uma leitura mais completa, com mais tonalidades e vertentes.

Desta particular relação entre a Terra e o Sol resulta que é neste preciso dia do ano que a Terra recebe mais raios solares. As relações entre a luz, o calor e a Natureza, e por consequência, o alimento, a saúde e a prosperidade, são evidentes. Talvez por isso, desde tempos remotos, que Incas, Maias, Gregos, Romanos, Celtas, festejavam este dia, em rituais diversos de celebração da Vida, mais pagãos ou, religiosos, como a de São João Batista.

Há qualquer coisa de mágico nestes rituais de fogo. Celebra-se, agradece-se, mas também se deseja, renovação, vitalidade. Todos dançam mas cada espírito imagina e deseja à sua maneira. Cada pessoa tem os seus sonhos. Por vezes é importante encontrar um lugar, de calor e aceitação, onde caibam estes sonhos, também os pesadelos, para, em segurança, poder vê-los, ouvi-los, senti-los, de um e de outro olhar, apropriá-los e usá-los em benefício próprio em cada dia do ano.

“Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem diga nem todas, só as de verão.
Mas no fundo isso não tem muita importância.
O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre.
Em todos os lugares, em todas as épocas do ano,
dormindo ou acordado.”

Sonhos de Uma noite de Verão
William Shakespeare

É também um ritual, um encontro, sempre no mesmo dia, à mesma hora, no mesmo lugar. As duas mesmas pessoas. Mas é tudo menos repetição. É uma jornada pelos sonhos, pesadelos, desejos e angústias, mas devagarinho, com cuidado, visando o enriquecimento e a transformação, conhecendo novos alinhamentos para os planetas e estrelas conhecidos, quiçá explorando fora do sistema solar.


Drª Ludmila Carapinha - Lisboa

O Canto da Psicologia


terça-feira, 22 de junho de 2021

Cancro e exercício físico...

 



Investigadores na área do tratamento do cancro, estudou durante vários anos alguns milhares de pacientes com a doença. O que estes investigadores fizeram, foi perceber o impacto que o exercício físico teve antes e após os casos positivos de cancro. As conclusões foram claras: mostraram que os doentes que treinavam regularmente antes e após a doença, tiveram um risco de morte mais baixo do que doentes que não treinavam. Doentes que treinavam mais de três vezes por semana, tinham uma esperança de sobrevida até 40% superior a doentes sedentários. A maior associação entre o exercício e a redução do risco de morte foi comprovado em vários tipos de cancro: mama, ovários, próstata, cólon, pele.

Já em 2021, saiu um novo estudo com mais de 600 pacientes com vários tipos de cancro e em que se procurou encontrar alguma associação entre o cancro e a inclusão de sessões de exercício durante os tratamentos. Os resultados demonstraram novamente que a inclusão de rotinas de exercício em doentes com cancro se mostra benéfica em doses moderadas.

Estes resultados continuam a mostrar-nos a importância do exercício físico como um dos pilares fundamentais para a qualidade de vida e longevidade no ser humano.

Bons treinos

Hugo Silva

Instagram: hugo_silva_coach

-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre


quarta-feira, 16 de junho de 2021

Vamos falar (mais uma vez) de Bullying...

 



Já muito se falou e muito se fala sobre bullying. Mas será que falamos da forma mais correta? Será que se fala de bullying nos locais certos? Andamos todos a promover uma sociedade inclusiva mas cada vez mais vemos jovens e adultos intolerantes uns com os outros.

Há dois locais onde acredito que seja essencial falar abertamente acerca deste tema: em casa e na escola. Em casa para esclarecermos e alertarmos os nossos filhos, sejam vítimas ou bullies. Na escola porque é o local onde tudo acontece.

 Para os pais:

É muito importante falar com os filhos sobre esta realidade e explicar que o bullying é um comportamento intencionalmente agressivo, violento e humilhante em que há um desequilibro de poder e em que o objetivo é controlar e prejudicar outras crianças.

Ajudando a compreender o que é o bullying, os pais podem ajudar os filhos a aprender a defenderem-se de forma segura e garantir que sabem como procurar ajuda. Sabendo o que é o bullying, as crianças e os jovens conseguem identificar e podem falar com alguém sobre isso, podem denunciar situações que vejam nos outros.

É fundamental manter a comunicação e o diálogo em casa, ouvir, perguntar sobre a escola e explorar preocupações e receios dos filhos. Estas conversas podem surgir a partir de perguntas como “Diz-me uma coisa boa/má que te tenha acontecido hoje”, “Como é a hora do almoço na escola? Sentas-te com quem? E falam sobre o quê?”, “Em que é que és bom na escola? Qual é a característica de que gostas mais em ti?”.

E é muito importante estar atento a eventuais sinais de que os filhos são vítimas de bullying. Alguns dos sinais nas crianças são: tristeza, falta de paciência, mais alheadas da família, mais introspetivas, zangadas ou muito irritáveis. Podem também não querer ir à escola, apresentar alterações de humor, dificuldade de concentração, piores resultados na escola e queixas físicas permanentes. Podem aparecer com a roupa em desalinho ou com os materiais escolares estragados, têm nódoas negras ou feridas sem uma explicação coerente, escolhem um percurso diferente do habitual para ir e voltar da escola, têm pesadelos ou choram durante o sono, pedem mais dinheiro ou roubam dinheiro de familiares, parecem socialmente isoladas, com poucos ou nenhum amigo, evitam determinadas situações (por exemplo, apanhar o autocarro para a escola). É natural que as crianças não partilhem que estão a ser vítimas de bullying. Por vergonha, por medo.

  E na escola?

A escola é o local ideal para a prevenção. Promover dinâmicas de grupo desde a pré-primária, fornecer um serviço de apoio, ao qual as crianças se possam dirigir quando sentem necessidade de falar sobre algo que os perturbe na escola. Colocar à disposição profissionais qualificados, os Psicólogos, e não só, para que possam promover interações positivas, que expliquem as consequências psicológicas de uma situação de bullying. Que possam ensinar a identificar estas situações e criar um plano de ação que envolva estratégias e atividades que sensibilizem para a diversidade de comportamentos agressivos.

 E se deixarmos de falar das vítimas e falarmos sobre os bullies? Esse será o tema a explorar no meu próximo texto.

 O bullying é uma realidade sempre presente... já muito se falou e ainda muito se falará. Nós por cá, n´o Canto da Psicologia, estamos disponíveis para ajudar os pais, as crianças e adolescentes e a família a lidar com estas situações. Não deixe de procurar ajuda caso sinta essa necessidade.

 

Dra. Irina Morgado - Setúbal

O Canto da Psicologia


quinta-feira, 10 de junho de 2021

Vestimos as emoções?




Sentir e pensar as emoções é um processo que pode ser demorado, doloroso e extremamente exigente do ponto de vista da ligação emocional.
Conectar o corpo, a mente e o sentir é um trabalho que na maioria das vezes não é lembrado. Melhor, não é sentido, uma vez que, pensar não significa sentir. Difícil é transformar o pensamento em emoção e elaborá-lo internamente.

Saímos do nível da racionalização, dos mecanismos de defesa e partimos à descoberta de mala às costas, vazia, pronta a ser preenchida com conhecimento intrapessoal. Um mundo do sentir ainda por descobrir. Navegamos por águas turvas, por marés agressivas, por sensações desconhecidas quando de repente... à nossa frente: O Cabo da Boa Esperança! Convenhamos: sentir as emoções pode ser um processo difícil e doloroso; as águas podem ficar ainda mais turvas antes de serem translúcidas, as marés podem transformar-se em ondas gigantes antes de serem possíveis de nadar e as sensações podem ser areais de dúvidas. Aguardam respostas e conhecimento.   
Conectar um rádio até encontrar um som claro e agradável ao ouvido pode demorar – porque não aceitamos que conectar a emoção ao sentir e ao pensamento demora também?

Sair do patamar do racional, mergulhar no desconhecimento dos sentimentos, afetos, ligações e emoções trará dúvidas e questões que inicialmente são sentidas como demasiado fortes e angustiantes. Com o tempo e, claro, para quem o entender com ajuda do processo terapêutico, o novelo de lã torna-se, a cada dia, menos confuso e a camisola cada vez mais organizada e pronta a vestir. 


Drª Inês Frita Almeida  - Alcochete

 O Canto da Psicologia




 

 

terça-feira, 8 de junho de 2021

Saúde e exercício físico....

 



Hoje em dia, o exercício físico regular é fundamental para aumentar a longevidade, qualidade de vida e a melhoria do envelhecimento no ser humano.

Surge esta semana, um estudo realizado com mais de 3500 pessoas , onde foram analisados dados de força (preensão manual). Os resultados foram surpreendentes, pessoas com maiores índices de força, correm menores riscos de serem hospitalizadas por Covid.

Estes resultados, foram também corroborados para pessoas com doenças metabólicas e cardiovasculares, onde o risco baixava para pessoas fisicamente activas e que faziam treino de força.

O estudo refere que, maiores índices de força podem explicar a menor gravidade de casos de Covid em pessoas activas fisicamente. O exercício regular e níveis saudáveis de força, são essenciais para a manutenção da saúde assim como um factor protector contra este vírus.

 

Bons treinos

Hugo Silva

Instagram: hugo_silva_coach

-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre

quinta-feira, 3 de junho de 2021

“Ele/a ainda não percebe, é muito novo/a...”

 


 

Há já muito tempo que se sabe que a criança é dotada desde cedo com mecanismos mentais que a capacitam de sentir qualquer experiência que se passe em torno dela, mesmo ainda dentro do ventre materno.

Contudo, mesmo nos dias de hoje, ainda me apercebo que muitos de nós temos a crença de que, por ser criança, não compreende determinados estímulos em que participa ou observa, nomeadamente, determinadas situações entre adultos.

Acontece que é precisamente o oposto! Todas as experiências em que a criança está envolvida, particularmente até aos 4 anos de idade, são determinantes para o seu desenvolvimento ao longo da vida. Muito provavelmente, a criança não será capaz de recordar e falar concretamente sobre uma memória que ocorra antes desta idade, contudo, a experiência fica retida a um nível inconsciente e irá ter um impacto no desenvolvimento das suas capacidades emocional e intelectual.

A forma saudável ou não pela qual a criança irá integrar determinadas experiências depende da sua valência emocional, ou seja, quanto maior a intensidade emocional, positiva ou negativa, irá ter uma consequência direta na sua mente. Por exemplo, a intensidade emocional negativa de um acontecimento poderá constituir-se como um trauma, pelo que poderá colocar a criança em risco de desenvolver determinada psicopatologia, que se poderá manifestar imediatamente ou mesmo passado muito tempo da sua ocorrência.

No fundo, é como se permanecesse um carimbo marcado no cérebro o qual, mesmo que não se consiga ler o que lá está escrito, influencia o processamento de outras aprendizagens importantes para o desenvolvimento mental saudável da criança.

(Outra questão será o número de estímulos que, por mais que se avaliem como positivos, a criança está a captar tudo pela primeira vez, pelo que necessita de tempo em cada uma das experiências para as integrar completamente, antes de se passar à seguinte).

Todas as interações sociais levam a alterações do sistema nervoso central e todas contribuem para a organização ou desorganização do sistema emocional e intelectual da criança e, portanto, influenciam a forma como vão utilizar este sistema individual e socialmente, de forma saudável ou não.

 

 

Dra. Filipa Noronha

O Canto da Psicologia