terça-feira, 26 de março de 2013

Adultez






Suicídio,
A queda no abismo  da dor.

Pensar o suicídio é, numa primeira linha, evocar o tabu em que a Sociedade encobre o fenómeno (enquanto tentativa de não se envolver com ele), numa espécie de proibição latente de sentir e compreender a dor. Naturalmente, essa partilha colectiva acontece, para este tema-tabu como para tantos outros, enquanto forma de protecção da susceptibilidade e vulnerabilidade que o mesmo desperta. Todavia, tamanha certeza conduz-nos a um outro campo de reflexão: que implicações terá, para essa tal sociedade que padece, em alguns assuntos, de um verdadeiro ensurdecimento mental, este tapar de ouvidos e de sentidos a uma realidade cujos dados são esmagadores?

Sabemos, pois, que este é um tema que desperta algumas das mais frágeis questões da própria condição humana, na medida em que toca a esfera da dualidade vida e morte. Aqui, a morte enquanto fim elegido, enquanto expressão de um desejo e de uma vontade que ganham forma, pelo fim à vida. A morte, pois, numa leitura “anti-natura”, que acontece de forma desviada. Mas não será esta uma visão unilateral do suicídio? Diríamos, até, uma visão redutora, impeditiva de olhar para lá do que os olhos vêem.

Bom, sabemos que quando observamos uma casa, só podemos conhecê-la vendo-a sobre várias perspectivas – rodando sobre ela ou visitando o seu interior. Olhar para a casa de um ângulo apenas não será, certamente, suficiente para conhecer aquela casa. Quando falamos de pessoas, sabemos também que é necessário conhecê-las por dentro. Sabemos que são mais, e mais ricas, do que a imagem que fazemos delas. Assim, quando falamos em suicídio, falamos mais do que de um acto, tentativa ou tomada de decisão: falamos de uma pessoa, cujo livro precisou ou precisaria de ser aberto a quatro mãos para que pudesse continuar a ser escrito. Falamos do que de mais autêntico existe naquele ser individual e no que de sofrimento existe nessa autenticidade, à espera de um amparo, de uma compreensão. Falamos de uma dor limítrofe, que enlouquece e que desespera por ajuda. Falamos de uma dor que existe, que mói e que tantas vezes o outro e o próprio renunciam. Falamos de uma solidão profunda (aquele tipo de solidão que acontece no meio da multidão). Falamos de uma morte ao sofrimento e não tanto de uma morte ao corpo e ao Self real. Falamos da necessidade de conhecer o outro, no sentido de que as pessoas aprendam a que se olhem por dentro (o seu e o dos que rodeiam), sem medo de encarar o abismo, para que o mesmo possa ser recuperado.

Falamos, no essencial, da importância da intervenção na reconstrução da estrada, antes que a queda se precipite. Mas, para isso, é preciso que cada um de nós não tenha medo de ousar pensar o que é difícil.


O Canto da Psicologia,
Dr.ª Joana Alves Ferreira

sábado, 23 de março de 2013



E se o seu filho lhe perguntar porque é que chove, experimente responder-lhe: 
- Trocando por miúdos, meu filho, é qualquer coisa como, porque a primavera, enquanto estação feminina, ainda não está suficientemente bonita para aparecer... 


Tenha um fantástico fim de semana...

quinta-feira, 21 de março de 2013



Hoje, falamos de Saúde Mental!

Excepcionalmente, hoje o Canto lança um texto à Quinta-feira, por razões logísticas. E o texto de hoje vem a propósito da rubrica "Os Doutores", integrada no programa "Boa Tarde" da SIC, onde um painel de médicos especialistas ajuda na resolução de variados problemas e questões de saúde, numa linguagem acessível ao público em geral. São eles: um internista, uma ginecologista/obstetra, um dermatologista, um pediatra e um dentista.

Desde já esclareço que não pretendo fazer qualquer tipo de publicidade ao programa em questão, nem tão-pouco algo me move contra os profissionais da dita rubrica. Muito pelo contrário. Tenho um profundo respeito pela Medicina em todas as suas especialidades, e desde já louvo e agradeço o serviço que esta Equipa médica está a prestar.

O objectivo deste meu texto prende-se com a falta de atenção que, no meu entender, foi prestada a um componente fundamental da vida em geral: a questão da Saúde Mental.

Enquanto psicólogo clínico, não posso deixar de salientar que, falando-se tanto hoje em dia da questão da saúde mental (aumento de depressões, suicídios, problemáticas ansiosas, consumo de medicação psiquiátrica nas suas diversas valências) um programa destinado ao grande público não inclua, em complemento à Equipa médica actual, um psicólogo clínico e um psiquiatra. Parece-me uma falha importante - e grave.

Sabemos que, hoje em dia, os indivíduos com transtornos do foro mental continuam a ser vistos, por larga margem da sociedade, como pessoas "diferentes", com "fraquezas da cabeça", padecendo de males dos quais, se calhar, ainda falta a coragem para debater em público e encarar a questão de frente, sem tabus e sem rodeios. Nesta profunda crise em que vivemos, a questão da Saúde Mental não pode nem deve permanecer "ao largo" do debate social, profissional e mediático.


O Canto da Psicologia
Dr. Nuno Marques


quarta-feira, 20 de março de 2013



Somos todos um pouco Contadores de Histórias! 

Sempre que conto uma história, o ar fica embebido do cheiro familiar do leite a ferver , do bolo que termina no forno, como se o tempo recuasse até às tardes em que a minha avó, num ritual semanal, num dia específico da semana, na hora da avó e neta, me encantava com o seu lado tão delicioso de Contadora de Histórias... – curioso, agora que recordo, quase como que um prenúncio do que seria o meu futuro: escutar narrativas de vida, a um dia de semana, num horário previamente combinado entre psicóloga e paciente -.

Como boa Contadora de Histórias que era, não prescindia de preparar todo um cenário que anunciasse de uma forma velada, o tipo de história que iria ser contada nesse dia: de príncipes e princesas ou, lendas perdidas no tempo ou, histórias de animais ou, histórias da sua própria história!

E tudo começava pela famosa frase que dá início à fantasia em todas as histórias, dita com o tom mais apropriado ao tipo de enredo : “ Era uma vez…”

E eu, deliciada por todo o contexto envolvente, num ápice, voava em pensamento para onde ela me levava através da voz, da entoação, do narrar: num instante eu era a princesa, como de seguida o príncipe, como logo depois um dos porquinhos a fugir do lobo mau ou, o grilo falante no nariz do Pinóquio ou, a neta amedrontada a levar o lanche à avó pela floresta densa do enredo ou, a branca de neve à espera do beijo, enfim, um rol de personagens que tomavam forma e vida, num espaço de afecto, em que o mundo rodopiava lá fora mas, que ali, só eu importava!

Deliciosamente, eu, me encantava….

Enquanto também contadores de algumas "histórias", histórias que passaram aqui através dos nossos textos, O Canto da Psicologia não poderia deixar de assinalar este dia.

Pelas histórias que já lhe contaram e o fizeram sonhar, pelas histórias que já contou e fez sonhar e, sobretudo, pela sua inquestionável capacidade de criar e mudar, a sua própria história, sempre que possa, continue a contar uma história...

A equipa deseja-lhe um bom dia…

O Canto da Psicologia
Dr.ª Ana de Ornelas

terça-feira, 19 de março de 2013


Porque todos os presentes são especiais, a equipa d' O Canto da Psicologia deseja a todos os pais um, FELIZ DIA DO PAI!!!