segunda-feira, 29 de maio de 2017

Já treinou hoje?






Sabia que o treino de força pode reverter o envelhecimento precoce no ser humano e que a força já é um indicador fiável de longevidade?

Pois bem, nos dias de hoje, todos sabemos que o exercício físico está associado a uma diminuição da mortalidade e da morbilidade no homem. Talvez não saibam é que nem todos os treinos influenciam de forma tão positiva a longevidade e a qualidade de vida como o treino com resistências, não sendo por acaso que a força de preensão palmar é um forte indicador da nossa saúde em geral e cardiovascular em particular.

O treino de força não sendo a “pílula milagrosa” para todos os males, está bem documentado como tendo uma influência muito positiva a reverter processos de envelhecimento celular. O exercício físico e o treino de força devem fazer parte dos seus hábitos diários, tal como a alimentação, hábitos de higiene, etc. À semelhança de outros hábitos saudáveis, o treino de força requer disciplina, foco e persistência para se obterem resultados positivos na capacidade funcional, capacidade essa que se perde com o sedentarismo e inatividade física.



Em suma, se pretende ser mais ágil, mais resistente, mais forte, mais veloz, mais capaz e mais APTO, deve começar o quanto antes a treinar. Lembre-se de que, quem não tem tempo para cuidar da sua saúde, terá de ter tempo mais tarde ou mais cedo para cuidar da sua doença.

Procure um profissional qualificado da área do exercício físico que o ajude a viver mais e com melhor qualidade.

E bons treinos...



Hugo Silva 
Instagram: hugo_silva_coach
Linkedin: http://linkedin.com/in/hugo-silva-1b8295132
-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre 
-Director Técnico ginásio Muscle Factory







quinta-feira, 25 de maio de 2017

Automutilação: Uma Forma Dolorosa de Falar ...





Há palavras que não saem. Simplesmente porque não conseguem sair, como se existissem num sítio tão profundo e longínquo, que o caminho que necessitam de percorrer até que ganhem forma, torna-as intransponíveis. Essas palavras são como tijolos empilhados uns em cima de outros, que vão criando barreiras cada vez mais difíceis de tolerar. E tornam-se muros demasiado altos para que outros se aproximem, demasiado pesados para que sejam suportáveis, demasiados escuros para permitirem a entrada de luz. São muros que acolhem ao seu redor uma dor incalculável.


Mas essa dor sem nome às vezes sai à rua, trespassando os muros em forma de grito – um grito que, sendo grito, é também mudo, mas que pela sua intensidade é capaz de transformar em árido o que poderia ser agreste. Um grito em surdina, em jeito de murmúrio, que na impossibilidade de sair por via da palavra, transforma-se numa outra forma de dor. A dor do que é cortado, do que é rasgado e infligido à própria pele.
A automutilação é, por isso, um “meio caminho” para escoar o sofrimento, que sem acesso à palavra, vê na agressão ao corpo uma forma de aliviar a insuportabilidade da angústia. É assim que é marcado no corpo o que não é mais suportável, traduzindo a incapacidade para verbalizar o que vai dentro. Magoa-se a pele para sossegar a mente. E anestesia-se a alma, que, levada ao excesso, encontra um sossego na dor física que se autoinflige.
Esta forma de estancar o sofrimento emocional, deslocando-o de uma dimensão psíquica-interna para uma dimensão física-externa, funcionando como uma espécie de penso-rápido de curta duração. Precisamente porque os muros altos não se desconstroem de cada vez que esta forma de grito aparece. Pelo contrário, apenas estagnam, por breves instantes, numa ilusão de resolução que, na verdade, funciona apenas como entorpecimento. A angústia reaparecerá, assim como todos os sentimentos difíceis de suportar, o que torna a automutilação num “meio caminho” que se repete ciclicamente.

Talvez por isso, dos relatos que se conhecem, oiçamos muitas vezes falar “em vício”: um vício que, como qualquer outro, cria uma dependência, que começa por pequenos cortes, que evoluem posteriormente no tamanho e na profundidade. Afinal, esta destrutividade autodirigida intensifica-se, à medida que se compreende que o dito “meio caminho” que os cortes representam não é suficiente, não cessa ou estanca a dor, porque nada parece ser capaz de suportá-la ou de contê-la. 
É importante pôr palavra na dor, colar os rasgos, cuidar das feridas… De dentro. Só assim o corpo deixará de ser palco da tristeza que, finalmente, poderá ganhar nome. Esta dor sem nome que é possível ser contida, trabalhada e suportada num contexto psicoterapêutico.


Dr.ª Joana Alves Ferreira
O Canto da Psicologia


quarta-feira, 24 de maio de 2017

No funeral, espero que haja porrada....






Quando eu, infiel defunto, estiver de jaleca nova e mãozinhas dadas, mas ainda a arrefecer num sobretudo de madeira, a olhar para dentro, almofadado nas bochechas e a fazer cara de grão de bico, não peçam piedade pela minha alma ou que os anjinhos me defendam na sua alva guarda, que eu tenho outras merdas combinadas porque nunca fui bom pardal: o que eu quero (e espero!) é porrada e salsifré numa bronquite aguda ao meu funéreo redor, que decerto deve tresandar a formol, mas aguentem-se e batam-se. Aqui, vivíssimo do Carmo, formulo este chamejante desejo pós-quinanço – morrer não me dá jeito agora, mas se for amanhã, que venha ao pontapé. Por (fugaz) amor à verdade, assumo-o porque se me aquecem os órgãos ao ver o maralhal deitar fogo à peça indiferente à solenidade de ocasiões; porque isto do valor do choque se tatua na memória; porque a sinceridade mora em casa do soco… 

Contanto não se recomende, gostava muito que no meu funeral houvesse porrada e daquela de três em pipa ou de car(v)alho a quatro - se há crianças desse lado, o vê – já se vê - é de prevenção para verem que às vezes não sou rafeirola. Confesso esta vontade de bifada na casa do choro. Tenham a fineza de passar à ação a mostrar esse barro. Nem será preciso pedir. A mocada nasceu abençoada pela espontaneidade, mas pode ser previsível de baptismo. Quero latada da grossa, ginja, arranhões, impropérios e cuspo.

Já adivinho o fandango porque as minhas ligações são em fricassé, uma mistura de gente que não se chupa: vai ser dessa que o Solipa e o Mató se reencontram depois de o primeiro ter tingido os lençóis da cama com a mulher do segundo e a tantas fisgadelas de leitaça que enchia uma garrafa de um quarto de Vigor (porcalhões!!!) - a coisa só pode faiscar porque o Mató ainda hoje não cabe nas portas e cabrões e varas moles são gente suscetível que tem o sangue da virilidade a fugir-lhes do pichotame para os galfarros; pelos meus apontamentos o Vinholas reaparece após anos a chutar família, amigos, dívidas, roubos e veneno para a veia - o meu funeral mete convidados que criam ferida na palma das mãos porque a raiva os obriga a fazer punhos só de farejarem o pobre caroucho que, bem entendido, vai sair marreco do serviço fúnebre depois de tanto desfalque e trambique, tal o fartum e carga de lenha; o Gigi, muito desempregado e sportinguista incorrigível, atesta-se e rega-me o cremanço de gasolina só de ouvir o Acácio gabar-se ao cumprido do tetra e de vender ranho com igual facúndia por negociar casas que nem pão quente na Remax. O Acácio é quem enche mais a marmita quando a coisa parte para o físico; o Quim Confusões, que não tem um osso bom no corpo, assoma à porta a cantar o “Eu vou para Maracangalha” e vomita o vinho carrascudo que ingeriu no Bácoro, o maior pé sujo do canto onde caí com o esqueleto, para depois resfolegar alto lá para dentro: “Quem é que marou, caralho??? - este não pensa em crianças… Ato contínuo, é corrido a ponta de faca (estão lá os meus amigos ciganos de Mira Tejo todos em alcateia para fazerem o filete a alguém). No remate, a Pati, a patroa, dá com a Zindinha - que nunca viu mais boa e tem curvas que só lhe faltam falar - a berrar por nunca mais ver a sua zaragatoa favorita. A minha senhora topa que serrei presunto do outro lado da quinta e a nossa filharada que se despede do pai amarelado vai ter em estreia absoluta nos ouvidos “puta”, “vadia”, “badalhoca” e um incontornável “este cabrão só me fazia nos anos e quando era Natal”. A minha mãe desafia todos os decibéis a gritar que eu nem a morrer prestei (para a próxima que me fingir de finado num texto, tiro-a do filme só por causa das moscas).

Mas, nisto, já sei que me canso e acordo de uma morte aparente (o Carlos Paião parece que não teve tempo, diz o tétrico povo). Levanto-me no torpor de quem tem o trabalho à espera para mais um dia a seguir ao outro. Lavo os fagodes na água benta, coço-me, estouro um peido com indolência e digo a todos que são uma “granda merda”. Entre o pasmo daquele milagre bufo, faço-me ao piso e deixo tudo a olhar para mim congelado e transido. O ensaio de porrada esteve abaixo do preço do bilhete. Peço lume ao pobre Vinholas que precisa de ser raspado do chão e saio a fumegar aí pelos caminhos. Limpo a maquilhagem do cangalheiro como quem vem da televisão.

Preciso de fazer outros amigos, de outras histórias.
Pode ser que a Pati me perdoe estar vivo e ter dado carapauzadas fora de casa.

Prometo que vai ser tudo melhor. Não morro mais.

Filipe Alexandre Dias
 Jornalista

O Canto da Psicologia




terça-feira, 23 de maio de 2017

Obesidade infantil...






Semana após semana vamos recebendo dados que vão acumulando a vergonha da estatística nacional do excesso de peso e obesidade.
A última foi a gota de água.
Segundo os últimos dados 31,7% das crianças em Portugal tem excesso e/ou obesidade (www.dn.pt).

É fácil argumentar com a culpa do sedentarismo ou do abandono de algumas práticas de alimentação saudável, nomeadamente a menor adesão à dieta mediterrânica.
Mas se isto há 15 anos era aceitável agora já aparenta chover no molhado.
Em vez de atirar chavões cometerei o atrevimento de apontar erros e soluções.

1.       Pai ou mãe: se não come vegetais ou sopa à mesa, não espere o oposto da sua criança.

2.       Se tem em casa pacotes de bolachas e chocolates e de vez em quando vai ao pacote, não espere que não suscite o mesmo tipo de comportamento em casa.

3.       Se não sabe que 100g de cereais de pequeno-almoço (pense em qualquer um, inclusive os de dieta) tem entre 20 e 40g de açúcar, a culpa não é da indústria apenas. Tem obrigação de saber aquilo que compra e põe na boca de uma criança.

4.       Se está insatisfeito com a alimentação do seu filho na escola, primeiro certifique-se que a mesma é má. Visite a cantina, veja o serviço e depois disso atue. Não basta reclamar oralmente. Reclame por escrito, existem instituições próprias para se fazer ouvir e registar a sua queixa.

5.       Mesmo que a alimentação na escola seja uma lástima... é só almoço!
O pequeno-almoço e merendas são comidos ou trazidos de casa... tal como o jantar. É UMA refeição por dia!

6.       Sabia que metade do prato das nossas crianças devia ser preenchido exclusivamente por vegetais e não apenas 2 folhas tronchudas de alface?

7.       Já é por demais sabido que devemos ingerir peixes gordos, ricos em ómega-3, numa frequência de 3x/semana. Faz isso? Douradinho não é peixe pela mesma razão que pastel de bacalhau também não.

8.       Mandam as boas regras beber 8 copos de água por dia? Quem o faz? Aquela garrafa de 0,5L não chega.
O que não é água: sumos concentrados, águas aromatizadas, concentrados de fruta, iogurte, leite... H2O sem aditivos. Fruta e legumes também serve, são 80% água.

9.       A culpa é da indústria? Talvez. Cada um gere o seu negócio para ter lucro e as preocupações com a saúde existem mas só vão até onde o lucro não seja prejudicado. A única pessoa que se preocupa com a sua saúde é você mesma e o seu nutricionista que jurou perante a Ordem dos Nutricionistas seguir a sua deontologia profissional.


10.   Não sabe o que comprar? Fácil desconfie de tudo o que tenha rótulo... a terra não cospe códigos de barras.


Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966






sexta-feira, 19 de maio de 2017

Saudável mas tesa!







Digam o que quiserem mas ainda não consegui, e acreditem já fiz várias tentativas, ser evangelizada à despensa saudável; não porque não queira, ou porque não veja todas as vantagens, porque se há tanta pessoa a falar nisso, é porque há vantagens… digo eu!

Contudo, são várias as dificuldades que me assistem no momento em que decididamente digo para mim: “- é desta que vais ser a próxima “Belinha”. Há vários obstáculos a esta minha demanda, mas vou falar deste que me é querido, que é a nota gorda que este espetacular cabaz de super alimentos custa.

Isto é, não chega levar uma abóbora ou uma couve que ali jaz em qualquer prateleira de um qualquer supermercado! Não! Ou é biológico, o que implica sempre pensar que acabei de adquirir o Bentley dos legumes, ou então não vai surtir o mesmo efeito.
Logo aqui entro no meu primeiro momento de dissonância cognitiva deste processo, que é o mesmo que dizer: “-foste gastar 4 euros numa porra de uma abóbora?!”, ao que eu respondo: “sim! é para o teu bem!”

E quando a pessoa se decide a entrar num desses supermegaespetaculares mercados bio, a coisa entra numa outra dimensão…estes supermercados são 3 furos acima dos ditos ordinários supermercados; colocarem guias a explicarem para que serve cada um daqueles legumes verdes Lamborghini e leguminosas Jaguar e a coisa seria bem melhor…só que não.

Entrar nestes espaços é ter nova sensação de dissonância cognitiva, que é o mesmo que dizer:  “-mas o que vieste aqui fazer, se nem sabes ao certo o que vais comprar nem para servem estas porcarias todas?!”, ao que eu respondo: “vai que é para o teu bem!”

E eu vou…e entusiasmo-me… e ela é acelga biológica, abóbora hokaido, couve kale, saquetas de spirulina, mais uma de clorela, tapioca hidratada, trigo sarraceno, whey e por aí se enche todo um cabaz supermegaespetacular de bens de quinta necessidade e de elevada dispendiosidade. No final, vou somar imensos super nutrientes ao meu corpinho e menos euros no meu saldo bancário.


E agora a parte importante. Se me sinto mais saudável depois de ingerir estes super alimentos?

Não!

Primeiro, porque não faço ideia de como os cozinhar e a frustração é imensa porque basta abrir as redes sociais e aparentemente toda a gente sabe fazer uma bela crepioca com camu camu, salpicada de pimenta cainea, menos eu.
Segundo, porque quando consigo confeccionar algo, a verdade é que me sabe sempre tudo ao mesmo…que é mal, mas mal! (Já admiti acima que é falta de jeito meu muito provavelmente).

A vantagem desta vã tentativa é uma.
Como gastei o dinheiro todo do mês para o supermercado nestes mega produtos de uma tirada só, vou com certeza emagrecer com a fominha que passo até que chegue o próximo dia de receber o dito (deve ser assim que elas emagrecem…).


Petra




quinta-feira, 18 de maio de 2017

E depois do divórcio...





A ajuda terapêutica no divorcio ( o antes e o depois )


A família é sem duvida uma instituição muito antiga, universal, que assume uma grande importância na vida de todos nós.

É na família que se criam os primeiros vínculos com as figuras de referência; é a partir desta primeira relação que aprendemos a amar, a confiar, e a sentir segurança nas relações . O ser humano é um ser de relação e quando esta primeira relação falha muitas outras relações posteriores podem também vir a falhar...

O casal surge desta primeira família. E cada um de nós, enquanto indivíduo, carrega consigo uma história a partir da sua família de origem; desta história muitas outras historias se sucedem; dos vínculos passados suguem novos vínculos; novos ramos da árvore florescem; a família aumenta; cresce-se com a ideia de  que a família resiste a tudo, e fazem-se muitos ensaios; muitos acontecimentos passam, tal com um guião de um filme, ao longo de muitos ou, poucos anos.

Mas um dia o que existiu ou, o que se pensou que existiu e se construiu  acaba. Acaba o casal. Acaba o casal conjugal; O que existiu permanece no tempo, porque o tempo não pode ser apagado. Mas a união de outrora e o juramento eterno desaparece.

Quando existem filhos, eles são a prova viva do encontro que um dia aconteceu. Muitas vezes também eles precisam de ajuda; e aí, facilitar e promover a compreensão infantil adequada aos sentimentos das crianças é muito importante para a continuação do seu bom desenvolvimento. Clarificar, e contar a verdade é imprescindível . Distinguir, o que é a zanga ou conflito dos pais e o que é dos filhos, é fundamental. Toda a família necessita de uma nova organização.

O processo de ajuda terapêutica ,num processo de crise do casal, tanto pode ser facilitador na reformulação de um novo diálogo ou, pelo contrário, dar origem à separação definitiva. A complexidade da vida a dois assim o pode ditar.

O objectivo da terapia de casal ou casal parental é clarificar, dar significado e nome a sentimentos e angústias que surgem. Na amálgama de sentimentos pode ser difícil discernir com clareza o que cada um sente. Antes mesmo da separação o terapeuta pode ajudar o casal a reflectir sobre os seus problemas na relação. Porém, quando o casal já tem pensado que a separação é a única forma para resolver o mal estar, a intervenção terapêutica também pode ser útil para  mediar a divisão dos bens, a guarda dos filhos e a perspectivar uma nova forma de estar.

Há estudos que comprovam de que existe maior probabilidade - cerca de três vezes mais - de os membros de uma  família em ruptura, separada, necessitarem de acompanhamento psicológico  do que elementos de famílias ditas  intactas.

O divórcio é semelhante a uma perda de morte. A perda do outro ou, o abandono do outro, é sentida como a ausência do que foi conhecido, do que um dia foi seu.

Passar da conjugalidade à parentalidade exige um novo recomeço. Pais e filhos deparam-se com uma nova realidade de lugares de pertença que necessita de tempo para ser pensada e reinventada. Assumir o fim, o fracasso, os enganos e desencontros faz parte do processo.
A separação gera muitas angústias e incertezas e constitui-se um novo desafio há autonomia e à maturidade emocional de cada um dos elementos do casal para seguir o seu caminho. Fazer o luto da relação é inevitável . 

Fazê-lo com ajuda terapêutica poderá ser menos penoso e mais fácil.


Drª Lucia Abrantes
Terapeuta de Casal
O Canto da Psicologia



terça-feira, 16 de maio de 2017

Saúde hoje e amanhã...






Nunca como hoje, a autoestima do povo Português foi tão elevada. Definitivamente Portugal está na moda, somos reconhecidos como um povo competente, acolhedor, empreendedor, capaz de ombrear com os melhores nas mais diversas áreas da sociedade. 

Acontece que, na promoção da saúde e de comportamentos preventivos os exemplos que vêm da Europa Central e do Norte ainda estão longe de ser cumpridos pela maioria da população Portuguesa. A evidência demonstra-nos, que é mais fácil mudar comportamentos em contextos que são valorizados entre pares. Diminuindo o desconforto, baixando resistências e aumentando as taxas de retenção numa determinada atividade. O exercício e a atividade física regulares em grupo, podem fazer com que sejamos capazes de fazer coisas que não faríamos sozinhos. Temos hoje uma geração de pessoas que estão entre os 30 e 50 anos, que se começam a preocupar com a saúde e o bem-estar físico em equilíbrio com o bem-estar mental.

Estabelecer metas e objetivos em grupo (amigos, namorada(o), marido/mulher, colegas de trabalho) pode ser uma boa estratégia para iniciar um programa de treino num contexto apropriado. O sedentarismo é preocupante, mas deixar de sê-lo de forma não estruturada, pode ser ainda mais prejudicial. Assim, se deseja ser mais ativo, mais saudável, reúna à sua volta alguém que partilhe dessa vontade e procurem um profissional da área do treino e/ou exercício que vos ajude a melhorar de forma efetiva a saúde. 



Exercício é saúde, mas deve ser prescrito com inteligência e sensatez.

Bons treinos!



Hugo Silva 
Instagram: hugo_silva_coach
Linkedin: http://linkedin.com/in/hugo-silva-1b8295132
-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre 
-Director Técnico ginásio Muscle Factory


quinta-feira, 11 de maio de 2017

Um crescer a três durante 9 meses...




Ser mãe/pai é uma experiência intensa a diversos níveis. 

Muito se fala  das questões físicas do processo de gravidez, dos cuidados alimentares, das alterações dos ciclos de sono, das alterações hormonais, entre outras; todos estes factores são importantíssimos em todo o  processo mas, não podemos  descurar as questões relacionadas com as  alterações centrais nas rotinas da mulher e do casal.

No entanto, quando falamos de certas questões emocionais associadas ao processo de gravidez que desmontam a ideia de que " a gravidez é um estado de graça" parece haver ainda uma certa dificuldade, um certo tabu, em olhar e pensá-las de forma tranquila e contentora mesmo que nos pareçam verdadeiramente assustadoras e difíceis de serem pensadas. 

Ora vejamos o trabalho que dá tudo isto...

Olhemos para os dois lados da gravidez: um primeiro,  que é caracterizado por um enorme entusiasmo, paixão, delícia, encantamento (tanto para os pais do futuro bebé como para a restante família e amigos) e que poderemos chamar "estado de graça";  e um segundo, vivido numa escala mais privada, que envolve stress, receios, angústias, ansiedades, cheio de ambivalências, entre outros que poderemos chamar " estado de desgraça". Ambos os lados pertencentes e integrantes de um mesmo processo e, acima de tudo, nenhum melhor do que o outro!

Peguemos num exemplo: um casal que vai ter o seu primeiro filho. 
No momento em que este casal sabe que "está grávido" confronta-se não com um mas, com três bebés: 
  • o bebé que  fantasiou ou sonhou; 
  • o bebé que já é real mas ainda invisível (o que já se encontra em desenvolvimento, com ritmos específicos);
  • e, posteriormente, o recém-nascido. 
É necessário, aqui, que se possa pensar, perceber, ajustar e integrar as próprias expectativas com a realidade.

Podemos ainda acrescentar um outro factor: a própria gravidez reflecte, de formas diferentes no futuro pai e na futura mãe, a vida anterior à concepção. Ou seja, o conjunto de experiências e necessidades que fazem ou fizeram parte do desejo de engravidar, as experiências que vivenciaram enquanto filhos e a própria adaptação ao estado de gravidez- as emoções, as fantasias, o desenvolvimento e construção da nova identidade enquanto pais, e as imensas dúvidas e medos...
  • O que é que significa para a vida dos pais terem um bebé?
  • Como é que este acontecimento vai afectar a relação do casal e por conseguinte a relação com o resto do mundo envolvente?
  • Vão ser bons pais?
  • Vão conseguir gerir as novas responsabilidades?
  • Como vão integrar estes novos papéis?
Na mulher, temos ainda as mudanças de humor, os medos que variam consoante as fases de desenvolvimento da gravidez, a ansiedade, os esquecimentos, a alteração da imagem corporal, a exaustão, as alterações na quantidade e qualidade do sono, entre muitas outras mudanças.

É importante que os pais tenham espaço para se poderem ajustar a esta nova realidade, que possam dar atenção ao que sentem, ao que pensam e que possam reflectir, em conjunto e individualmente, estes novos desafios.

De facto, ser pai/mãe é um processo com um potencial transformador enorme e que não abarca apenas coisas boas, alicerça, também, emoções ambivalentes tais como, stress, frustração, medos, entre muitas outras coisas. É quase como se nos dissessem: “agora vamos iniciar uma viagem no carrossel das emoções, das transformações, com muitos desafios”, que necessitam de ir sendo acolhidos, cuidados, geridos e integrados.

Tal como no carrossel, há um primeiro momento de expectativa, angústia, ansiedade antes de iniciar a primeira volta que depois, gradualmente, vai dando lugar  a um estado de descompressão e tranquilidade que nos permite aproveitar o resto da viagem com entusiasmo, investimento e sobretudo cheia de um amor infinito...


Drª Inês Lamares
O Canto da Psicologia




terça-feira, 9 de maio de 2017

Nutrição e felicidade...








Existem inúmeros factores que podem condicionar o nosso bem estar e o nosso humor e a  nutrição é, claramente, um deles.

Todos nós reconhecemos que de uma maneira ou de outra a comida está associada às nossas emoções sejam elas positivas ou, negativas; culturalmente, celebramos sempre qualquer coisa à volta de uma mesa; emocionalmente, raras são as vezes em que não usamos a comida procurando nela um refúgio emocional, quase sempre consequência de um estado mais stressante ou inquietante no que toca a aspectos psicológicos!


E se também for ao contrário? A desnutrição poderá estar na origem de desequilíbrios emocionais e determinar o nosso humor? Parece que sim.

A Serotonina é uma hormona essencial para regular o nosso humor, bem estar e apetite. Chamemos-lhe a hormona da Felicidade.Como a podemos regular?



Existem duas formas, entre outras, de aumentar a  concentração desta hormona:
-A via mais eficaz e duradoura é pela ingestão de fontes ricas em triptofano, um aminoácido que se encontram muito no frango, perú, marisco; tem boas hipóteses de se  sentir mais ”feliz”. 
- Por outro lado existe uma forma "estimulante" para aumentar os níveis de serotonina: ingerir hidratos de carbono; esta elevação existirá mas importa que  tenha em conta que é um resultado temporária e rapidamente voltará a sentir vontade de "reinicidir" nos hidratos de carbono (pão, massas, bolos, bolachas). Lembre-se de ter sempre o "lema" do equilíbrio em mente...


Lembra-se da velha história da hora do lobo e da fome incontrolável? Se calhar está dentro deste padrão com potencial défice de triptofano e serotonina. Pense nisto!



Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966



sexta-feira, 5 de maio de 2017

O Patinho feio...







Não me destacava por finas feições caucasianas, por olhos diferentes dos típicos castanhos, nem tão pouco do cabelo da mesma cor. Era comum e de estatura e peso mais baixo que as restantes da minha idade. 
Ser assim até aos 11, 12 anos não me incomodou. Para ser sincera, não me achava diferente, nem me faziam sentir diferente, talvez porque nem sequer pensava nisso. 
No meio do meu grupo de amiguinhos da escola e fora dela, ninguém ligava se eu era mais pequenina e magrinha que os outros. Existia e gostavam de mim por outras coisas, pelas brincadeiras inventadas que todos pediam sempre, pela forma vivaz com que me dedicava às pessoas e às situações.  

No meio dos meus, porém, desde cedo me habituei a ouvir “trinca-espinhas”, magricela, e outras coisas fofinhas. A verdade é que eu era magra. Não dava como negar. Mas se na infância a magreza não foi constrangedora, o mesmo não aconteceu na adolescência. 

A entrada no sétimo ano ou 3º ciclo dos tempos modernos, coincidiu com a mudança para um novo colégio, e trouxe todo um mundo de novo…Tinha sido lançada no concurso “Hormonas aos saltos”, sem sequer me ter candidatado.  
Nos primeiros tempos, não me senti diferente por ainda não ter o corpo impregnado de hormonas adolescentes e nem dos efeitos visíveis que elas têm no corpo das raparigas e rapazes. 
O facto das minhas duas melhores amigas estarem no mesmo patamar que eu, permitia-me continuar a viver no meu mundo “flat”. Afinal, a união faz a força. 
Mas as hormonas são lixadas quando decidem invadir o nosso corpo, pena que na altura parecia invadirem todos os outros menos o meu. 
Na mesma proporção que eu via as minhas amigas e colegas a abraçarem a evolução corporal da adolescência, ficava eu cada vez mais afastada.  
Continuava a não dar importância. De quando em vez lá ia ter com a minha mãe e perguntava se ela achava que ainda faltava muito para ter o “período”, que na volta ouvia qualquer coisa como…” -tens tempo”.  
Tinha? Eu achava que não e achava injusto não conseguir acompanhar o ritmo hormonal das minhas amigas.  
De um momento para o outro parecia que todos tinham acordado assim, altos e a encorpar de dia para dia, a transformarem-se em meninas mulher e eu não passava dali.  

Tinha estagnado nos 7 anos. Juro!  
Era isto que o espelho me mostrava. Era diferente, não tinha maminhas nem corpo que as suportasse. Para além disso, as hormonas não têm só um efeito orgânico, elas despertam outras partes do nosso cérebro e emoções como o desejo, o narcisismo e claro a sexualidade. 
Eu não tinha nada disto. Pelo contrário. 
Sexualidade para mim era pôr a Barbie e o Ken na mesma cama, quando aos fins de semana aproveitava para brincar com a minha irmã, e dávamos risinhos tontos daqueles inocentes a fugir para o maroto.  
Durante a semana tentava encaixar-me onde sentia que já não tinha lugar.  

Depois das férias grandes do sétimo ano, foi o apocalipse hormonal. 
Se até aí tinha aguentado o barco, quando voltámos de ferias para começar o oitavo ano, parecia que tinha chegado ao Lago dos Cisnes e outras aves que tais. Os pavões desfilavam, e elas acompanhavam a dança do enamoramento. E depois havia aqui a pata. Que para além de vir bronzeada, mais nada se tinha passado por aqui. Liso era…liso continuava. 
Claro que os próximos anos não foram fáceis. Cedi à pressão deste “ser” ou “estar” diferente dos demais.  
E os demais, esses não perderam oportunidade de acentuar a minha diferença. Supostas brincadeiras que magoam muito só a quem assim as sente. Ridicularização em publico, distanciamento propositado, os rapazes que rotulavam quem não tinha as supostas formas de menina mulher e por fim, as minhas amigas que acabaram por ceder a tudo isto, e deixaram que esta diferença fosse legitimada.   

Aos poucos senti-me isolada e assim fui ficando. Com 14 anos o centro da nossa vida é a escola, é nela que tudo se passa, sentir-me excluída do palco onde se passavam as melhoras peças, do ecrã onde se desempenhavam os papeis mais apaixonantes, não ter sequer um papel secundário, foi duro. 
De tal forma que nas férias grande seguintes, lembro-me que chorava sempre que estava um belo dia de praia, sorte que os 3 meses de férias eram passados na Ericeira e os dias de praia eram escassos. Mas quando o sol dava o ar da sua graça, ir à praia era o pior que me podiam fazer. Ia vestida e assim ficava.  
Fora da praia, a roupa que usava era quase sempre a mesma, para disfarçar a minha falta de formas. O contacto com rapazes era evitado ao máximo, porque achava sempre que nem sequer tinha direito a estar na casa de partida. 
Os pais, ignoravam o obvio e achavam que era uma fase. E a verdade é que era, eu é que não sabia. 

A minha metamorfose deu-se dos 16 para os 17. Aos poucos fui reconquistando a confiança e enamorei-me pelas mudanças que via acontecerem. Aos 17 apaixonei-me pela primeira vez e muitas outras coisas também aconteceram pela primeira e única vez.  
Hoje com 40 gosto de mim como gostava com 7 e sei agora por mais autoestima que se tenha, há coisas que nem ela aguenta. Tenho um filho e uma enteada e estou atenta a movimentos cisnes e de patos, se é que me entendem. 

Quanto a mim, e aos "meus" cisnes, afastei-me deles, e eles de mim quando ainda era patinho. E assim ficou até hoje. Sou pessoa de mágoas assumidas. 
Sei que eramos todos crianças no mesmo caminho, ainda que alguns a passo de tartaruga, mas a dor, a vergonha e exclusão que senti foram difíceis de viver naqueles tempos. 

É frequente cruzar-me com as pessoas daqueles tempos…, mas só isso. Cruzamo-nos como estranhos, com algumas diferenças. Desenvolvi e apurei ao longo dos anos, toda uma técnica corporal e comunicação não verbal e faço questão de fingir que não os conheço, que nem a sua cara me é familiar, apesar de saber que me reconhecem.  
Trocam-se olhares que se demoram mais do que com os estranhos e tiram “medidas” rápidas de soslaio.  
Quando assim é, a minha fantasia é sempre a mesma...eles devem estar a pensar: “Que belo cisne aquele patinho se saiu! “… e eu, ainda na minha fantasia, depois de já estarmos costas com costas, deito-lhes a língua de fora como se tivesse 7 anos, e digo-lhes: “-Toma!” 

Petra 


quinta-feira, 4 de maio de 2017

A Baleia azul e a adolescência perdida...






 O jogo Baleia Azul tem estado a chocar o mundo! – Como é possível que adolescentes, na flor da idade, se auto-mutilem, se castiguem e procurem a morte? A perversão é feita pelo chamados “curadores” ou “administradores” que aliciam e incitam os jovens a assumir comportamentos auto-destrutivos, entendidos como “desafios”, em que o objetivo último é o suicídio. Referem que estes “curadores” são, também, jovens com historial de abusos e comportamentos disruptivos.  
O nome “Baleia Azul” surge com base na crença de que as baleias azuis (os animais) dão à costa voluntariamente com o intuito de perderem a vida, este jogo que começou na Rússia, é composto por um total de 50 desafios diários. Cada desafio é enviado diariamente pelo “curador” que pede provas (como fotografias ou vídeo) de que o desafio foi cumprido na íntegra pelos jogadores que são, por norma, adolescentes com problemas de depressão ou isolamento. Uma das premissas do jogo é que se deve jogar até ao fim, sem desistências e sem contar a ninguém.

Quando assistimos a esta crueldade, as questões que se impõem recaem sobre o que estão a sentir estes jovens? Talvez se sintam sozinhos, perdidos, numa solidão permanente que corrói, ameaça, deixa um vazio interior que é impossível de preencher e conter? São jovens que se sentem, possivelmente, sós não por não terem uma família ou pessoas à sua volta, pelo contrário, eles sentem a verdadeira solidão de quem está junto mas é incompreendido, mal-amado. Onde estão as relações de qualidade que são promovidas pelas famílias? Os afetos o estar presente de corpo e alma? Onde estão as relações que alimentam a alma e o coração? Onde está a intimidade, sentimento que se é compreendido e que se pode partilhar medos, alegrias e pensamentos? Onde estão as famílias, essencialmente, apaziguadoras, presentes e amáveis? E o amor que não julga, abafa e manipula, mas que sente, empatiza e acalma, será que ficou de lado?

Estamos numa era narcisista do parecer, em vez de ser, já não há espaço para as relações de qualidade que promovem a felicidade e o bem estar.
 Neste contexto é comum relacionar a fase da adolescência com a ideia de que é um período conturbado dos jovens. Começam a surgir conflitos com os pais, logo o afastamento  da família e a aproximação aos pares parece caracterizar o essencial na vida de um adolescente. O jovem sente que tem de pertencer a um grupo, com determinados ideais que se coadunam com a sua identidade.


Contudo a adolescência nem sempre é considerada como um período de crise por si só. Esta fase pode ser vivida com entusiasmo e alegria, apesar de algumas inseguranças e medos que acabam por acompanhar de forma distinta todas as idades.

Até que ponto devemos considerar a adolescência como uma crise certa, considerando esta assunção, como uma verdade indubitável? As situações alarmantes na adolescência tais como, agressividade,  delinquência,  depressão, toxicodependências, são o resultado de diversos fatores, sendo que a micro-cultura familiar, apresenta uma influência marcada, no desenvolvimento destas perturbações.

O problema do adolescente (ou o da criança) é na realidade, frequentemente, o problema da família nuclear, isto é, o da dinâmica relacional assumida.
O adolescente quando apresenta uma boa “nutrição narcísica”, ou seja, um bom desenvolvimento psicológico /relacional, acaba por ter uma estrutura psíquica resiliente, pelo que a probabilidade de se sentir atraído por comportamentos de risco, é muito menor nomeadamente, drogas, suicidio, auto-mutilação.
É uma ilusão considerar que é apenas a Internet ou outras causas externas, tais como, os grupos de amigos que estimulam a depressão grave ou os comportamentos de violência e/ou as adições. Uma boa educação emocional e afetiva, funciona como, um verdadeiro “antibiótico” contra estas “bactérias” exteriores.

A escolha dos amigos está intimamente relacionada com a qualidade das interações privilegiadas ao longo do desenvolvimento. É importante perceber até que ponto  o adolescente foi amado e respeitado pelas figuras relacionais centrais. O amor dado foi captativo, narcísico, de direitos e obrigações ou foi, altruísta, generoso, com limites saudáveis e justos.

Na realidade a “ Baleia Azul” é um sintoma que mascara uma sociedade doente emocionalmente, deve constituir um alerta para abrir os olhos, de que devemos estar atentos e presentes ao que se passa com as nossas crianças e adolescentes. E que, acima de tudo, devemos promover relações de qualidade e de intimidade emocional.

Mafalda Leite Borges
O Canto da Psicologia