quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Eu "não" quero que vás para a escola...







Numa altura em que a dinâmica das famílias vai gradualmente voltando ao ritmo normal após o stress do regresso às aulas parece-nos que, em jeito de explicação sobre o terramoto de emoções que assolou pais e filhos, seria importante tocarmos, mesmo que ao de leve, esta coisa da Ansiedade de Separação que de supetão se instalou no seio das famílias nestas últimas semanas como consequência desta entrada ou regresso à escola... 
O primeiro momento claro de separação nas nossas vidas remete-nos sempre ao nascimento. É aqui que enfrentamos pela primeira vez um verdadeiro corte na relação com a mãe, e é a partir de agora que se começa a construir um progressivo e incessante processo de autonomia... mas isso, leva tempo!
O bebé já não depende do oxigénio da mãe, agora já sabe respirar; já não depende do cordão umbilical para comer, agora já sabe mamar; já não depende da mãe para eliminar os lixos do seu corpo, agora já sabe eliminar. Mas ainda depende totalmente das capacidades especiais da sua mãe, e a simbiose que outrora era física agora é também psicológica. A criança aprende então a andar, já pode explorar o mundo, já se pode afastar e retornar à mãe para obter a segurança que procura; aprende a nomear e já não depende da mãe para adivinhar as suas necessidades. Estes são os cortes, as separações, que fazem parte do desenvolvimento da independência.
Contudo... o nosso umbigo continua a ser um eterno lembrete, uma marca, da nossa ligação física à mãe. No momento do nascimento a mãe pode então relembrar a sua própria separação da sua mãe, e pode rememorar as consequências destas suas separações. Estamos agora no território lamacento da angústia e da ansiedade de separação.



O progresso de desenvolvimento da criança é imparável e rapidamente (mais depressa do que as mães desejariam) não irá depender exclusivamente dos pais para aprender, agora... já pode entrar na escola.
Pais e filhos revivem as suas separações em ansiedade, uma ansiedade que se inscreve no medo de não saber... de não saber  que perigos se escondem por detrás do manto da independência.
É um crescer conjunto que se instala! Tanto dos filhos quanto dos pais! Memórias guardadas a sete chaves tomam forma e emergem avivando angústias e ansiedades nos pais . Choram os filhos, choram as mães, aparentemente pelas mesmas razões mas, cada um com as suas razões únicas, cada um com as suas dores de crescimento...

Dr. Fábio Mateus
O Canto da Psicologia

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Entre a mente e o físico...








Com o regresso às aulas surge a necessidade de sensibilizar os pais para a importância de incluir o Desporto na rotina das crianças e adolescentes, não só como estratégia para combater o sedentarismo mas também para melhorar o seu desempenho escolar.
Com base nas definições do American College of Sports Medicine (ACSM) vamos primeiro esclarecer três importantes conceitos que frequentemente se confundem.

A Actividade Física define-se como a realização de qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, e que aumenta o dispêndio de energia no nosso organismo.

Bem diferente é o conceito de Exercício Físico que, é um tipo de actividade física que consiste na realização de movimentos corporais planeados, estruturados e repetitivos, de forma a aprimorar ou preservar uma ou mais componentes da aptidão física.

Já o Desporto, é um sistema complexo de acções motoras, cujo objectivo é a superação máxima e inclui regras e competição.

Todos conhecemos de um modo geral os benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais da actividade física, como por exemplo, a melhoria da condição cardio-respiratória (que conduz a uma melhor oxigenação cerebral e consequente melhoria na atenção e concentração) , o aumento da massa muscular e perda de massa gorda, a correcção postural, a melhoria na auto-estima (pela alteração da imagem corporal), a sensação de bem estar e felicidade (provocada pela libertação no sangue das hormonas Dopamina e Serotonina), a redução do stress e ansiedade (conseguida pela diminuição da concentração sanguínea da hormona Cortisol), o convívio social e a sensação de integração e pertença a um grupo.

O Desporto, pelo seu carácter competitivo e de superação, além de todos estes benefícios acrescenta os factores auto disciplina, rigor e a implementação de metas e objectivos, que a curto/médio ou longo prazo são transferidos para o âmbito escolar, encorajando assim as crianças e jovens a perseguirem nos estudos o mesmo sucesso e prestígio alcançados a nível desportivo e, fazendo-os acreditar que é possível concretizar todos os objectivos a que se propuserem.

Para que o desporto tenha este efeito positivo é de realçar a importância de um espírito de competição saudável e adequado a faixa etária e fase de crescimento, mas também ao papel essencial da criança ou jovem na selecção da modalidade desportiva que mais lhe agrade ou com a qual mais se identifique, não permitindo que os desejos dos pais prevaleçam sobre as escolhas dos filhos.

Deixo ainda um alerta para aqueles pais que julgam ser a melhor opção a de castigar os filhos privando-os da prática desportiva, já que existem inúmeros estudos científicos que corroboram a importância das actividades desportivas extracurriculares no desempenho escolar.


A Actividade Física e o Exercício Físico são também importantes no desenvolvimento da criança, contudo pretendo salientar que as características próprias inerentes ao Desporto têm grande impacto no sucesso escolar devido ao transfer do atleta para o estudante.



Dinis Anastácio
Exercise Physiologist and Personal Trainer
Advanced Health and Exercise Specialist – EQF Level 6
European Register of Exercise Professionals (EREPS)
Contacto: 962 683 291
E-mail: fitforlife-he@outlook.com 


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A guerra que não é minha....









Casa da Mãe, Casa do Pai

- Os Efeitos Colaterais do Divórcio

Há já algum tempo que o divórcio deixou de ser um tema de excepção, para representar um aspecto central na realidade das famílias portuguesas. Contudo, ainda se verifica uma grande dificuldade na reorganização familiar no processo pós-divórcio, escasseando recursos e ferramentas que suportem esta ruptura, de forma a torná-la o mais suportável para a criança.

Na verdade, a separação constitui um corte com um conjunto de papéis que têm que ser repensados, implicando um reestruturar do que se torna a parentalidade. O que se verifica, porém, é a uma profunda dificuldade dos pais em encontrarem o seu lugar neste novo papel, onde a conjugalidade aparece frequentemente confundida com a parentalidade. Estas duas realidades sobrepõem-se mais do que seria desejável para a saúde mental da criança, interpelando-se o que é ser pai e mãe de um mesmo filho, com uma relação a dois que não funcionou e que tem que ser elaborada.



Numa altura em que não há tempo para lutos e em que se procura a substituição imediata do parceiro, estes vários papéis arriscam-se a ficar submersos numa teia confusa para os adultos, mas, inquestionavelmente, com implicações para os menores. Em consulta terapêutica com pais e filhos, assistimos a esta dificuldade e intervimos como uma ferramenta desbloqueadora num trabalho que, para muitos pais, não é possível fazer sozinhos.

Recordo-me, a propósito, de um menino de 10 anos que, ao fim de algum tempo deste trabalho conjunto, conseguiu reunir os pais na mesma festa da escola. Uma vitória, postas todas as guerras a que assistiu, nas quais se sentia refugiado dentro da sua própria casa. Este mesmo menino, que vivia com grande ambivalência a relação com ambos, não sabendo que lugar ocupar num conflito armado onde era, ora puxado para a aliança com cada um deles, ora esquecido no quarto, por entre os bombardeamentos, baixou o rendimento escolar, diminuiu a interação com os outros, desenvolveu um conjunto de sintomas face à angústia gerada pela ruptura.

O processo terapêutico como recurso e o suporte dado aos pais neste processo, permitiu criar condições para a mudança de todos, melhorando, assim, o bem-estar e o equilíbrio familiar. A consulta de aconselhamento parental é uma estratégia importante nesta jornada, quando os pais não se sentem capazes de lidar com tudo isto sozinhos.


O Canto da Psicologia

Dra. Joana Alves Ferreira



terça-feira, 20 de setembro de 2016

Gomas versus frutos secos e barras saudáveis...










Com o regresso às aulas voltam as rotinas de sempre e com elas, às vezes, vícios alimentares que foram interrompidos durante as férias mas que agora, estão de volta! 

Num registo em que a obesidade infantil aumenta e que a adolescência com as suas inúmeras alterações corporais acentua ou diluí, importa  estarmos atentos às marmitas dos nossos filhos.

A dificuldade desta dinâmica familiar reside na importância de encontrar um equilíbrio entre aquilo que os filhos querem levar para lanchar e beliscar durante o dia e aquilo que os pais acham verdadeiramente  saudável, exigindo destes últimos, um esforço titânico, digno de uma batalha célebre que fique na história das famílias... 

Na delicadeza e moderação nesta batalha de pedidos e negas, o segredo pode estar em fazer dos lanches banquetes memoráveis e absolutamente apelativos e difíceis de resistir para que a relação com a marmita passe por algo estável e verdadeiramente aliciante!

Vamos a ideias:

Fruta:

Inteira, partida, com canela, assada ou em espetada

Frutos secos:

Crus, torrados com canela ou em muesli

Pão:

Porque não escolher um pão escuro tipo centeio ou trigo sarraceno ou alfarroba e desafiar o palato dos reguilas? Com ovo nunca negam!

Bolachas e Barras:

Desafie-se a fazer barras ou bolachas caseiras. Há receitas ótimas e sem açúcar com base em frutos secos, fruta fresca e sementes

Mousse:

Ouviu bem!
Existem versões ótimas com banana e abacate que são uma delícia.


Elemento comum a todas as opções, zero alimentos processados!

Desafio aceite?

Convidamos a que daí desse lado possam ir  partilhando connosco o sucesso ou insucesso desta estratégia e as alternativas que foram sendo usadas para ultrapassar as resistências normais... é uma ajuda para todos os pais com esta luta diária instalada...


Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966








quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Pacificamente, falemos de paz...








Que estranho é o ser humano, aquilo de que mais necessita é aquilo de que mais se afasta. Anseia tão desesperadamente por paz mas cedo se encontra com a guerra.

A guerra, esta, é implacável e impiedosa, assume vários rostos e aparece sem pedir autorização. Pode ser interna, manifestando-se no barulho dos pensamentos, no alvoroço dos sentimentos, ou externa, apresentando-se no desfilar das armas, dos tanques, das bombas, ou na turbulência da procura da razão. Seja como for deixa um rasto de dor, inquietação e destruição.

Que estranho é o ser humano. Procurará mesmo a paz? Então porque trás para sua casa a agitação? É muitas vezes no seio das famílias, onde as pessoas se amam, que a guerra aparece de rompante atormentando, ferindo, magoandoMuito frequentemente mães choram, pais sentem-se atormentados e as criançastão assustadas

Diferentes povos atacam-se, milhares de pessoas, para tentar sobreviver, enfrentam condições desumanasA solidariedade, muitas vezes, escasseia



Que desígnio é este a que esta nossa espécie parece não conseguir escapar?

 O homem luta para ter poder, para ter dinheiro, para ter desculpa e até para ter amor. Por muito pouco se perde a noção de que, do outro lado, está também um ser humano. Ver alguém a sofrer no telejornal torna-se habitual. Parece existir uma espécie de desumanização do humano que a todos deve assustar. Como se algumas pessoas fossem consideradas indignas de serem protegidas pelos direitos inerentes à nossa espécie. Como se fossem diferentes de nós.


O ser humano bem procura a tranquilidademas tarda em conseguir encontrá-la. Tem tudo o que precisa para viver em pazmas não o consegue fazer.

Será a guerra o estado natural do humano? Será o homem um ser sem remédio? Que não consegue suportar a felicidade de viver em paz? Que não consegue acalmar o impulso de ter de triunfar, de explorar o outro para enriquecer?

Numa sessão de terapia uma criança uma vez diz, no final de uma brincadeira em que dois exército de soldados acabaram de travar uma grande batalha Agora temos que dar este remédio a todos os soldadosneste frasquinhoO remédio tem  concentrado de amizade e cheirinho de amor. Só assim eles vão viver.” 

  
Aos 8 anos esta criança percebe qual é o remédioAfeto, respeito, capacidade de empatizar, amor

Será o ser humano capaz disso? Acredito que sim, que o afeto prevaleça e que unidos possamos ir alcançando a tão desejada paz. Por isso tantos também se debatem, se mobilizam, se tentam fazer ouvir. Quando menos se espera aparece alguém que também quer ajudar. É nesses que reside a esperança do ser humano. Nesses que esperam que a solidariedade seja contagiosa e a paz possa prevalecer e resistir. Por isso há que aproveitar todas as oportunidades para se comemorar a paz.


Sinto a falta de um mundo onde a paz seja o normal, onde a excepção seja a guerra…”



Drª Dina Cardoso
O Canto da Psicologia


terça-feira, 13 de setembro de 2016

Entre o computador, consola e Tv a guerra continua...







TECNOLOGIA E SEDENTARISMO EM CRIANÇAS E ADOLESCENDES

Na sequência da “Era do Boom Tecnológico”, vivemos num mundo onde a cada minuto aumentam as opções que prendem miúdos e graúdos ao computador, ao telemóvel, à consola ou à televisão, e na maioria das vezes acomodados em posturas incorrectas.
Pela enorme quantidade de tempo ‘presos’ aos videojogos, às conversas nas redes sociais ou à televisão, as consequências são muito mais alarmantes do que aparentam à primeira vista.

Além da evidente inactividade física que acarreta,  que conduz em larga escala ao excesso de peso e obesidade infantil e em adolescentes e a todas as patologias associadas a essa condição, sejam a Diabetes, as doenças osteoarticulares ou as alterações no crescimento, a baixa auto-estima, assistimos à exacerbação  de quadros de Ansiedade ou até mesmo de Depressão, e por último, mas não menos importante, às incorrectas posturas que podem condicionar o normal desenvolvimento físico e originam graves alterações na coluna (ex.: Escoliose; inversão da curvatura cervical originando frequente tensão e dores de cabeça), que poderão acompanhá-los para o resto da vida.
Perante este cenário, o que poderão e deverão fazer os pais para vencer a guerra contra a tecnologia?

Em primeiro lugar quero salientar a importância da consciencialização dos filhos para este problema, em segundo para a necessidade de dar exemplos saudáveis e, por fim,  para a liberdade de escolha que lhes deve ser dada, apresentando várias alternativas saudáveis, e responsabilizando-os pelos seus actos e pela sua própria saúde.
Por exemplo, se for seguro, incentivá-los a irem para a escola a pé ou de bicicleta, em lugar da monótona viagem de carro; limitar o tempo despendido no computador ou telemóvel a um máximo de 2 horas diárias e propor diferentes actividades desportivas e/ou de lazer ao ar livre para que escolham a que mais lhes agrade.







Deverá ter sempre em mente que os filhos seguem o exemplo dos pais, por isso procure realizar essas actividades com eles e não apenas ‘obrigá-los’ a executarem-nas como ordens. Além dos benefícios da actividade na saúde física proporcionar-vos-á momentos únicos em família, que irão promover a interacção com a natureza,  sensações de relaxamento e bem estar e um desenvolvimento físico e psicológico muito mais saudável, que certamente se irá repercutir positivamente no desempenho escolar dos seus filhos.




Dinis Anastácio
Fisiologista do Exercício e Personal Trainer
Telem: 962 683 291
fitforlife-he@outlook.com




quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Tal pai tal filho...









“De pequenino se torce o pepino”

No mês em que as crianças regressam ou iniciam os seus ciclos escolares podemos reflectir sobre as seguintes questões: Como as crianças reagem à entrada na creche ou no pré-escolar pela primeira vez? Porque a saúde mental começa no bebé qual a importância dos primeiros três anos de vida na construção da identidade?

A nossa sociedade e, principalmente, a portuguesa não privilegia a saúde do bebé. As mães apenas têm quatro meses de baixa de maternidade e a figura paterna pode ter um mês, neste contexto, colocam-se os bebés de 5 ou 6 meses em creches, em ambientes totalmente novos sem a relação privilegiada tão fundamental para a sua saúde.

Esta sociedade que ignora completamente a primeira infância, apesar das inúmeras e exaustivas investigações científicas que sublinham a importância, desta fase de desenvolvimento, para saúde quer física quer mental do futuro adulto. Sabemos que nos países ditos “mais desenvolvidos” no Norte da Europa os pais podem ter direito a 3 anos de baixa, de forma a poderem dar a atenção necessária e a qualidade relacional ao seu bebé. Contudo em Portugal a realidade é bem diferente pelo que as consequências têm vindo a notar-se, cada vez mais se medicam as crianças e se diagnosticam com atraso de desenvolvimento, hiperactividade e deficit de atenção.

À medida que a sociedade avança mais se desumaniza, os bebés não têm direito a ficar bebés, as crianças têm de crescer rapidamente e, depois, transformam-se em adultos incompletos, com falhas no desenvolvimento psicoafectivo, de difícil acompanhamento psicoterapêutico. A prevenção é, assim, totalmente ignorada e consequentemente multiplicam-se as problemáticas na saúde mental. Segundo dados da OMS estima-se que em 2030 a Depressão seja a doença com mais incidência no mundo, esta doença mental tem vindo a aumentar. Contudo porquê falar do desenvolvimento infantil? A infância é como a coluna vertebral da identidade do sujeito, a base da pirâmide psíquica. A qualidade das interacções precoces com o bebé vão promover um sentido de pertença e de segurança, na criança, que irá se repercutir até a fase adulta.




 Mitos sobre o desenvolvimento dos bebés: “O bebé ou a criança não percebem nada do que se diz ou se faz... Apenas querem cuidados básicos desprovidos de afectos... O ambiente familiar não influencia os bebés, pois ainda não têm consciência” Estão completamente incorretos, os bebés são autênticas esponjas emocionais, detetam e sentem, na pele, todos os ambientes afetivos exteriores. Se a família for muito disfuncional, se os pais promovem ambientes conflituosos, então os bebés irão sofrer tal como os pais.

Estudos revelam que o recém-nascido apresenta elevados graus de cortisol que consiste numa hormona responsável pelos níveis de reactividade ao stress ou ansiedade. Contudo, esta reactividade ao stress tende a diminuir ao longo do primeiro ano de vida, à medida que a relação precoce entre cuidador e bebé se regula, sendo que depende da contingência e sensibilidade das figuras parentais. Verificou-se correlação entre a falta de sensibilidade do cuidador aos sinais do bebé e a continuidade ou até mesmo um aumento dos níveis de cortisol ao longo da infância. Esta situação pode prolongar-se para a fase adulta (e sucessivas gerações) através da criação de padrões fixos de resposta ao stress que envolvem o funcionamento restrito de neuro transmissores e de glucocorticoides.

 Um clima emocional precoce de stress, repleto de emoções negativas, leva o bebé a não conseguir atingir um estado de equilíbrio homeostático, estando permanentemente receoso por não encontrar, na relação, alguma significação que permita acalmar este estado. A regulação hormonal do medo depende, essencialmente, da capacidade que os pais têm para estabelecer comunicações empáticas, de partilha de estados mentais e afectivos e, assim, conterem a ansiedade do bebé.

 As investigações verificaram que este tipo de relação leva as crianças a desenvolverem instrumentos de gestão emocional, bem como, está associado a uma maior capacidade de aprendizagem e concentração.

O bebé exige muito dos pais, da sua atenção, precisa de se certificar que é amado e respeitado. Se assim for vai crescer com amor-próprio e confiante das suas capacidades. Todos os comportamentos, acções, e atribuições de carácter dos pais aos filhos vão ter consequências na construção de identidade dos bebés. O bebé vai querer sempre se adequar às expectativas dos pais quer sejam positivas (conscientes) quer sejam negativas (inconscientes). Quer uma criança feliz? Então trate da sua felicidade.


Dra. Mafalda Leite Borges

Canto da Psicologia



terça-feira, 6 de setembro de 2016

Dieta parte 2...









Reentrée da Dieta

Vejamos esta pequena rábula com um dos maiores atletas de todos os tempos: Michael Phelps:



Acabou de ver um diário das férias?

Ao coleccionar tantos erros, durante as férias, há necessidade de voltar à “normalidade” mas há sempre quem queira vender o milagre da dieta feliz e sem sacrifício.

Não existe mas podemos dar um novo significado à palavra sacrifício.

Sacrifício: pôr de lado os deliciosos bolos, gelados e petiscos;

OU

Sacrifício: pôr em causa a nossa saúde por comportamentos de risco com uma má alimentação e um estilo de vida sedentário;


Não busque milagres apenas tire dentro de si a vontade de exercitar-se e comer saudavelmente, mas sem extremismos de pós-férias, não é preciso!


Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966




quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Carta de uma criança que vai entrar na escola...










CARTA DE UMA CRIANÇA PEQUENA QUE VAI ENTRAR NA ESCOLA


Querida mamã,

No ano passado viste-me chorar quando me deixaste no jardim-de-infância e eu, demorei um ano inteiro para te perceber: também tens saudades minhas.

E agora que vou para a escola vejo-te preocupada e de olhar bicudo… mamã está tudo bem! Sim eu vou chorar, sim, também não vou querer lá ficar alguns dias, mas agora tenho a certeza que tens saudades minhas e isso conforta-me.

Também estou preocupada mamã. Também fico com o olhar bicudo. O desconhecido é sempre uma aventura, e eu tenho esse nome algures no meu cartão de cidadão especial. Digo-te mamã, está tudo bem. Vou ter dúvidas e receios, vou sentir-me triste e com medo mas agora sei mamã que tu tens saudades minhas e isso motiva-me.

Vou aprender e descobrir, vou ter novos amigos e outros adultos e vou conhecer a palavra “curiosidade”. Não é que eu já não a conheça, mas agora vou experimentá-la. E quando me quiseres perguntar como foi o dia, diz “Qual foi a melhor coisa que te aconteceu hoje na escola?” e eu vou responder-te, de sorriso aberto que foi ter a certeza que tu tens saudades minhas, apesar de usar outras palavras e isso tranquiliza-me.

E se algum desses dias, provavelmente o primeiro, me refugiar nas tuas costas e te abraçar ao contrário, não precisas de me dizer nada. Abraça-me de frente e deixa-me ficar só um bocadinho enrolada como se fosses um cobertor: o teu cheiro dá-me a certeza de que vais ter saudades minhas e isso segura-me.

Porque ter saudades de alguém é pertencer e eu pertenço-te e porque pertencer-te não significa que sou tua mas que me amas… em todos os dias da escola, os fáceis e os difíceis, eu vou ter a certeza de que há um coração gigante para o qual vou sempre voltar e que o amor não se mede, ponto. É infinitos e mais e mais e mais…


Drª Lúcia Paço
O Canto da Psicologia