quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O Natal também pode ser lixado…






Alguém me perguntava, há uns tempos, onde vou buscar a inspiração e este meu lado enternecedor tão bem exposto na escrita natalícia, deliciosa e cheia de afecto;  respondi: 
-Tenho a minha criança arrumada e pacificada com muito carinho dentro do meu coração;  é esse o meu segredo...

Desde que me lembro que o Natal sempre me surpreendeu pelo encantamento e magia  com que alimentou a minha crença absoluta na existência de um velhinho de barbas brancas que, por artes mágicas, se multiplicava e, sem esforço, chegava a todas as crianças espalhadas pelo mundo inteiro no exacto momento das 12 badaladas que  anunciavam a meia noite.

A vida, e não me queixo, tratou de arrumar dentro de mim as coisas no lugar certo; fui sempre alimentando nos meus e mais particularmente na minha filha, a ideia de que a magia, esta coisa irreal e fantástica, consegue, por artes circenses, erradicar a tristeza e colocar no rosto de todos uma felicidade momentânea, infinita mas real, mesmo que seja por segundos e durante dois dias: a véspera e o dia de Natal; e consegui; consegui deixar perfeitamente enraizado este legado de alimentar, dentro de nós, a existência desta capacidade única, no ser humano, de fantasiar e criar  todos os pais Natal e mães Natal do mundo; as crianças precisam e os adultos também!

Mas, a vida prossegue e sem darmos por isso os anos vão passando, levando com eles muito dessa magia e deixando para trás uma realidade que faz emergir em nós a ideia de finitude sentida  pelas  perdas, separações e lutos que, de uma maneira simbólica, tomam forma nesta altura do ano pelos lugares deixados vazios na mesa de Natal. 

Dizia alguém, numa fila qualquer:
 - Eu não gosto do Natal! Sou só eu e às vezes o meu neto! 
Pergunto-me, internamente:
Mas, provavelmente,  já houve tempos em que gostou,não?  e deixo-me pensar:... pois, se calhar sim… mas agora não.

Há de facto quem não goste do Natal! Há de facto quem, com todo o respeito por isso,  nesta época se sinta desmesuradamente infeliz, solitário, nostálgico e que canaliza para a época festiva a razão da sua tão acentuada tristeza; talvez porque a mesa já teve um tempo em que esteve completa e sem lugares vazios; talvez porque o projecto de família reinventado todos os Natais, ruiu, falhou; talvez porque já não tenha família; talvez porque é passado na estrada, só com o filho/a, entre a sua e a casa do ex-marido, ou ex- mulher; talvez porque se perdeu alguém ou se está em vias de perder alguém demasiado importante na sua vida ; talvez porque não se tenha rigorosamente nada para comemorar; talvez porque não se acredite no Natal.

Há de facto quem, com todo o respeito por isso, não goste do Natal! Há de facto quem, com todo o respeito por isso, nunca ligou ao Natal! Ou será que é obrigatório estar e ser-se feliz no Natal?


Como alguém dizia mais acima: “- Eu não gosto do Natal!”! Eu direi, eu continuarei a gostar enquanto tiver razões que me façam continuar a acreditar na magia do Natal ;mas, há dias, em que claramente eu não tolero e não gosto da felicidade sentida como imposta e obrigatória que, diariamente e através das redes sociais, dos mídia e afins, nos impingem, nos injectam, parecendo não tolerar , nem aceitar, todo este sentir contrário mas também tão real nesta época, só porque é Natal...
Porque às vezes, ele é efectivamente triste, vazio, nostálgico, solitário, ele é efectivamente lixado mas, parece que não nos é permito sentir, nem falar assim do Natal...

Com todo o carinho e respeito por quem daí desse lado nos acompanha e nos escolhe, a Equipa d’ O Canto da Psicologia deseja a todos um feliz Natal!



Ana de Ornelas
Directora Técnica
O Canto da Psicologia






quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Minhocas no Ouvido...






 A música daquele novo anúncio que passa na rádio não lhe sai da cabeça? Até nem gosta do Tony Carreira, mas não consegue parar de assobiar os “Sonhos de Menino”? Relaxe! Não está sozinho: a ciência tem uma explicação.

Frequentemente, acordamos de manhã e damos por nós a trautear uma melodia, por vezes sem sabermos sequer a sua origem – sem o conseguir evitar, passamos o resto do dia, ou até da semana, com essa música na cabeça. Intitulado pela ciência de Involuntary Musical Imagery (INMI) ou Stuck Song Syndrome (SSS), e mais vulgarmente conhecido por earworm (em português “minhoca do ouvido”), este fenómeno é na verdade bastante frequente e consiste numa música ou trecho musical que é constantemente relembrado e repetido mentalmente. De uma forma geral, são canções fáceis de memorizar, que poderão surgir espontaneamente ou ser desencadeadas, por exemplo, por algum tipo de emoção associada. 
Num estudo publicado em 2016 na revista da American Psychological Association, os investigadores chegaram à conclusão de que existem certos fatores preditores da possibilidade de uma música se vir a tornar num earworm, avançando que estas são normalmente mais rápidas e simples em termos melódicos. James Kellaris, da Universidade de Cincinnati, descreve este fenómeno como uma “comichão cognitiva” (do inglês cognitive itch): certas músicas funcionam como picadas de mosquito, criando uma “comichão” que apenas pode ser “coçada” pelo próprio reproduzir da música na cabeça – quanto mais o cérebro “coçar”, pior a “comichão” irá ficar. 

De uma forma geral, o fenómeno das “minhocas do ouvido” não apresenta qualquer tipo de problema, mas ainda assim, em alguns casos não tão frequentes, poderá causar perturbações desde distração a ansiedade, sendo que indivíduos que o experienciem como algo extremamente desagradável e stressante estão mais sujeitos a apresentar sintomas de perturbação obsessivo-compulsiva. O que é certo é que quanto mais tentamos suprimir a canção, mais o seu ímpeto aumenta, num processo mental conhecido como “efeito de ricochete”, desenvolvido pelo psicólogo americano Daniel Wegner. Desta forma, ao tentarmos ver-nos livres destas “minhocas”, parece que o melhor será não tentar bloqueá-las de uma forma ativa, mas sim tentar empreender noutro tipo de atividades distratoras, como por exemplo praticar atividade física, ouvir diferentes tipos de música, ou até mesmo mastigar pastilha elástica.

Na Internet é possível encontrar listas intermináveis de soluções para todos os gostos. Um grupo de investigadores da University of St Andrews na Escócia desenvolveu uma fórmula matemática que pode ser aplicada na explicação deste fenómeno. Segundo estes investigadores, aqui fica a lista do top20 de algumas das mais famosas “minhocas de ouvido” de sempre:

1) Queen – ‘We Will Rock You’ 
2)  Pharrell Williams – ‘Happy’ 
3) Queen – ‘We Are The Champions’ 
4) The Proclaimers – ‘I’m Gonna Be (500 Miles)
5) The Village People – ‘YMCA’ 
6) Queen – ‘Bohemian Rhapsody’ 
7) Europe – ‘The Final Countdown’ 
8) Bon Jovi – ‘Livin’ On A Prayer’ 
9) James Pierpoint – ‘Jingle Bells’ 
10) Baha Men – ‘Who Let The Dogs Out?’ 
11) Psy – ‘Gangnam Style’
12) Rick Astley – ‘Never Gonna Give You Up’ 
13) Journey – ‘Don’t Stop Believin’ 
14) Mark Ronson – ‘Uptown Funk’ 
15) Taylor Swift – ‘Shake It Off’ 
16) Michael Jackson – ‘Beat It’
 17) Kaiser Chiefs – ‘Ruby’ 
18) The Rocky Horror Show – ‘The Timewarp’ 
19) Meghan Trainor – ‘All About The Bass’ 
20) Culture Club – ‘Karma Chameleon’ 


João Silva
- Mestre em Música pela Escola Superior de Música de Colónia;
-Trompetista e Professor de música e investigador no Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da       Universidade de Évora;
- A realizar o Doutoramento em Música e Musicologia na Universidade de Évora





quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

E quem é feliz , faz feliz os outros...






E quem é Feliz faz Feliz os outros

Quando foi que as crianças deixaram de sonhar e os adultos de acreditar?

Já a iniciar o balanço do ano que finda é inevitável que comecemos igualmente a ocupar o pensamento com os desafios que irão surgir no ano que vem por aí a passos largos; como será o ano de 2018, ainda incipiente: igual ao último? Que caminhos novos vamos percorrer? Estamos preparados para sermos felizes?

 Quando pensamos que os adultos de hoje são produto da criança que foram, o melhor presente que os pais podem dar aos seus filhos é a capacidade de Sonhar! Sonhar é a esperança, sonhar liberta maus sentimentos, faz com que venha à tona o nosso melhor e quando sonhamos juntos, então, a vida ganha outra cor, tudo fica leve e o que criamos, por mais simples que seja, ganha novos contornos.

A vida é bênção! Basta, simplesmente, olhar e contemplar a natureza para ter essa certeza dentro de nós, como é bonito tudo à nossa volta! As flores, as folhas das árvores que caiem, os passarinhos que cantam autênticos cânticos de paz e ternura, as nuvens no céu que parecem algodão doce. Se alguma duvida houvesse, dissiparia, com a simples observação sobre o que nos rodeia, esta prática poderá ser, essencialmente espiritual, também somos seres espirituais, uma vez que filosofamos sobre a nossa existência.

 O amor advém da fé, da fé na vida, do bom sentimento que nos completa e que nos faz seguir e construir mais. O amor é fé, na vida, fé no outro, fé em nós, está interligado, são indissociáveis, fé e amor! Não existe amor sem acreditar! Acreditar no melhor da vida e que dias melhores virão, apesar de alguns percalços que possam surgir.

Um dia perguntei a uma criança sábia na minha consulta; O que desejas? Ela retorquiu desejo continuar a desejar! De facto é o melhor presente que um ser humano pode ter, uma vez que quando acreditamos e desejamos, estamos sempre protegidos, isto porque, temos fé que as coisas boas nos podem acontecer e mesmo, perante as situações adversas, nós podemos nos agarrar aos nossos desejos, à nossa capacidade de sonhar. Já dizia o Fernando Pessoa “matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso”, nada nos caracteriza mais do que os nossos sonhos, do que a nossa capacidade de criar, imaginar coisas boas a acontecer.

Muitas crianças hoje não sonham. Onde estão os sonhos das crianças? É urgente plantar nas crianças a capacidade simbólica de sonhar mas, para isso, é necessário que os adultos nunca deixem de acreditar, de ter paz e esperança. É necessário adultos com paz interior, o que nós psicólogos chamamos de “constância objectal interna”, o sentimento de estar seguro de ser bem amado e que mesmo em dias de tempestade, há uma confiança, que apazigua a ansiedade de que tudo se vai solucionar da melhor maneira (o que chamamos, também, de vinculação segura).

Que o ano que vem já por aí, o 2018, possa trazer com ele a capacidade de continuar a sonhar, que os sonhos continuem a existir, que a esperança encha o coração e guie todas as decisões. Pois quem é feliz faz felizes os outros! Não esqueça, quanto mais cuidar de si, mais cuidará dos outros que ama.

Drª Mafalda Borges

O Canto da Psicologia


terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Frio, a quanto obrigas...







Chega o frio e com ele, o uso de roupas mais quentes para treinar e para supostamente perder mais peso. Usa várias camisolas para treinar na esperança de transpirar mais e consequentemente emagrecer? Acha que é a solução ideal? Dizemos-lhe, claramente que não!
A acumulação de várias camadas de roupa durante o treino poderá levar à perda de peso, mas esta será à custa da desidratação do seu corpo, assim que voltar a repor os líquidos, o organismo recuperará o peso perdido. Por outro lado, a utilização de roupas em excesso pode provocar:

- Desidratação e défice de sais minerais;
- Fadiga mais precoce;
- Recuperação mais lenta;
- Cãibras;
- Maior propensão para lesões musculares.

Já sabe, nestes dias de mais frio e de aproximação da época natalícia procure apenas agasalhar-se o suficiente para manter a temperatura corporal estável, não será com roupa em excesso que irá perder mais peso ou gordura.


Bons treinos e boas festas


Hugo Silva 
Instagram: hugo_silva_coach
Linkedin: http://linkedin.com/in/hugo-silva-1b8295132
-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre 




segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

O Natal? Na casa da mãe ou, na casa do pai...






Cecília, 9 anos.

" - Sabes, vem aí o Natal! Falta pouco mais do que uma semana...
- É verdade! 
- Todos os anos é uma confusão, sabes?
- Como assim?
- Este ano, já está mais ou menos pensado assim:  no dia 24 vou com a mãe para a casa dos avós e janto lá mas não abro os presentes; depois, o pai vem-me buscar, vamos para a casa dos avós, abro os presentes e durmo lá; no dia 25, acordo, tomo o pequeno almoço com o pai e vou novamente para a casa da mãe e dos avós, abro os presentes e fazemos o almoço de Natal e depois fico por lá...
- O teu Natal é muito movimentado mesmo, é sempre assim?
- É! Mas, todos os anos muda; este ano fico o dia 24 com o pai e o dia 25 com a mãe; para o ano, tal como no outro, trocamos! Mas sabes, a minha sorte é que os meus pais moram por aqui perto; às vezes lembro-me da minha amiga Mónica que todos os anos não sabe se fica por Lisboa ou se vai para Faro! E eu gosto mesmo de conseguir estar com os dois...
- No meio dessas "andanças" todas, afinal de contas , consegues lidar bem com essa confusão...
- Consigo pois! Sabes, no fundo, no fundo, eu gostava mesmo de não ter que andar de um lado para outro e estarmos todos juntos mas, conseguimos estar à mesma só que de forma diferente do Manuel lá da escola; e o Pai Natal encontra-me sempre... às vezes, mas isto é só a minha imaginação, eu acho que oiço os sininhos e as renas a acompanhar-me quando vou de um lado para outro... mas não te preocupes,  é só a minha imaginação... "


A adaptação e a capacidade de poder continuar num encantamento natalício procurando, talvez ,aquilo que já teve algures num tempo que não se recorda mas que se mantém constante nas memórias das células, é riquíssima no mundo interno de qualquer criança; para o adulto, o recheio de memórias sobre o Natal compõe-se a partir de vivências armazenadas ao longo dos tempos, do seu tempo que não o tempo da criança... afinal de contas a criança vive, revive e recria um mundo só seu que lhe traz igualmente magia mesmo que a tenha que repartir entre dois mundos...

Mas afinal, o que é isto do Natal? 

Com diferentes datas, com diferentes significados sociológicos, em diferentes religiões, Natal significa nascimento. É, para nós, ou para muitos de nós, família. E cada vez que se celebra o nascimento de uma criança, celebra-se também o nascimento de uma nova família.


Existem diferentes tipos e modelos de famílias, cada vez menos nos prendemos a uma ideia de família tradicional, em que os pais têm papeis e funções fixas. Cada vez mais nos permitimos olhar e aceitar uma diversidade de modelos familiares que nos transportam para a possibilidade de organizar e estruturar diferentes modos de subjectividade emocional e psicológica.


Para uns, o Natal é passado em casa com o pai a mãe, o avô, a avó, os tios e os primos… para outros, o Natal é comemorado em vários sítios. Não existe uma receita ideal para passar o natal- nenhuma forma é melhor ou "mais saudável". O mais importante é a existência de vínculos e afectos tranquilos e apaziguadores que permitam que a criança possa movimentar-se nestes ciclos familiares de forma o mais serena possível.


E já agora, que se esteja a preparar um Feliz Natal!!


Drª Inês Lamares

O Canto da Psicologia






quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Fobias - Medo do Medo...








A fobia é entendida como um medo persistente, intenso, excessivo e irracional na presença ou antecipação de determinada situação ou objeto. Este medo é desproporcional à ameaça, mas é vivido internamente pelo indivíduo com uma dimensão catastrófica, não obstante poder reconhecer a irracionalidade dos seus receio.

Existem três tipos básicos de fobia: agorafobia: medo generalizado de estar em espaços abertos, onde seja difícil ou embaraçoso sair; fobia social: medo de situações onde é submetido à avaliação de outras pessoas; fobia específica: nas fobias específicas o indivíduo tem medo de algo característico e específico, como por exemplo, animais, fenómenos naturais, etc.

O evitamento daquilo que causa o medo é a reação mais frequente, contudo, é também a mais complicada, porque limita as atividades da pessoa e perpetua um ciclo de repetição. Deste modo, a situação ou objeto é evitado a todo custo ou, no limite, suportados com grande sofrimento.

A fobia constitui a representação de um conflito interno inconsciente, que é deslocado para o objeto escolhido. Significa, por isso, que na origem de um quadro fóbico estarão vivências anteriores, as quais terão sido dolorosas para o sujeito e que cuja raiz estará na infância ou no decorrer do seu desenvolvimento, mas que emergem posteriormente através da sintomatologia que emerge na fobia.

Significa, por isso, que a psicoterapia psicanalítica é uma via de trabalho eficaz para  o tratamento deste quadro clínico, na medida em que permitirá ao sujeito uma melhor compreensão de si e dos fatores originários que estarão na raiz do seu problema.


O Canto da Psicologia,

Dr. ª Joana Alves Ferreira





terça-feira, 28 de novembro de 2017

Agachar! Eis a questão!!








O agachamento é fundamental no padrão de movimento para o ser humano. A passagem do chão a quatro apoios para a posição bípede é feita com o agachamento logo nos nossos primeiros anos de vida. Quando nos sentamos numa cadeira, ou quando entramos no carro estamos a agachar. Existem uma série de movimentos diários que nos fazem agachar. Nos ginásios, ou em qualquer espaço de treino, quase todas as rotinas incluem agachamentos. Já deve ter ouvido que o agachamento deve ser feito em grandes amplitudes, porque é mais funcional, porque aumenta a força, porque melhora a mobilidade, porque aumenta a massa muscular, etc. Vejamos então alguns aspetos sobre este fantástico exercício:

- A intensidade do agachamento só será maior em grandes amplitudes, caso consiga manter a mesma carga; apaguei
- O aumento da força será conseguido em amplitudes menores, porque a força máxima está dependente de forma geral por fatores nervosos e morfológicos, logo: menor amplitude, maior carga;
- A amplitude de agachamento depende em grande medida das proporções músculo-esqueléticas de cada indivíduo;
- Aumentos de massa muscular parecem beneficiar de maiores amplitudes no agachamento;
- O agachamento por si só, já é um movimento funcional, não existem ganhos visíveis em acrescentar variações;
- Grande parte dos atletas, em diversas modalidades, trabalham com amplitudes mais curtas quando executam este movimento (futebol, basquetebol, voleibol, ténis, atletismo, etc) logo, parece ser mais benéfico trabalhar maiores amplitudes durante períodos gerais ou de regeneração;
- Ao realizar o agachamento ou a preparação para o movimento, pode utilizar uma banda elástica, acima do nível do joelho e externamente à coxa, mantendo o alinhamento dos joelhos durante a execução. Assim, conseguirá ter uma maior ativação muscular do glúteo médio e do grande glúteo.


Em jeito de conclusão, para o cliente comum de ginásio ou desportista em geral, o agachamento paralelo acarreta poucos riscos articulares e é bastante benéfico. Bons treinos...

Hugo Silva 
Instagram: hugo_silva_coach
Linkedin: http://linkedin.com/in/hugo-silva-1b8295132
-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre 




segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Agressivo? o que é isso?







“Estou tão  zangada hoje, mas isto fica tudo cá dentro de mim… Depois, há um momento em que não aguento mais, parece que vou explodir, que tenho de fazer alguma coisa. E é por isso que me corto ou que tenho ataques de pânico. É como se isso me libertasse. Esta zanga fica toda para mim, se me quisesse zangar contigo, simplesmente não conseguia, não sabia como… não quero magoar os outros ou sentir que posso ser injusta…"
Adolescente, 14 anos


As primeiras interações do bebé surgem com os pais e é neste plano que se cria um espaço onde podem começar a existir as primeiras relações. É na relação com os pais e com os outros mais significativos que a criança apreende e aprende como é o mundo à sua volta. É no ambiente familiar, neste espaço externo acolhedor, contentor e securizante, (física e psiquicamente) que a criança aprende a organizar-se internamente e a regular-se emocionalmente. É neste espaço (cá de fora) que a criança começa a fabricar todas as coisas que podem existir dentro dela.

Através das constantes interações entre pais e filhos vão-se criando as histórias dos afetos para a criança. Estas histórias, carregadas de fantasia, de príncipes e princesas, de monstros e dragões, de espadas e pistolas, de bons e de maus, e , acima de tudo, repletas de coisas secretas, que tantas vezes são confusas, levantam ansiedades e dificuldades para a criança e para os pais.
Enquanto adultos, a maioria das vezes, conseguirmos reconhecer o que vemos e o que sentimos e conseguimos elaborar a forma como nos expressamos. Enquanto crianças, este pensar sobre as coisas é facilitado, desenvolvido e aprendido através das relações com os pais. Acontece, muitas vezes, que a criança, não conseguindo perceber o que sente e não sabendo ainda muito bem o que pensar ou como pensar, age. Esta ação é a forma da criança descarregar todas estas coisas que acontecem dentro dela e que ainda não consegue perceber muito bem.

Ouvimos, muitas vezes, histórias de crianças que mordem na escola, que batem, que empurram. Histórias de crianças protocoladas como “agressivas”. Muito poucas vezes ouvimos falar da criança bem-comportada, com boas notas e que é muito amiga do seu amigo, mas que às vezes fica um pouco agitada, meio que sem sentido. A agressividade que vem para fora assusta-nos, a que fica cá dentro aquieta-nos.
É quase como se a agressividade (a vivida e visível e a vivida, mas invisível) fosse o monstro ou o dragão que nos vem perseguir e destruir. Mas não temos em todas as histórias um monstro ou um dragão? Apesar deste monstro ou dragão  não ter que ser  necessariamente mau, é  assustador. É assustador, essencialmente, porque não sabemos falar a língua dele. É mais ou menos isto que acontece nestes relatos de agressividade: enquanto pais e educadores, assustamo-nos com estes comportamentos ditos “agressivos” e damos-lhes uma conotação disfuncional.  Contudo, na maioria das vezes, estes comportamentos são bastante saudáveis, pois são a forma que a criança tem de nos mostrar que há  algo a acontecer dentro dela, alguma coisa que não está a saber muito bem o que é nem como pensar nela,  expressá-la ou até mesmo como calá-la. Então, descarrega-a através do comportamento.


É importante podermos, enquanto adultos, conter, ajudar a elaborar, explicar, aceitar, cuidar e conversar sobre as histórias do mundo interno da criança, sendo personagens ativas nestes mundos de fantasia, que ajudam a criança a organizá-los e a aprender a expressá-los (mesmo quando as coisas estão caóticas ou desorganizadas).



Drª Inês Lamares
O Canto da Psicologia






terça-feira, 14 de novembro de 2017

Porque não há desculpas...








Chega a esta altura do ano, os dias são mais curtos, o frio aperta, o sofá chama por nós, as épocas festivas aproximam-se, os jantares de Natal não param e muitas vezes o ginásio acaba por ficar para segundo plano na agenda.

Se tem o tempo contado ou menor vontade para treinar, deixamos-lhe aqui algumas dicas para o ajudar a manter e/ou aumentar a massa muscular e a acelerar o metabolismo:

- Dê prioridade à intensidade, menos volume de treino mas mais intenso. 30 minutos de treino de força intenso podem ajudar a acelerar o metabolismo por mais de 24 horas;

- Procure fazer exercícios que envolvam uma grande quantidade de músculos. Por exemplo: agachamentos, peso morto, elevações, flexões, etc; em detrimento de exercícios isolados;

- Execute os exercícios com a melhor técnica possível, dando ênfase à amplitude do movimento. Desta forma está a criar maior tensão mecânica no músculo e a prevenir o aparecimento de possíveis lesões;

- Respeite a pausa entre séries e dê o devido descanso ao músculo. Repita o treino para o mesmo grupo muscular após 48-72 horas depois, só assim terá benefícios fisiológicos;

- Evite exercícios aeróbios de longa duração, que irão comprometer o desenvolvimento muscular e não alterarão o metabolismo;

- Procure um profissional de exercício e saúde que o ajude a construir um plano de treino adequado, por forma a rentabilizar o tempo e a qualidade do mesmo.



Bons treinos


Hugo Silva 
Instagram: hugo_silva_coach
Linkedin: http://linkedin.com/in/hugo-silva-1b8295132
-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre 


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A mulher mais bonita lá da rua...







No outro dia voltei a ver a mulher mais bonita lá da rua.

Continua indomavelmente bonita e tratava do jardim.

A mulher mais bonita lá da rua deu-me três amigos, gosta de gatos, socialistas e sportinguistas. Tem rosto de maçã e deixava-me tocar viola. Fui mais menino e adolescente nos serões que dividimos na sua sala.

A mulher mais bonita lá da rua ouvia-me, conhecia-me todas as asneiradas e namoradas. Não é família e isso ainda a torna mais bonita não sei porquê, mas sabe-me bem não saber.

A mulher mais bonita lá da rua é realeza porque se chama Clarisse Virgínia, graça que nos inunda de respeito.

No outro dia voltei a ver a mulher mais bonita lá da rua. Continua irremediavelmente bonita.

Nunca chamei amiga, querida e muito menos vizinha à Dona Clarisse. Também jamais tive coragem de lhe dizer todas as coisas que ela é e ela é a mulher mais bonita lá da rua.

Quando perder de vez a pouca vergonha que me deram, ainda visto meu melhor fato e levo-a a passear.

É o desejo de um antigo menino que se sentava do outro lado do muro, de brinquedo na mão a ver a tarde passar pela mulher mais bonita lá da rua.



FILIPE ALEXANDRE DIAS
O Canto da Psicologia


terça-feira, 7 de novembro de 2017

O Magnésio das nossas vidas...






Provavelmente estou a repetir algo que já lhe disseram inúmeras vezes, mas nunca é demais: o magnésio é muito importante na nossa saúde!

Porquê?

O magnésio é um mineral que pese embora precisemos em baixas quantidades torna-se fundamental no nosso organismo.
Está presente em centenas de processos bioquímicos.

Diz-se na brincadeira que para quase todos os desequilíbrios e patologias podemos ter sempre o magnésio como solução. Não é bem assim, mas não anda muito longe da verdade.

Vejamos aprofundadamente:

1.     A nível neurológico participa na formação de serotonina, que tem diversas aplicações: depressão, ansiedade, controlo do humor, controlo do apetite.

2.     No controlo da glicemia tem especial importância, o magnésio ajuda a melhorar a sensibilidade à insulina. Mormente em casos de excesso de peso ou insulinoresistência é normal haver perdas de magnésio ou défice do mesmo.

3.     A nível ósseo, o magnésio tem papel de destaque na absorção de cálcio. É essencial a sua presença. Não é estranho que quase todos os suplementos de cálcio no mercado tenham magnésio na sua constituição.

Para além de controlar o magnésio nas suas análises de rotina pode averiguar se tem os seguintes sintomas: cãibras, dores de cabeça, cravings, vontade de comer açúcares, cansaço, ansiedade... são tudo sintomas de possível falta de magnésio.

Aposte nos alimentos ricos em magnésio: à Vegetais de folha verde escura (brócolos, couves, agrião, etc.), sementes de abóbora, frutos secos oleaginosos (ex.: amêndoa)

E mantenha-se saudável...



Júlio de Castro Soares
Nutricionista
Tlm.: 962524966

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Still got the blues...






Os benefícios do treino musical para o desenvolvimento cerebral.


Considerada como uma das mais antigas formas de arte e expressão, a Música tem acompanhado a evolução da Humanidade desde os seus primórdios, e já na Grécia Antiga a aprendizagem musical era encarada como um dos pilares fundamentais do sistema de educação e do desenvolvimento humano. Atualmente, a neurociência é unânime em afirmar que o treino musical, especialmente quando feito em fases iniciais do desenvolvimento, traz inúmeros benefícios para outros domínios cognitivos, como a linguagem ou matemáticas, e diversos estudos apontam para diferenças funcionais e estruturais significativas entre os cérebros de músicos e não-músicos. Os músicos adquirem e praticam constantemente uma imensa variedade de complexas capacidades motoras, auditivas e multimodais, convertendo a notação musical visual em comandos motores, enquanto monitorizam simultaneamente o resultado musical e recebem feedback multissensorial. 

Num estudo publicado na revista Psychological Science, um grupo de crianças de 6 anos de idade, quando expostas a um ano de aulas de voz ou piano, revelaram um aumento significativo no seu QI comparativamente às do grupo de controlo que não receberam qualquer formação, sendo que o treino musical surtiu efeitos em virtualmente todos os sub-testes de medição do quociente de inteligência. Nos resultados iniciais de um estudo longitudinal de 5 anos, da co-autoria do neurocientista português António Damásio, publicados recentemente no jornal Developmental Cognitive Neuroscience, verifica-se que a instrução musical parece acelerar o desenvolvimento cerebral em crianças, nomeadamente em áreas cerebrais relacionadas com o processo auditivo. Como avançam os investigadores, este tipo de maturação pode favorecer o mais rápido e eficiente desenvolvimento de aptidões linguísticas, já que alguns dos processos neurológicos são partilhados pelas duas áreas. Uma outra equipa de investigadores demonstrou, num artigo publicado no Journal of Neuroscience, que adultos que receberam instrução musical em crianças têm respostas cerebrais mais robustas do que os que nunca tinham tido quaisquer aulas. Foi também provado que as alterações na anatomia e funcionamento do cérebro decorrentes do treino musical em criança persistem na fase adulta, mesmo depois de o treino ter cessado.

Não terá sido por acaso que a música tenha sido parte integrante e fundamental da vida de Albert Einstein, uma das mais brilhantes mentes da Humanidade. Tendo aprendido piano e violino com a sua mãe ainda bastante novo, rapidamente desenvolveu um grande interesse e aptidão pelo segundo instrumento. Para além de tocar em público frequentemente, Einstein usava a música e o violino quase como uma técnica de brainstorming enquanto desenvolvia as suas teorias. Uma recente análise realizada ao seu cérebro revela que uma das pistas para a sua inteligência sobre-humana poderá estar relacionada com o extraordinário desenvolvimento do seu corpo caloso, bem como a conexão invulgar entre os dois hemisférios, características inequivocamente associadas à aprendizagem musical em crianças. 

Hoje em dia, numa sociedade cada vez mais virada para as novas tecnologias, consumista e em busca da gratificação instantânea, onde proliferam apps e receitas para “resultados em 5 dias”, deixámos de ter tempo para aprender música. Para além disso, num plano global de crise financeira, sucessivos cortes orçamentais têm sido feitos pelos governos, deixando sempre a música (bem como outras formas de arte) em estado de asfixia pedagógica. Mas será este o caminho sensato a seguir? Será que a sociedade moderna, cada vez mais tecnocrata e formatada para um modelo uniformizado, irá pagar caro esta fatura? 



João Silva
- Mestre em Música pela Escola Superior de Música de Colónia;
-Trompetista e Professor de música e investigador no Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da       Universidade de Évora;
- A realizar o Doutoramento em Música e Musicologia na Universidade de Évora