terça-feira, 15 de dezembro de 2020

O sono o exercício físico e ansiedade...

 


Sofre de ansiedade, tem altos níveis de stress, vive em constante correria e ainda por cima dorme mal?

Uma revisão sistemática envolvendo mais de 40 mil estudos e quase 100 mil pessoas, concluiu que o facto de alterar os hábitos de sono não aumenta o risco cardiovascular, mas relativamente ao risco de ter depressões, aumentar o risco de obesidade e diminuir as funções cognitivas, o facto de dormir pouco e mal vai exponenciar estes riscos.

A boa notícia é que, com exercício físico estruturado e regular, o organismo tende a regularizar o sono, assim como, melhorar a qualidade desse mesmo sono.

Optar por horários certos para dormir, de preferência antes da meia-noite, procurar dormir 7-8 horas por dia, ajustar a sua prática de exercício físico regular para horas que não afetem o descanso, irão com toda a certeza  baixar fatores de risco, aumentar os níveis de energia, diminuir a ansiedade e controlar de uma forma mais equilibrada o stress diário.

E caso necessite, tente aumentar as horas de sono nos períodos de descanso, fim de semana por exemplo.

 

Bons treinos

Hugo Silva

Instagram: hugo_silva_coach

-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre


terça-feira, 24 de novembro de 2020

Exercício físico com/sem máscara?

 



Em tempos tão conturbados, a nossa preocupação deve passar por manter o corpo e a mente sã e equilibrados, sendo o exercício físico uma ferramenta fundamental para a manutenção da saúde. Neste sentido, foi feito um estudo para perceber o desempenho físico com o uso de máscara para proteção individual e sem máscara. Foram avaliados valores de saturação arterial e o índice de oxigénio tecidual nos membros inferiores (membros que exigem maior irrigação sanguínea) numa prova de esforço progressivo em bicicleta. O uso das máscaras não afetou o desempenho a nível cardiovascular, a avaliação da perceção do esforço, assim como a frequência cardíaca média dos participantes. De referir que o teste foi feito com pessoas saudáveis e com um teste progressivo de intensidade até à exaustão.

Estes dados, apesarem de serem limitados, permitem perceber que para esforços feitos em espaços fechados e de intensidade moderada, a máscara não prejudica o rendimento nem a segurança da pessoa. Caso exista receio em treinar em espaços fechados, o uso da máscara pode ser um fator de confiança. Prioridade por exercícios de força e/ou de componente cardiovascular de intensidade moderada.

 

Bons treinos

Hugo Silva

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-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
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-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre


quinta-feira, 19 de novembro de 2020

"A infodemia pode causar um dano tão grande ou maior que a pandemia”

 



Este é um excerto de uma entrevista à revista Visão dos cientistas David Marçal e Carlos Fiolhais que publicaram um livro recentemente intitulado “Apanhados pelo Vírus”. A ideia deste livro é, segundo os autores, tentar esclarecer a avalanche informativa sobre a Covid-19 e combater a desinformação sobre a pandemia.

Apesar de estar convencida que ninguém é detentor de toda a verdade, são de louvar iniciativas que tentem esclarecer alguns mitos que ameaçam neste momento o bem-estar de todos nós: as máscaras não têm utilidade, este vírus só é perigoso para os mais velhos, este vírus não é mais do que uma gripe, se estiver num espaço ao ar livre não preciso de usar máscara, etc.

Nos últimos tempos têm-se propagado os discursos negacionistas e escasseado as camas nos cuidados intensivos dos hospitais de norte a sul do país. Como psicóloga e portanto agente de saúde pública, sinto que tenho o dever de aproveitar este espaço para apelar à responsabilidade de cada um de vós. Gostava de poder explicar o que empurra as pessoas para as teorias da conspiração, os discursos que desvalorizam a gravidade da pandemia ou até que a negam, mas sei que cada um terá as suas razões e a sua lógica interna singular, não existem generalizações no que diz respeito ao inconsciente e ao funcionamento psíquico. Mas há uma certeza que ouvimos vezes sem conta e que precisamos de interiorizar o quanto antes: só a diminuição de contágios pode evitar o pior.

O que fazer para diminuir os contágios e o que é o pior? O pior, a meu ver, já está a acontecer em vários hospitais. Quando um profissional de saúde tem de escolher quem tem prioridade para aceder aos cuidados intensivos, quem tem mais hipóteses de sobreviver e, portanto, o direito aos cuidados que o poderão salvar, e quem não…é porque chegamos ao pior. Estas decisões deixarão marcas naqueles que as tomam, nos que as executam e naqueles em que são executadas, nas suas famílias e na sociedade no geral.

A questão é não prolongar o pior e para isso todos podemos contribuir com bom senso e, é certo, uma grande dose de sacrifício. Muitos dirão que não existe risco zero, mas ainda assim há muito que podemos fazer para tentar reduzi-lo:

-    As pessoas que vivem connosco estão dentro da nossa "bolha social", são as pessoas com quem convivemos em casa, sem cautelas. Proteja-se para as proteger e peça-lhes que façam o mesmo.

-    Compreenda que a nossa máscara, mais do que nos proteger, serve para proteger quem nos rodeia, assim como as máscaras de quem nos rodeia nos protegem a nós. O mesmo se aplica ao distanciamento social. Use máscara por respeito aos outros e use-a corretamente, este é um pequeno gesto que pode fazer uma grande diferença.

-    Leia e acredite só em informação com validade científica e com a fonte bem identificada. Verifique a veracidade de vídeos, declarações e publicações que se dizem escritas por um médico ou enfermeiro, mas cujas fontes são difusas ou inexistentes.

 

Cuide bem de si e dos que o rodeiam, para que em breve possamos estar novamente juntos.

 

Rafaela Lima

O Canto da Psicologia - Braga


quinta-feira, 12 de novembro de 2020

“Cada Macaco no seu Galho” Guia para Pais separados...

 



 

Cada vez mais assistimos a famílias com múltiplos desafios, sendo que nem sempre o “foram felizes para sempre” se concretiza e o que verificamos, nas famílias que se separam, são as dificuldades subjacentes às rotinas e aos papéis de cada um, neste ponto a situação pode complicar tremendamente.

Somam-se as questões; Com quem as crianças ou acriança deve ficar mais tempo, com o pai, com a mãe? A responsabilidade parental deve ser partilhada ou só de um? Deve ficar semana sim, semana não? Na época atual, de crise pandémica covid-19, ainda mais difícil torna-se esta organização.

Assim vão as crianças de mochila, para um lado e para outro, sem parar, num ritmo desenfreado. Se por um lado, ainda bem que os pais escolheram outros caminhos para, a felicidade, a paz, o sentido, na procura de melhorarem e não estarem numa relação que não querem estar. Contudo as crianças e a gestão do seu dia-a-dia, transforma-se numa exigência imensurável. Ainda se complica mais, quando as famílias criam novas famílias, com madrastas e padrastos, aqui a situação torna-se mais complexa, e as dúvidas começam a surgir; Qual o papel dos novos companheiros dos pais devem educar, não devem educar, devem ser amigos ou não se devem meter em nada? Assim, cada pessoa com a sua opinião, baseada nas suas crenças familiares, na sua educação, nos seus modelos relacionais que servem de base para a sua forma de estar na vida.

No entanto a psicologia, como ciência que é, procura ajudar a desenvolver as melhores decisões possíveis, sendo que cada caso deve ser analisado minuciosamente, porém existem alguns guias de orientação geral que têm já maior confiança e validade.

A tomada de decisão de com quem devem, as crianças, passar mais tempo, depende essencialmente, da idade, sendo que quanto mais novas, mais devem ter estabilidade relativamente à casa e as figuras de vinculação centrais. Ainda estão a criar as bases identitárias, nos primeiros anos de vida, pelo que é necessário um ambiente familiar, o mais previsível, confortante e amável que seja possível. Pelo que estar sempre a trocar de casa, cheiros, rotinas e ambientes, em bebes, é totalmente desaconselhável ate aos 4 anos, seria preferível manter-se na mesma casa, de forma mais consistente possível. Mas, neste caso, devia ficar com a figura materna ou paterna? Aqui, mais uma vez deve ser aplicado com responsabilidade, o princípio legal do “interesse superior da criança”, em primeiro lugar está a perseveração da procura de proporcionar às nossas crianças, o melhor ambiente familiar possível, que seja favorável ao bom desenvolvimento biopsicossocial da criança. Neste caso a decisão torna-se mais fácil, se os pais adotarem na sua base de escolha, este principio basilar e fundamental. Em todo o caso e, muito mais importante, se a criança for bebe, os pais devem procurar estar a viver o mais próximo possível um do outro, devem ter uma relação amigável e tranquila, para que possam desenvolver a sua parentalidade com segurança e, deste modo, evitarem possíveis traumas nas crianças. Se o pai ou a mãe estiver com maior disponibilidade de tempo, para estar com as crianças, então este dado deve ser tido em conta na tomada de decisão, salve embora, cada situação seja particular e deve ser analisada especificamente.

Relativamente às questões relacionadas com as novas famílias que se associam, nomeadamente os papéis que se esperam em relação aos padrastos e madrastas, existe um dado muito importante a ter em conta, os companheiros dos pais não são, nem irão ser pais das crianças, tendo em conta que a mesma já tem um pai e uma mãe. Assim sendo, não é recomendável que tenham esta preocupação da educação das crianças ou que acabem por assumir essas atitudes parentais, podem sim sugerir aos responsáveis algumas estratégias, podem desenvolver uma boa relação de confiança com as crianças, mas impor limites, educar, orientar não é, nem deve ser da responsabilidade dos mesmos. Nem numa situação em que as crianças estão maioritariamente com a mãe e o pai é mais ausente, deve o novo companheiro da mãe assumir, ainda que em parte, comportamentos parentais de educação das crianças, tais como dar raspanetes, orientar ou disciplinar. As crianças sabem perfeitamente quem é o pai e a mãe, são estas as figuras centrais de vinculação. Os novos relacionamentos dos pais podem desenvolver excelentes relações com as crianças, mas ao nível de um padrinho, amigo, tio e não de uma figura de vinculação, a menos que a mesma esteja órfã de pais e que seja considerada essa hipótese concreta.

Acima de tudo não é psicologicamente saudável, para uma criança, estar a ter múltiplas figuras parentais, cada uma com uma ideia diferente de educação, a estabilidade da criança, a noção de que os seus modelos relacionais são só os que tem, é extremamente importante, para a sua coesão psíquica, orientação na vida e segurança interna.

Neste sentido as novas relações dos pais podem ser muito gratificantes para a criança, uma boa ajuda suplementar no seu desenvolvimento, sem a parte mais exigente da orientação, estimulação e educação que é um dever, exclusivo, dos pais.

Todas as crianças cujos pais se divorciaram têm:


v  O direito de amarem e serem amadas por ambos os pais sem sentimentos de culpa ou desaprovação.

v  O direito de serem protegidas da raiva e zanga que os pais têm um contra o outro.
O direito de serem mantidas fora dos conflitos parentais, incluindo o direito de não tomarem partidos, levar mensagens ou ouvirem queixas sobre qualquer um dos pais.

v  O direito de não terem que escolher uma figura parental em detrimento da outra.
O direito de não serem responsabilizadas pela carga emocional que qualquer um dos pais vivencie.

v  O direito de saberem adequada e atempadamente sobre eventuais mudanças importantes que afetarão a sua vida, por exemplo, quando um dos pais se irá mudar ou casar novamente.

v  O direito de beneficiarem de suporte financeiro razoável durante a sua infância e vida escolar, inclusive universitária.

v  O direito de terem sentimentos, de expressarem os seus sentimentos e de terem ambos os pais a escutá-los.

v  O direito de terem uma vida o mais aproximado possível do que teriam caso os seus pais não se divorciassem.

v  O direito de beneficiarem da presença de ambos os pais em datas de especial relevância, tais como festas de aniversário ou festas escolares.

v  O direito de conviverem em harmonia com a família alargada, entenda-se avós, irmãos, tios, primos e outras figuras significativas.

v  O direito de serem crianças.


   Drª Mafalda Borges

     O Canto da Psicologia


terça-feira, 10 de novembro de 2020

Exercício físico em tempos como este...

 


Numa fase novamente difícil de controlo do COVID 19, o exercício físico poderá ser um grande aliado para manter a população mais  saudável física e psicologicamente. Sabendo que ainda existem muitos receios, alguns investigadores da área do exercício em colaboração com infeciologistas elaboraram um estudo, referindo os seguintes pontos para quem pretende treinar em espaços fechados:

Segurança- É importante fazer a desinfeção de todos os materiais com álcool a 70%, peróxido de hidrogénio 0,5% ou hipoclorito a 1%; Reforçar a higiene individual (não tocar nos olhos, nariz e boca, lavagem e desinfeção regular das mãos, manutenção da máscara em espaços fechados ou sem máscara para treinar com uma distância superior a 2/3 metros de outras pessoas); Renovação regular do Ar, manter portas e/ou janelas abertas e garantir a ventilação e extração do ar caso o espaço seja totalmente fechado; Medição e controlo da temperatura será desejável em todos os espaços fechados de treino;

Imunidade- Existe uma relação entre exercício e doença que tem um a curva em J, ou seja, ser sedentário aumenta o risco de ter baixa imunidade, fazer exercício de forma regular sem excessos reduz o risco de baixa imunidade, sendo que o exercício em excesso acaba por ter o mesmo efeito que o sedentarismo. Assim, nesta altura procure atividades que não forcem demasiado a capacidade metabólica e potenciem a melhoria da força por exemplo;

Espaços de Treino- Procure fazer exercícios simples, evitar deslocações constantes dentro do espaço de treino, reduzir ao mínimo o uso de materiais; garantir a sua segurança e a dos outros;

 

Bons treinos

Hugo Silva

Instagram: hugo_silva_coach

-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre


 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

A Essência...



Para alívio imediato deste curso planetário
É preciso uma dose rápida a nível diário
E eminente, num universo constantemente
Em expansão, não é uma fase dependente,

 Esta, condição crónica, que a ciência não explica
A consciência tanto complica
Mistifica, mas qual é o problema
A lógica de quem te comunica envergonha?
É verdade, mas purifica qualquer alma
Modifica a forma de como levar a vida
Fraco forte se faz com força adquirida
Aprisionado livre se vê nesta saída
A razão para tudo numa equação
A explicação da civilização
O mundo equilibra sempre esta relação
Quando no amor procura a solução

 

Refrão

É incondicional e é tudo que existe
É tudo o que conheces e o que nunca viste
Como um bálsamo pró' espírito, é regenerável
Se estou triste bebo da fonte infindável
E todas as moléculas do meu corpo vibram
Todas as células do meu ser gritam
De prazer infinito, e é isto que eu sinto
Vês no meu sorriso quando canto, quando crio

 

A única fonte de energia inesgotável no mundo
Que bom este seria, se fôssemos todos ao fundo
Extraí-la e usá-la no dia-a-dia
Gastá-la sem avareza, medo ou economia
Sem poupança, com extrema segurança
Esta patrocina a confiança e bem-aventurança
Na dança da vida, o par ideal em cada passo
Numa sinfonia inspirada, é sintonia no espaço
Numa poesia transpirada, é o ritmo no tempo
Ao mesmo tempo, objetivo, veículo e instrumento

 

Da tua fé, consciência e existência a forma
Mais sublime de descrever a sobrevivência
De todo o ser neste cosmos, animado, ou não
Que exista por si e pela sua inspiração
Falo do amor, claro, dedico este hino
À possibilidade que temos em nós de ser algo divino

 

(Refrão)


Ele envolve-me e revolve-me
Emocionalmente ele comove-me

Percorre-me culturalmente e move-me
É o combustível da vida, e o preço nunca sobe
Ele transforma-se,- eih - mas nunca morre
É inquantificável, é gigante é enorme
Não fiques parado à espera dele vai corre
Nada é comparável a este sentimento nobre

E o coração bate, bate e não é levemente
Quase rompe o peito como um cometa incandescente
Genuíno e puro, maravilhoso quando é mútuo
Cultivado e colhido como um fruto maduro
Nutrido e partilhado, sonhado em conjunto

Na realidade invisível, construída ao segundo
Eternamente no fundo é o nosso estado natural
Sem medo, o Amor é livre, essencial

 

(Refrão)

É incondicional e é tudo que existe
É tudo o que conheces e o que nunca viste
Como um bálsamo pró' espírito, é regenerável
Se estou triste bebo da fonte infindável
E todas as moléculas do meu corpo vibram
Todas as células do meu ser gritam
De prazer infinito, e é isto que eu sinto
Vês no meu sorriso quando canto, quando crio

 

Composição: A. Neves / H. Piteira / N. Carneiro / R. Sá

“A Essência”, Mind da Gap

 

A partilha desta letra pareceu essencial, passo a redundância, por retratar noções teóricas e por conter uma proposta de tornar o amor em consciência, de forma a se poder realmente amar.

Esta música acerca do amor pode ser então observada à luz da psicologia psicanalítica. Uma vez que é no amor que está mesmo a solução. A relação terapêutica é baseada nessa premissa, bem como a psicanálise.

A descoberta do inconsciente é na verdade uma aventura que se faz para o desconhecido, com o acompanhamento de um profissional. Nessa descoberta observa-se a essência e a forma de como este amor está inscrito dentro de cada um - que há de estar inscrito mesmo que de diferentes maneiras em todos nós. Existem processos resultantes deste amor que vemos, mas existem também aqueles que não vemos. O processo psicoterapêutico dá conta destes dois. Da parte consciente e inconsciente (que não pode ser vista pelo próprio) presentes em todos nós, resultante de amores e desamores.

Deixo, desta forma, a proposta de cada um se poder descobrir inconscientemente conscientemente - com a ajuda de um psicólogo.

 

Sérgio Carvalho Pereira


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Sublimar – a arte de transformar...

 



 

“As palavras são asas que voam

Pássaros negros que não se demoram ao olhar

Escrevo porque o silêncio é uma habitação fria e descarnada

Ao abandono.

Solicitude de folhas em queda na árvore da manhã

Síntese de medo inquieto, de vento gotas.

No traçar do rosto alguma luz queima a pele condescendente.

Escrevo porque só assim sei gritar

E esse grito tem garras e gumes

Mãos que estrangulam, lábios que beijam. “

L. Rosado, Lisboa

 

Uma vez, ao caminhar pelo Chiado, cruzei-me com uma senhora que vendia os seus poemas a quem por ali passava. Folheei o dossier e escolhi este, pareceu-me ressonante do que pode ser o sofrimento do ser humano, em algum momento ou em determinados contextos relacionais, e imaginei que traduzia o que aquela senhora aparentava. Pareceu-me interessante e bem escrito, expressivo de uma experiência de sofrimento psicológico intenso, mas também da capacidade para o comunicar, de o pôr em palavras e ilustrar de uma forma que parece quase possível visitar tal experiência. E este movimento não constitui em si mesmo uma força transformadora? A solidão e o abandono sentidos não encontrarão alguma espécie de conforto quando traduzidos desta forma? Estes gritos, ao serem escritos, não ficarão de alguma forma mais contidos? Não será o suficiente para tratar essa dor, mas parece corresponder a um movimento salutar e construtivo, consiste no sublimar desta vivência que se entende tão difícil.
A sublimação é um mecanismo psicológico que consiste neste processo que enuncio, consiste em transformar impulsos e sentimentos, derivando-os para um novo objetivo e um novo objeto, socialmente valorizados.


A arte, nas suas várias formas e expressões, vive muito deste mecanismo onde as vivências internas e externas dos artistas encontram uma forma de representação que ao mesmo tempo que as tornam visíveis aos olhos dos outros também lhe dão uma outra vida, tornam-se uma outra coisa. Como podemos ver, por exemplo, no teatro, no cinema, na pintura, na escultura.


No caso da escrita, mesmo que só de si para si, ou para os seus significativos, existe um valor terapêutico imenso, poderia descrever a experiência de alguns pacientes como: "escrevo porque só assim me sei encontrar, escrevo porque só assim me consigo olhar e entender, escrevo porque só assim sei comunicar…"


Em termos psicológicos este tipo de mecanismo permite integrar na personalidade aspetos fraturantes de uma forma algo adaptativa e apaziguadora, elementos de alguma forma perturbadores tornam-se assim mais toleráveis.


Será correspondente à ideia de reunir as pedras que estão no caminho e construir com elas um castelo, como nos diz Pessoa. O que causa dificuldade e dor pode ser integrado e fazer parte da construção de algo uno, sólido e rico.



Drª Filipa Rosário - Alcochete e Lisboa

O Canto da Psicologia



 


terça-feira, 20 de outubro de 2020

Outubro Rosa - Exercício Físico...

 



O movimento conhecido como Outubro Rosa apareceu nos anos 90 nos EUA, na década de 1990. Este movimento tem como objectivo estimular a participação da população no controlo do cancro da mama, promover a consciencialização sobre a doença, partilhar informações sobre a temática e fazer a prevenção e diagnóstico precoce. Não sendo uma doença exclusiva das mulheres, há uma maior incidência. Tocando no ponto da prevenção, o exercício físico torna-se um ponto essencial no combate e ao aparecimento deste tipo de cancro. Uma revisão  de mais de 70 estudos da National Library of Medicine, concluiu que, mulheres fisicamente activas têm 25% menor risco de desenvolver cancro da mama que mulheres sedentárias. Esta percentagem  ainda se torna mais elevada quando o exercício é acompanhado de sentimentos positivos e prazerosos. Nos casos já detectados, o exercício também se torna um grande aliado, porque estimula hormonas de bem-estar, evitando quadros depressivos e de mal-estar resultantes dos processos de tratamento

Lembre-se, nunca é tarde para começar a fazer exercício. Informe-se junto de um profissional de exercício ou do seu médico.

 

Bons treinos

Hugo Silva

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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

A mãe, o pai e o bebé...

 


A parentalidade surge em vários contextos e sobre diferentes modalidades, sendo transversalmente o processo pelo qual os pais passam para se tornarem pais (essencialmente falamos da reestruturação, tanto em termos sociais, como afetivos, que permite aos pais poderem estar disponíveis para responder às diferentes necessidades dos seus bebés). Apesar de ao longo dos últimos tempos tanto os papeis materno, como paterno, se terem vindo a alterar e modificar, a função familiar mantém-se a mesma. É na família central e nuclear que se permite que os bebés se desenvolvem intelectual, afetiva e socialmente. É para isto necessário, existir uma “casa interna”, poder e conseguir ser contentor, um meio que facilitador e que é uma base segura para o bebé. No fundo, todo este processo acarreta um conjunto enorme de desafios, aprendizagens, medos, inseguranças, momentos de alegria e felicidade. É uma transição que poderá ter um forte impacto psicológico.

São 9 meses de descobertas, de fantasias, de idealizações, de medos, de inseguranças, de crescimento… é um caminho que se percorre com a expectativa do nascimento muito presente, o momento em que se vai conhecer, na realidade, o bebé.

Mães e pais vivem estes 9 meses de forma diferente. Enquanto as mães são naturalmente foco de maior atenção, pelas evidentes transformações hormonais, físicas, psicológicas a que vão sendo sujeitas pelo processo natural da gravidez, não nos podemos esquecer da importância determinante que os pais têm durante todo este caminho.

            Se este processo já traz consigo, inerentemente, um conjunto de medos, por vezes, inimagináveis, onde fica o espaço para a vivência deste processo em alturas como esta?

            As restrições impostas pela situação que vivemos actualmente têm condicionado, de inúmeras formas, a vivência familiar da gravidez. Tem-se visto e ouvido imensamente falar da importância da saúde mental das grávidas (sendo este um assunto pré-pandemia já de extrema importância mas, infelizmente, nem sempre considerado –tendemos a assumir que a gravidez é sempre feita de arco-íris e unicórnios), da importância de diminuir os níveis de stress e de ansiedade derivados das várias alterações no processo de acompanhamento da gravidez e do necessário distanciamento físico e social que a atualidade nos impõe e que conduz a que a grávida ou pré-mamã fique também mais só. O acompanhamento às consultas ficou mais condicionado, a presença do pai passa a ser impedida nas ecografias, nas consultas de acompanhamento e até no nascimento!

            Como podem os recém – papás integrar mais um desafio? Quais os impactos que estas alterações acarretam em termos de saúde mental (da mãe, do bebé e do pai!)? Como aceitar esta realidade que impede o normal enamoramento e nascimento da triangulação?

Ainda é muito cedo para de uma maneira concreta e estatisticamente consistente poder, a partir de estudos, ter ideia do impacto de um tempo como este no nascimento de um casal parental e, sobretudo, no universo mental de um bebé. Resta-nos o amor! E esta capacidade infinita de amar que consegue proporcionar a um recém nascido as condições ideais para se "fazer gente"...

Entretanto, vamos, enquanto O Canto da Psicologia, estando sempre por aqui se assim for necessário.


Drª Inês Lamares - Alcochete/Lisboa

O Canto da Psicologia