quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Manifestações sintomatológicas no luto adaptativo...






A desertificação de sentido pela qual passamos pela perda daqueles que amamos será sempre o nosso maior desafio vivencial.
Perante a morte de alguém significativo, são naturalmente desencadeadas respostas orgânicas intensas que, apesar de fracassarem como esforço da restauração da vinculação, se conjugam no sentido do processamento difícil desta nova realidade e da sintomatologia associada, para posterior restauração identitária (Payás, 2010). Os dois primeiros anos costumam ser os mais difíceis, remetendo, gradualmente, o sujeito para uma reorganização da sua funcionalidade e reposicionamento existencial.
A vivência do luto é multidimensional, afeta tanto o nosso corpo como as nossas emoções, relações, pensamentos, comportamentos e o nosso registo de valores e crenças (i.e., resposta bio-psico-socio-espiritual). As estratégias utilizadas para regular o impacto da experiência emocional incluem, portanto, mecanismos somáticos, cognitivos, emocionais e comportamentais. Estes mecanismos reguladores podem categorizar-se em mecanismos de conexão ou desconexão da dor vivenciada – processo oscilatório natural entre respostas de intrusão e reações de evitamento no difícil processamento da informação traumática e posterior restabelecimento transformativo (Payás, 2010).
De forma genérica, as respostas sintomáticas mais comuns são (Payás, 2010; Worden, 2013):

·         Sintomas físicos: fadiga, aperto na garganta, pressão no peito, palpitações, tremores, sensibilidade ao ruído, dores musculares e articulares, cefaleias, dor mandibular, boca seca, dificuldade em respirar, problemas gastrointestinais, náuseas, hiperatividade e agitação, entre outros.

·         Sintomas emocionais/afetivos: saudade, tristeza, desespero, solidão, falta de esperança, desânimo, frustração, culpa, ansiedade, confusão, raiva, medo, zanga, irritabilidade, desejo de vingança, alívio (doenças longas e dolorosas).

·         Sintomas comportamentais: chorar, agitação, alterações do sono e apetite, perda de interesse, evitar ou visitar lugares que façam recordar o(a) cônjuge, dificuldade em estar sozinho, isolamento, procurar e chamar pelo(a) cônjuge, sonhar com o(a) cônjuge, consumo/abuso de substâncias, ocupação excessiva, entre outros.
·     Sintomas cognitivos: confusão, dificuldades de concentração e na tomada de decisões, esquecimento, incredulidade, preocupação, pensamentos intrusivos do(a) cônjuge (a morrer/sofrer), ruminações, sentir a presença do(a) cônjuge, etc.

·       Manifestações sociais: isolamento, dificuldades nas relações interpessoais, etc.

·   Manifestações espirituais: procura de sentido, hostilidade/zanga para com Deus/igreja/entidade religiosa, perda ou aumento da fé, etc.








terça-feira, 28 de janeiro de 2020

O Exercício físico como ferramenta de combate...





Já aqui abordamos a temática do cancro e as consequências nefastas na saúde, tais como, alterações bastante negativas na capacidade física, cognitiva, composição corporal, entre outras. Sabemos também, o quão positivo a exercício físico pode ser após a fase mais agressiva da doença.

Ficamos agora a saber que, o treino intervalado de alta intensidade (HIIT), pode ser um excelente coadjuvante na recuperação dos índices físicos e corporais na recuperação. Investigadores alemães, avaliaram os efeitos do HIIT em mais de 40 pacientes que recuperavam de cancro da mama e da próstata, através de exercícios intensos (85-95% FC máxima). Observou-se após 80 sessões de treino, que mais de 90% dos pacientes terminou os protocolos, verificando-se melhoria dos parâmetros fisiológicos e psicológicos, ou seja, melhoria da capacidade cardiorrespiratória, força, composição corporal, vitalidade e auto-estima. Este tipo de treino, abre mais uma porta para o uso do exercício (devidamente parametrizado) como uma ferramenta poderosa para combater doenças graves.

Bons treinos

Hugo Silva


Instagram: hugo_silva_coach
-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre



quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Quando qualquer tipo de relação se transforma em abuso…





Cada vez mais ouvimos falar de abuso nas relações, principalmente através da comunicação social que, diariamente, nos fornece informações sobre tragédias ocorridas com precedentes de abusos relacionais. A palavra relação remete-nos, sem que o seja consciente e também pelo que nos é transmitido por esses meios, para relações amorosas. No entanto, envolvem todo um outro leque de pessoas presentes na nossa vida, e por isso falamos também de relações familiares, de amizade, profissionais, etc… Em todas estas relações podemos encontrar exemplos de abusos, das mais diversas formas, e todos afetam negativamente o indivíduo que as  experiencia.

São estes abusos, dos quais  todos os dias vemos ou ouvimos falar, que  muitas vezes levam as pessoas a procurarem acompanhamento psicológico; são estes abusos que levam as pessoas a não conseguirem lidar e gerir internamente com determinadas situações; são estes abusos que levam  a pessoa a  duvidar de si própria, a sentir-se insegura, influenciando assim as restantes relações que ainda estão por  construir; são estes abusos que levam ao “não consigo confiar em ninguém”, “não gosto de mim”, “não sou capaz de fazer nada”, “não sirvo para nada”… são as frases mais ouvidas e de tão ouvidas tornam-se verdades inquestionáveis e limitadoras. 


Quando falamos em abuso nas relações entre casal, falamos de vários tipos de abuso. Maioritariamente não são as marcas físicas que mais marcam (que nem sempre existem), e que quem está à volta consegue observar com alguma facilidade, mas sim as marcas internas que ninguém vê, que ficam e perduram no tempo. E são essas marcas que levam a pessoa a questionar-se, a ficar envolvida em sentimentos de culpa, de incompreensão, de dúvida, de angústia… São estes sentimentos que impedem o estabelecimento de relações futuras, impedem o investimento emocional no outro e, principalmente, em si próprio.

Quando falamos em abuso no seio familiar ou das amizades podemos, igualmente, falar em distintos tipos de abuso. Contudo, este tipo de abusos levanta outras questões, questões mais profundas do eu. É-nos incutido pela sociedade, ao longo da vida, que a família faz parte do núcleo de confiança, que na família estão inseridas as pessoas em quem podemos confiar sem questionar, que são um suporte e fazem parte de um espaço contentor. Bem como nas amizades, em que esse suporte é “escolhido” ao longo da vida e que se espera que seja igualmente contentor. E, quando estes abusos surgem fazem com que se duvide do muito que foi assimilado ao longo do desenvolvimento pessoal, faz com que se duvide e que se ponha muito coisa em causa, levando-nos ao questionamento na confiança no outro ou, por outro lado, à continuidade na construção de outras relações disfuncionais, resultando na procura  incessantemente de alguém que venha preencher unicamente o vazio de quem foi, de quem saiu da relação.

Quando falamos em abuso no local trabalho, falamos de assédio moral, onde o abuso de poder, entre outros aspectos, põe em causa a competência profissional, o valor enquanto ser humano, colocando as pessoas em situações humilhantes e constrangedoras. E, inevitavelmente, é um abuso que surge quase de forma diária e constante, levando, mais uma vez, a que a pessoa duvide de si e das suas capacidades.

A maior parte das vezes este tipo de relações abusivas entra num ciclo repetitivo que, consequentemente, leva à interiorização da desvalorização de si e , inconscientemente, torna-se parte interna do indivíduo  passando a ser uma realidade difícil de evitar trazendo com ela momentos de um enorme sofrimento incontornável. 
E é, em alguns casos, quando existe a tomada de consciência de que se está a entrar neste ciclo, ou quando a angústia é sentida (de certa forma) como intolerável, que a procura de ajuda de profissionais pode surgir. A procura de um espaço contentor, um espaço no qual todas as referidas dúvidas e angústias se atenuem.

Se assim for e se  em algum momento se identificou com o que leu, lembre-se que  estamos por aqui enquanto técnicos profissionais da saúde mental que o podem ajudar a passar por estes momentos com o menos sofrimento possível.


Drª Rita Rana
O Canto da Psicologia



quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Melhor Parentalidade: “Aquilo que não gosto em ti corrijo em mim”





A propósito das reações que temos quando algo no outro, nos aflige ou nos perturba, é difícil compreender, mas por vezes, quando de forma sistemática e intensa emocionalmente, algo nos irrita, na outra pessoa, isso pode sinalizar que temos algo, em nós, que necessita de ser resolvido.

Normalmente a zanga, a irritação, a frustração fazem parte das nossas experiências e vivências emocionais quotidianas, é impossível e até seria doentio estar sempre bem, com boas emoções, não é disso que se trata, neste caso, a questão é quando alguém suscita em nós grande zanga e irritação de uma forma sistemática e frequente. Isto é uma repetição de queixas que podem estar a mascarar o que sentimos sobre nós próprios, que pode ser verdade. Todas as nossas emoções são fundamentais para o nosso equilíbrio homeostático, precisamos de nos zangar, de chorar, de rir, para que possamos sentir paz.
Contudo a forma como vemos o mundo e a realidade está intrinsecamente relacionada, com a maneira como nos vemos, a nós próprios e nos relacionamos connosco, uma vez que se não me sentir bem comigo, se passar a vida com uma auto-conversa depreciativa e crítica sobre a minha pessoa, então apenas poderei dar isso aos outros, mais crítica, julgamento e insatisfação.

Na parentalidade isto manifesta-se ainda mais, se escolho exercer uma parentalidade baseada na crítica, no julgamento e na exigência, então o mais certo é ter crianças com baixa auto estima e elas, também, vão ser adultos críticos e severos consigo e com os outros. A maior parte dos problemas de educação das crianças prendem-se com falta de estímulo, atenção e elogio direcionado à criança que ainda esta a construir a sua auto estima e a sua segurança interna. Pais insatisfeitos e pouco conscientes acabam por, automaticamente, projetar as suas próprias inseguranças nos seus filhos. Por vezes temos receio de assumir características que rejeitamos ou consideramos erradas e inaceitáveis nos outros, tal é o receio de podermos identificar, em nos próprios, esses mesmos traços. Quanto maior a rigidez identitária maior será a falta de tolerância para aceitar o que é diferente, não certo, nem errado, apenas diferente.

A forma como os pais pensam sobre os filhos e como os tratam, vai influenciar todos os relacionamentos futuros, assim como, a saúde psicológica de cada um.

Ao longo do desenvolvimento da criança organiza-se um processo mental sobre o que esperar dos comportamentos dos mais familiares, normalmente mãe, pai, denomina-se de vinculação, sentido de pertença e de segurança. As figuras centrais que estão maioritariamente com a criança, principalmente nos primeiros três anos de vida, vão criar dinâmicas relacionais que irão moldar o sentido de identidade, segurança e de amor-próprio na criança, bem como no futuro adulto. Sentimentos como sou especial, amável, tenho importância na vida dos meus familiares, a minha voz conta, sou compreendido, quando estou aflito tenho onde possa obter conforto emocional. Se algo corre mal sei que tenho palavras e ações que revelam apoio esperança e não critica, julgamento e severidade. Estas são as melhores heranças que os pais nos podem dar, a segurança do conforto emocional, do amor incondicional, que não quer nada em troca a não ser a felicidade dos seus filhos. Contudo por vezes há incapacidade de desenvolver este amor incondicional devido a falhas que foram criadas no desenvolvimento e que impossibilitam esta disponibilidade.

Assim sendo as expetativas que os pais criam, mesmo antes do nascimento do bebe, vão criar um ninho psicológico onde o mesmo se irá adaptar. A criança procura sempre se adequar às expetativas dos pais, quer sejam, positivas, negativas, conscientes, inconscientes. Por exemplo, se os pais assumirem a crença de que as crianças são difíceis e que o filho\a é difícil e tem mau feitio, o mais certo é essa criança desenvolver essas mesmas características. Quanto mais vincado, consistente e frequente for o sentimento\crença mais a criança irá assumir comportamentos semelhantes que se coadunam com o que esperam dela, isto porque, os pais são como um espelho onde o bebe\criança se pode ver refletido e, assim, construir a sua própria identidade. O que as figuras de vinculação sentem que são (essencialmente boas pessoas, imperfeitos, mas conscientes, resilientes e positivos) é o que vão transmitir tendo consciência ou não aos seus filhos, sem pensar muito no assunto. Assim sendo quando as figuras de vinculação estão bem nutridas, com uma boa auto-estima, tem auto conhecimento, consciência das suas vulnerabilidades e trabalham no sentido de promoverem a melhor parentalidade que é possível, normalmente irão desenvolver crianças mais inteligentes emocionais e mais flexíveis, no que concerne a adaptabilidade emocional e a regulação da frustração. Não se trata de perfeição, pais perfeitos, trata-se de capacidade de análise e procura de dar o nosso melhor nas relações, mesmo sabendo que vão existir falhas e momentos menos bons. Neste sentido quanto mais forem capazes de lidar com as suas próprias frustrações, conseguirem ser resilientes e otimistas, mais os filhos vão se desenvolver tendo por base estas formas de funcionamento psicológico.




terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Comece já hoje a melhorar a sua saúde...







Com a entrada de um novo ano, aparecem sempre novas resoluções. Umas das resoluções mais comuns, é a vontade de se ser fisicamente mais ativo, começar a treinar num ginásio, ter um estilo de vida mais saudável, etc.

Pois bem, se é daquelas pessoas que sente falta do exercício físico, mas que receia o ginásio por falta de motivação, medo do desconhecido, entre outros motivos, saiba que, a importância de ter um treino acompanhado irá trazer-lhe vários benefícios, com dados já comprovados:

- Mais motivação;
- Supervisão direta do treino;
- Compromisso entre aluno e professor;
- Maior adesão a médio/longo prazo à prática de exercício;
- Correção e feedback durante os exercícios;
- Melhores resultados;
- Maiores ganhos de força;
Comece já hoje a melhorar a sua saúde.

Bons treinos



Hugo Silva


Instagram: hugo_silva_coach
-Licenciatura Educação Física/Especialização Treino Personalizado
-Pós-Graduação em Marketing do Fitness 
-Pós-Graduando em Strength and Conditioning
-Director Técnico ginásio Lisboa Racket Centre