sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Homem Irracional




A natureza instintiva do Homem aparece reflectida num conjunto de fenómenos sociais, económicos, políticos, culturais que têm vindo a marcar a evolução da espécie. O século XXI é paradigmático deste paradoxo fundamental entre o homem enquanto ser pensante, dotado de ferramentas intelectuais que utiliza ao serviço da produção de recursos que sustentem e promovam o seu crescimento, e, simultaneamente, provido de um ímpeto destrutivo, pulsional, que lhe permite utilizar perversamente o conhecimento como forma de ataque e de aniquilação.
O que tem sucedido com o sistema ecológico é paradigmático disso mesmo, embora pudéssemos evocar outros tantos fenómenos onde esta profunda contradição surge espelhada. Os conflitos no médio-oriente, as tragédias com os refugiados no mediterrâneo, as ideologias xenofóbicas que sustentam atentados como aquele sucedido em Oslo, até à falência de alguns dos sistemas económicos do ocidente, são representativos de uma natureza animal, impulsiva e assoladora do homem.

Não sabemos se inspirado por algum destes fenómenos, mas inegavelmente marcado pela conjuntura em que é realizado, surge o novo filme de Woody Allen – Homem Irracional. Este que, tal como de costume, traz até à tela as preocupações existenciais que balizam o seu trabalho, colocando em cena os aspectos mais ocultos da natureza humana. Tomando como pano de fundo a crise existencial de um professor de filosofia, leva-nos a percorrer ao longo do filme os lados mais perdidos e desorganizados do psiquismo.

Abbe (Joaquin Phoenix) veste a pele de um homem profundamente deprimido, incapaz de obter prazer ou de encontrar um sentido para a sua vida. As relações surgem esvaziadas de significado, encontrando no álcool o refúgio possível. Neste percurso diletante com que se faz mover pela sua realidade, é surpreendido por um encontro com estranhos, que desperta em si um ímpeto de agir em prole da justiça, capaz de mobilizá-lo e retirá-lo do afundamento depressivo em que se encontra. A partir de aqui, Abbe enceta um plano no qual é capaz de reinvestir a sua energia, encontrando o prazer outrora perdido,  embora levando ao extremo o seu propósito, acabando por culminar num crime. Um crime que lhe traz uma omnipotência desmedida, capaz de distorcer a realidade, os valores e tudo o que representava as suas convicções, agora visto em perspectiva pelas lentes distorcidas de um olhar enlouquecido, movido por um desejo pervertido de dar rumo à sua existência. Ética, moral, perigo, dor, sofrimento passam a constituir um plano secundarizante na vida de Abbe, que toma a acção sem medir consequências.

Observar o comportamento de Abbe é perceber o quanto a sua incapacidade de encontrar um devir para a sua história, aliado a um estar sem-lugar permanente, o foi conduzindo a uma profunda degradação de si, ora de forma mais silenciada e perdida, capaz de despertar empatia ao outro, ora elevando-o a um estado de loucura, que acabou por conduzi-lo à sua própria morte. Com efeito, este lado destrutivo, sendo vivenciado numa faceta mais depressiva ou na espiral de delírio que foi emergindo, não deixa de retratar os lados mais sombrios do homem, capazes de ultrapassar todos os limites, numa esfera onde a ética, a moral ou a própria realidade parecem perder significado. Novamente, neste enredo, Woody Allen a revelar a sua extrema sensibilidade de questionar a natureza humana.

O Canto da Psicologia,

Dr.ª Joana Alves Ferreira

As pessoas não se aceitam como são?

Num momento em que as questões estéticas constituem uma questão central na sociedade contemporânea, importa pensar se verdadeiramente as pessoas se aceitam como são e o que leva a que a procura de um "corpo ideal" se tenha vindo a tornar uma espécie de obsessão do século XXI. 

Sugerimos-lhe que leia o artigo feito pela Dr.ª Débora Água-Doce, do Canto da Psicologia, com o portal Blastingnews.com. 

sábado, 13 de junho de 2015

E viveram felizes para sempre…


Era uma vez uma Eva!
Cresceu numa família com amor, vivendo a infância de uma forma tranquila e uma adolescência com a rebeldia expectável, tendo como exemplo diário e constante, uns pais que se respeitavam e que acima de tudo se amavam, que conseguiram passar, ao longo do tempo aos seus filhos, pequenos truques que o amor os ensinou a descobrir, mostrando-lhes assim a importância do afecto, segurança, confiança e sobretudo a certeza de que qualquer um deles era digno de ser amado! 
E isso, “ser digno de ser amado”, foi algo que Eva guardou dentro de si, cuidando e alimentando à medida que ia crescendo, no compasso de vida entre perdas e ganhos que a permitiram, com segurança, chegar à idade adulta!
Até que um dia conheceu um Adão!
Já tinha conhecido outros; uns amou, outros desamou mas, foi aprendendo nestes amores e desamores, o ritmo adequado na dança dos afectos e a batida certa no compasso das relações.
Mas este era, claramente, diferente! Não que ela precisasse de alguém que lhe mostrasse o quanto era especial nem de um olhar que refletisse a pessoa linda que ela era; vivendo sempre num registo de dentro para fora e nunca de fora para dentro, a descoberta de si própria ao longo do seu crescer, permitiu-lhe sempre nunca necessitar do outro para se preencher ou, ocupar um vazio, um vazio daqueles que muitas vezes destrói e corrói a alma de quem o sente e não permite, a quem o vive, amar-se em pleno.
Este Adão, encantava-a! Perdida nos seus pensamentos, divagando com o coração, ela olhava para ele e sentia-o seu! Não o via como o Príncipe que todas as mulheres sonham, tal conto infantil, via-o, como reza a Bíblia, como alguém de onde poderia ter sido retirada enquanto metade da sua costela!
E amou-o. Muito!
Quando lhe trazia flores; quando lhe cantava ao ouvido (era assim que ela ouvia) palavras comuns mas que soavam a especiais; quando conversavam os dois sobre tudo e sobre nada; quando se olhavam de manhã ao acordar; quando discutiam sobre coisas sérias e banais; quando se calavam e preenchiam os silêncios só com o olhar; quando se ralhavam e amavam com a intensidade permitida e sentida por ambos; quando se complementavam nas decisões que tinham que tomar ao longo do tempo que durou a relação; quando se perdoavam por momentos difíceis de suportar e quando se perdoavam, mais uma vez, pelo afastamento sentido e calado por ambos.
E mesmo quando se reencontraram na relação após anos de dispersão, de sentires e afazeres supostos a quem tem filhos e os ajuda a crescer, quando se olharam e comentaram um com o outro o quanto estavam ambos tão parecidos com os pais e quando deram as mãos enrugadas e perceberam que o percurso agora, era mesmo só a dois, amou-o ainda mais!
Até que um dia, o Adão saiu da sua vida e não voltou mais!
Eva, como sempre acontecera nesta relação tão sua e dele, sabia exatamente o que tinha acontecido! Porque o par que compunham na dança da vida, entrava sempre no ritmo e compasso certo mesmo que tropeçassem, não precisava de muitas explicações para entender o que sucedera.
Agora, neste percurso solitário perfeitamente justificável, com menos uma costela suportada por um corpo frágil, na insuportabilidade suposta, pela ausência, Eva, vivia uma saudade saudável, nas memórias construídas a dois e agora pensadas só por um, nas palavras ditas e nas que ficaram por dizer, nos relatos enfatizados pelo seu próprio reviver sem necessidade de público mas que passavam sobretudo pelo seu relembrar; Eva, vivendo de dentro para fora, nunca precisou do seu Adão para se sentir viva! Eva, viveu o seu Adão enquanto a metade que a complementava e não a que a completava; perante a sua ausência, ela não se sentia incompleta, nem só! Sentia-se viva pelo legado que ele lhe deixara, triste pela sua partida mas nunca, isso nunca, com a sensação de ter sido mal amada! E isso ,era o suficiente para a manter viva! Até um dia…
Afinal, até há finais felizes!
O Canto da Psicologia 
Ana de Ornelas

sábado, 6 de junho de 2015

Agressividade, Bullying e Vitimologia


Era a intuição de Santo Agostinho de que as palavras são 'etiquetas' que servem para nomear e representar coisas no mundo por via da linguagem. As ideias de Santo Agostinho estão longe de se aproximar das noções mais contemporâneas sobre a linguagem, mas inauguram uma discussão muito interessante sobre o estatuto da 'palavra'. Uma das concepções que julgo ser extremamente interessante, no seio da psicologia e da filosofia, é de que não existem depressões em tribos ou culturas onde não existe a palavra 'depressão'. É como se, sem código linguístico, as experiências e coisas do mundo, não existissem.
Foi isso a que todos assistimos com o aparecimento do termo Bullying. Ele sempre existiu, e as pessoas que aqui se encontram acima dos 45 anos sabem-no muito bem (o termo Bullying só surge nos anos 70 com as investigações do psicólogo sueco Dan Olweus).
Na alçada dos eventos recentes relativos ao Bullying, gerou-se uma onda de indignação nas redes sociais e na imprensa. Na nossa opinião, contudo, pouco se aprofundou acerca do tema. Uma boa parte das reacções iam ao encontro do aforismo 'olho por olho, dente por dente', os mais conservadores não se coibiram de tecer considerações parecidas com 'miúdas a bater num rapaz!? Se fosse meu filho chegava a casa e levava mais'. No outro extremo surgiu a opinião de um psiquiatra que afirmava que os agressores também estavam em sofrimento. Esta última afirmação, não há dúvida que suscitou muita polémica. Pareceu inconcebível à maior parte das pessoas a possibilidade de empatizar com o agressor.
A afirmação deste médico psiquiatra pode ter sido controversa, e por isso mesmo somos obrigados a reflectir sobre ela.
O que é que faz com que alguém seja agressivo? O que é que faz com que alguém desenvolva este verdadeiro sadismo moral?
Transformemos pois a afirmação deste psiquiatra numa lógica aristotélica de tipo dedutivo:
Todos os agressores sofrem
As crianças do vídeo são agressores
Logo as crianças do vídeo sofrem
Muitos contestariam desde logo com a primeira premissa pela impossibilidade de identificação ao agressor. Neste sentido, retomemos pois à questão: porque agredimos?
Habitualmente agredimos quando nos sentimos ameaçados ou quando o nosso desejo é frustrado. O facto das ameaças poderem pertencer à ordem do real ou da fantasia aumenta exponencialmente as nossas possibilidades de análise. E, de forma semelhante, a natureza dos desejos que um ser humano possa sentir é igualmente abrangente, pelo que, o nosso universo analítico torna-se praticamente infinito.
Nesta análise encontramos implícitas algumas das funções da agressividade, a saber: proteger, adquirir e castigar.
A agressividade, como os vectores, também tem uma direcção, ela pode ser dirigida para o exterior (para alguém ou alguma coisa) ou por retornar para o interior (para o corpo), habitualmente sob a forma de culpa, comportamentos de risco, auto-mutilações e até, veja-se bem, hipocondria.
Uma das dinâmicas chave da agressividade está ligada à sua possibilidade de transformação/modificação das representações mentais que temos de nós próprios e dos outros. Imaginemos o seguinte cenário (com a consciência de que não se trata de uma condição universal): os pais de uma criança são agressivos e, através da sua força e da potência, conseguem o que desejam dentro da constelação familiar. Podemos imaginar que esta criança vê frustados os seus desejos, podemos supor que estes pais causam angústia e sofrimento e que têm um impacto negativo na construção da auto-estima da criança. Uma possibilidade defensiva desta criança hipotética seria a de mobilizar a sua agressividade como forma de transformar a dinâmica das representações vítima-agressor. Nas relações com os pais e adultos, mas muito mais facilmente com os pares e ainda mais facilmente com crianças que considere mais vulneráveis, ela poderá encarnar o papel de agressor e colocar o outro no lugar de vítima. Assim fechasse a ciclo de modificação das representações mentais, a criança já não é mais a vitima-fraco e passa a ser o agressor-forte. Se esta dinâmica estiver ao serviço das defesas da criança, o trabalho terapêutico é facilitado, mas se esta agressividade está ao serviço da obtenção de prazer e se é encarada como instrumento omnipotente para obter o que se deseja, estes traços irão constituir-se como obstáculo à terapêutica. Como dizia um psicanalista argentino: 'a verdade jamais poderá tomar o lugar do prazer'.
De forma não premeditada acabámos por introduzir o que se passa com a vítima, quando afirmámos que o agressor vai preferir pessoas que tenham características mais frágeis e que, aos seus olhos, são fracos.
Muitas vezes o agressor pode ganhar um maior sentido de potência se se inscrever num grupo de indivíduos que nutrem a mesma cultura agressiva com a qual todos se identificam. E assim, que passa a ser objecto de identificação é a idealização da agressividade como instrumento omnipotente para a obtenção do que se pretende.
A ideia de que existem traços da personalidade de uma vítima que a empurram e mantêm em situações de violência é controversa. Pensar a vítima como masoquista equivaleria e assumir esta interpretação como mais um ataque à vítima. Mas a realidade é que a natureza desconhece a moralidade, e como tal, devemos olhar, sem preconceitos para o que ela nos demonstra todos os dias.
Não queremos cair aqui nas falácias típicas da lógica indutiva ao tornarmos universal uma verdade que apenas é encontrada em alguns casos. Nem toda a vítima é masoquista. Mas a realidade é que a investigação nos demonstra a existência de um conjunto abrangente de traços da personalidade que se encontram associados à emergência de situações de bullying.
Apesar do sofrimento não ser manifesto no agressor não podemos cair na tentação ingénua de negar a sua dor. Apesar do sofrimento ser manifesto na vítima (depressão, ansiedade, distúrbios alimentares, insónia, enurese, baixo rendimento escolar…) não podemos negar a existência de traços da personalidade que a empurram para a posição de vítima.
Estas são apenas algumas das vicissitudes das moções agressivas que se encontram nas relações de Bullying na criança e, é importante não esquecer, nos adultos. Apesar da complexidade do tema, que vai muito além do que aqui escrevemos, de uma coisa não nos podemos esquecer, existe sofrimento, desespero e agressividade em ambos vítima e agressor. Neste sentido, é urgente sensibilizar e informar o público sobre a importância das intervenções psicoterapêuticas com ambos. Se transpusermos e desvirtuarmos o dito de Michel Foucault a propósito da linguagem, aqui para o nosso projecto de sensibilização, ‘se os textos sobre bullying fossem tão ricos como as intervenções psicoterapêuticas, eles seriam o seu duplo mudo e inútil’. Por isso se o seu filho é o terror da escola ou se o seu filho é vítima de bullying procure apoio especializado.
Dr. Fábio Veríssimo Mateus

sexta-feira, 22 de maio de 2015

“Diário de Uma Adolescente (quase) Rebelde e de uma Mãe que GMT*


(* Gosto Muito de Ti)



15.05.2015

Querido Diário:
A minha mãe leu-te... não acredito, como foi capaz! Ela não tinha esse direito. Sinto como se ela me tivesse batido tanto que nem consigo pensar, que raiva! Disse que anda à procura de provas. Mas provas do quê? Ai, que ódio! Ela leva-me ao limite, gritamos tanto uma com a outra que acho que não tenho mais voz. Porque é que ela faz isto? Porque me quer controlar? Porque não me deixa ter a minha vida? Ainda por cima descobriu do Rodrigo... agora ainda vai andar mais em cima. Só me apetece chorar e chorar e chorar e que ela oiça para perceber o que me faz sentir. Será que ela mexeu no meu telemóvel? Ela não tem a passe... Ela não entende que eu já não preciso dela! Dói tanto...

Maria

Sexta-feira, 15 de Maio de 2015

Querido Diário:
Estou exausta. Se pudesse ia um mês para as Caraíbas e não fazia nada. A Maria leva-me ao limite. Discutimos, outra vez  e até me insultou... sinto-me a perder o controlo com ela! Eu sei que não devia mexer nas coisas dela mas estou tão preocupada, ela anda sempre triste ou mal-disposta e nunca quer comer! Fiquei aliviada porque não vi nada sobre drogas, confesso que tinha medo. Mas não gostei da ideia de haver um rapaz, ela ainda é tão pequenina! E a escola? Como fica? Sinto-me impotente... dói tanto!
Mãe da Maria

16.05.2015

Querido Diário:
Hoje é a festa da Patrícia! Eles têm que me deixar ir. Se não deixarem vou fugir, já decidi. Vai lá estar o Rodrigo e eu não posso não ir. A Teresa mandou-me uma mensagem a dizer que o viu no shopping e que ele estava sozinho. Ontem na aula de Francês ele adormeceu... fica tão giro! Depois a Teresa mandou-me outra mensagem a dizer que ele estava com aquelas calças verdes e eu fiquei “Ai!”. A mãe esteve cá de manhã, eu fingi que dormia. Não me apetece sequer olhar para ela... mas tive pena, tenho saudades dela, às vezes.
Maria

Sábado, 16 de Maio de 2015

Querido Diário:
Ponho-a de castigo? Não sei mesmo o que fazer... ainda por cima o Zé não está cá. Sinto-me confusa. Falei com ele por telefone e ele acha que não devo deixá-la ir à festa mas foi o que eu lhe disse “Pois, e tás cá tu para a aturar depois!”. Eu sei, fui parva mas eu gostava que as coisas com a Maria fossem diferentes, como dantes quando ela vinha sempre ao pé de mim e me requisitava para quase tudo... “Mamã, mamã ajudas-me?”, que saudades. 
Mãe da Maria




17.05.2015

Querido Diário:
Estou farta disto, não sei se aguento mais. A minha mãe não me deixou ir à festa, disse que a forma como a tratei não foi justa e é justo para mim? Ela não se consegue pôr nunca no meu lugar, será que ela não percebe que era tão importante para mim? Também não tive coragem de fugir, bem que tentei mas faltou qualquer coisa. O quê? Não sei bem, acho que não sou capaz de os desiludir... Ouvi a mãe a chorar, senti-me estranha mas não fui lá. Porquê que ela chora? Se calhar sente falta do meu pai, eu também! Se ele tivesse cá nós éramos uma família e não esta família à distância. Gosto mais quando somos três!
Maria

Domingo, 17 de Maio 2015

Querido Diário:

Não dormi. A Maria disse-me coisas horríveis ontem e eu sei que ela estava zangada e leio livros e dizem que faz parte mas não dormi. Foi muito difícil para mim não a deixar ir, eu sabia que era importante para ela e estive quase a desistir mas não fui capaz de voltar atrás... não tive coragem, sei lá! Mandei mensagem ao Zé mas ele não me respondeu... aquilo em Angola também não está a ser fácil. O Zé faz-me falta, a Maria e ele têm uma cumplicidade que eu não consigo. Ainda pensei, durante a noite em ir para a cama dela e aninhar-me a ela mas achei que ia ser imediatamente expulsa. Que vontade dos seus abraços. Maria, onde foi que nos perdemos uma da outra? Olho para a fotografia na secretária, nós os três, gosto mais quando somos os três!
Mãe da Maria”




Lúcia Paço
Psicóloga e Terapeuta Familiar

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Tendência à repetição

 
 
Um dos princípios do nosso aparelho psíquico assenta na tendência à repetição. Com efeito, tudo na vida mental tende a percorrer um caminho já trilhado anteriormente, evitando, assim, os caminhos novos que impõem uma resistência maior.

Esta dita "compulsão à repetição" leva-nos a confrontar com padrões que se vão perpetuando ao longo das relações amorosas, sociais, familiares, sem que, muitas ve...zes, se tenha a verdadeira compreensão desta tendência inconsciente. Frequentemente, estes aspectos são colocados no outro (no parceiro, no colega, no amigo), embora tenham um mesmo denominador comum: a pessoa a quem tais circunstâncias ocorrem.

A Psicoterapia funciona, neste âmbito, como um meio de romper com os modelos previamente instalados, desempoeirando as teias e permitindo novos trilhos, recriando a forma de sentir e de se relacionar.

Dr.ª Joana Alves Ferreira

sábado, 31 de janeiro de 2015

Sobre a Mudança Psíquica



A necessidade de auto-conhecimento remonta aos primórdios da espécie, tendo sido a sua evolução acompanhada por este crescendo de desejo de saber sobre si e sobre o outro.
A psicoterapia representa, neste contexto, uma viagem que se faz ao interior de nós mesmos, proporcionando uma vivência dramatizada no "aqui e agora" das experiências emocionais passadas e, assim, capaz de aprofundar o autoconhecimento e proporcionar mudanças e transformações no mundo interno/externo.
Na verdade, o paciente adulto inicia uma psicoterapia com os seus padrões, incertezas, angústias, nem sempre tendo claro o motivo da sua procura. Investe, porém, nesta nova relação com a expectativa de que, com o auxílio do terapeuta, possa vir a sentir-se melhor. A condição última do psicoterapeuta é, portanto, desenvolver uma escuta capaz de captar o que não é dito, ouvir as palavras, mas também o silêncio do paciente - ouvir o que o outro sente e pensa, para lá do que acede ao seu consciente.
A mudança psíquica não se constitui, assim, num estado final obtido apenas ao término do tratamento. Cada nova aquisição ocorrida dentro do setting, abre um novo universo, "por mares nunca dantes navegados" e em constante movimento, na direcção de um estado infindável de transformação mental, num contínuo vir a ser.
Mas esta mudança só poderá ser possível, como nos diz Freud, quando "a dor de não estar a viver for maior que o medo da própria mudança". Este é o motor essencial para repensar caminhos e direcções, no mapa cartográfico do que é, todos nós, sermos pessoas.
O Canto da Psicologia,
Dr.ª Joana Alves Ferreira

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Mulheres que Amam Demais

Grupo Terapêutico “Mulheres que Amam Demais”?
Iniciamos duas novas edições no início de Fevereiro!


Com a realização das oito sessões de terapia de grupo previstas, desafiamos cada mulher a iniciar esta viagem que tem como destino: “Amo-me”! Pretendemos, com esta frequência semanal, conseguir potenciar em cada uma das mulheres autonomia, amor próprio e segurança, ao promover competências pessoais e emocionais capazes de proporcionar uma aprendizagem ao nível de relacionamentos saudáveis, primeiro consigo própria e depois, naturalmente, com os outros. Para isso, propomo-nos trabalhar questões do foro emocional, nomeadamente a impotência, a raiva, a negação, a aceitação, a assertividade, o medo, a confiança, a segurança, a auto-estima e a liberdade, tendo sempre presente a questão: “O que é isto de Amar demais?”

* €15/sessão ou €110/conjunto de 8 sessões (frequência semanal) *
Grupo inicia a 03 de Fevereiro de 2014 na Margem Sul, em Alcochete (3ª feira 20:30--22:00) e a 04 de Fevereiro em Lisboa (4ª feira 20:30--22h00).

Mais informações e inscrições para info@canto-psicologia.com