sábado, 31 de janeiro de 2015

Sobre a Mudança Psíquica



A necessidade de auto-conhecimento remonta aos primórdios da espécie, tendo sido a sua evolução acompanhada por este crescendo de desejo de saber sobre si e sobre o outro.
A psicoterapia representa, neste contexto, uma viagem que se faz ao interior de nós mesmos, proporcionando uma vivência dramatizada no "aqui e agora" das experiências emocionais passadas e, assim, capaz de aprofundar o autoconhecimento e proporcionar mudanças e transformações no mundo interno/externo.
Na verdade, o paciente adulto inicia uma psicoterapia com os seus padrões, incertezas, angústias, nem sempre tendo claro o motivo da sua procura. Investe, porém, nesta nova relação com a expectativa de que, com o auxílio do terapeuta, possa vir a sentir-se melhor. A condição última do psicoterapeuta é, portanto, desenvolver uma escuta capaz de captar o que não é dito, ouvir as palavras, mas também o silêncio do paciente - ouvir o que o outro sente e pensa, para lá do que acede ao seu consciente.
A mudança psíquica não se constitui, assim, num estado final obtido apenas ao término do tratamento. Cada nova aquisição ocorrida dentro do setting, abre um novo universo, "por mares nunca dantes navegados" e em constante movimento, na direcção de um estado infindável de transformação mental, num contínuo vir a ser.
Mas esta mudança só poderá ser possível, como nos diz Freud, quando "a dor de não estar a viver for maior que o medo da própria mudança". Este é o motor essencial para repensar caminhos e direcções, no mapa cartográfico do que é, todos nós, sermos pessoas.
O Canto da Psicologia,
Dr.ª Joana Alves Ferreira

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