quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Diário de uma Terapia




25 de Setembro


Desta vez não escrevi logo no meu diário. Neste meu diário de uma terapia ou, mesmo dizendo , neste meu jeito terapêutico de cuidar de mim, do meu Eu. Li algures que, “Escrever é Terapêutico”. É. Reconheço que quando passo para o papel ou computador o que sinto, o que senti, tudo me soa de forma diferente. Não necessariamente pior ou melhor, de todo, mas, claramente diferente.

Se no meu espaço verbal terapêutico ( acho que posso escrevê-lo assim), eu me oiço carregada de emoções umas verdadeiras, outras, sobre o efeito de situações vividas e não pensadas e outras, a partir do que a psicóloga me devolve, mesmo assim, quando faço este exercício de as escrever, olho as letras e a composição das palavras feitas frases sobre outro prisma, soando-me de forma diferente e pondo-me, sem dúvida, a pensar.

E hoje não me apetece fazê-lo!

Não me apetece sequer, no que escrevo agora, escrever o antes e o depois como o tenho feito neste meu diário. Sinto que não tenho vontade de voltar a pensar e até escrever sobre o que foi falado na última sessão, aliás, nada foi falado. Só eu falei, bom, gritei!. Reconheço que entrei e nunca mais me calei. Eu, que dizia que se não tivesse um feedback no tal de setting terapêutico me punha de lá para fora, esta última sessão ,preenchida de queixas, raivas, zangas, irritações, foi isto mesmo: uma autêntica zanga, como aquelas que eu às vezes tenho lá por casa, que ecoa por aquelas paredes, que me parecem tão vazias em determinada altura, soando a trovão de furacão e que fazem com que durante uma hora ninguém fale, nem se mexa, sequer!  E se algum movimento acontecer, morrem, desfeitos pelo meu olhar fulminante!

Oh…Meu Deus, como estou zangada! E não gosto de estar assim! Vou mais longe e digo, não tenho razões para estar assim… Que se passa comigo? Porque me sinto assim, feita nuvem negra em espiral de destruição? Até me assustei com a última frase que escrevi de tal forma me identifico. É melhor mesmo parar por aqui...

Meu Deus, não me reconheço. Nem quero continuar a escrever. Acho que vou parar com a escrita. Desisto do meu diário! E da Terapia? Oh…sei lá…!


Vou reduzir o meu pensamento a zero… vou reduzir-me a zero…

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