25 de Setembro
Desta vez não escrevi logo no meu diário. Neste meu
diário de uma terapia ou, mesmo dizendo , neste meu jeito terapêutico de cuidar
de mim, do meu Eu. Li algures que, “Escrever é Terapêutico”. É. Reconheço que
quando passo para o papel ou computador o que sinto, o que senti, tudo me soa
de forma diferente. Não necessariamente pior ou melhor, de todo, mas,
claramente diferente.
Se no meu espaço verbal terapêutico ( acho que posso
escrevê-lo assim), eu me oiço carregada de emoções umas verdadeiras, outras,
sobre o efeito de situações vividas e não pensadas e outras, a partir do que a
psicóloga me devolve, mesmo assim, quando faço este exercício de as escrever, olho
as letras e a composição das palavras feitas frases sobre outro prisma,
soando-me de forma diferente e pondo-me, sem dúvida, a pensar.
E hoje não me apetece fazê-lo!
Não me apetece sequer, no que escrevo agora, escrever o
antes e o depois como o tenho feito neste meu diário. Sinto que não
tenho vontade de voltar a pensar e até escrever sobre o que foi falado na
última sessão, aliás, nada foi falado. Só eu falei, bom, gritei!. Reconheço que
entrei e nunca mais me calei. Eu, que dizia que se não tivesse um feedback no
tal de setting terapêutico me punha de lá para fora, esta última sessão ,preenchida
de queixas, raivas, zangas, irritações, foi isto mesmo: uma autêntica zanga,
como aquelas que eu às vezes tenho lá por casa, que ecoa por aquelas paredes,
que me parecem tão vazias em determinada altura, soando a trovão de furacão e
que fazem com que durante uma hora ninguém fale, nem se mexa, sequer! E se algum movimento acontecer, morrem, desfeitos
pelo meu olhar fulminante!
Oh…Meu Deus, como estou zangada! E não gosto de estar
assim! Vou mais longe e digo, não tenho razões para estar assim… Que se passa
comigo? Porque me sinto assim, feita nuvem negra em espiral de destruição? Até me assustei com a última frase que escrevi de tal forma me identifico. É melhor mesmo parar por aqui...
Meu Deus, não me reconheço. Nem quero continuar a
escrever. Acho que vou parar com a escrita. Desisto do meu diário! E da
Terapia? Oh…sei lá…!
Vou reduzir o meu pensamento a zero… vou reduzir-me a
zero…
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