quarta-feira, 30 de outubro de 2013




Às Barbáries deste país que também é fado…

Hoje, no Dia Nacional de Prevenção do Cancro da Mama, parámos todos um pouco e resolvemos pensar este outro “cancro” que também ele, anualmente, mata: a violência doméstica! 

Segundo um artigo do expresso de 25 de Agosto deste ano, foram registadas no ano de 2012, 26.084 queixas de violência doméstica e contabilizadas 37 mortes. Demasiadas, dizemos nós. Demasiadas, dizemos todos. E não estão contabilizadas neste número, as mortes das vítimas que não falecem no dia e local da agressão, assim como as mortes que se sucedem relacionadas com este tipo de violência. Assustador! Este ano, ainda de acordo com o mesmo artigo, até Junho, já se tinham registado 20 assassínios e 21 tentativas de homicídio! Aterrador!

Um paradoxo muito comum entra-nos todos os dias pelos gabinetes a dentro: a mesma mulher que estoicamente enfrenta um cancro da mama e uma mastectomia que a amputa naquilo que ela tem de mais feminino e consegue sobreviver, reduz-se a uma “passividade” aparentemente incompreensível, perante palavras que mutilam, um soco que a marca, um murro que a desfaz seguindo-se pontapés que a atingem num EU desesperado por afecto, carente de amor, que não lhe permite acreditar que é alguém que vale a pena ser amada e respeitada .

A mulher com cancro da mama, enfrenta quimioterapia, radioterapia e a imagem de ausência de um seio que a seu tempo alimentou um filho com uma força e garra que desconhecia até aí! Uma mulher vítima de violência doméstica, não tem quimioterapia, radioterapia, que a consiga curar desta falta de suporte interno que lhe dê garra para ripostar! Uma mulher com cancro da mama, os números cada vez mais o clamam, consegue curar-se! Uma mulher vítima de violência doméstica, morre de qualquer forma, entregando-se rendida ao seu fado …

Por hoje e por todos os dias que por aí virão, nestes “cancros” que se constroem a partir das nossas fragilidades, nós vamos estando por aqui suportando estas dores, estes adoeceres que lentamente falecem não por amor, mas, por falta de amor…

A todas as mulheres que passam por estes dois “cancros” o nosso abraço solidário e desejo de franca e rápida recuperação…

O Canto da Psicologia
Ana de Ornelas
Directora Técnica



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