quinta-feira, 7 de julho de 2016

Entre a perda e a celebração...





Passamos pelo luto para celebrarmos a vida

“O homem vê no mundo aquilo que carrega no seu próprio coração” Goethe

Podemos considerar o Luto como um processo saudável do funcionamento psíquico. Estamos a falar dos lutos psicológicos que não implicam, necessariamente, uma perda física concreta. As pequenas mortes simbólicas as idealizações, relações, expectativas, fantasias, memórias que necessitam de ser arrumadas e compreendidas. Precisamos do luto para integrar as emoções e as memórias mais intensas e ansiosas. Este luto simbólico, organizado, repleto de significado vai apaziguar a dor e trazer novas formas de crescimento e de entendimento de nós próprios. Então porque fugimos deste luto interno? Porque não lhe damos espaço para acontecer? As mudanças, transições carregam em si lutos uma vez que “obrigam” a pessoa, a mudar, a crescer, a evoluir a ver noutra perspetiva. Como Freud pugnava existem dois caminhos para a mudança um é o da livre vontade e o outro é através do sofrimento que nos empurra para agir em torno da alteração - “Quando a dor de não estar a viver for maior do que o medo da mudança, a pessoa muda.” Freud - 


Quando algumas memórias não são aceites e integradas, para que sejam naturalmente evocadas sem nos causarem angústia, tristeza, paralisia, medo, podemos acabar por nos deixar arrebatar. Por isso o trabalho psicoterapêutico ser tão enriquecedor. Para evoluirmos necessitamos de nos libertar dos caminhos superficiais e procurar os mais profundos, que nos levam a lugares maravilhosos de consciência ampliada e de auto-conhecimento. O início da adolescência é marcado pelo luto da infância e o desejo da total independência, já na fase adulta fazemos o luto da idealização e entramos na maturidade que pode ser, essencialmente, admitirmos que necessitamos uns dos outros para sermos felizes. A maturidade implica aceitarmos o que somos sem os moldes que nos querem colocar.

Depois do Luto precisamos de celebrar a vida, as nossas vitórias e os nossos sonhos. Como Augusto Cury referiu em Sonhar é Preciso; “ Sem sonhos, as pedras do caminho tornam-se montanhas, os pequenos problemas são insuperáveis, as perdas são insuportáveis, as decepções transformam-se em golpes fatais e os desafios em fonte de medo.” O Sonho é fundamental, assim como a esperança de que melhores fases virão! Por isso celebramos e cuidamos da nossa “casa interna”, tornando-a sólida, acolhedora e sustentadora de todas as nossas emoções. Só quando nutrimos bem a nossa casa e aprendemos a cuidar de nós próprios é que podemos realmente cuidar dos outros. Por isso trata bem de ti, por mim, que eu trato bem de mim, por ti.


Drª Mafalda Leite Borges
O Canto da Psicologia



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