Uma das imagens mais comuns, quando imaginamos um psicoterapeuta é,
provavelmente, a de alguém que tem a capacidade de ler mentes e que rapidamente
conseguirá decifrar qualquer problema, através da sua bola de cristal.
Bom..., há algo de verdade nesta fantasia tão frequente, os psicoterapeutas têm
uma formação muito específica e possuem uma compreensão mais alargada sobre o
funcionamento psíquico do ser humano. É também verdade que as suas competências
profissionais e pessoais permitem ajudar eficazmente quem procura e precisa de
apoio psicoterapêutico.
Deste modo, não é de estranhar que se crie a ilusão de que em muito poucas
sessões de psicoterapia [2 ou 3 sessões] a problemática seja resolvida!
Ora, um processo psicoterapêutico com bons resultados requer tempo para
analisar, coragem para compreender e disponibilidade para aceitar.
- “Há alguma coisa que me possa dizer para eu fazer e resolver este problema rapidamente,
dra.?”
Esperar que um sintoma, uma perturbação, um sentimento, uma atitude, um
comportamento ou até um pensamento inquietante se transforme em tão pouco tempo,
é muito característico em alguns dos pedidos de ajuda que costumamos receber em
consultório.
Vivemos actualmente, numa sociedade em que a correria é palavra de ordem,
vivemos numa realidade em que os estímulos mais variados estão ao alcance de
qualquer um, vivemos numa Era em que as respostas são obtidas ao ritmo de um
clique, vivemos hoje, sem capacidade para esperar. A procura de uma resposta
rápida é intensificada pela nossa falta de capacidade para parar e esperar.
Contudo, um dos indicadores mais favoráveis para o sucesso da psicoterapia é o
investimento da pessoa e a sua capacidade de envolvimento no seu próprio
processo de transformação.
O pedido de ajuda psicoterapêutica vem, na maioria das vezes, associado a um sofrimento
e angústia muito significativos que podem traduzir-se através de sintomatologia
mais ou menos incapacitante. Os psicoterapeutas estão atentos desde o início a
esta sintomatologia, para dar uma resposta adequada e simultaneamente fazer a
integração entre a “queixa” e o contexto global da pessoa.
Considerando que a densidade dos problemas psicológicos deriva de um processo
que ocorreu ao longo de muito tempo, que se foi instalando no funcionamento
psíquico e que os padrões emocionais e cognitivos estão solidificados, não é
arrogante afirmar que às 2 sessões se devem multiplar muitas mais.
- “Já me sinto muito melhor Dra., quando for necessário, volto a contactar.”
O lugar da psicoterapia é certamente um local onde os pensamentos, as memórias,
as percepções e as fantasias mais difíceis e traumáticas se apresentam. Se
juntarmos a isto, factores psicológicos internos como mecanismos de defesa,
angústia e ansiedade é fácil perceber que a psicoterapia rapidamente se torna
um processo exigente e desafiante.
Iniciar uma psicoterapia implica o confronto com a existência de problemas por
vezes desconhecidos, podendo causar no início ou até em fases posteriores
momentos em que a pessoa se sente pior. No entanto, os efeitos positivos são
facilmente reconhecidos e o bem-estar é instalado de forma significativa e
duradoura. Um tratamento, normalmente, decorre durante meses ou alguns anos,
com uma regularidade semanal por se tratar de um processo que se pressupõe
sequencial e progressivo.
O processo psicoterapêutico é uma construção, um trabalho conjunto, entre o
psicoterapeuta e o paciente, é o desenvolvimento de uma nova forma de estar na
vida, mais feliz.
Drª. Fanisse Craveirinha
O Canto da Psicologia
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