Só mais recentemente é que a relação fraterna tem sido alvo
de estudo, até aqui o foco foi sempre a relação dos pais com os filhos. Mas de
facto, os estudos comprovam que a relação entre irmãos tem um grande impacto no
desenvolvimento emocional e social enquanto adultos.
Existem vários fatores que influenciam e determinam a relação entre irmãos, desde a mais tenra idade. Um dos fatores está relacionado
com as expectativas que a família tem acerca das características, competências e possibilidades de cada uma das crianças. Estas expectativas são determinantes na
organização da fratria, na relação de poder entre irmãos, na função e papel de
cada um.
Outro fator é a dinâmica familiar e modelo de relacionamento parental, que tende a ser reproduzido na relação entre irmãos.
A relação entre irmãos nunca é inteiramente fácil e isenta
de conflitos. É uma relação ambivalente, de amor-ódio, mas que não é negativa
no sentido que permite que as crianças não se sintam sozinhas e que aprendam a
partilhar brinquedos, situações e emoções. A vida na fratria permite
experenciar a socialização, influencia o ajustamento psicossocial como
preparação para as futuras relações amorosas e com os pares.
Ter um irmão é um desafio para a criança. Força-a a lidar
com situações e emoções que ajudam a desenvolver competências de resol
ução de
problemas, negociação, autocontrolo, partilha e tolerância à frustração.
O que gera competição entre os irmãos é a necessidade de atenção dos pais. Os irmãos não se escolhem, podem ter personalidades
diferentes mas têm a difícil tarefa de partilharem as duas pessoas que mais
querem para si: os pais. Neste sentido, a rivalidade é uma situação natural.
É aqui que o papel dos pais é fundamental. O funcionamento
saudável da família também depende do fortalecimento da relação fraterna. Os
pais devem fomentar a qualidade do vinculo entre irmãos, incentivando o
envolvimento, o respeito mútuo, a cooperação e a gestão de conflitos.
O que se pode fazer para diminuir a rivalidade?
- promover momentos de convívio que reforcem a união
fraterna (por exemplo, jogos em que os irmãos pertençam à mesma equipa);
- valorizar as diferenças entre os irmãos, para que as crianças se sintam bem com as suas características e também
elas aceitem as diferenças dos demais;
- nunca fazer comparações entre irmãos porque cada um tem a
sua personalidade e as suas capacidades;
- quando surge um conflito, permitir que sejam eles a
resolver. Se tiver de intervir, é importante a imparcialidade, sem procurar o
culpado, incentivar a que expressem o que sentem relativamente à situação de
conflito e que cheguem a estratégias de resolução;
- privilegiar os momentos em que existe interação positiva,
elogiando a capacidade de partilharem brincadeiras.
Para que a rivalidade natural não se torne patológica, estes
momentos de interações positivas, os momentos em que consigam partilhar
brincadeiras de forma amistosa, são fundamentais. Qualquer filho quer ser o
mais amado pelos pais. Quanto menos afeto percepcionarem por parte dos pais,
mais rivalidade existirá entre irmãos.
A patologia surge quando se manifesta uma agressividade
excessiva, a par de uma postura desafiante e de oposição. Quando o ciúme é
excessivo, pode ser necessária a intervenção de um Psicólogo, assim como em
situações em que os pais sintam que a rivalidade entre os seus filhos está a
tomar proporções preocupantes.
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