3, 2, 1 ACÇÃO!
Em jeito de
antestreia, chegamos-lhe hoje à hora da recomendação do filme da semana, com um
trailer que lhe é, seguramente, familiar. Diríamos que talvez tenha sido, já,
personagem principal, realizador ou apenas figurante: mas, em todo o caso,
asseguramos que conhece bem o filme que lhe trazemos hoje. O filme que Setembro
evoca, os papéis que dele emergem e os cenários em que se multiplica. Eis, o
esperado Regresso às Aulas! Está preparado para a acção?
Se desse lado já sente o pulsar
dos mais pequenos, o frenesim do regresso ao trabalho, agudizado pelas
“multitasks” que se apresentam em contra-relógio, então, garantimos-lhe que
este filme é para si e, provavelmente, este argumento também. Nesta longa-metragem, não raras
vezes surgem as conhecidas ansiedades que antecipam a iniciação escolar, seja
ela em que fase da vida da criança ou do adolescente. Quer para os mais novos,
quer para os próprios pais, os próximos dias serão vividos com a agitação da
preparação de um ano que se avizinha com desafios, responsabilidades e
exigências, que ditam o compasso do crescimento dos filhos e que, todos sem
excepção, desejam que seja bem sucedido.
Não obstante, nas fantasias que
antecipam este regresso, para uns, ou começo, para outros, emergem
inseguranças, medos e dúvidas que, muitas vezes, não são verbalizadas, mas que
passam numa espécie de comunicação inconsciente do sentir de cada uma das
personagens deste filme. Sente-se esta inquietude na
pressa pelos livros, na voracidade com que se quer levar todo o material escolar,
nas perguntas sobre os colegas que irão surgir. Isto, nos mais “ousados” (e que
ousados sejam), que, ainda assim, permitem deixar transparecer um lado mais
angustiado que ganha expressão nestes cenários. Há, contudo, aqueles cuja
comunicação é mais silenciosa, ficando-se pelas noites sem dormir, dores de
barriga ou uma repentina dificuldade de deixar partir pelas manhãs pais e mães,
num abraço que custa largar e nas lágrimas que escorrem sem pedir licença,
deixando do lado dos crescidos a culpa por ter que ir. Todos eles, de uma forma
ou de outra, enquanto crianças que são, experienciam a angústia das separações
que se avizinham e das mudanças para um novo mundo desconhecido, lidando com
ela da forma que podem ou que lhes é possível.
Para os pais, a tarefa nem sempre
está mais facilitada: desengane-se se imaginou que para todos funciona a capa
de super-herói. Em cada novo ano, em cada recomeço, vai-se reavivando a
experiência “do largar a mão para o deixar crescer”, com tudo o quanto tem de
bom, mas também de sofredor no que representa vê-los seguir. Este seguir para longe de um olhar
contentor que os pais sentem, naturalmente, como único – o seu. Este seguir
para um trajecto que se reconhece
que não será sempre ideal e que trará as suas dificuldades, como, aliás, todas
as etapas de crescimento dos filhos.
É também aqui que, tantas vezes,
a trama se complica, quando a apreensão dos pais é passada para os mais novos,
sem que dêem por isso, é certo, mas fazendo-lha chegar. Para garantir que esta
longa-metragem seja um filme de acção, com muito afecto à mistura e que o final
seja verdadeiramente feliz, sugerimos-lhe o fundamental: converse com o seu
filho, dê espaço a que verbalize o que sente, leve até ele(a), devagarinho, as
mudanças que se vislumbram, e na hora da despedida, com firmeza (aí sim, de
super-herói), não se esqueça de lhe ressegurar que vai, mas que no final do dia
estará ali para recebê-lo.
Boa jornada!
Dr.ª Joana Alves Ferreira
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