sexta-feira, 21 de abril de 2017

Mini, mini, miniférias...








No momento em que escrevo ainda não fomos de férias, estamos em preparativos. 

Assim os euros o permitam, a repetição anual destes primeiros dias do ano em versão miniférias por altura da Páscoa, provocam-me sempre uma mistura de excitação e felicidade, com picadas no peito tipo rajadas (ansiedade, portanto).
Descrito desta forma não se percebe muito bem se me estou a preparar para um momento bom ou não…eu sei. Mas é exatamente isso. Férias em família é isto, excitação vs nervinhos pré e durante as férias.

O desassossego pré-férias começa cedo com o memo mental dos requisitos de cada um dos elementos da família:

  • A Mãe, (eu) precisa de praia, sol, um livro novo para ler e de preferência um branco Douro fresco ao almoço, porque das coisas boas da vida, a leveza de ombros que o álcool dá, vivida em plena luz do dia é uma delas, certamente;
  • A Criança, precisa de uma piscina, um parque e algumas (muitas) doses de atenção a ver pela quantidade de vezes que me chama para ver todas as habilidades que faz entre estes dois espaços;
  • A Pré-adolescente precisa de praia e piscina e falar o menos possível com os restantes.  Por sua vez, nós precisamos de uma dose de paciência (ajudada com o branco Douro) para acompanhar as súbitas mudanças de humor da espécie;
  • O Pai, precisa do que nos precisarmos, “O que vocês quiserem está bem!” … um puro facilitador de férias em família e um excelente entertainer da Criança que precisa de alguém que veja os 90 saltos que dá para a piscina por minuto (que são sempre iguais apesar dele achar que não) enquanto eu tento desesperadamente ler o meu livro. 
  • O ultimo requisito, e neste há consenso, o wifi.

Não vale a pena dizer que “Ah nós vamos de férias e não vamos ligados”, “Vamos fazer um detox de internet”. Não dá! Nada de exageros, mas todos utilizamos os gadgets e a verdade é que dá um jeitão para quando a criança começa a ficar mais impaciente (chatinha); a pré-adolescente pode partilhar com as amigas a seca que é ir de férias com o Pai e a Madrasta, apesar de em offline se divertir à brava, mas assim não desmancha o papel de pré-adolescente do contra; à Mãe que gosta de fazer umas selfies e usar os filtros do snap e achar que tem menos 20 anos e ao Pai que precisa atualizar a aplicação dos resultados dos jogos com os resultados do Placard.

Ainda em pré-férias e depois dos requisitos revistos, começa a busca pelos sites de oferta de veraneio. O plafond para as miniférias só nos leva no máximo até 250 km de distancia de Lisboa. Rumamos ao Algarve, como boa família típica portuguesa que vive do que ganha (à justa) mas que insiste em aparentar viver dos rendimentos, dizendo em modo mantra vá para fora cá dentro, quando na realidade se pudéssemos íamos os quatro partir o côco num Caio qualquer desses do México. 
Mas não dá; e então contentamo-nos com uns dias a sul de preferência a sotavento e com cancelamento gratuito até quase de véspera, não vá haver uma despesa de ultima hora que estraga os planos do passeio.

Damos inicio às hostilidades das férias, com o fazer das malas. A mim cabe-me a tarefa de arrumar tudo de todos nas malas e evitar levar metade do guarda-roupa para 3 dias de férias, mesmo que não as use… o drama da maioria das mulheres, portanto.
A ele, cabe-lhe a tarefa de pôr tudo na mala do carro. A única coisa que lhe peço é que ponha tudo dentro da mala, ou seja, almofadas, boné do rapaz, sacos do supermercado em cima da chapeleira a tapar a visão na retaguarda, está fora de questão. 

Como já é um clássico, este pedido é inocentemente esquecido, porque segundo ele eu não fiz a minha parte e trouxe malas para 2 semanas de férias (que exagero…). Como tal, o cenário quando desço é sempre o mesmo: carro em sofrimento, prestes a explodir. 
Ele olha para mim e revira os olhos, provavelmente já em resposta ao meu revirar de olhos. Depois de uma breve troca de semipalavras (são palavras que o seu som só se ouve do meio para o fim com o objetivo inequívoco de quem as diz, conseguir irritar o outro e de quem as ouve ficar irritado, mas vamos fingir que não), tiro tudo do carro e arrumo tudo dentro da bagageira. Acabo em silencio, mas lanço o olhar “Vês como se faz?!”. E pomo-nos ao caminho.


A viagem felizmente nestas idades já é tranquila. E como em muita coisa nesta vida, temos tendência a esquecer episódios doces como parar porque um deles vomitou, ou os gritos que se dão porque já chega de perguntar quanto tempo falta. Hoje em dia o único stress da viagem é decidir de quem vai ser a playlist que vamos a ouvir no carro.

O momento da chegada é sempre bom. A mim a chegada ao Algarve traz-me sempre boas memórias. O Algarve tem um cheiro só dele. Eu e as minhas memórias somos de cheiros. E daqui, destas terras são todas boas.

Depois de entrarmos nos quartos numa mistura de furacão saloio, a mexer e revirar tudo como se fosse a primeira vez que vamos para um alojamento turístico, e vemos torneiras, ou frasquinhos de champô, lançamo-nos ainda imbuídos do espirito “equipa familiar”, no mesmo programa. Ou todos à praia, ou todos à piscina. Esta unanimidade por norma dura pouco. 
Nas horas seguintes entramos no modo nervos férias. Cada um aparentemente entra em fusos horários diferentes. Uns querem acordar cedo, outros querem aproveitar para dormir até mais tarde. Outros são todos praia, outros todos piscina e ainda há o outro que tanto lhe faz, mas o que ele quer mesmo é uma boa de uma espreguiçadeira e silencio. 
Porém, depois de alguns nervinhos e amuos, acabamos por ir todos para um dos sítios metade do dia e a outra metade de quem abdicou hoje na parte da manha, para amanha se inverter tudo, porque nas famílias a democracia impera sobretudo quando se tem filhos, e ou é isto ou grama de paracetamol por causa das nevralgias que os nervos e os revirar de olhos provocam.

Nestas miniférias há alguns nervos sim, mas há sobretudo muitos momentos bons. 

Os saltos para a água. 
As brincadeiras que só a praia permite. 
O stock de conchinhas e búzios que se renova.
As fotografias aos quatros com o temporizador ligado, que são sempre a melhores fotografias das férias pela risada que arranca, no contra-relógio que faço para conseguir entrar no enquadramento a tempo. 
A garrafa de vinho que se bebe ao jantar com a segurança de que dali já não temos de sair.
O momento em que nos separamos, cada uns para os seus quartos. 
Eles a sentirem-se importantes porque dormem num quarto só para eles.
E nós, que deixamos a mistura maravilhosa do tinto do jantar e dos primeiros raios de sol fazerem magia e embalarem o nosso descanso.
E no final do dia, adormeço com a certeza que estas miniférias só o são de nome pois enchem-nos de força para programar as grandes e desejar que cheguem rápido.

Nota: agora que me leem, já estou em modo pós-férias, e os nervos dividem-se ente maquinas de lavar roupa e horas a passar roupa a ferro, e é neste momento que dou razão ao Pai quando tenho que arrumar as 5 malas de roupa que levei por comparação com as apenas 5 peças de roupa de usei.

Boas minigrandes-férias.

Petra




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