03 de Julho
Hoje é a minha décima sessão! Apetece-me
reflectir e pergunto-me, tem valido a
pena? Porque o faço, continuo sem saber muito bem! Mas, pelo menos, continua a parecer-me relevante!
Quando na primeira
sessão a terapeuta me perguntou, qual era o meu pedido e o que eu esperava
daquele espaço, sei que na altura lhe respondi, colocando demasiado ênfase na
minha relação com a Maria, que queria sobretudo controlar o meu lado homicida que,
quanto a mim, tinha surgido de forma inexplicável, para que não fosse
confrontada com um descontrolo difícil de lidar, onde as consequências poderiam
ser demasiado nefastas para o meu lado.
Curiosamente, ao fim deste tempo,
pouco ou nada temos falado da Maria! Já percebi que este processo é lento,
demasiado lento para os tempos que correm, onde tudo tem que ser feito à pressa
e sempre para ontem. Também sei que um comprimido tem um efeito mais rápido, e
está absolutamente adequado ao contexto actual em que tudo é enquadrado no princípio
da “fast food”! Para mim, sempre ficou clara a ideia de que, dificilmente eu
recorreria a tal, mas…
Temos tocado em temas que há
muito estavam, aparentemente, arrumados! Sinto que ainda não consigo (será que
alguma vez vou conseguir?) perceber a relevância de alguns, apesar de
reconhecer ligações fortes com as minhas vivências actuais. Ainda na última
sessão fiquei em silêncio pela ligação feita ao meu pai, no que toca a tudo o que
tenha a ver com autoridade e austeridade na minha vida! Apesar de pertinente
esta associação, ainda estou por aqui a remoer. Mas será que faz sentido ligar
as coisas? Será
que isto me está a fazer sentido? Ou, não? Valerá a pena continuar? Mas o que é que a Maria tem efectivamente a ver com tudo isto?O que é que
eu faço aqui, realmente? O que é que me incomoda de facto?
- Bom dia Madalena!
E devolvi tudo o que sentia à
psicóloga! Pelo menos isso consegui! Não me inibi, como às vezes o faço quando
tento fazer ouvir-me! Como eu escrevi há tempos neste meu diário, aqui sinto
que me ouvem…
- Curioso, parece haver aqui uma
resistência sua que a põe a questionar a relevância deste espaço para si,
Madalena! Talvez porque, quem sabe, o que tem trazido e o que tem estado por aqui a pensar,
seja de alguma forma incómodo e difícil de suportar.
Pois… não sei… às vezes fica-me
de facto difícil lidar com as tais “infindas verdades” que se vão revelando por
aqui e dentro de mim. Verdades que não suspeitava, das quais já tinha feito por
esquecer e que agora, parece pertinente relembrar!
E fica muito difícil! Mesmo muito
difícil! E ainda ecoam em mim as palavras da psicóloga mesmo ao terminar a
sessão:
- É difícil de facto Madalena mas lembre-se, estou aqui consigo, não está
sozinha neste percurso!
E resolvo voltar para a semana,
apesar das dúvidas que tinha, efectivamente! Chamam-lhe resistências eu, prefiro chamar-lhe, medo!
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