quarta-feira, 10 de julho de 2013

Diário de uma Terapia




03 de Julho

Hoje é a minha décima sessão! Apetece-me reflectir  e pergunto-me, tem valido a pena? Porque o faço, continuo sem saber muito bem! Mas, pelo menos, continua a parecer-me  relevante! 

Quando na primeira sessão a terapeuta me perguntou, qual era o meu pedido e o que eu esperava daquele espaço, sei que na altura lhe respondi, colocando demasiado ênfase na minha relação com a Maria, que queria sobretudo controlar o meu lado homicida que, quanto a mim, tinha surgido de forma inexplicável, para que não fosse confrontada com um descontrolo difícil de lidar, onde as consequências poderiam ser demasiado nefastas para o meu lado.
Curiosamente, ao fim deste tempo, pouco ou nada temos falado da Maria! Já percebi que este processo é lento, demasiado lento para os tempos que correm, onde tudo tem que ser feito à pressa e sempre para ontem. Também sei que um comprimido tem um efeito mais rápido, e está absolutamente adequado ao contexto actual em que tudo é enquadrado no princípio da “fast food”! Para mim, sempre ficou clara a ideia de que, dificilmente eu recorreria a tal, mas…

Temos tocado em temas que há muito estavam, aparentemente, arrumados! Sinto que ainda não consigo (será que alguma vez vou conseguir?) perceber a relevância de alguns, apesar de reconhecer ligações fortes com as minhas vivências actuais. Ainda na última sessão fiquei em silêncio pela ligação feita ao meu pai, no que toca a tudo o que tenha a ver com autoridade e austeridade na minha vida! Apesar de pertinente esta associação, ainda estou por aqui a remoer. Mas será que faz sentido ligar as coisas?  Será que isto me está a fazer sentido? Ou, não? Valerá a pena continuar? Mas o que é que a Maria tem efectivamente a ver com tudo isto?O que é que eu faço aqui, realmente? O que é que me incomoda de facto?


- Bom dia Madalena!


E devolvi tudo o que sentia à psicóloga! Pelo menos isso consegui! Não me inibi, como às vezes o faço quando tento fazer ouvir-me! Como eu escrevi há tempos neste meu diário, aqui sinto que me ouvem…

- Curioso, parece haver aqui uma resistência sua que a põe a questionar a relevância deste espaço para si, Madalena! Talvez porque, quem sabe, o que tem trazido e o que tem estado por aqui a pensar, seja de alguma forma incómodo e difícil de suportar. 

Pois… não sei… às vezes fica-me de facto difícil lidar com as tais “infindas verdades” que se vão revelando por aqui e dentro de mim. Verdades que não suspeitava, das quais já tinha feito por esquecer e que agora, parece pertinente relembrar!
E fica muito difícil! Mesmo muito difícil! E ainda ecoam em mim as palavras da psicóloga mesmo ao terminar a sessão: 

- É difícil de facto Madalena mas lembre-se, estou aqui consigo, não está sozinha neste percurso!

E resolvo voltar para a semana, apesar das dúvidas que tinha, efectivamente! Chamam-lhe resistências eu, prefiro chamar-lhe, medo!



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