sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Hiperactividade e Medicação...






E na segunda feira perguntamos! Hoje, sexta-feira respondemos!

Hiperactividade e medicação!

Na nossa caixa de perguntas desta semana, levantámos a questão da medicação precoce de inúmeras crianças e adolescentes, pelo diagnóstico de Hiperactividade e/ou Défice de Atenção!

Nos últimos anos, tem-se verificado um crescendo de crianças a quem se atribui este quadro, seja pela avaliação efectiva de técnicos de saúde, seja pela forma como este terminologia tem vindo a ser, no nosso entender, abusivamente utilizada por professores, pais, família e pela própria sociedade.

Os "reguilas" de outrora são os "miúdos concerta" da actualidade: crianças que, eventualmente, não serão tão diferentes das que também os pais terão sido, mas cuja indisciplina, inquietude, agitação, associado ao desejo impetuoso de subir muros e empoleirarem-se onde não devem, entre outras formas "estranhíssimas" de pôr os bichos-carpinteiros a mexer ... Hoje, são as crianças travadas pelas "pílulas mágicas"; são os indisciplinados, a quem cabe (aos próprios, mas sobretudo aos pais e professores) a justificação de um diagnóstico que clarifica qualquer dúvida que a falta de regras levante; são os "miúdos concerta", que, como o nome sugere, precisam de ser concertados, arranjados, como quando adquirimos qualquer coisa que chega com defeito de fabrico...

Mas, não será demasiado? O que mudou, afinal, no espaço de uma geração para rapidamente tudo ser solucionável por via de "pílulas magicas"?

A nosso ver, olhando para lá da palavra, dos nomes e dos rótulos, há em cada criança uma singularidade que faz dela especial e na qual vão surgindo, medos, angústias e dificuldades... Superáveis e não propriamente anuláveis - superáveis pela capacidade adaptativa da criança, pela forma como na relação é capaz de trabalhar as suas inquietações, caso seja contida e suportada, num trabalho de articulação contínuo entre pais, educadores, psicólogos e toda a rede que a envolve.

Que a Adrenalina, agora substituída pela Ritalina, possa ser trazida para uma Psicoterapia e, como diz o dito popular "a seu tempo, cada coisa no seu lugar"! Mas, é claro está, é preciso tempo, um tempo que não se coaduna com uma cultura do imediatismo.

E desse lado, enquanto pai, é capaz de esperar?

Drª Joana Alves Ferreira
O Canto da Psicologia

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