quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Pacificamente, falemos de paz...








Que estranho é o ser humano, aquilo de que mais necessita é aquilo de que mais se afasta. Anseia tão desesperadamente por paz mas cedo se encontra com a guerra.

A guerra, esta, é implacável e impiedosa, assume vários rostos e aparece sem pedir autorização. Pode ser interna, manifestando-se no barulho dos pensamentos, no alvoroço dos sentimentos, ou externa, apresentando-se no desfilar das armas, dos tanques, das bombas, ou na turbulência da procura da razão. Seja como for deixa um rasto de dor, inquietação e destruição.

Que estranho é o ser humano. Procurará mesmo a paz? Então porque trás para sua casa a agitação? É muitas vezes no seio das famílias, onde as pessoas se amam, que a guerra aparece de rompante atormentando, ferindo, magoandoMuito frequentemente mães choram, pais sentem-se atormentados e as criançastão assustadas

Diferentes povos atacam-se, milhares de pessoas, para tentar sobreviver, enfrentam condições desumanasA solidariedade, muitas vezes, escasseia



Que desígnio é este a que esta nossa espécie parece não conseguir escapar?

 O homem luta para ter poder, para ter dinheiro, para ter desculpa e até para ter amor. Por muito pouco se perde a noção de que, do outro lado, está também um ser humano. Ver alguém a sofrer no telejornal torna-se habitual. Parece existir uma espécie de desumanização do humano que a todos deve assustar. Como se algumas pessoas fossem consideradas indignas de serem protegidas pelos direitos inerentes à nossa espécie. Como se fossem diferentes de nós.


O ser humano bem procura a tranquilidademas tarda em conseguir encontrá-la. Tem tudo o que precisa para viver em pazmas não o consegue fazer.

Será a guerra o estado natural do humano? Será o homem um ser sem remédio? Que não consegue suportar a felicidade de viver em paz? Que não consegue acalmar o impulso de ter de triunfar, de explorar o outro para enriquecer?

Numa sessão de terapia uma criança uma vez diz, no final de uma brincadeira em que dois exército de soldados acabaram de travar uma grande batalha Agora temos que dar este remédio a todos os soldadosneste frasquinhoO remédio tem  concentrado de amizade e cheirinho de amor. Só assim eles vão viver.” 

  
Aos 8 anos esta criança percebe qual é o remédioAfeto, respeito, capacidade de empatizar, amor

Será o ser humano capaz disso? Acredito que sim, que o afeto prevaleça e que unidos possamos ir alcançando a tão desejada paz. Por isso tantos também se debatem, se mobilizam, se tentam fazer ouvir. Quando menos se espera aparece alguém que também quer ajudar. É nesses que reside a esperança do ser humano. Nesses que esperam que a solidariedade seja contagiosa e a paz possa prevalecer e resistir. Por isso há que aproveitar todas as oportunidades para se comemorar a paz.


Sinto a falta de um mundo onde a paz seja o normal, onde a excepção seja a guerra…”



Drª Dina Cardoso
O Canto da Psicologia


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