quinta-feira, 10 de novembro de 2016

São Martinho versus Psicologia...










Curioso para saber o que é o Verão de São Martinho e o que poderá representar simbolicamente para a psicologia?

Generosidade ou Empatia?

Amanhã começa o Verão de São Martinho uma lenda que faz um elogio à generosidade do ser humano. São Martinho era um cristão que resolveu dar metade da sua manta a um mendigo na rua, a partir desse momento, “milagrosamente” o sol surgiu para aquecer, como símbolo da bondade humana.

O São Martinho assumiu, desta forma, um comportamento empático e não, tanto uma atitude que implica valores morais. Na realidade, podemos refletir, que uma pessoa não tem atos bons ou maus o que tem é capacidade empática ou ausência dela.

 Ora o São Martinho quando viu o Mendigo a sofrer quis ajuda-lo dando-lhe o conforto da manta. No entanto fê-lo, possivelmente, com base numa procura de dar apoio, uma vez que colocou-se no lugar do outro, ao imaginar, como ele estaria a sofrer com o frio e, nesse contexto, procurou ajuda-lo.

Neste sentido a religião por si só não forma pessoas “boas” ou menos “boas”, mas informa e dá a conhecer os valores que respeitam e que seguem determinadas doutrinas. Quando se fala de empatia um tema muito querido em psicologia é “sentir a dor do outro no nosso coração” no fundo, porque quando vemos os outros a experienciar determinada emoção, nós tendemos a compreender o que o outro está a viver e, por isso, vamos interagir de forma sensível e adequada.

As atitudes empáticas resultam na medida em que fomos criando relações gratificantes e sensíveis ao longo do nosso desenvolvimento. Como seres relacionais que somos vamos cuidar dos outros, assim como, cuidamos de nós, só dessa forma passamos da posição egocêntrica, do ego, para a posição descentrada e relacional que se foca nos outros. O ser humano tem esta necessidade básica que consiste em partilhar emoções e sentir que está a ser intimamente compreendido e amado.

Assim sendo aproveitem o quente do São Martinho para partilhar bons momentos, com todos e dar graças por termos esta capacidade, tão intrinsecamente humana, que consiste em sentir, o que o outro sente e reagir de forma congruente. A nossa capacidade empática é o que temos de mais humano e genuíno. O sentimento de ser amável e compreendido surge na medida em que existe esta capacidade relacional que é estimulada na relação com os outros.


Dra. Mafalda Leite Borges

O Canto da Psicologia


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