quarta-feira, 16 de junho de 2021

Vamos falar (mais uma vez) de Bullying...

 



Já muito se falou e muito se fala sobre bullying. Mas será que falamos da forma mais correta? Será que se fala de bullying nos locais certos? Andamos todos a promover uma sociedade inclusiva mas cada vez mais vemos jovens e adultos intolerantes uns com os outros.

Há dois locais onde acredito que seja essencial falar abertamente acerca deste tema: em casa e na escola. Em casa para esclarecermos e alertarmos os nossos filhos, sejam vítimas ou bullies. Na escola porque é o local onde tudo acontece.

 Para os pais:

É muito importante falar com os filhos sobre esta realidade e explicar que o bullying é um comportamento intencionalmente agressivo, violento e humilhante em que há um desequilibro de poder e em que o objetivo é controlar e prejudicar outras crianças.

Ajudando a compreender o que é o bullying, os pais podem ajudar os filhos a aprender a defenderem-se de forma segura e garantir que sabem como procurar ajuda. Sabendo o que é o bullying, as crianças e os jovens conseguem identificar e podem falar com alguém sobre isso, podem denunciar situações que vejam nos outros.

É fundamental manter a comunicação e o diálogo em casa, ouvir, perguntar sobre a escola e explorar preocupações e receios dos filhos. Estas conversas podem surgir a partir de perguntas como “Diz-me uma coisa boa/má que te tenha acontecido hoje”, “Como é a hora do almoço na escola? Sentas-te com quem? E falam sobre o quê?”, “Em que é que és bom na escola? Qual é a característica de que gostas mais em ti?”.

E é muito importante estar atento a eventuais sinais de que os filhos são vítimas de bullying. Alguns dos sinais nas crianças são: tristeza, falta de paciência, mais alheadas da família, mais introspetivas, zangadas ou muito irritáveis. Podem também não querer ir à escola, apresentar alterações de humor, dificuldade de concentração, piores resultados na escola e queixas físicas permanentes. Podem aparecer com a roupa em desalinho ou com os materiais escolares estragados, têm nódoas negras ou feridas sem uma explicação coerente, escolhem um percurso diferente do habitual para ir e voltar da escola, têm pesadelos ou choram durante o sono, pedem mais dinheiro ou roubam dinheiro de familiares, parecem socialmente isoladas, com poucos ou nenhum amigo, evitam determinadas situações (por exemplo, apanhar o autocarro para a escola). É natural que as crianças não partilhem que estão a ser vítimas de bullying. Por vergonha, por medo.

  E na escola?

A escola é o local ideal para a prevenção. Promover dinâmicas de grupo desde a pré-primária, fornecer um serviço de apoio, ao qual as crianças se possam dirigir quando sentem necessidade de falar sobre algo que os perturbe na escola. Colocar à disposição profissionais qualificados, os Psicólogos, e não só, para que possam promover interações positivas, que expliquem as consequências psicológicas de uma situação de bullying. Que possam ensinar a identificar estas situações e criar um plano de ação que envolva estratégias e atividades que sensibilizem para a diversidade de comportamentos agressivos.

 E se deixarmos de falar das vítimas e falarmos sobre os bullies? Esse será o tema a explorar no meu próximo texto.

 O bullying é uma realidade sempre presente... já muito se falou e ainda muito se falará. Nós por cá, n´o Canto da Psicologia, estamos disponíveis para ajudar os pais, as crianças e adolescentes e a família a lidar com estas situações. Não deixe de procurar ajuda caso sinta essa necessidade.

 

Dra. Irina Morgado - Setúbal

O Canto da Psicologia


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