Já
muito se falou e muito se fala sobre bullying. Mas será que falamos da forma
mais correta? Será que se fala de bullying nos locais certos? Andamos todos a
promover uma sociedade inclusiva mas cada vez mais vemos jovens e adultos
intolerantes uns com os outros.
Há
dois locais onde acredito que seja essencial falar abertamente acerca deste
tema: em casa e na escola. Em casa para esclarecermos e alertarmos os nossos
filhos, sejam vítimas ou bullies. Na escola porque é o local onde tudo
acontece.
É
muito importante falar com os filhos sobre esta realidade e explicar que o
bullying é um comportamento intencionalmente agressivo, violento e humilhante
em que há um desequilibro de poder e em que o objetivo é controlar e prejudicar
outras crianças.
Ajudando a compreender o que é o bullying, os pais podem ajudar os filhos a aprender a defenderem-se de forma segura e garantir que sabem como procurar ajuda. Sabendo o que é o bullying, as crianças e os jovens conseguem identificar e podem falar com alguém sobre isso, podem denunciar situações que vejam nos outros.
É fundamental manter a comunicação e o diálogo em
casa, ouvir, perguntar sobre a escola e explorar preocupações e receios dos
filhos. Estas conversas podem surgir a partir de perguntas como “Diz-me uma
coisa boa/má que te tenha acontecido hoje”, “Como é a hora do almoço na escola?
Sentas-te com quem? E falam sobre o quê?”, “Em que é que és bom na escola? Qual
é a característica de que gostas mais em ti?”.
E
é muito importante estar atento a eventuais sinais de que os filhos são vítimas
de bullying. Alguns dos sinais nas crianças são: tristeza, falta de paciência, mais alheadas da família, mais introspetivas,
zangadas ou muito irritáveis. Podem também não querer ir à escola, apresentar
alterações de humor, dificuldade de concentração, piores resultados na escola e
queixas físicas permanentes. Podem aparecer com a roupa em desalinho ou com os
materiais escolares estragados, têm nódoas negras ou feridas sem uma explicação
coerente, escolhem um percurso diferente do habitual para ir e voltar da escola,
têm pesadelos ou choram durante o sono, pedem mais dinheiro ou roubam dinheiro
de familiares, parecem socialmente isoladas, com poucos ou nenhum amigo, evitam
determinadas situações (por exemplo, apanhar o autocarro para a escola). É
natural que as crianças não partilhem que estão a ser vítimas de bullying. Por
vergonha, por medo.
A escola é o local ideal para a prevenção.
Promover dinâmicas de grupo desde a pré-primária, fornecer um serviço de apoio,
ao qual as crianças se possam dirigir quando sentem necessidade de falar sobre
algo que os perturbe na escola. Colocar à disposição profissionais
qualificados, os Psicólogos, e não só, para que possam promover interações
positivas, que expliquem as consequências psicológicas de uma situação de
bullying. Que possam ensinar a identificar estas situações e criar um plano de
ação que envolva estratégias e atividades que sensibilizem para a diversidade
de comportamentos agressivos.
Dra.
Irina Morgado
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