quinta-feira, 19 de maio de 2016

Quando as forças policias pedem ajuda...








Porque as forças de segurança importam!

Admite-se que se ache que o facebook não é sítio para textos demasiado longos e densos. É igualmente legítimo ter preferência por uma psicologia simples e positiva.
Mas, infelizmente, existem temas que não podem ser tratados com esta leveza e que necessitam que não lhes seja destituída a seriedade e o peso que são seus por direito.O que é proposto para hoje é tema delicado e complexo, e envolve as últimas notícias sobre o suicídio nas forças de segurança.

A visão geral sobre o suicídio é extremamente ampla. Dir-se-ia que no espectro de pessoas que têm personalidades menos depressivas o olhar sobre ele é, com frequência, de desdém. Alguns admitem que ninguém tem o direito de ceifar a própria vida, o que frequentemente inspira discussões semelhantes à controvérsia da eutanasia. A tradição judaico-cristã reserva (ou pelo menos reservava) o limbo. Outros, tendem a não empatizar com quem contempla a ideia de suicídio; 'há pessoas que têm problemas piores'.

Os mais depressivos entendem melhor e conseguem empatizar. Em última análise, podem mesmo romantizar a ideia de suicídio.
O que a literatura psicológica tem a dizer sobre tema é igualmente variável: a necessidade de controlo; o peso do sofrimento mental em oposição ao sofrimento físico; os diferentes significados da morte: suicídio como 'chamada de atenção', como medida contrafobica; como masoquismo maligno, como forma de imprimir culpabilidade...

Mas para realmente entender o suicídio é necessário construir uma psicologia-de-uma-pessoa-só.
Será isso que nos permite atribuir significados ao comportamento suicidario. Quais as motivações de quem quer terminar com a própria vida? O que faz com que alguém queira desistir?

Na alçada das últimas notícias sobre o suicídio nas forças de segurança, somos obrigados a reflectir sobre o que é que, na especificidade deste trabalho, justifica esta particularidade estatística.
Com certeza que o grau de perigosidade deste trabalho, o contacto com realidades frequentemente chocantes e os permanentes conflitos trabalho-família são apenas alguns dos factores de risco destas profissões. Mas serão suficientes para explicar esta taxa de suicídio?

Não nos contentaremos com respostas simplistas. No entanto, a infinitude de possibilidades e configurações psicopatologicas que podem conduzir ao suicídio traduz-se numa complexidade que transcende o propósito do nosso texto.Bastará por isso que o leitor entenda duas premissas fundamentais, a saber:

a)  a importância da estrutura da personalidade;

b)  entender que são os núcleos ansiosos e depressivos que mobilizam os vectores do funcionamento mental.

Neste sentido, o casamento entre a fragilidade de uma estrutura psíquica e as vicissitudes de um trabalho de risco, compromete gravemente a segurança de quem 'serve e protege'. É que agora o inimigo é outro... e vem de dentro.

Dr. Fábio Mateus
O Canto da Psicologia



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