sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Um elefante no peito...







Agora…


Atropelada. Em apneia. Nos mínimos.

Já passaram por fases assim? Digo fases porque sei que nada dura para sempre. Não há nenhuma situação que estejamos a viver que permaneça dessa forma, exatamente assim por tempo indeterminado.
Os dias não param. A vida também não, e todos os dias o sol e a lua nos brindam à sua maneira…

Mas momentos destes, em que somos atropelados pela vida, e devastados por sentimentos difíceis de suportar, às vezes penso como gostaria que estes dois (o sol e a lua) ficassem também em apneia e me dessem tempo para chorar, gritar, dormir, lamber feridas e encolher-me numa bola de dor.
Mas não. E os dias chegam, e continuo a ter que arranjar força para trabalhar, e sobretudo para que o meu filho não se percebe desta parede que estava no meio da estrada e na qual embati com toda a força.

Dizer que não tenho medo estaria a mentir.
Voltaram os tremores a meio do dia e que do nada que me toldam os movimentos e o pensamento. O aperto no peito como se o elefante estivesse a fazer peso morto.

Penso em como as decisões que tomamos nos trazem e levam pela nossa vida fora.
Mas será que somos sempre responsáveis, nós e só nós pela vida que temos? Não sei. Aparentemente deveria ser assim. Mas não controlamos tudo, muito menos os outros e as decisões que eles tomam e forma como isso tantas vezes nos magoa e nos desilude. Por isso não posso deixar que a maldita culpa venha também entrar nesta longa lista de espera de sentimentos maus que teimam em querer invadir a minha vida.

Tento conjugar o verbo querer, neste meu presente, mas de forma quase impossível eu sei. “Eu queria” é, e reparem na ironia, o verbo querer no Pretérito imperfeito do indicativo! É mesmo isso, imperfeito querer uma coisa que é impossível, que não depende só de nós.  
“Eu queria que nada disto estivesse a acontecer”.
“Eu só queria ser feliz”.
“Eu só queria uma vida tranquila”.
… assim escrito e lido tem um efeito diferente por acaso… parece autocomiseração e essa ideia eu não gosto.
Não gosto porque não é disso que se trata.

Trata-se sim de esperar, quieta no canto até que doa um pouco menos.
Tratar as feridas que insistem em abrir, e uma vez mais esperar.
Trata-se tão somente de esperar, e ser paciente com o presente.
Trata-se de perceber que não tenho de tomar decisões que neste momento seriam tomadas assentes em tristeza e em desilusão.
Trata-se de confiar que tudo acaba por se resolver e haver um caminho.
Trata-se de não me obrigar a fazer mais do que aquilo que neste momento sou capaz.
Só depois desta espera, que espero me traga forças, começar então a tentar todos os dias, um bocadinho de cada vez, aceitar o que me atropelou outra vez não me matou, mas sim mostrou-me que afinal sou mais forte do que pensei.




Petra



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