sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Ela, ele e ela... ou ele, ela e ele...






Triangulações

Vou dizer uma coisa que ninguém sabe…os relacionamentos são complexos e difíceis. Aposto que nunca tinham pensado nisto …. É claro que estou a brincar. Sabemos que manter uma relação não é fácil, e mais difícil é quando há momentos entre um casal que põem tudo à prova, e que nos faz questionar e muitas vezes dar voltas e seguir caminhos diferentes daqueles que imaginámos. Só vos estou a dar novidades não é…? (…só que não, eu sei)

Da minha experiência já vivi três tipos de problemas relacionais, os de saúde, financeiros e os amorosos. Agora que olho para trás, sei que desta curta, mas exigente lista, os primeiros, os de saúde conseguem quase apagar os outros. Felizmente nunca foi nada de grave.
Os financeiros não são pera doce também.

Mas destes, os que são dignos de um melodrama a puxar para o thriller são claramente os amorosos, sobretudo quando o contexto é traição.
Aqui há uns tempos, disse que já conjuguei este verbo na 1ª pessoa e na 3ª, ou seja, já fui traída e já traí, curiosamente nesta ordem (a psicoterapia dirá que não foi curiosamente… but who cares)

Viver a traição no papel de quem é traído deixou cicatrizes, mas acima de tudo deixou-me um curso completo de “como perceber que estou a ser traída, mesmo estando em negação”.
A verdade é que esta pessoa fofinha com quem eu partilhava a minha vida, tinha tanto amor para dar, que achou que devia partilhá-lo com outras pessoas, não quis ser egoísta (sinal de altruísmo talvez?) e lá foi ele na sua busca de pessoas carentes. Descobri também que há muitas pessoas carentes. Mas chega de sarcasmos e vou ao ponto desta questão.

Ser traída, ou traído é uma merda. Sobretudo quando se descobre!
Primeiro, e durante algum tempo fiquei em negação. Aliás, acho que a negação é o primeiro sintoma que algo de triangular se passa na relação.
Quando começamos a sentir que algo não está bem. Que os telemóveis estão desligados ou no silêncio. Quando se muda a password do bendito aparelho. Quando aumentam o som do radio de uma musica bem pirosa. Quando se chega a casa tarde e a más horas e com uma real dose de impaciência para os que lá estão. Quando o mau humor do nosso companheiro é uma quase constante. Quando do nada estão a aparecer amigos de faculdade e da pré como se fossem pipocas e todas as sextas há jantares de “get togheter” só para homens. São claramente sinais que alguém anda a portar-se mal.
E quando a intimidade é rara ou quase desaparece, então aí é mesmo esfregar a triangulação na nossa cara e nós a não querermos ver.

Claramente negamos. Porque isto, a traição é como uma fatalidade…só acontece aos outros.
“Quem a nós?... impossível!”, e este pensamento é reforçado por um conjunto de outros tantos que nós procuramos para negar todos aqueles comportamentos. E não é que seja fruto da nossa imaginação, porque no meio dos comportamentos de traição, quem trai, consegue ter outros de extrema atenção e carinho, que só servem para nos deixar baralhadas e lá esta…. Negar o óbvio.

Até que há o Dia! O dia em que não dá mais para negar, aquele dia em que “acidentalmente” se descobre toda a verdade.. e é lixado com F !
Nesse dia, o dia em que finalmente soube que eu e ele não eramos um circulo, mas sim um triangulo foi também o dia que descobri o meu lado negro da força…e o deu a conhecer.
Gritos, discussões, choro, bofetadas…sim tipo filme como vos disse.

E deste filme bem emotivo, houve também muitas vezes a pergunta “porquê?!”. E muitas vezes a resposta de “não teve, nem tem importância”, “desculpa”, “ já acabou”.
E houve também a necessidade de saber quantas vezes foram, onde foram, o que fizeram, se gostaram… chega-se a um ponto de querer saber detalhes que eu própria nunca imaginei. Esta necessidade de saber pormenores é alimento para a dor que se sente, e ela, a dor está faminta.
E esta cena repete-se infelizmente. E fazem-se as mesmas perguntas vezes sem conta … é como se precisasse de ouvir tudo em repeat até ter a certeza que não é um sonho, e que isto está mesmo a acontecer.

O que veio a seguir, foi tão duro quando a descoberta. O perdurar daquilo que foi a relação circular é o pior que podemos fazer a nós e ao outro. Tentar viver de uma ideia do passado é quase impossível. Achar que conseguimos voltar a ter e a sentir o mesmo amor antes de um terceiro, é um engano.
Não digo que não existam casais que não o ultrapassem, acredito que sim, mas não acredito que volte a ser a mesma coisa.
Ainda assim, tentei. Tentámos.
Eu perdoei. Ele voltou a fazer merda. Eu fiquei outra vez incrédula. Ele disse que me amava. Eu acreditei. Ele voltou ao mesmo.

Eu fui à minha vida. Ele foi à dele.
Achei que o problema era meu.
Que a culpa tinha sido minha, que eu não era suficiente para ele.
Mesmo depois de termos posto um fim, há uma nova relação que se inicia. Que chega a ser tão doentia como uma traição. Ele que faz o jogo do toque e foge, para se certificar que nós ainda “existimos”. Eu que abro o Facebook da outra e pela foto de perfil tento perceber o “porquê”, e matar a cabeça em tentar por todos os meios saber se afinal ficaram juntos, e se ficaram quer dizer uma coisa, mas se afinal não ficaram quer dizer outra…e tudo espremido não quer dizer absolutamente nada, a não ser que ainda estou em negação parte 537218993.

Mas tudo tem um fim.
E este também teve.
Como boa ariana que sou, à minha frente nem vê-lo…mas faço questão que tenhamos amigos em comum no face (coisas dos tempos modernos) para quando eu “postar” ele veja o que perdeu…


Petra


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