sábado, 29 de junho de 2013
quarta-feira, 26 de junho de 2013
19 de Junho
É curioso, como vou cada vez mais me envolvendo e aderindo ao tipo de linguagem seja verbal
ou não verbal , que se vai usando neste espaço, dito, terapêutico! Reconheço
que já dou comigo a parar ( são só
fracções de segundos, mas paro ) e a pensar ,o que diria a terapeuta, ao
obrigar-me a reflectir sobre o meu
sentir perante determinada situação?
Mas hoje, hoje, não me apetece nada lá ir. Estou aqui no
carro, a deixar ir ao limite o tempo que dou a mim própria até tocar à
campainha… Peso uma tonelada! Custa-me mexer os braços, as pernas e sobretudo
os lábios… não me apetece nada lá ir! Não tenho nada para levar, não tenho nada
para pensar… e não faço a mínima ideia porque estou assim.
Bom dia Madalena!
Hoje, pela primeira vez neste meu processo, bati de frente
com os silêncios terapêuticos!
É um
silêncio e ao mesmo tempo, um ruído ensurdecedor e desarmante! Mas é também , em simultâneo,
acolhedor! Estranho, não é? Parece que aqui posso estar quando quero, como
quero, sem ter ninguém a questionar-me : “Então, não dizes nada? Estás calada?
Bom, se for para dizer algum disparate, o
melhor mesmo é estares calada!”
– Quem lhe dizia isso, Madalena?
Perguntou-me a psicóloga!
– Oh!!! Quase sempre o meu pai! Raramente estava em
casa e como a minha mãe dizia – é o trabalho, filha – mas quando estava, era
assim, dominante! A voz dele soava por todos os cantos da casa! Aliás,
a voz dele abafava completamente as nossas! E eu e os meus irmãos fazíamos tudo para evitar ouvi-lo quando nos soava a complicações, fossem elas quais fossem!
Talvez por isso, sempre que o meu marido levanta a voz mesmo que ligeiramente aos meus filhos, eu fico de imediato em estado de alerta! Lembrei-me disto
hoje, num dos meus silêncios e parece que de repente apareceu ali aos meus
olhos a razão desse meu estado incontrolável: detesto vozes mais altas do que o
habitual mesmo que o tom, só por si, não seja indicador de algo desagradável.
Eu acho sempre que é! Aliás, a minha colega Maria, a tal que me irrita tem uma
facilidade imensa em deixar a voz ir por aí acima e de repente, até eu, já falo
mais alto, isto é grito, porque acho sempre que ela não me vai ouvir!
– Mas a
Madalena acha que tem dificuldade em fazer-se ouvir? Perguntou-me a terapeuta!
E eu não consegui responder-lhe! Remeti-me ao silêncio… mas desta vez ninguém
me chamou a atenção sobre isso, nem exigiu de mim uma resposta…
Hoje não me apetecia mesmo lá ir! Mas, saí de lá a sentir que, pelo menos ela, aqui, ouve-me!
sexta-feira, 21 de junho de 2013
"Mas'há'grande"
Entrava o palato porta a dentro na procura de um refresco que lhe consolasse a alma. O calor que se avizinhava já o fazia soar e as temperaturas que tanto desejava estavam a chegar e o seu lado sedento por um trago tão fresco como a brisa e gelado como um glaciar doce.

- 1 caneca de café forte
- 2 latas de SevenUp
- 2 limões em quartos
- 1 ramo de hortelã
- 1 colher de sobremesa de canela
- 1 estrela de anis
- 1 colher de sopa de açucar mascavado
- 1 boa dose de gelo picado
Quando estendemos o copo alto como quem contém uma angústia no colo dizendo: prove este Mazagran.
O nosso palato desafia a capacidade de surpresa e diz: Mas'há'grande??? Tipo um copo maior!!!!
quinta-feira, 20 de junho de 2013
No Reino dos Porquês!
A Comunicação entre Pais e Filhos
Certamente, já lhe ocorreu ficar sem resposta para as inventivas
questões que o seu filho é capaz de colocar. Dotados de uma criatividade e de
um poder de interrogação inesgotável, as crianças são incrivelmente capazes de
levantar as mais inusitadas perguntas, transformando a assertividade dos mais
velhos num verdadeiro rol de embaraços!
Com efeito, é na descoberta que a criança faz de si e do mundo
que se abre espaço à dúvida – componente integrante do processo de crescimento,
representativa da capacidade de pensar e, por isso, prenúncio de saúde mental.
Todavia, do lado dos pais, a chegada ao reino dos porquês é, muitas vezes,
ladeada por uma esmagadora incerteza do que dizer, de como explicar e de se ser
capaz. Neste palmear de terra, gera-se a dúvida sobre a dúvida, emergindo
barreiras à comunicação, que restringem o entendimento e, assim, a própria
dimensão relacional entre pais e filhos.
Efectivamente, é com a mestria de que são capazes que os pais se
vão desenvencilhando, à medida que os filhos lançam tais desafios. Mas… Se há
temáticas que são particularmente difíceis, falar sobre sexualidade será uma
delas. Tema que acompanha todo o crescimento, a sexualidade constitui uma
importante componente do desenvolvimento da criança e que, por isso, impõe ser
devolvida sob a forma de resposta, sempre que necessário.
Importa lembrar que a pergunta em si mesmo denuncia uma
inquietação, pelo que exige que lhe seja devolvido um sentido, um entendimento.
Essa será a tarefa mais importante. Por outro lado, a criança fica, muitas
vezes, satisfeita com uma resposta sucinta, pelo que o que é realmente
necessário é compreender o que é que ela pretende exatamente saber,
respondendo-lhe de forma clara e precisa. Quando isto não é possível no
imediato e a mãe ou o pai não se sentem capazes de responder, é preferível
explicar à criança que irão pensar sobre o assunto e abordá-lo novamente mais
tarde. O fundamental é legitimar o sentir da criança e utilizar a verdade na
relação.
Assim deverá ser quando falamos sobre sexualidade. Desde que o
tema seja suscitado, importa que os pais pensem com os filhos sobre o mesmo e
que lhes permitam o conhecimento sobre si e sobre o que os rodeia, clarificando
e, necessariamente, tranquilizando a angústia que a dúvida encerra. Contudo,
não queremos com isto dizer que a criança deve ser exposta de forma abrupta à
realidade e que poderá encontrar formas de contornar a informação que lhe
parecerá necessária e suficiente. O que é realmente importante é não tanto o
conteúdo que é transmitido, mas a forma não-verbal como responde – a segurança,
a tranquilidade, o próprio tom de voz, são elementos que a criança captará.
Deixamos, em jeito de dica, algumas questões que, porventura, já
lhe terão colocado ou, quem sabe, irão colocar... Pense connosco:
- “Como é que eu nasci?”
Regra geral, todas as crianças questionam donde é que vêm,
enquanto dúvida universal. Devolver a ideia de que a criança nasceu a partir
dos pais e, se necessário, recorrer à célebre metáfora da semente que o pai
deixou na mãe será suficiente e apaziguador. Quando mais crescidos, poderá
ocorrer que a criança exija outro tipo de informação, e aí é importante
compreender a pertinência de explicar o processo de concepção à criança/adolescente,
desde que de uma forma contida e neutra.
- “Se estava na tua barriga, como é que saí?”
Bom, sabemos que umas perguntas levam, recorrentemente, a
outras, sendo que da primeira poderá, em determinadas ocasiões, surgir esta
última. Explicar que a criança nasce através da vagina não é problemático,
sendo, aliás, aconselhável. Iludir a criança e utilizar vocabulário que
substituía aquilo que é pelo que não é torna-se confusional.
- “Porque é que sou diferente da minha irmã?”
A partir dos dois anos, aproximadamente, as crianças começam a
compreender as diferenças, a partir das descobertas que encetam a partir do seu
próprio corpo. Neste contexto, impõe-se a questão da diferença, sobretudo no
que respeita ao feminino e ao masculino. Nesse sentido, devolver à criança que
de facto é um menino e, como tal, é como os outros meninos e que a irmã é como
as meninas é quanto basta para que a criança perceba que, efectivamente, existe
uma diferença.
O Canto da Psicologia,
Dr.ª Joana Alves Ferreira
quarta-feira, 19 de junho de 2013
12 de Junho de 2013
Se calhar porque esta semana é mais
curta, tenho andado a mil. (Será? Ou isto é um estado habitual em mim?).
Sinto-me frenética e com uma energia inesgotável, que supera o cansaço e chega
a alcançar uma resistência que creio que já não é para a minha idade! ( Mas
porque corro tanto? Parece que fujo de algo!) Às vezes, questiono-me que
dispositivo é este que parece existir dentro de mim, que dispara e tenta chegar
a todas as frentes, apagar todos os fogos, socorrer todos os pedidos... Como se
não houvesse noite, dia, ou talvez amanhã.
Foi isto toda a misericordiosa
semana: a imparável Madalena, entre processos que teimam em empilhar em cima da
secretária e que eu insisto em despachar a uma “velocidade cometa”, os pedidos
de última hora que, como habitualmente acontece, o meu chefe delega em mim, os
miúdos (sim, sobretudo a Matilde, que com os exames e o estudo em desespero,
tem pedido doses acrescidas de colo e paciência de mãe, porque nestas alturas
não há colo sem boas doses de compreensão aos acessos que pairam naquela
cabeça)... Bom, e ainda houve espaço para mais – e confesso que, enquanto
escrevo, me interrogo “Como mais, Madalena?! Não enunciaste já o suficiente?!”.
Pelos vistos não. Ainda houve espaço para inaugurar a reorganização sazonal da
casa, com o pretexto de que os miúdos estão praticamente de férias e faz todo o
sentido arrumar livros, cadernos, trocar roupas mais quentes pelas de verão...
(Agora que penso, não esteve assim tanto calor… agora que penso!! Como assim,
não pensei?).
Com tudo isto, claro que nem dei
pelo dia de hoje, quarta-feira, e só me apercebo da hora da sessão pouco antes
do seu começo. Saio, desvairada, pego na mala, esqueço-me do telemóvel, desço o
elevador e volto atrás para recuperá-lo, e sigo na tal “velocidade cometa”, em
conformidade com toda a semana, sem tempo para pensar e quase em
piloto-automático... Paro, apenas quando oiço:
Bom dia, Madalena!
E paro mesmo!! E penso!!! E saio
esgotada. Não sei se de alívio ou de exaustão, mas é como se a energia que o
meu dispositivo interno dispara tivesse encontrado um espaço onde pode
finalmente repousar, onde necessariamente teve que parar.
Mesmo não querendo,
como me disse a minha psicóloga... (o ligeiro atraso e o esquecimento do
telemóvel, como aliás da própria sessão, foi comentado... Começo a perceber
que, para estes lados, tudo tem um significado). E parece que tudo isto é uma
espécie de fuga de mim e das coisas que me custam ver... As desorganizações, as
separações!
Tanto que há para pensar! Mas o
me apetece mesmo dizer agora, cá para dentro de mim, é “Sossega, Madalena,
sossega”. E na verdade não há razão para fazê-lo. Creio que o dispositivo ficou
naquele espaço, pelo menos hoje, e talvez por isso me esteja a sentir tão
perdida, sem ter onde me agarrar... Para não pensar? Até eu já vou achando que
sim, que isto de pensar não é fácil...
sexta-feira, 14 de junho de 2013
No rescaldo de uma almoçarada de arromba, que preparou o estomago para uma noite de santos populares, este palato vinha babado … quase espumando de paixão por aquilo que definiu assim:
“Foi como deitar-me numa cama de algodão que afinal era um empadão!
Deitei-me e … regalei-me e não queria mais de lá sair …
é incrível como há pequenas coisas que nos aconchegam tanto!”
Este palato…este palato…envolveu-nos com pormenores que sentímos na língua…
Quando a saudade apertou e os amigos
finalmente chegaram com o bronze e sotaque de outras terras, não havia nada
como recebê-los com um almoçarão. O empadão era garantido mas…permaneceu um
certo mistério sobre o que cobririam aqueles “edredões” amarelos de puro sabor!
Em tons rosados arranjaram-se uns peitinhos de frango bem temperados à ponta dos dedos, cortadinhos em tiras
generosas, que logo ganharam um rubor muito próprio com um refogado no wook.
A farinheira
já cozia com tempo e atenção para não rebentar. Depois de cozinhado o
frango foi grosseiramente picado na "1,2,3" com quatro rodelas de chouriço. Retomou o Wook com o tomate pelado, com o corte da acidez por uma
colher de açúcar, e acrescentou-se a farinheira sem pele. Envolveu-se
o preparado com tons quentes sem faltar as raspas de lima e manjerona.
Os espinafres finamente escaldados lançaram-se numa pequena
frigideira à parte, acompanhados de alhos picados e minúsculos pedaços de
mozarela.
As natas de
soja deram o um toque de suavidade e com um pouco de leite incorporaram todos os ingredientes. O puré já feito, com as rugas de uma tradição de todas as avós e mães, tinha
cheiro a noz
moscada, ovo e limão.
O denso puré sem grumos virou edredom na primeira camada sobre o tabuleiro e
fez a cama para receber o recheio do wook. Colocou-se uma ténue camada de broa
tostada ralada toscamente. E posto o segredo foi tempo de o esconder
com outra camada de edredom igual à primeira.
Levou-se ao forno a corar por um tempo que deixou a salivar quem não tirava
os olhos do vidro e serviu-se num difícil silêncio expectante. O resto??? Bom o
resto já se sabe foi…hummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm!
quarta-feira, 12 de junho de 2013
05 de Junho
Hoje, venho assim, a modos que, vazia… Apetece-me muito vir
e nem sei bem porquê mas, estou meio estranha, sem vontade de falar.
Para a semana começam as férias de aulas dos meus filhos. Os
feriados, enfim!! Parece que está por aí este período mais longo do verão e eu
por aqui a pensar como ocupá-los. É sempre um pensar, organizar e tentar “preenche-los”
o mais possível… ficou pouco tempo para mim, Madalena!
O João, já se ocupa bem! Ele próprio já tem os seus
interesses e acaba sempre por combinar coisas com os amigos, passeios,
concertos, apesar das restrições que eu o pai temos que colocar sim, porque,
por ele, tudo o que é concertos, passeios, fins de semana fora, não têm
qualquer interesse se ele não estiver por perto… convencido este meu filho!!! Cabe-nos a nós travar este entusiasmo
desmedido. Mas às vezes não é fácil!
A Matilde, para além do campo de férias para onde vai todos
os anos, fica entregue aos avós maternos e depois aos paternos. Ainda há pouca
coisa com a qual ela se possa entreter. Lá vai tendo os primos e os amigos de férias
porque vai sempre para os mesmos sítios. Depois, temos então o período de
férias de toda a família. Este ano ainda não sabemos como vai ser, vamos os
quatro, de certeza! Para onde e como, está tudo ainda muito incerto…
Mas porque são estes os pensamentos que me ocupam, hoje? Não
é propriamente para isto que eu venho até aqui? Aliás, está cada vez mais claro
que, organização familiar é comigo!!
Mas estou assim, meio em baixo. Não me apetece pensar! Triste? Acho que não!
Ansiosa? Não me parece! Contrariamente ao habitual, com pouca vontade de falar!
Bom dia Madalena!
Saí pior… Definitivamente não é um bom dia…
Descobri que, por mais que eu consiga externamente ser uma
mulher extremamente bem organizada, internamente, estou uma desorganização
completa!
E não é que esta coisa das férias dos meus filhos, me incomoda? Este
tempo que estou sem eles, particularmente a Matilde, desorienta-me? E não sei
bem como, fui parar à minha infância!
E algumas das recordações não foram muito
agradáveis… A minha mãe, nunca trabalhou… mulher sensível às artes, autodidacta, sempre
muito afectuosa, dedicou o seu tempo a gerir a minha vida e a dos meus irmãos.
O meu pai, advogado, passava longo tempo distante da família: “o trabalho
filha, ocupa-o muito tempo”, dizia a minha mãe.
Nunca achei que fosse uma boa
justificação mas, aceitava-a e passava a maior parte do tempo junto a ela, ouvindo-a ler, vendo-a pintar e que
coisas lindas que ela pintava. Ainda hoje o faz! Às vezes, ao cair da tarde,
ficávamos as duas ( sim porque eu era a que gostava mais das coisas que ela
gostava) , a ver na televisão, bailados lindos, clássicos… e eu adorava… porque
tinha ela que me mandar todas as férias para longe disto que eu amava? Não
percebia que me era muito mais agradável estar ao seu lado do que ir para os
avós? Mesmo que isso implicasse, primos, praia, piscina?
Como dizia a psicóloga, parece que esta separação sazonal
dos meus filhos, traz até mim, as minhas próprias separações…
E eu que pensava
que apesar de tudo gostava de ir de férias? Sim porque depois quando lá chegava
até me divertia… mas que saudades que eu tinha da minha mãe.
E lembrei-me que
de vez em quando, este pensamento vinha-me à cabeça quando me deitava à noite:
Será que ela me esquece? Claro que não!! Mas o medo que eu tinha de que isso
fosse possível!
Bom, para a semana há mais… ahhhh… pensamentos
desorganizados…
sexta-feira, 7 de junho de 2013
Um
triângulo amoroso no divã…
O
palato sentou-se com uma veemência fogosa como que ardente das malaguetas da
paixão…e sem entraves traz-nos um enredo romanceado entre três conhecidos, numa
história breve que antecede os grandes dramas e faz dos três um triângulo de
entradas mágico.
Uma
paixão arredondada e desequilibrada começa com 2 ovos que mergulham até ferver
e se cozem sem mais nem menos. Já arrefecidos despem-se de preconceitos e
descascam-se a rir com a brancura um do outro. Riem tanto que se desmancham em
duas metades e os seus pequenos corações amarelos saltam dos seus peitos e
juntam-se numa tigela. A seco pedem uma colher de sopa bem cheia de maionese e
outra generosa de mostarda Dijon,
grãos moídos de três pimentas, um colher de café de caril “madras” e claro…raspas finas de laranja, lima e manjericão. Mexendo
e remexendo estes corações bem mais apetitosos saltam de novo para os
respetivos peitos abertos e encaixam na perfeição voltando a bater a um ritmo
mais compassado. Sobre uma leve cama de rúcula com molho vinagre eles repousam
à espera que uma paixão à primeira vista os arrebate.
O
que não se faz tardar…pois no forno tostam duas robustas fatias de pão
alentejano traçadas a linhas de azeite, pimenta moída e orégãos. Recebem fatias
de tomate cru meio de sal e claro…finas fatias de “brie” que em breves minutos
se derretem à medida que o pão no fundo se tosta. Deixam o calor intenso e
acolhem tenras folhas de rúcula, gomos finos de maçã e pequenos pedaços de
hortelã.
No
liquidificador já aguarda a outra metade da maçã com 2 kiwis já maduros, uma
colher de sobremesa de canela e 5 folhas médias de espinafres. Com a ajuda de
meio copo de água transforma-se num néctar verde amor pronto a envolver os
outros elementos num triângulo amorosa de três pontas tão diferentes quanto
inseparáveis.
Este
palato tornara-se ao longo da sessão brilhante e corado…a história que
testemunhará ter-lhe-ia valido um gosto e paladar que jamais esquecera…e então
a saudade instalara-se e era preciso aprender a lidar com isso.
quarta-feira, 5 de junho de 2013
29 de Maio
Hoje o dia passou devagar, num
compasso marcado pelo número de vezes em que olhei para o relógio, ansiosa que
o ponteiro batesse certo com a minha vontade de sair porta fora do trabalho em direcção
àquele lugar. É claro que a minha colega irritante deu o seu contributo, como
vem sendo hábito... (Não posso mais com a prepotência com que me julga tratar!)
Mas, percebo claramente que a vontade de regressar não tem tanto que ver com
isso. (Incrível como ainda há tão pouco tempo atrás, eu achava que este espaço
não era assim tão importante). Pelo menos, hoje não é isso que está a mexer cá
por dentro.
Talvez porque a última sessão
foi... Diferente. Não sei explicar em quê, ou porquê, mas sei que me senti
estranhamente bem. Parece confuso dizê-lo a mim própria, mas foi assim que me
senti, enquanto os meus pensamentos foram surgindo, embrulhados nas recordações
que trago dentro de mim, num lugar que nem imaginava existir (das coisas que eu
me fui lembrar! Ainda me interrogo que caixa é esta que trago em cima dos
ombros e o que ela tem por desvendar..!). E não foi só na sessão, foi também
depois quando saí, e depois nos dias que correram e nas noites que, para
variar, fico acordada como uma verdadeira adolescente, que se entretém pela
noite dentro nas suas divagações!
Acho que é isso mesmo! Como uma
verdadeira adolescente! Foi essa parte de mim que não me lembrava já onde tinha
ficado, que fui recuperar na última sessão... E achava eu que ia falar dos
dilemas do meu filho João... Quando dou por mim de frente para a minha vivência
enquanto adolescente e, afinal de contas, perante os meus próprios dilemas!
Talvez por isso me tenha sentido
estranhamente bem... E estranhamente viva, que é coisa que parece que às vezes
não sinto. E quero perguntar-lhe porquê – Porque é que eu, Madalena, que vivi
com tanta intensidade amores, desamores, amizades e desavenças, hoje sou assim.
Digo assim, aprisionada (que raio, quero livrar-me desta expressão que me
incomoda, mas é a primeira que me surge).
Bom, com o João, talvez não tão
estranhamente, não sei, as coisas correram melhor. Até ouvi dele que era uma
mãe curtida, veja-se... Mas senti-me um pouco mais calma nas minhas hesitações
de mãe.
Oi!!! Está na hora. Cá vou eu ,
ainda embriagada pelas minhas interrogações.
Bom dia, Madalena!
E, quando saio, venho satisfeita
porque percebi que, entender-me, permitiu-me olhar para o meu projecto de
adolescente lá de casa de uma outra forma e a verdade é que parece ter
resultado... Bom, resultou em relação a esta última ida ao Bairro Alto, não
garanto é que as minhas angústias não venham daí todas outra vez, numa próxima!
Será?? Logo se vê! Importa é o que consegui desta vez!
Mas não consegui colocar-lhe a
minha interrogação. Faltou-me a palavra, ou talvez a coragem. Como
perguntar-lhe onde é que ficou essa Madalena adolescente, se ela pouco ainda
conhece de mim? Por enquanto, vai ficar aqui dentro de mim, até ao dia em que
não suportar mais esta dúvida ou, simplesmente, me esquecer dela... Por agora,
fica aqui pairar e sinto-me parva, por não ter tido o arrojo de a questionar.
Enfim, parece que tudo é mais fácil quando se é adolescente!
sábado, 1 de junho de 2013
Questões existenciais de qualquer criança!
- Tia? Porque é que quando não consegues comprar as calças que querias ficas chateada? E como resolves isso?
- Pois fico! Olha, sei lá, vou correr para a passadeira durante uma hora…
- hummm… Ok!
- Mãe? O que é que fazes quando a tua amiga, que te ia ligar, não liga e sabes que teve todo o tempo do mundo, como tu dizes em voz alta, de ligar para a outra?
- Sei lá o que é que eu faço! Irrito-me um pouco, barafusto para o ar e pronto…
- Pois, eu sei, já apanhei com esses “para o ar”, sem explicação…
- Mano? Como é que ficas quando o teu amigo preferido, não vai contigo ao jogo, combinado há bué de tempo e prefere ir com outro amigo ao cinema?
- O que é que tens tu a ver com isso? Sei lá!!! Fico chateado á brava!
- Pois… E depois todos aturam a tua música aos altos berros, aquela que rebenta com os ouvidos de qualquer um, certo?
-Pai? Como é que tu ficas quando o chefe te chateia à sexta-feira e tens que sair mais tarde do trabalho, quando já tinhas planos para me levares a mim e ao mano a andar de bicicleta?
- Não me digas nada filho!!!! Há alturas que me apetece rebentar com tudo…
- Pois, e depois barafustas com todos os que se metem à tua frente no trânsito ou te ultrapassam pela direita, e eu lá atrás é que te oiço….
Mas , como EU, só tenho 6 anos e sou uma criança, toda a gente se esquece, que eu também tenho amigos e fico triste quando eles me trocam por outro; que eu também quero coisas, muito e, às vezes, não me dão; que eu também me irrito quando quero muito ver desenhos animados e vocês não deixam; que eu também me chateio porque a professora quer que eu esteja uma hora sentado a fazer coisas que eu ainda não sei, mas, como sou uma criança parece que eu não tenho direito a fazer o que vocês fazem, mesmo sentindo o que vocês sente…
Sim porque eu sei que, não posso ter tudo o que quero ou, que façam tudo o que me apetece!! Eu só preciso que me deixem, pelo menos, mostrar como sei, a minha irritação, frustração, tristeza e angústia sem ter que irem a correr ao psicólogo para que ele vos diga aquilo que eu tou farto de saber, que é: EU NÃO TENHO NADA!! Só estou a deitar cá para fora as coisas que eu sinto cá dentro, da forma que eu melhor sei fazer!! Sou criança sabiam?? Ainda há coisas que eu não aprendi ! Como é que vocês faziam quando tinham a minha idade????
Só queria que vocês soubessem disto no meu dia: Dia Mundial da Criança. E já agora, não há por aí um presentinho, aqui para o menino??
A Equipa do Canto da Psicologia deseja a todas as crianças e a todos os adultos que ainda se permitem dialogar com a sua criança, um fantástico dia!
Ana de Ornelas
Directora Técnica
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