19 de Junho
É curioso, como vou cada vez mais me envolvendo e aderindo ao tipo de linguagem seja verbal
ou não verbal , que se vai usando neste espaço, dito, terapêutico! Reconheço
que já dou comigo a parar ( são só
fracções de segundos, mas paro ) e a pensar ,o que diria a terapeuta, ao
obrigar-me a reflectir sobre o meu
sentir perante determinada situação?
Mas hoje, hoje, não me apetece nada lá ir. Estou aqui no
carro, a deixar ir ao limite o tempo que dou a mim própria até tocar à
campainha… Peso uma tonelada! Custa-me mexer os braços, as pernas e sobretudo
os lábios… não me apetece nada lá ir! Não tenho nada para levar, não tenho nada
para pensar… e não faço a mínima ideia porque estou assim.
Bom dia Madalena!
Hoje, pela primeira vez neste meu processo, bati de frente
com os silêncios terapêuticos!
É um
silêncio e ao mesmo tempo, um ruído ensurdecedor e desarmante! Mas é também , em simultâneo,
acolhedor! Estranho, não é? Parece que aqui posso estar quando quero, como
quero, sem ter ninguém a questionar-me : “Então, não dizes nada? Estás calada?
Bom, se for para dizer algum disparate, o
melhor mesmo é estares calada!”
– Quem lhe dizia isso, Madalena?
Perguntou-me a psicóloga!
– Oh!!! Quase sempre o meu pai! Raramente estava em
casa e como a minha mãe dizia – é o trabalho, filha – mas quando estava, era
assim, dominante! A voz dele soava por todos os cantos da casa! Aliás,
a voz dele abafava completamente as nossas! E eu e os meus irmãos fazíamos tudo para evitar ouvi-lo quando nos soava a complicações, fossem elas quais fossem!
Talvez por isso, sempre que o meu marido levanta a voz mesmo que ligeiramente aos meus filhos, eu fico de imediato em estado de alerta! Lembrei-me disto
hoje, num dos meus silêncios e parece que de repente apareceu ali aos meus
olhos a razão desse meu estado incontrolável: detesto vozes mais altas do que o
habitual mesmo que o tom, só por si, não seja indicador de algo desagradável.
Eu acho sempre que é! Aliás, a minha colega Maria, a tal que me irrita tem uma
facilidade imensa em deixar a voz ir por aí acima e de repente, até eu, já falo
mais alto, isto é grito, porque acho sempre que ela não me vai ouvir!
– Mas a
Madalena acha que tem dificuldade em fazer-se ouvir? Perguntou-me a terapeuta!
E eu não consegui responder-lhe! Remeti-me ao silêncio… mas desta vez ninguém
me chamou a atenção sobre isso, nem exigiu de mim uma resposta…
Hoje não me apetecia mesmo lá ir! Mas, saí de lá a sentir que, pelo menos ela, aqui, ouve-me!
Obrigada pelas palavras que eu não consigo deitar cá para fora mas que habitam o meu dia-a-dia... gosto muito de visitar este espaço. Boa sorte!
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