quarta-feira, 26 de junho de 2013




19 de Junho


É curioso, como vou cada vez mais me envolvendo  e aderindo ao tipo de linguagem  seja verbal ou não verbal , que se vai usando neste espaço, dito, terapêutico! Reconheço que  já dou comigo a parar ( são só fracções de segundos, mas paro ) e a pensar ,o que diria a terapeuta, ao obrigar-me a reflectir  sobre o meu sentir perante determinada situação?

Mas hoje, hoje, não me apetece nada lá ir. Estou aqui no carro, a deixar ir ao limite o tempo que dou a mim própria até tocar à campainha… Peso uma tonelada! Custa-me mexer os braços, as pernas e sobretudo os lábios… não me apetece nada lá ir! Não tenho nada para levar, não tenho nada para pensar… e não faço a mínima ideia porque estou assim.


Bom dia Madalena!


Hoje, pela primeira vez neste meu processo, bati de frente com os silêncios terapêuticos!

É  um silêncio e ao mesmo tempo, um ruído ensurdecedor e desarmante! Mas é também , em simultâneo, acolhedor! Estranho, não é? Parece que aqui posso estar quando quero, como quero, sem ter ninguém a questionar-me : “Então, não dizes nada? Estás calada? Bom, se for para dizer algum disparate, o  melhor mesmo é estares calada!” 

– Quem lhe dizia isso, Madalena? Perguntou-me a psicóloga! 
– Oh!!! Quase sempre o meu pai! Raramente estava em casa e como a minha mãe dizia – é o trabalho, filha – mas quando estava, era assim, dominante! A voz dele soava por todos os cantos da casa! Aliás, a voz dele abafava completamente as nossas! E eu e os meus irmãos fazíamos tudo para evitar ouvi-lo quando nos soava a complicações, fossem elas quais fossem!

Talvez por isso, sempre que o meu marido levanta a voz mesmo que ligeiramente aos meus filhos, eu fico de imediato em estado de alerta! Lembrei-me disto hoje, num dos meus silêncios e parece que de repente apareceu ali aos meus olhos a razão desse meu estado incontrolável: detesto vozes mais altas do que o habitual mesmo que o tom, só por si, não seja indicador de algo desagradável. Eu acho sempre que é! Aliás, a minha colega Maria, a tal que me irrita tem uma facilidade imensa em deixar a voz ir por aí acima e de repente, até eu, já falo mais alto, isto é grito, porque acho sempre que ela não me vai ouvir! 

– Mas a Madalena acha que tem dificuldade em fazer-se ouvir? Perguntou-me a terapeuta! 

E eu não consegui responder-lhe! Remeti-me ao silêncio… mas desta vez ninguém me chamou a atenção sobre isso, nem exigiu de mim uma resposta…

Hoje não me apetecia mesmo lá ir! Mas,  saí de lá a sentir que, pelo menos ela, aqui, ouve-me!


1 comentário:

  1. Obrigada pelas palavras que eu não consigo deitar cá para fora mas que habitam o meu dia-a-dia... gosto muito de visitar este espaço. Boa sorte!

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