Quem não ouviu a famosa frase “tens de ser forte, não chores, sê forte”? Creio que esta frase é ingrata na medida em que constrói a ideia de que podemos ser fortes que nem rochedos, todos os dias e a toda a hora da nossa vida. Estes conselhos, apesar de virem, quase sempre, carregados de boas intenções, apenas aumentam o sofrimento das pessoas, que já não lhes basta estarem mal, ainda têm de aguentar o peso de não puderem ser genuínos e dizerem o que sentem. Empatia é necessária para quem está a sentir, dar espaço, tempo para ouvir quem está em dor com um ouvido atento sem julgamentos. Em psicoterapia é possível ter esta relação privilegiada em que o psicólogo é um orientador, procura estimular a catarse no sujeito através da sua partilha emocional e verbal, não faz a mudança pelo sujeito, mas estimula caminhos, pensamentos, que fazem com que, autonomamente, a pessoa esteja a construir o seu percurso para atingir o bem-estar. Todo este processo é feito de acordo com o ritmo de cada um, isto porque, a pessoa estava disponível para isso.
Assim sendo o processo psicoterapêutico é um caminho que é trilhado pelo
próprio sujeito mas em co-construção com o outro. O “eu individual” é que deve emergir
em qualquer processo psicoterapêutico. Este “eu individual” está carregado de
experiências próprias, subjetivas, análises da realidade únicas, criativas que
organizam as emoções difusas que antes não tinham significado encontrado.
Na minha prática clinica, tenho observado, que o mais importante é os pacientes viverem as
emoções, serem genuínos, dizerem o que sentem na relação com os outros. A
relação com os outros pode ser tanto promotora de doença, como de saúde, é
necessário entender que a doença psicológica ou psicossomática nasce de
relações que fomos estabelecendo e que nos criaram uma ideia de que somos mais
ou menos amáveis. O sentimento de ser amado e de amar é o verdadeiro
antibiótico preventivo contra a doença.
Deste modo, na tomada
de decisão de iniciar uma psicoterapia, ainda existe estigma associado às
doenças mentais, a ida ao psicólogo ou ao psiquiatra, pode ser acompanhado de
grande ansiedade, com mitos e ideias de que apenas os “Loucos” é que necessitam
deste apoio.
Todos os seres humanos vão necessitar pelo menos uma vez, na
vida, de apoio psicológico independentemente da situação ser mais ou menos
grave. A tolerância da dor e o deixar arrastar é que pode indicar que, a
pessoa, não se protege e, possivelmente, tem pouca auto estima, pois só assim
poderá aceitar ”aguentar” o sofrimento sozinho, sem ajuda ou partilha.
Neste sentido é melhor dizer basta ao “aguentar” e ir logo, aos
primeiros sinais de dor, procurar apoio psicoterapêutico, este é fundamental
para encontrar o equilíbrio e a paz emocional tão essencial à vida.
Mafalda Leite Borges
Sem comentários:
Enviar um comentário