Era uma vez um casal. Os seus membros acordavam a horas
diferentes, tomavam o pequeno-almoço à pressa, iam trabalhar, trocavam umas
mensagens ao longo do dia, voltavam do trabalho cansados, jantavam, estavam juntos e iam dormir, às vezes ao mesmo tempo mas, normalmente, também
aqui, em horas diferentes.
Este casal, para a maior parte de nós, já não existe. Agora, acordamos e estamos juntos: de manhã, de tarde e de noite. Podemos fazer
actividades e as nossas rotinas em horários diferentes mas estamos em casa.
Sempre na mesma casa!! (e não esquecer, continua a ser importante ficar em casa!!!).
Como podemos viver e sobreviver a esta super exposição que,
quase sempre, apenas nos sonhos adolescentes de paixões eternas e
avassaladores, de amor e uma cabana, faz sentido e é desejada? A que sinais
devemos estar atentos para garantir que o casal continuará vivo e robusto após esta fase?
·
Tempo individual;
·
Tempo de partilha;
·
Tempo de intimidade.
Estes tempos são momentos importantes para manter a sanidade
e o salutar crescer do Casal. Se perdermos a capacidade de estarmos sozinhos
(para ler, meditar, ouvir música, entre outros) também estaremos a perder a
capacidade de lidar com algumas situações internas, aumentando assim o peso
sobre o casal.
Os outros tempos: partilha e intimidade são de grande
utilidade para evitar e resolver conflitos e manter momentos de proximidade
diferentes daqueles que, a simples presença 24h por dia, nos promove.
Esta fase da nossa vida social, comunitária, de família,casal e individual levanta muitas questões novas sobre a forma como
experienciamos estes momentos. Em casal esperamos um aumento de vivências nem
sempre positivas. Entre outras, podemos encontrar e estar atentos às seguintes:
· Momentos de incompreensão face à ansiedade que
esta pandemia nos trás;
· Discussões, despoletadas por situações
aparentemente insignificantes;
· Períodos de zanga e “birra”, pós discussão mais
prolongados;
· Períodos de tristeza e choro não reconhecido ou
apaziguado pelo outro;
· Cansaço das pequenas coisas que o Outro (sempre)
fez de forma regular;
· Períodos de maior silêncio;
· Explosões de, chamar-lhe-emos, mau humor mais
regulares e violentas (aumento de ofensas);
· Diminuição na nossa capacidade de reconhecer os
nossos próprios erros;
· Um regresso a situações dolorosas, aparentemente
ultrapassadas, do passado.
Estas situações podem acontecer em todos os casais e muitas
delas já fazem parte do quotidiano de alguns. No entanto, não indicam, necessariamente,
que o casal esteja à beira da ruptura ou que o fim está próximo. Indica que o casal deve estar atento a tentar, através dos
tempos acima referidos: individual, de partilha e de intimidada, falar sobre as
situações que os estão a perturbar. Muitas vezes existe a tentação de não
aumentar o problema ou de não voltar ao problema. E os acontecimentos
traumáticos vão surgindo e vão-se acumulando sem que sejam falados e
trabalhados. É um erro.
Usando os tempos de partilha, os casais podem
ter um tempo, definido pelo casal, para falarem, por exemplo, das rotinas do
dia, de quem faz o quê, do que será o jantar ou o almoço, reduzindo assim
pontos de conflito. Este tempo de partilha, pode existir, num pequeno-almoço
conjunto ou noutro período definido pelo casal.
O tempo de intimidade pode servir para estreitar laços, para
conversar sobre tristezas ou só para estarmos em silêncio, mas juntos. Sem um
ecrã, sem objectos a perturbar o estar próximo. Estar, sem outro motivo que não
estar ali para e com o outro, muitas vezes, é só o que podemos fazer …e já é
tanto!!
Sabemos que é difícil a criação destes momentos e a
manutenção dos mesmos. Por isso, o Canto da Psicologia, tem à Vossa disposição
técnicos especializados que podem ajudar os casais nesta fase difícil que todos
atravessamos, e os casais, em especial, atravessam. Continuamos aqui para
vocês. E, façam o que fizerem, continuem a falar uns com os outros…
Dr. João Martins
Psicólogo Clínico - Terapeuta de Casal e Família
O Canto da Psicologia
Dr. João Martins
Psicólogo Clínico - Terapeuta de Casal e Família
O Canto da Psicologia
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