Cada pessoa
toma decisões nas múltiplas experiências da sua vida e, nessa medida, muda os
seus pensamentos, emoções e comportamentos inúmeras vezes ao longo do tempo.
Neste sentido,
o processo de mudança é sistemático e até inevitável no decurso da existência
humana, porque a dinâmica fluída e contínua do Tempo marca que, cada momento,
seja irrepetível e único, mesmo que possa ser considerado, em grande medida,
semelhante a qualquer outro momento já vivido. De facto, como bem compreendeu
um dos primeiros filósofos da Humanidade, Heraclito, há mais de 2500 anos, “tu
não podes tomar banho duas vezes no mesmo rio, pois aquelas águas já terão
passado e também tu já não serás mais o mesmo”.
Na realidade,
entre o nascimento e a morte, a questão a colocar não será tanto se alguém está
ou não a mudar, mas sim como está a lidar com o processo de mudança da sua
vida.
Deste modo, pode-se
compreender a psicoterapia como um processo que está, intimamente, ligado com a
essência da própria vida humana, na medida em que está ao serviço da mudança do
paciente.
“Será que está
a aproveitar bem o seu tempo? E o que é, para si, aproveitar bem o seu tempo? O
que lhe faz sentido realizar na sua vida, sabendo que ela é temporalmente
limitada?”
No decurso de
uma psicoterapia, essas e outras tantas questões podem ser colocadas, as quais
se dirigem, certamente, à angústia, tipicamente humana, de não saber, com certeza,
se as escolhas que estão a ser feitas serão as mais acertadas, porque não é
possível saber com rigor o futuro, ou seja, as consequências que tais decisões terão
nas suas próprias vidas e nas dos outros. Ainda assim, com tal reflexão, ficará
mais clarificada uma ideia de rumo a escolher, mesmo sem saber ao certo o que
acontecerá no desenvolvimento desse processo de vida.
Realmente,
poder-se-á dizer que a incerteza é a parceira de baile da mudança em cada vida
humana, correspondendo às escolhas pessoais o modo como essa dança inevitável
se processará, ou seja, de uma forma mais aberta e flexível ou mais fechada e
rígida. Assim, na psicoterapia, o convite que é feito à reflexão de dimensões
fundamentais da vida do paciente, favorecerá a sua compreensão e uma maior
clareza quanto ao sentido inerente às suas escolhas, ou seja, ao modo como
decide lidar com a (mu)dança que, continuamente, é a sua vida.
A frase que
serve de título a este texto, apesar de ter sido pensada e escrita por mim, é
da autoria vivencial de todos aqueles que escolhem, nas suas vidas em mudança,
projectos em comum com outras pessoas, compreendendo os grandes benefícios
potenciais dessas decisões – uma real união promove a expansão de perspectivas,
de competências e de possibilidades de desenvolvimento – por comparação com as vias restritivas de
escolha do isolamento que, como se sabe, está, intrinsecamente, associado com
perturbações ao nível da Saúde Mental.
Na senda dos
saudáveis exemplos de projectos em comum, enquadra-se, indiscutivelmente, O
Canto da Psicologia, no qual tenho tido o privilégio de ser um dos elementos da
Equipa de Psicólogos e, nessa medida, tenho podido participar no desenvolvimento
desse projecto com várias pessoas. É sustentado nesse espírito de união, de
entreajuda e de partilha de conhecimentos profissionais e experiências humanas
que, julgo eu, todos nós no Canto temos sido valorizados, principalmente
enquanto pessoas que encontraram e desenvolvem – com a força acrescida que o grupo facilita – o seu sentido de vida profissional a
ajudar outras pessoas a compreenderem os seus próprios processos de mudança em
curso.
Dr. Nuno Almeida e Sousa
Psicólogo Clínico
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