quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Este não é um texto sobre o amor...


É Urgente!!!!!

Este não é um texto sobre amor… nem sobre afetos… muito menos sobre o dia dos namorados! Este é um texto sensível, escrito à luz das velas porque o mundo parece estar às escuras. É um texto sobre uma mãe que cai para a água com as suas duas filhas bebés, é um texto sobre as “miúdas” que consideram normal os rapazes apalparem-lhes as partes mais íntimas (o que inclui também a alma!), é sobre quem morre todos os dias mais um bocadinho porque não tem acesso a cuidados de saúde mental, é sobre esta ideia que paira no ar de que a doença mental é “coisa de malucos” e, por isso, só os malucos poderão precisar de ajuda…

As velas lançam uma chama intensa, dirigida para cima, como que a desafiarem a tal gravidade.
O que faz uma mãe cair para a água com as suas duas filhas bebés? Desespero?
O que faz uma rapariga de 12 anos deixar-se levar para um armazém antigo e ser tocada e abusada por rapazes de 18 e 20 anos e achar tudo isso normal? Desespero?
O que faz um homem fechar-se numa repartição de uma Comissão de Proteção de Crianças e Jovens e apontar uma arma aos técnicos? Desespero?
O que faz uma criança, a quem todos os dias na escola humilham e que, quando chega a casa, não tem lar e decide atirar-se para a linha de comboio? Desespero?
O que faz uma criança que todos os dias humilha outras, magoa-as e as agride fisicamente e que, quando chega a casa, não tem um lar e decide atirar-se para a linha de comboio? Desespero?
O que faz um pai, na última tentativa de ter acesso ao filho de quem foi privado o contato, de o espreitar pelas grades da escola, no intervalo de dez minutos e, de seguida dirigir-se à casa da mãe e dar-lhe um tiro? Desespero?
O que faz uma mulher, mãe e trabalhadora chorar às escondidas na casa-de-banho do escritório depois de se ter enganado a enviar um documento via e-mail e engolir uma série de comprimidos sem ninguém perceber? Desespero?

Este é um texto sobre ajuda… é urgente a ajuda (o amor!), é urgente o recurso à ajuda, é urgente as pessoas aceitarem que a ajuda é um processo e que, como todos os processos tem tempo e espaço para acontecer, é urgente o mundo acender todas as velas e desafiar a gravidade que diz que o Psicólogo é para “malucos” e compreender que a ajuda psicológica é para todos, para mim, para ti, para a mãe que caiu para a água com os seus bebés e para as “miúdas” de 12 anos que frequentam o primeiro ciclo… atempadamente!
“É urgente permanecer…”
Lúcia Paço
Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar e de Casal

Canto da Psicologia

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