Nova Relação / Psicanálise Actual
O que alimenta o desenvolvimento é a
resposta aprovadora do objecto, a contingência validante do ambiente: “Sim, é
isso; acertaste;” / “É isto mesmo, deu certo; acertei” – dizem-me e/ou digo a
mim mesmo.
Assim como a contingência invalidante
e/ou a resposta reprovadora são a causa principal da inibição da acção e o
consequente adoecer, a contingência validante e a resposta aprovadora é o motor
essencial da cura e, portanto, o instrumento
prínceps do trabalho psicoterapêutico. A resposta apropriada e atempada é,
então, o complemento adequado –
necessário e suficiente –, da parte do psicanalista, à busca espontânea
e finalista do analisando; é deste modo que se constitui o conjunto universo ou
sistema dinâmico auto- regulado e auto-poiético da criação natural como da cura
psicanalítica.
Da resposta contingente do meio depende
a epigénese, quer da doença quer da saúde, quer da inibição do desenvolvimento
– com atraso, suspensão, retrocesso e eventuais desvios – quer da promoção do desenvolvimento – com criação e
procriação. É o círculo vicioso patogénico ou o círculo virtuoso sanígeno. Na
cura analítica, é a transferência ou a nova relação.
A velha e a nova psicanálise representam
respectivamente a repetição e a inovação, o conservadorismo e a criação, o
passado e o futuro, o feedback e o feedforward, o bairrismo e o
cosmopolitismo.
Mas o que querem os
pacientes/analisandos? No fundo, mais valor pessoal. E como adquiri-lo? Lutando
contra ou lutando por: contra o rival ou pelo objecto – competição versus cooperação (“o que eu ganho é o
que tu perdes” vs “ganhamos os
dois”). A guerra e a paz¸ o ódio e o amor. O conflito (paradigma da psicanálise
clássica) e a colaboração (paradigma da psicanálise actual). O feudo e o mundo.
António Coimbra de Matos
15 Março 2017
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