quinta-feira, 23 de março de 2017

Nova Relação / Psicanálise Actual





Nova Relação / Psicanálise Actual


        O que alimenta o desenvolvimento é a resposta aprovadora do objecto, a contingência validante do ambiente: “Sim, é isso; acertaste;” / “É isto mesmo, deu certo; acertei” – dizem-me e/ou digo a mim mesmo.
        Assim como a contingência invalidante e/ou a resposta reprovadora são a causa principal da inibição da acção e o consequente adoecer, a contingência validante e a resposta aprovadora é o motor essencial da cura e, portanto, o instrumento prínceps do trabalho psicoterapêutico. A resposta apropriada e atempada é, então, o complemento adequado –  necessário e suficiente –, da parte do psicanalista, à busca espontânea e finalista do analisando; é deste modo que se constitui o conjunto universo ou sistema dinâmico auto- regulado e auto-poiético da criação natural como da cura psicanalítica.
        Da resposta contingente do meio depende a epigénese, quer da doença quer da saúde, quer da inibição do desenvolvimento – com atraso, suspensão, retrocesso e eventuais desvios – quer da promoção  do desenvolvimento – com criação e procriação. É o círculo vicioso patogénico ou o círculo virtuoso sanígeno. Na cura analítica, é a transferência ou a nova relação.
        A velha e a nova psicanálise representam respectivamente a repetição e a inovação, o conservadorismo e a criação, o passado e o futuro, o feedback e o feedforward, o bairrismo e o cosmopolitismo.
        Mas o que querem os pacientes/analisandos? No fundo, mais valor pessoal. E como adquiri-lo? Lutando contra ou lutando por: contra o rival ou pelo objecto – competição versus cooperação (“o que eu ganho é o que tu perdes” vs “ganhamos os dois”). A guerra e a paz¸ o ódio e o amor. O conflito (paradigma da psicanálise clássica) e a colaboração (paradigma da psicanálise actual). O feudo e o mundo.       



António Coimbra de Matos

15 Março 2017



Sem comentários:

Enviar um comentário