Desde
o dia que abrimos os olhos ao mundo, até que os fechamos de vez, podemos dizer
que estamos em constante aprendizagem…
aprendemos
a reconhecer cheiros, sons, sabores…
aprendemos
a gatinhar, a andar, a correr…
aprendemos
a dizer não, a dizer sim..
aprendemos
a falar, a gritar, a cantar…
aprendemos
a brincar, a fazer de conta e aprendemos que temos que nos portar bem.
É
verdade, aprendemos com todos esses professores que são os outros, que se
cruzam no nosso caminho! Aprendemos naturalmente, porque intrinsecamente é
natural que se aprenda, como que se de uma compulsão se tratasse. E com certeza
terá sido essa mesma compulsão, que nos impeliu ao longo das eras a querer evoluir, a ser sempre um pouco mais,
a ir sempre mais além, superando tudo então conquistado.
Mas
ainda assim e não tivesse sido tudo isto por si só, todo um universo de
aprendizagens, na vida de cada um de nós chega em certo momento, aquele dia em
que os nosso pais e familiares nos dizem: - Amanhã é o dia em que vais para a
escola, para aprender muitas coisas novas.
E
de repente, naquele exato momento tudo o que já aprendemos, tudo o que já
conquistámos parece tão pequeno face a tudo o que aí vem de novo e de que de
certo aprenderemos também.
Eis
que chega o tão esperado dia, o dia em que começa a escola.
E o primeiro dia é
tão divertido, conheço a minha professora nova, conheço novos amigos, faço
desenhos e escrevo o meu nome para identificar o meu material! Os meus pais
estão tão orgulhosos de mim e quando chego a casa, querem saber tudo o que
aconteceu.
E dia após dia, a rotina
repete-se. A chegada à escola, o encontro com os colegas, o toque de entrada, o
escrever o sumário...Dia após dia, mês após mês, as estações sucedem-se.
Pouco a pouco, o que era tão natural, começa a
tornar-se um pouco difícil.. E às vezes já não é assim tão divertido, nem tão
intuitivo.
Aliás nem percebo porque é que me engano tantas vezes. E de repente
ao contrário do que acontecia há alguns meses, já ninguém se ri dos meus erros,
já não me dizem que não faz mal e que hei-de conseguir para a próxima. A
professora já me disse até que precisa conversar com os meus pais, porque pelos
vistos não consegui aprender as mesmas coisas que os meus colegas, porque estou
sempre distraído troco muitas letras, ainda não consigo ler as frases que a
professora escreve no quadro, aliás nem gosto muito quando a professora me pede
para ler em voz alta, porque tenho muito medo de me enganar… na verdade, na
maior parte das vezes prefiro ficar a olhar pela janela a contar os minutos
para que toque e possa ir brincar no recreio.
Quantos
pais não se confrontam com este cenário diariamente? Quantos professores se
queixam dos seus alunos desmotivados e com pouca resistência ao fracasso?
Quantos alunos lutam internamente com o medo de falhar, de não conseguir fazer
o mesmo que os outros? De não ser o que os outros esperam que eles sejam?
Desta
necessidade de refletir sobre toda a problemática das dificuldades de
aprendizagem, e de desenvolver estratégias que permitam ajudar alunos, pais e
professores, surge a Psicologia Educacional. Focada no aluno, mas alerta para
todo os contextos em que este se insere, o psicólogo educacional vai atuar
diretamente no desenvolvimento de competências que lhe permitirão ultrapassar
dificuldades, vencer o medo do fracasso e aumentar os seus níveis de motivação.
Quanto
mais precocemente forem identificadas as áreas menos desenvolvidas, mais fácil
será a intervenção e o desenvolvimento de um acompanhamento individualizado e
totalmente ajustado às necessidades de cada criança, seja ao nível de
competências de leitura e escrita e de matemática, seja ao nível de
competências cognitivas como a atenção, a perceção visual, a memória, a
orientação visuo-espacial.
Partindo
da relação estabelecida com o psicólogo, a criança poderá explorar sem receios,
aquilo que mais a fragiliza, o erro tornar-se-á um aliado na luta contra as
dificuldades e as pequenas conquistas realmente valorizadas. Talvez assim,
aprender possa de novo fazer sentido!
Ana
Silvestre
Psicóloga Educacional
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