quarta-feira, 8 de maio de 2013


DIÁRIO DE UMA TERAPIA

Madalena, tocou à campainha…


Dia 24 de Abril

“ Será que não me enganei? Acho que sim, é direito. Ou será que é esquerdo? Mas porque não abrem a porta? Ah…abriram…

Ao subir os degraus ainda me pergunto o que faço aqui. Já devia ter juízo e saber controlar todas estas minhas coisas que nem eu sei o que são. E o que é que eu vou dizer? Sei lá… As escadas são altas. Puxa, já estou cansada! Não vou ter fôlego para falar. Será que ela é como aquelas que dizem que passam a sessão caladas? Bom, gostei da voz ao telefone mas, se for assim, eu levanto-me e vou-me embora. Era o que faltava, não tenho tempo para perder tempo!

Mas estas escadas nunca mais terminam? Abriram a porta, é melhor acelerar o passo para não estarem à espera! Ai, que as minhas pernas parecem estar perras! Ou será que sou eu que estou? Mas o que é que eu estou aqui a fazer! Nem consigo olhar para cima para ver se está alguém à porta! E como faço? Cumprimento como? Dou a mão ou o rosto? Mas porque é que me questiono com estas palermices? Nem pareço uma mulher de quase 40 anos mãe de dois filhos! Mas porque é que eu vim cá?

- Bom dia Madalena!

Afinal, não correu mal. Já tenho sessão marcada para a semana. Curioso, o dia em que venho à primeira sessão, vésperas de se comemorar a liberdade! Será que vou poder comemorar a minha? Afinal, parece que eu tenho uma série de grades a prender-me. Curioso! Bom, vou pensar…”

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