sexta-feira, 17 de maio de 2013




Terapia do Palato…

O nosso palato podia deitar-se no divã e fazer uma viagem introspetiva de malas e bagagens, carregadas de experiências inconfundíveis e únicas num discurso ora doce e aveludado, ora amargo e espumoso.
O sabor de toda uma vida toldaria sessões que se cozinhariam em lume brando, mexendo e remexendo no sentido dos ponteiros de um tempo que se desfaria na boca e nos mergulharia na mais profunda essência de cada um. 
Choraria os seus dramas de aparências irresistíveis e gostos que não lhes correspondiam, regrediria às refeições passadas e purés de uma infância marcada pela “primeira vez disto e daquilo”, passando pelos almoços de domingo na casa da avozinha já sem lancheira com biscoitos mas com um acne borbulhante e empunharia o seu garfo, persistentemente, no apelo dos bolos do café por baixo de casa, que teimavam em tentá-lo e persegui-lo sempre que se deleitava com a primeira bica do dia. 

O nosso palato podia deitar-se no divã e contaria refeições, petiscos, ceias, dietas, snacks e assaltos ao frigorífico pela madrugada, num mar de apetites que vão e vêm traduzindo tanto do que somos, de como crescemos e do que indagamos a cada garfada diária numa vida cheia de refeições que são nossas e que são dos outros, onde o verdadeiro segredo está naquilo que escolhemos para saborear.

O meu palato no divã jamais seria verborreico e teria sessões três vezes por semana, repletas de travos e texturas deste e de outros mundos, traria consigo cheiros, toques e visões que me tornariam tão único como normal. E o seu? O que é que o seu palato diria de si no divã?

Deixe-se envolver connosco numa terapia que vai apurar a capacidade de insight do seu sentido mais audaz que tem boca mas não fala, que tem dentes mas não morde. Embarque e termine a viagem de barriga cheia e mais conhecedor de si mesmo.

Aceita o desafio?

Drª Joana Cloetens
O Canto da Psicologia

Sem comentários:

Enviar um comentário