quinta-feira, 21 de abril de 2016



Este é um texto ao contrário, para ler aos mais pequenos quando chegarem a casa ou para ler a si próprio e interrogar-se: “O que quero que seja uma vez?”. Na dúvida, escolha-nos…



NÃO ERA UMA VEZ um burro, uma menina nem um boi.

NÃO ERA UMA VEZ de dia nem de noite nem outro tempo qualquer.

NÃO ERA UMA VEZ duas bruxas, uma sereia e cinco carros de bombeiros que apitavam pela cidade à procura de uma emergência.

NÃO ERA UMA VEZ príncipes, muito menos princesas nem castelos ou moradias em banda.

NÃO ERA UMA VEZ uma história com princípio, meio e fim (porque; às vezes no meio fica a melhor parte, como a da torrada, ou a parte chata, como nas telenovelas que os avós gostam de ver). 

NÃO ERA UMA VEZ uma aldeia mágica nem uma cidade enfeitiçada nem um país das maravilhas.

NÃO ERA UMA VEZ um menino de olhar triste, ou cansado, ou zangado (porque outros meninos tristes, cansados ou zangados gozaram com ele).

NÃO ERA UMA VEZ, há muito nem há pouco tempo, naquele lugar longínquo ou vizinho.

NÃO ERA UMA VEZ orelhas, narizes ou cabelos ao vento.

TAMBÉM NÃO ERA UMA VEZ ao sol.

NÃO ERA UMA VEZ no jardim zoológico, no parque nem na casa-de-banho.

NÃO ERA UMA VEZ sentados no sofá a ver televisão.

NÃO ERA UMA VEZ uma dança, aquela música ou a tua obra-prima.

NÃO ERA UMA VEZ, nem duas, nem três.

NÃO ERA UMA VEZ, mas também ERA UMA VEZ porque o não era não existe!

ENTÃO, ERA UMA VEZ uma história que começou tudo ao contrário!

Lúcia Paço
Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar e de Casal

Sem comentários:

Enviar um comentário