quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Agora sou eu o pai...








"...Este problema é algo que tem de ser resolvido por mim, ninguém me pode ajudar”, “Ele já é velhote, já é normal ter problemas de memória”, “Tenho de me habituar à ideia, ela tem Alzheimer e já não há nada que possamos fazer”, “Só quem passa por isto é que entende, amo o meu pai, mas tive de abdicar da minha vida para cuidar dele”…

Esta são algumas das frases que poderiam ser contadas pelas paredes do meu consultório. Tantas e tantas vezes me é partilhado pelos que tomam a heróica decisão de nos procurar, que outras inúmeras vezes e durante demasiado tempo, hesitaram em aceitar o desafio que a Psicologia lhes lança para procurar um novo caminho, em que sempre há uma solução para si.
Neste caso mais específico falamos daqueles, em que sei que tantos de vós se revêem, que embutidos na nova geração sandwich se encarregam de cuidar dos seus pais idosos. Geração esta, herança destes novos tempos, em que temos de ser cuidadores dos nossos filhos cada vez até mais tarde, cruzando-nos no meio desse trilho com a estrada que nos leva a já termos de cuidar dos nossos pais…e nós? Como vamos rechear essa sandwich? De preocupações, de sonhos quebrados, de angústias de fim de linha, de inevitabilidades que não podemos contornar e apenas aceitar?...

É um facto, infelizmente não temos a cura para o Alzheimer, para o Cancro, para os problemas que a velhice acarreta, para os podermos ter cá para sempre… mas uma coisa lhe podemos dizer: não tem de caminhar sozinho, não tem de se esquecer totalmente de si, não tem de pensar que ao seu pai ou à sua mãe, também mais ninguém poderá ajudar…

Para si, temos para lhe devolver o tempo de qualidade que, com tanto carinho, dispensa ao seu pai ou à sua mãe, temos a palavra que acolhe, temos a mente que ampara, temos a luz que o ajudará a ir iluminando, aos poucos, esse túnel para o qual não vê o fim. Não tem de passar por tudo sozinho, e se os ama, permita-se cuidar de si, carregar connosco as suas baterias, ajudar-se a encontrar estratégias que lhe permitam chegar a casa cada dia com o sorriso que os seus pais recordam desde criança.

Para eles, temos o caminho que ainda pode ser percorrido! Procure-nos para que, com base em sessões de Estimulação e Reabilitação Cognitiva, possa evitar estados demenciais que não estejam instalados (a velhice não tem, de todo, de estar associada ao Alzheimer), possa devolver-lhe alguma qualidade de vida, possa ainda desacelerar a progressão de algumas demências, possa, acima de tudo, fazê-los sentir-se úteis, estimulados, esperançosos…amados!

Como já tem sido hábito, estamos cá para que conte connosco qualquer que seja a sua história, quaisquer que sejam as personagens, qualquer que seja o enredo e o desfecho…se sentirmos que não o conseguimos ajudar, nunca o deixaremos sem resposta! 




Drª Cláudia Ribeiro
O Canto da Psicologia



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