sexta-feira, 7 de abril de 2017

Guia do utente da Psicoterapia…kind of







Eu no Canto

Aqui ficam as minhas apresentações.

…do estereotipo social:Sou mulher.

Working mum (sempre aquela coisa que em inglês soa melhor…).
Com namorado vai para 6 anos.
Um filho pré-adolescente.
Uma filha dele (não minha) adolescente.
Uma família equilibradamente desequilibrada e estável nas suas instabilidades.

…das emoções:

Com uma amiga inseparável desde quase o berço…a ansiedade.
De imensas paixões e ódios amorosos.
Repleta de contradições.
Certa das minhas incertezas.
Segura das minhas inseguranças.
Partilhas neste espaço em 3 tempos verbais, o passado que teima em dar comigo em doida, o presente, e o futuro. 
Vou falar de mim, sobre mim e os meus…, mas também dos outros. E claro, aqui e ali desta experiência que tem sido a Psicoterapia na qual comecei há mais ou menos 4 anos.



Guia do utente da Psicoterapia…kind of

Quando decidi fazer Psicoterapia, estava num momento difícil na minha vida. Não era o primeiro, também não foi o ultimo, mas naquela altura esta ultima parte eu ainda não sabia.
Achava que pior do que aquele momento era impossível. Não sabia, como agora que tinha uma capacidade de suportar o insuportável maior do que imaginava.
Mas sobre isto falo noutro dia. 
Hoje partilho convosco o meu Guia do Utente para a Psicoterapia. E porquê? Porque efetivamente considero ser da máxima importância para quem se iniciou nestas andanças recentemente, e para quem anda a pensar nisso e não sabe muito bem ao que vai. Desta forma, encontram aqui “aquela” dica, ou no caso, um conjunto delas para conseguirem tirar o melhor partido da Psicoterapia.
Sem qualquer ordem ou critério aqui fica:

1. "Não negue à partida uma ciência que desconhece”. 
Eu sei. É um chavão. Foleirito até, porém simboliza bem isto da Psicoterapia. Já conhecia a Psiquiatria, a Psicologia, (não, não sou maluquinha…acho) até que esbarrei na Psicoterapia. No meu caso, foi o que melhor se adequou. Mas isto para dizer que cada uma destas que eu referi, tem a sua forma de “estar”, e a Psicoterapia, apesar de menos conhecida das pessoas tem um encanto que só ela. Mas é tímida e por isso se vamos à procura de resultados imediatos, nesta porta não se encontrada nada. 

2. Insiste e não desiste.
Há momentos em que queremos desistir, e então no caminho para mais uma sessão, assim meio emburrados e contrariados, começamos a arranjar mil e um argumentos para não irmos:
“-Acho que vou desistir! Já la ando há não sei quanto tempo (5 sessões…ou 5 meses até vá) …’tá bom!”
Só que não! A minha experiência diz que para além de seguirmos a regra 1, quando se começa a pensar em não ir, é porque estamos a fazer progressos. Evitamos ir porque sabemos que vamos voltar àquele assunto que até não queremos nada falar. Mas é mesmo assim. Insistir e não desistir.

3. Para maluco, maluco e meio.
Não é para tirar de letra… não estou a chamar o terapeuta de maluco! Estou sim a dizer que ali naquele espaço que é nosso, naquela hora, podemos e devemos dizer tudo aquilo que só pensamos, que até aos nossos pensamentos envergonha. Aquela pessoa que ali está à nossa frente, está preparada para ouvir de tudo. Para falarmos mal da sogra, da mãe, dos filhos, da ex dele, do atrasado mental do ex…enfim.  É mandar tudo cá para fora. E não tenham receio, que o que ficou por “falar” nesse dia, mais tarde ou mais cedo volta a lume.

4. Gigas e Gigas de memória com Terabites de perspicácia
No meu caso, em 60 minutos de sessão sou capaz de debitar 10 assuntos diferentes, sou uma autentica malabarista de “chatices” e “picamiolices”, pelo meio vou falando de assuntos com maior ou menor relevância para a minha existência.
É aqui que entra a memória e a perspicácia da Psi (Psicoterapeuta, que no meu caso será sempre feminino, mas nada contra às versões masculinas)! Não só consegue lembrar-se 40.000 sessões depois de assunto que eu mandei cá para fora, como percebe perfeitamente que “aquele” assunto no qual eu me retive apenas 5 minutos a falar, é provavelmente “O” assunto do dia, ou “O” episódio da nossa vida e assim, numa sessão quando menos esperamos lá vamos nós falar do que incomoda, do que mói.


5.Let it Go
…ou deixa-te ir. Entra na onda da verborreia e diz o que pensas. Sem medos. Ali ninguém nos ouve. Podemos falar da mãe, do pai, dos irmãos e de como a nossa família é a causadora de todos os nossos problemas presentes que vieram o passado. Falar da melhor amiga que às vezes não é assim tão amiga. Do chefe que é uma besta. Do bullying profissional. Mas também das coisas boas porque elas também existem e a Psi ajuda a vê-las e encontrar mesmo quando achamos que nem sequer existem.

Para acabar deixo aqui um glossário de linguagem Psi, ou “Psicolário”.
As Psi’s gostam de usar expressões e metáforas que com o tempo vamos percebendo o que significam, e que às tantas damos por nós a usar também.

Acredito que haja muito mais, mas aqui ficam as que eu já consegui descobrir:

- “Fantasia” –São exatamente aquelas coisas que pensamos, as que temos medo de pensar e os mil e um cenários, que no meu caso, gosto de colocar no exercício (completamente impossível) de controlar o futuro.
- “Largar a bomba” – aquele momento em que nós falamos de um assunto sensível, ou da treta, ou sobre pedras pedreira no sapato e airosamente achamos que a Psi não percebeu que aquilo que eu disse sobre a minha irmã, aparentemente inocente, afinal temos ali trabalho para muitas sessões.
- “Devolver” – não, não andamos a emprestar nada uma à outra. “Devolver” ou “devolução” é quando a Psi tenta por ordem na barraca e ajudar-nos a por as ideias no sitio e diz-nos o que nós dissemos no meio de choro e alguma histeria, mas de forma limpinha e “organizadora” (já lá vamos a esta).
- “Pensar com carinho” = Largar bomba + Devolver, ou seja é basicamente o trabalho para casa. É irmos pensar no que dissemos, mas já com as ideias arrumadas.
-"Organizador "– Termos as ideias arrumadas, pensarmos com carinho no que dissemos ou fizemos, naquilo que a Psi “devolveu” e organizarmos a nossa cabeça e forma de estar.


Resumindo…Não, não é fácil. Há alturas que não apetece. Que odiamos a Psi. Que achamos que o investimento financeiro não compensa. Que a cabeça pesa mais do que o nosso peso corporal. 
Felizmente são momentos breves, estes os difíceis, que são compensados pelos bons e por uma sensação de alivio e de vontade de continuar este processo.

Petra






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